A regata branca e a legging preta estavam amassados no chão, ao pé do sofá. Dois pedaços de tecido descartados, a embalagem rasgada do presente.
Eu estava ajoelhada no carpete grosso entre as pernas abertas de Davi. Minhas mãos agarravam a base da sua rola, que pulsava, comprida e grossa, contra meus lábios. Era pálida, veiuda, com uma cabeça rosa que eu lambia em movimentos lentos e circulares, sob o olhar de Arthur, preso na poltrona a alguns metros de distância.
Os gemidos roucos que Davi soltava, cada vez que eu afundava a cabeça da rola até a garganta, tomavam a sala. Meus seios balançavam pesadamente a cada movimento, meus mamilos roçando nas coxas de dele.
- Isso, putinha... Assim mesmo - Davi rosnou, seus dedos se entrelaçando em meus cabelos com uma mistura de posse e incentivo. Seus olhos verdes, porém, não estavam em mim. Estavam fixos em Arthur. - Tá vendo, Arthur? Tá vendo como ela mama com vontade? Parece que nasceu pra isso.
Arthur não respondia. Sua respiração era um apito rouco, seus olhos, vidrados, saltavam entre o meu rosto afundado no colo de Davi e a expressão de prazer arrogante do rival. Sua mão estava enterrada na própria calça, se movendo com um ritmo frenético e desesperado. Ele estava destruído. E estava amando cada segundo da própria destruição.
Eu soltei a rola e olhei para cima, para Davi, com rostinho de puta.
- Gosta assim, né? - perguntei.
- Adoro - ele respondeu. - Mas acho que seu namorado está gostando mais ainda. Olha pra ele. Parece que vai gozar só de olhar.
E era verdade. O corpo de Arthur se contraía na poltrona. Ele estava à beira do orgasmo, apenas assistindo, e eu nem tinha começado a sentar na pica ainda.
Foi então que Davi me puxou pelos cabelos, me fazendo ficar deitada no sofá. Seus olhos verdes, agora escuros de tesão e dominação, fitaram os meus.
Em um movimento, Davi se posicionou entre minhas pernas. A visão de Arthur, da poltrona, agora era completa: eu, completamente nua e entregue, com Davi sobre mim. Sua rola, grossa e pulsante, pressionou a entrada melada da minha buceta.
- Agora, olha pra ele - Davi rosnou. - Deixa ele ver a cara de puta que você faz quando um macho de verdade te come.
E então, ele empurrou. Não foi devagar. Foi uma investida única, profunda, que me arrancou um grito agudo e me preencheu de uma vez. Meu corpo arqueou no sofá, e meus olhos travaram nos de Arthur, que assistia, hipnotizado, da poltrona.
Davi começou a meter, um ritmo brutal e possessivo. Meus seios balançavam violentamente a cada impacto.
- Amor... - gemi, a voz trêmula e quebrada pelo vai-e-vem do corpo dele dentro do meu. - Você tá gostando? Tá gostando de ver seu presente... Sendo usado assim?
Arthur engasgou. Sua mão estava um furacão dentro da calça. Seu rosto era uma máscara de agonia e de um tesão tão profundo que parecia doloroso.
- Sim, amorzinho... - a confissão saiu como um suspiro rouco, um rompimento. - É a coisa mais linda que eu já vi. Você... Está maravilhosa. Está tão linda tomando rola... Sendo fodida assim...
A admissão dele, crua e cheia de admiração, foi o combustível final. Inspirei fundo, sentindo Davi se enterrando até o talo.
- Então vem aqui pertinho, meu amor - eu supliquei entre gemidos, com a voz suave e doce, estendendo uma mão trêmula em sua direção. - Vem aqui comigo. Quero seu beijo... Enquanto sinto a pica grossa do seu amigo.
Arthur parou de se tocar. O choque e o desejo lutaram em seus olhos por um segundo eterno. Então, como um homem em transe, ele se levantou. Seus passos foram vacilantes até o sofá. Ele se ajoelhou no chão, ao lado da minha cabeça, e se inclinou.
Davi não diminuiu o ritmo. Pelo contrário, parecia se alimentar da cena, suas estocadas ficando mais profundas, mais sonoras.
Arthur me dava beijos doces enquanto continuava a bater punheta por dentro da calça. Sua outra mão encontrou a minha no sofá e nossos dedos se entrelaçaram.
- Amorzinho, é tão bom te ver assim - ele falou.
Eu gemia cada vez mais alto, o tesão me dominando por completo.
- Assim como, meu corninho?
