Passado um ano Fábio voltou para São Paulo, sua família estava com medo dele voltar e os caras irem atrás dele de novo, por isso seus avós arrumaram emprego para ele lá, como ele havia perdido o celular para os caras que deram uma prensa nele, foi um ano, sem contato, no qual a mãe dele não falou nada, quando ele voltou o mundo estava bem diferente do que ele tinha deixado e a culpa era toda dele.
Após o que Catarina me fez eu tive tempo de pensar em tudo, de rever tudo, eu tinha voltado para a pista, estava literalmente vivendo minha vida de solteiro, ficava com quem queria, quando queria, me aproximei de Luana e ela começou a se tornar o mais próximo de um relacionamento que eu tinha, mas ainda não estava pronto para um novo.
Mas também já não doía mais. Eu aprendi que Catarina não era uma garota madura, esse foi o problema, eu precisava de alguém mais maduro, eu lembro dela, me esperando em casa com o sorriso de menina, a casa arrumada a comida e etc e aí percebo que ela só queria um elogio, só queria o reconhecimento de ‘boa menina’.
Mas como eu sabia que ia acontecer mais cedo ou mais tarde, Renato nos intimou para beber, pela primeira vez vi Fábio pessoalmente e é claro, trocamos soco, nunca tinha visto ele tão puto, mas foi uma boa briga, exorcizamos nossas diferenças como sempre fizemos, no final minha costela doía muito e a boca dele sangrava, Renato ficou olhando até achar que chega e aí tudo parou, nos sentamos para conversar.
Renato sempre foi o líder, após conversarmos por um tempo ele colocou na mesa a questão. Primeiro ele queria que a gente parasse de frescura e voltasse a conversar, o que causou outra briga, mas no final, voltou a ficar de boa. Em segundo ele queria a irmã dele, de volta. Eu falei que não queria fazer parte disso, por ela ter me traído, não queria vê-la nunca mais.
“Eu não sei onde ela pode estar, mas olha Catarina, viveu a vida inteira com a mãe, depois comigo, ela deve estar na casa de algum amigo, não acredito que ela consiga viver sozinha.”, Fábio me olha com cara de quem vai puxar briga de novo, “Vêm irmão, não cansou de levar soco?”, “Ela só fez aquilo por você filho da puta.”, “Claro, ela acreditou que eu preferia um par de chifres que um par de muletas. Vá se fuder Fábio, você se aproveitou da burrice dela.”, Renato dá um tapa na mesa.
Após um tempo discutindo, com a amizade com bandaids e esparadrapos saímos do bar a ideia era encontrar a vagabunda, levar ela de volta para casa e eu não precisaria olhar nos olhos dela nunca mais, final feliz para todos, se Fábio quisesse continuar comendo, foda-se, quem inaugurou o parquinho foi eu de qualquer forma.
Mas eu ainda queria falar com ele, algo me incomodava. “Não adianta essa pose de que os outros fizeram merda não negão, você começou tudo isso.”, ele se virou para olhar para mim, não estava puto, só calmo e decepcionado, “Se você conhecesse ela, não teria feito o que fez, não da forma como fez.”, “Ah claro, quer falar de conhecer a mulher que eu namorei e fui noivo mais do que eu?”.
Ele riu… “A menina que eu conheci. A que jogava videogame comigo na sala da Dna Inocência, nunca vai nos perdoar… Foi em você que ela confiou, mas era eu quem estava dentro daquela casa e via como ela cresceu, ela nunca vai voltar.”, ele entrou no carro bateu a porta e se foi.
Após confirmar que não estava fácil realmente encontrá-la eu coloquei o meu detetive que havia descoberto a traição atrás dela… Levou poucos dias, mas ele descobriu como encontrá-la endereço, telefone, ela havia mudado para o turno da noite junto com os amigos, por isso não a encontrávamos.
Mas descobri que ela estava se prostituindo e isso me deixou chocado, uma piranhazinha online, se vendendo para inscritos nos seus canais, aquilo me deixou muito decepcionado com ela, assim, de verdade… Uma universitária de boa família, como ela podia estar agindo assim por puro orgulho.
Ela estava usando o nome Jaqueline o nome que dizia colocaria em uma filha, não há nada sagrado para esse tipo de mulher, mandei a mensagem para confrontá-la uma última vez, “Jaqueline shopping D as 20, eu sei que você pode abrir sua agenda de clientes para conversar, não falte ou eu vou dar esse número para seu irmão.”... Sua resposta foi um um polegar para cima, estava marcado, aí ela mandou mais uma mensagem, “portão da marginal”.
Quando cheguei lá, ela desceu de uma moto na frente do portão, o homem que pilotava foi embora em seguida, ela entrou e olhou em volta, confirmando câmeras e seguranças, suas posições e etc, ela estava com medo de MIM, foi o que eu pensei na hora, se eu fosse fazer alguma coisa com a vagabunda teria feito no dia ao invés de esperar um ano.
“O que você quer, Cleber?”, a pergunta foi um soco, o seu olhar era intenso, mas não vi ali nada que reconhecesse, inocência, amor, arrependimento que fosse, pelo contrário, algo primitivo, o olhar da mulher que me encarava parecia de um animal ferido e acuado, além de carregar uma tristeza que doía no coração.
Eu não sei explicar porquê, mas sua pergunta havia me incomodado, a forma, o jeito arrogante, como naquele dia, eu não me contive e respondi a primeira idiotice que veio na minha cabeça. “Seu irmão está atrás de você e eu queria te ver, antes. Ver como você, têm sobrevivido.”, ela sorriu, um sorriso ferido e ali eu vi que minha resposta feriu fundo de uma forma que eu não esperava.
“Eu sobrevivi é isso que importa.”, por um momento ela desvia os olhos para a marginal e eu percebo uma pequena brecha, sinto ela tão vulnerável que me faz lembrar de quando era só uma garotinha magrela querendo sua vez no videogame. “Catarina volta para a casa da sua mãe, faz o que é melhor para você.”, eu falo, nem percebo o quão paternal soaram estas palavras, mas foram suficientes para ela explodir.
Sua risada de escárnio deixou claro que algo dentro dela tinha se quebrado para sempre, eu vi ali que a menina inocente não existia mais, “Eu prefiro continuar dando meu cu por dinheiro, do que voltar para vocês.”, mas a resposta dela também me machucou, me atingiu com força seus olhos assumiram a selvageria, do animal acuado e ferido que eu havia percebido.
Mas esse showzinho dela me irritou muito, além dela ter me machucado. Ok ela passou um ano ruim, mas agora já se achava no direito de falar comigo como se fosse gente grande, querendo causar impacto, mas eu também errei e acabo gritando com ela, “CATARINA LARGA DE SER BURRA!”, ela deu até um pulinho de susto e um passo para trás, “ESTÁ DIZENDO QUE PREFERE CONTINUAR SENDO UMA PUTA?”
“PELO MENOS NÃO SOU SUA PUTA.”... O grito dela foi com voz de choro e lágrimas nos olhos, então eu soube que Fábio estava certo, ela jamais voltaria, jamais perdoaria, “Não sou a SUA puta Cleber. Não mais, nem nunca mais.”, eu tentei me aproximar ela estendeu a mão na minha direção e ainda chorando começou a ir embora. No fundo eu não estava entendendo o que aconteceu para ela mudar tanto, não era assim que eu achei que ia acontecer…
Eu fui atrás dela, mas do outro lado na calçada o motoqueiro se aproximou de novo, deixando claro que ela nunca ficou sozinha comigo, ele já a aguardava, com um capacete na mão, queria dizer algo, mas ela antes de colocar o capacete disse algo que me afetou, “Viva bem Cleber, eu não fui uma boa mulher para você, apenas viva bem.”, e naquele segundo, vi no seu olhar, a menina que buscava, não havia amor, apenas um lampejo de sua inocência e alegria…
Eu volto para casa atordoado tentando entender o que houve, com a menina inocente, praticamente não consegui dormir, imaginando o que pode ter acontecido com ela, mas estava fora do meu alcance agora, suas palavras por outro lado, me marcariam para sempre.