- Assim, amor - ele olhou meu corpo inteiro balançando conforme Davi empurrava a pica na minha buceta. - Parecendo uma putinha. A putinha mais linda do mundo... Toda aberta e gemendo... Na rola grande de outro macho. É perfeito. Você é perfeita.
Davi continuava a meter em mim sem parar.
- Vai, vagabunda. Mostra pro seu namoradinho que você é uma vadia - sua mão saiu do meu quadril e pegou meu queixo, virando meu rosto para que eu olhasse Arthur nos olhos. - Fala pra ele. Fala quem tá comendo essa buceta melada.
- Aiii, amor, ele tá comendo minha buceta! O Davi tá fodendo sua namorada... É a coisa mais gostosa que eu já senti... - falei gritando, o tesão me dominando.
Arthur gemeu alto, um som de êxtase absoluto e rendição final. Seus olhos não desgrudavam dos meus.
- Amorzinho, deixa ele comer seu cu? Eu quero ver... - ele disse em tom de súplica.
Davi, acima de mim, congelou por uma fração de segundo. Seu movimento cessou. Um sorriso lento, de pura e crua conquista, se abriu em seus lábios.
- Você ouviu o pedido do seu corninho? - Davi sussurrou, sua voz um rosnado de triunfo. - Ele quer que eu arrombe o seu cuzinho, Eduarda.
Olhei para Arthur, sorrindo. Ele sabia que eu amava dar o cu e sentir o rabo abrindo com uma rola gigante. Sua expressão era de expectativa agonizante, de uma torcida macabra. Ele estava me oferecendo, implorando por minha degradação completa. E naquele universo paralelo, era o ato de amor mais verdadeiro que poderia existir.
Sem dizer uma palavra, eu tirei a rola de Davi da minha buceta virei de quatro, encaixando a cabeça melada na entradinha do meu cu. Ele prendeu a respiração. Seu corpo ficou tenso acima de mim, surpreso pela minha iniciativa.
- Vai lá olhar bem de pertinho, meu amor - eu falei. - Olha a pica grossa do Davi abrindo minhas preguinhas.
Arthur obedeceu como se estivesse em transe. Ele se arrastou para mais perto da minha bunda empinada, até ficar a poucos palmos de distância. Seus olhos, dilatados, estavam fixos nas preguinhas do meu cu e na cabeça da rola. Olhei para Davi, por cima do ombro, que me encarava com uma mistura de choque e admiração.
- Empurra - eu disse, simplesmente.
Davi não precisou ser mandado duas vezes. Com um gemido rouco, ele pressionou os quadris para a frente. A dor explodiu, um grito agudo rasgou minha garganta. Meu corpo tentou recuar, mas as mãos de Davi nos meus quadris eram de ferro.
- Caralho... - Davi gemeu, ofegante, parando quando estava com a rola completamente enterrada. - Vou deixar esse cu todo arrombado...
Arthur, de seu posto de observação privilegiada, soltou um som entre um choro e um riso de puro tesão. Ele estava vendo tudo, como queria desde o começo. Vendo a rola grossa do rival entrando até o talo no lugar mais proibido do corpo da namorada. Vendo a expressão de dor e prazer no meu rosto. Era a imagem definitiva da sua fantasia.
- Tá vendo, amor? - ofeguei, minhas palavras saindo entrecortadas. - Tá vendo ele me fazer tomar no cu? Me arrombando todinha enquanto você olha?
- Tô vendo... - a voz de Arthur saiu como um sopro. - É lindo, amorzinho. Você é... perfeita. Minha putinha perfeita que ama me colocar chifre.
Davi colocou os pés no sofá, montando em mim, e começou a meter no meu rabo, devagar. Eu sentia cada centímetro da rola saindo quase por completo antes de voltar a entrar, fundo, com uma precisão que me fazia gemer alto a cada investida. A dor inicial estava se fundindo com o prazer, com o tesão.
- É isso... - Davi sussurrou, seu hálito quente na minha nuca. - Olha como o seu corninho adora. Tá vendo a cara dele?
Consegui virar a cabeça o suficiente para ver Arthur. Sua mão se movia com uma velocidade frenética dentro da calça, seus olhos vidrados no ponto onde Davi e eu éramos um só.
- Mais rápido... - Arthur suplicou, sua voz um gemido. - Por favor, Davi... Mete mais rápido nela! Faz ela gemer mais.