“Viva bem Cleber…”, o último desejo de uma menina que não existe mais, reconstruir minha vida, da forma como eu sonhei lá atrás, antes de tudo, formar minha família. Eu ainda não conseguia entender tudo o que tinha acontecido, só sei que nossa conversa me fez sentir livre, finalmente livre, acho que vê-la, finalmente exorcizou o fantasma de sua presença.
Naquela manhã quando cheguei no escritório, vi Luana de costas terminando de consultar sua agenda, uma visão comum, mas aquele dia eu não queria o comum, me aproximei e dei um belo de um tapa no seu traseiro, nem forte, nem fraco, a gente já vinha transando e essas liberdades os dois já tinham normalizado.
Ela dá um pulinho e um gritinho, logo se vira com um sorriso safada e ganha um beijo na boca, enquanto arrasto ela para o meu escritório, sem tempo de pensarmos muito nisso…
Eu levanto a saia dela enquanto acaricio suas lindas coxas, já a levando para o sofá onde eu a deito e me deito em cima dela, com um tesão enorme, entro em seu corpo suspirando de prazer, fodendo essa mulher da forma que eu sei que ela gosta, com vontade, com força, mas também com carinho, distribuindo beijos, carícias, palavras apaixonadas.
Ela se entrega rebolando, eu me viro e deixo ela por cima, deixo ela cavalgar um pouco enquanto me seguro para não gozar logo, vendo essa mulher incrível rebolando com força, se entregando aos seus desejos e prazeres, tremendo toda enquanto acaricio suas coxas ela quica sobre meu pau.
Ela goza com um gritinho e em seguida eu gozo gostoso e fundo, mas não é o suficiente eu a levo pela janela, por trás enterro novamente na sua boceta, fodendo ela com força uma das minhas mãos alisa seu rosto, dou meu dedo para ela chupar, suas mãos na janela vendo os carros os prédios em volta, enquanto leva por trás na bucetinha apertada.
Gozamos mais uma vez juntos, dessa vez eu vou para a minha cadeira de escritório sento ela no meu colo, a saia puxada até a cintura, a calcinha havia sido arrancada e estava pelo chão em algum lugar, trocando carícias, já vínhamos fazendo sexo há algum tempo, mas hoje, foi totalmente diferente, pelo que eu cheguei aqui pensando.
“Lu, você gostaria de oficializar o que nós temos?”, ela sorri e me beija, finalmente eu havia exorcizado a dor e o medo, finalmente eu havia exorcizado a adolescente com cara de anjo e sorriso de menina, agora, eu estava pronto para ser de outra pessoa e no último ano, Luana demonstrou ser a pessoa exata que eu queria.
Não era inocente, de forma alguma, era uma mulher que sabe o que quer, que faz planos, que antecipa problemas antes de acontecerem e principalmente que desconfia até da própria sombra, algo que eu já tinha me acostumado e que garantia, não seria burra como um dia foi a Catarina.
……
Restava uma última coisa, eu tinha que dar tudo o que descobri nas mãos do Renato, no final, meu último feito por ela, seria entregar Catarina para sua família novamente, por isso fiz o que não fazia já há um ano, visitei a casa da Dona Inocência, aquela mulher, que sempre admirei com sua postura inabalável, como disse antes, uma fortaleza na fé.
Enquanto me servia café ela se desculpava, “Desculpa Cleber, eu não fui uma boa mãe.”, eu tomo meu café e suspiro, “Não se preocupa Dna Inocência, algumas pessoas, cometem seus erros, mas acabam superando eles.”, se ela soubesse o que a filha se tornou, ela ficaria ainda mais decepcionada e destruída.
“Eu sei, mas Catarina sempre foi… Você sabe né, sempre atrás de vocês garotos, desde pequenininha, deveria ter sido mais dura com ela, deveria ter obrigado ela a continuar na igreja e isso não teria acontecido.”, eu fico chocado com isso, afinal como falei no primeiro conto, ela era uma menina elogiada por seu bom comportamento e educação não isso, que agora a mãe dela dizia.