Davi riu baixo, um som de puro domínio, e começou a socar a rola com violência no meu rabo. O som úmido e obsceno das nossas peles se chocando encheu a sala. Meus gemidos se tornaram gritos contínuos, abafados pelo braço que eu mordia. A dor se transformou em puro, bruto, estupefato prazer.
- Amorzinho, quero te ver gozando com a pica do Davi! - Arthur pediu. - Me chama de corno quando gozar, chama?!
O pedido era tão sujo, tão específico, e tão cheio de desejo genuíno que disparou algo ainda mais profundo em mim. Era o ápice. Comecei a alisar meu grelinho melado.
- Ouviu, vadia? Seu corno quer que você goze enquanto eu enterro a pica no seu rabo! - Davi gemeu, suas estocadas ficando mais curtas, mais profundas, enquanto ele mesmo sentia seu orgasmo vindo. - Goza, puta! Goza pro corno ver a namorada vagabunda que ele tem!
- Aiii, meu corno! Meu corninho lindo! - eu gritei, olhando para Arthur por cima do ombro. - Vou gozar com a pica grossa do Davi! Olha bem enquanto sua namoradinha puta goza com o cu arrombado!
Arqueei as costas quando o orgasmo me atingiu, gemendo e gritando alto. Arthur gemeu também, um som longo de pura liberação. Seu corpo se contorceu em espasmos visíveis, sua mão presa dentro da calça, gozando no exato instante em que eu gritava sua identidade para a sala.
Sentindo meu orgasmo e o triunfo completo, Davi se enterrou uma última vez e soltou seu próprio gemido, gozando dentro de mim em jatos quentes.
O silêncio que se seguiu foi absoluto, quebrado apenas pelos três ofegando, tentando recuperar o fôlego em um mundo que não existia minutos antes. Eu estava destruída, preenchida, marcada. Arthur estava realizado, aniquilado e renascido. Davi estava vitorioso.
E então, o som de alguém batendo palmas.
Nós 3 viramos o olhar na direção do som, que vinha da porta da sala de jantar. Sr. Carlos batia palmas lentas, olhando a gente, olhando meu corpo.
- Bravo - a voz dele cortou o ar pesado, carregada de uma admiração profunda e perversa. - Simplesmente magnífico.
Arthur deu um salto e se colocou na minha frente, tentando em vão esconder meu corpo que, mal ele sabia, seu pai conhecia melhor que ele.
- P-Pai? - ele gaguejou. - O que... O que você está fazendo aqui?! Achei que você ia ficar na adega até... Tudo estar terminado.
Sr. Carlos deu mais um passo para dentro da sala, as mãos agora nos bolsos da calça. Seu sorriso era pequeno, íntimo, como se compartilhasse uma piada privada consigo mesmo. O volume de sua rola dura era visível e com certeza Arthur também tinha visto.
- Era o que eu pretendia, filho - ele disse com a voz suave, seus olhos escorregando por cima do ombro de Arthur para pousar em mim. - Juro que era a intenção. Descer, escolher um vinho, esperar o barulho cessar... - ele fez uma pausa teatral, e sua língua passou lentamente pelo lábio inferior. - Mas a curiosidade, Arthur... É um vício. E eu, veja bem, sou apenas um homem. Um homem que ouvia os gemidos da nora ecoando pela casa e não resistiu à tentação. Você não tem ideia do privilégio que teve esta noite. De ver minha aluna aplicando tão perfeitamente tudo que aprendeu.
Meu coração gelou. Não. Ainda não. Arthur não estava pronto pra saber disso. Não sei se um dia estaria.
- Sua... sua aluna? - a voz de Arthur saiu estrangulada, um fio de som cheio de um entendimento que se formava de maneira torturante e lenta. Ele voltou o olhar para mim, e depois para o pai novamente.
Sr. Carlos não respondeu. Em vez disso, seu sorriso se alargou, triunfante e obsceno. Ele olhou para Davi, que permanecia imóvel e silencioso, um espectador privilegiado de uma nova camada daquela decadência.
- Davi, meu rapaz. Obrigado. Você cumpriu seu papel além do esperado. Pode se retirar - a ordem foi dada com a doçura de um rei dispensando um servo.
Davi, com um último olhar inescrutável para mim e para Arthur, acenou com a cabeça e saiu da sala, seu passo rápido no corredor ecoando como uma fuga.
Quando a porta da frente se fechou, o silêncio na sala ficou ainda mais denso, carregado apenas pela respiração ofegante de Arthur e pelo olhar pesado e satisfeito do Sr. Carlos.
- Pai... - Arthur tentou novamente, mas sua voz falhou. Ele estava paralisado, sua mente tentando juntar as peças: o isqueiro, o volume na calça agora, a palavra "aluna". O quadro completo era uma monstruosidade, e ele estava começando a enxergar.
Ele piscou várias vezes, rápido, como se tentasse apagar a imagem. Seus olhos, úmidos e desorientados, voltaram a pousar em mim, no meu rosto, nos meus seios ainda expostos e trêmulos.
- Por favor, olha pra mim - eu supliquei, puxando os braços para tentar me cobrir, num gesto inútil e tardio de vergonha. - Eu te amo, Arthur. Isso... Isso não muda meu sentimento.
- Isso muda tudo - ele sussurrou, e a dor na voz dele era um corte mais profundo do que qualquer tapa. - O isqueiro... - a palavra saiu como um sopro. Ele tirou a mão do bolso, onde guardava aquele objeto, e olhou para ele na palma, e então para a ereção flagrante do pai. A conexão era física, óbvia, inescapável. Seu rosto se contorceu. - O homem mascarado... Era você.
Sr. Carlos permanecia em silêncio, um sorriso sutil nos lábios, apreciando cada momento da minha agonia e da crise do filho como um crítico de teatro.
- Eu não tive escolha! - a mentira desesperada saiu da minha boca antes que eu pudesse pensar. - Ele... Ele me viu com o Jorge, ele ameaçou contar... - as palavras soavam vazias, falsas até para os meus próprios ouvidos. Eu estava chorando tanto que mal conseguia enxergar.
Arthur balançou a cabeça lentamente.
- Não... - ele murmurou, seus olhos percorrendo meu corpo como se estivesse vendo marcas invisíveis. - Você não estava se descobrindo comigo. Você estava... Mostrando o que ele ensinou - a revelação parecia lhe dar uma clareza devastadora. - No spa... Quando você se abriu na sauna... Quando contou dos outros homens... Você estava repetindo uma lição. A lição dele.
- Não era só uma lição! - eu gritei, o pânico tomando conta. - Eu sentia prazer, Arthur! Eu sentia com você também! Era real!
Mas minha defesa só afundava mais a faca. Ele deu um passo para trás, como se minha voz fosse algo contagioso.
- Eu achava que estávamos explorando um segredo nosso - ele disse, a voz se tornando mais plana, mais morta a cada palavra. - Um lado sujo e lindo que só nós dois compartilhávamos. Que só eu entendia - Ele olhou para o pai, e a inveja misturada com ódio era palpável. - Mas não era nosso. Era dele. Ele plantou a semente, regou, podou... E eu só... Colhi os frutos achando que era jardineiro.
- Por favor, amor - eu repeti, mas era um sussurro sem força. Minhas lágrimas escorriam incontroláveis. Eu tentava me agarrar a qualquer coisa.
- E o pior... - a voz de Arthur baixou para um sussurro rouco, os olhos grudados nos do pai, ignorando completamente meu choro. - O pior é que funcionou. Ela é... Incrível. Tudo que ela faz, tudo que ela é agora... É a coisa mais eletrizante que já vivi - ele engoliu seco, e uma lágrima escapou e correu pela face. - Você não só me traiu. Você criou exatamente o que eu mais desejava, e usou isso pra me mostrar que eu nunca fui o dono de nada.
Ele finalmente quebrou. Não em prantos barulhentos, mas em um riso baixo e amargo que ecoou na sala silenciosa, um som horrível que se misturou aos meus soluços.
- Caralho, pai... - ele riu, esfregando o rosto com as mãos, apagando sua própria lágrima. - Você venceu. De uma forma que eu nem sabia que era possível perder.
Arthur se virou e se deixou cair pesadamente no sofá, bem ao meu lado, mas sem me tocar. Ele olhou para as mãos, para o isqueiro que ainda segurava, e depois ergueu os olhos para o Sr. Carlos. A pergunta que saiu da boca dele não foi de acusação. Foi de curiosidade macabra.
- Como? - a palavra saiu áspera, mas clara. Ele nem sequer olhou para mim, chorando e nua ao seu lado. - Como você... Conseguiu? Como você faz uma mulher como ela... Querer ser isso?
Eu encolhi, tentando me fazer desaparecer entre as almofadas do sofá. Minhas lágrimas não paravam. A aceitação dele não era um perdão. Era uma sentença. Eu não era mais a cúmplice, a deusa da putaria dele. Eu era a prova da genialidade doentia do pai. E, pelo visto, isso era tudo que importava agora.