“Ela era uma menina boazinha, foi só como as coisas aconteceram.”, ela sorri doce, enquanto toma seu café, “A gente que é mãe sabe Cleber, Catarina nunca foi boa. Ela só esperou ficar longe das minhas vistas, para mostrar quem sempre foi.”, Dona Inocência estava irredutível na sua opinião, não importava o que eu dissesse...
“Pior que nem sou mais quem costumava ser, precisei deixar o Renato dar um corretivo nela, mas ele cismou de deixar ela sair, ela deveria ter ficado presa aqui comigo até entender seu erro.”...
Aí comecei a compreender, Catarina apanhou como se fosse criança aquele dia, por isso estava com medo no shopping, na minha sede de vingança, não só dei um troco na mulher que amava, fiz todas as pessoas envolta dela, a machucarem e empurrarem ela no abismo, eu fiz isso, eu destruí não só a mulher que dizia amar, mas também, tudo o que poderia ter impedido sua queda. Eu criei aquele animal ferido e acuado que havia me encontrado alguns dias antes.
Eu lembro de ter dito para mim mesmo na minha vingança, que ela nunca mais andaria na rua, com a cabeça erguida depois do que eu havia feito. Mas agora, essas palavras me embrulhavam o estômago, porque só agora eu via o estrago que eu fiz, só agora, eu entendia, que eu realmente destruí a Catarina por quem eu e Fábio nos apaixonamos, aquele brilho, aquela inocência.
Quando Renato chegou entreguei para ele o pendrive com as informações e fui embora, não aguentava mais ficar naquela casa, onde as lembranças da menina inocente, que eu conheci, se contrastavam com a história oficial sustentada pela mãe, de que ela nunca teve inocência, de que ela sempre foi uma perdida, eu não aguentava a culpa de estar ali.
……
Meses depois Renato bate à minha porta, estava encharcado de chuva, chorando, com papeis nas mãos, eu não sabia o que dizer, mas ele só olhou para mim com o olhar mais destruído do mundo, quase como o olhar que eu vi na irmã, quando conversei com ela da última vez. “Ela não vai mais voltar, Cleber… Catarina nunca mais vai voltar.”, ele fala isso entra e me entrega os papeis.
Eu olho os papeis e não consigo me impedir de chorar, o trágico final, anunciado e inevitável, como consequências de nossas ações, de todos os três Brothers… Catarina escolheu deixar de existir, nunca mais voltaria para casa da mãe ou do irmão e eu nunca mais veria aquela menina.
Ali, ficava claro que jamais haveria perdão. Choramos juntos eu e Renato com algumas latas de cerveja, aquele foi nosso velório, para a menina inocente que se foi para sempre. Naquele momento eu já sabia que ela marcaria para sempre os Brothers, não a noiva traidora, mas a menina que eu sabia ser o culpado pelo seu fim.
Como eu disse lá no começo, Catarina me mostrou que não existe inocência que não pode ser corrompida. E nesse caso, eu fui o corruptor, ela me entregou sua inocência anos atrás, com o sorriso de um anjo e o que eu fiz, foi destruir essa inocência completamente, não foi o Fábio, não foi o Renato, fui eu… Eu matei aquela menina com olhar inocente e sorriso sapeca.
Como eu disse, não existe inocência, só ilusão… Pego para mim as palavras de Oscar Wilde…
“A gente destrói aquilo que mais ama
em campo aberto, ou numa emboscada;
alguns com a leveza do carinho
outros com a dureza da palavra;
os covardes destroem com um beijo
os valentes destroem com a espada.
Mas a gente sempre destrói aquilo que mais ama.”
======== ……FIM…… ========
É isso povo assim encerra a história do Cleber, ele ainda vai contar a parte dele durante o epílogo, mas toda a história de traição e vingança e como ele começa a reconstruir a vida terminaram aqui, espero que tenham gostado, semana que vêm eu conto o lado da Catarina e seu final.
Espero que gostem e comentem, muito muito obrgada a todos que têm comentado, vocês me incentivam a escrever e a continuar contando as histórias.