Arthur se levantou do sofá com um movimento súbito, quase mecânico. Seu rosto estava uma máscara pálida, os olhos vidrados em um ponto da sala. Ele nem sequer olhou para mim. Olhou para o pai por um segundo, um olhar que era um abismo de emoções conflitantes: ódio, inveja, admiração, uma dor tão profunda que parecia ter consumido tudo.
- Não aguento mais - a voz dele saiu plana, morta. - Não aguento olhar para nenhum de vocês.
E então, ele simplesmente saiu da sala. Seus passos foram firmes, rápidos, no corredor. Não houve porta batendo, apenas o clique final e decisivo da fechadura do seu quarto, ecoando pela casa silenciosa como um ponto final.
O silêncio que ficou foi absoluto, esmagador. Eu estava sozinha com Sr. Carlos. A náusea subiu na minha garganta, misturada com os soluços que ainda sacudiam meu corpo. Eu estava nua, suja, destruída, e agora completamente abandonada.
Foi então que senti o peso do corpo dele no sofá, ao meu lado. E antes que eu pudesse recuar, seus braços fortes me envolveram, puxando meu corpo trêmulo e suado contra seu corpo. Eu tentei me esquivar, um movimento fraco e instintivo.
- Shhhhh, princesa... shhhhh - a voz dele era um murmúrio suave, paternal, perfeitamente calma no meu ouvido. Uma de suas mãos grandes acariciou meus cabelos, enquanto a outra deslizava pelas minhas costas nuas, num gesto que deveria ser de conforto, mas que só me fazia estremecer. - Tá tudo bem. Respira. Só respira, norinha.
- Ele... Ele me odeia - eu gemi contra o peito dele, as palavras saindo entre soluços convulsivos. - Ele nunca mais vai me querer.
- Bobagem - ele disse, com uma convicção absoluta. Sua mão na minha cintura apertou com firmeza, não com desejo agora, mas com posse. - Ele não te odeia, princesa. Ele está em choque. O Arthur... Eu conheço o filho que eu tenho. Ele precisa digerir aos poucos essa informação.
Ele puxou meu queixo para cima, me forçando a olhar para ele. Seus olhos eram escuros, sérios, cheios de uma certeza que era ao mesmo tempo aterrorizante e, naquele desespero, um pouco reconfortante.
- Olha pra mim. Ele ama a mulher que você se tornou. Ama a adrenalina, o fogo, a puta maravilhosa que você é. Ele só não estava preparado para saber quem acendeu esse fogo. Mas ele vai entender - ele passou o polegar sob meu olho, enxugando uma lágrima. - Porque no fundo, ele sabe que sem mim, você nunca seria isso. Sem mim, você ainda seria a namoradinha certinha dele, frustrada na cama, sonhando com algo mais. Eu dei a ele o maior presente que um homem como ele poderia ter. E quando a poeira baixar, ele vai ver isso.
Eu tremia incontrolavelmente. Seus dedos continuaram a acariciar meu cabelo, meus ombros, num ritmo lento e hipnótico.
- E sabe o que vai acontecer então, minha linda? - ele sussurrou, sua boca perto da minha orelha. - Ele vai voltar. E quando voltar, vai ser mil vezes mais submisso aos seus desejos. Porque agora ele vai saber, de verdade, que você não é uma menina que ele pode moldar. Você é uma força da natureza que ele tem a sorte de poder presenciar. Ele vai te venerar, Eduarda. Vai viver para te agradar, para ter a migalha de atenção da mulher que eu criei. Vai ser o corninho mais devoto, mais grato e mais submisso que você poderia imaginar -
ele me apertou mais forte contra ele, e eu, exausta, quebrada, sem forças para lutar, deixei meu corpo amolecer naquele abraço que era uma prisão e um refúgio ao mesmo tempo.
- Você vai ver - ele continuou, a voz carregada de promessa. - Agora é só uma tempestade. Depois vai ser o paraíso.
Eu fechei os olhos, as lágrimas escorrendo em silêncio. Não sabia se acreditava nele. Tinha medo de acreditar. Mas no vazio que Arthur deixou, nas cinzas da minha própria vergonha, aquelas palavras eram a única coisa à qual me agarrar. O abraço do meu sogro era o único chão que me restava. E no fundo, a parte mais podre e verdadeira de mim, a parte que ele mesmo havia cavado e alimentado, suspirava de antecipação.
(N.A.: Será que Arthur vai perdoar Eduarda? A próxima parte será o capítulo final dessa história.)
