AVISO AOS LEITORES: Desculpem a demora na continuação. Adoeci feio. Mas tentei compensar com um capítulo com um pouco mais de fan service.
Olá leitores. O meu nome é Jéssica, tenho 27 anos, sou casada há quatro anos com o Rogério. Esta série conta nossas desventuras no prédio onde moramos, onde alguns vizinhos e vizinhas (e os nossos melhores amigos) parecem querer testar nosso amor. Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar pela série.
Sempre gostei de cuidar das pessoas, mas confesso que também gosto de cuidar de mim mesma. Meu corpo é meu templo, e eu sempre o tratei como tal. Tenho 1,71m de altura, pele amendoada que parece sempre beijada pelo sol, cabelos castanho-claros que caem em ondas suaves pelos ombros. Sou magra, mas minhas coxas são bem torneadas, firmes, resultado de horas na academia. Meus seios são pequenos, mas perfeitamente proporcionais, e minha bundinha é exatamente do jeito que eu gosto: redondinha, firme, provocante. Eu sei que homens olham quando eu passo, e, sinceramente, eu adoro a sensação. Gosto de me sentir desejada, dona do meu corpo e da minha sensualidade.
Mas, acima de tudo, eu sou mulher de um único homem: Rogério. Meu marido, meu grande amor, meu porto seguro. Ele tem 29 anos e é empresário, um homem trabalhador, inteligente e incrivelmente bom. O Rogério não é apenas bonito, ele é deslumbrante. Tem 1,85m de altura, ombros largos, um peitoral forte e coxas que me deixam arrepiada só de olhar. O sorriso dele é capaz de iluminar qualquer ambiente, e os olhos são de um castanho profundo que me hipnotiza sempre que me olha.
Quando estávamos juntos, eu me sentia a mulher mais sortuda do planeta. Não importava se estávamos em uma festa elegante ou deitados no sofá assistindo a um filme qualquer, ele sempre conseguia fazer meu coração disparar. Rogério era a personificação do homem perfeito e eu me orgulhava de chamá-lo de meu.
Este é um capítulo diferente porque vou evitar muitas cenas com meu querido Rogério pois ele vai narrá-las no próximo capítulo.
Tudo começou na quarta de manhãzinha. Tinha acabado de acordar e encontrar, como sempre, o Rogério na cozinha preparando nosso café da manhã e a minha marmita do trabalho. Ele sempre acordava uns 20 minutinhos antes pra deixar tudo pra mim.
Encostei no batente da porta e fiquei observando o meu maridão, de costas, enquanto ele terminava de arrumar a minha marmita.
Eu estava de baby-doll, um conjuntinho simples, de tecido leve, que mal pesava sobre a pele. A barra da camisa descia até metade das minhas coxas, e eu sentia o frescor da manhã tocar minhas pernas. O shortinho, sem calcinha, parecia quase desaparecer sob a blusa. O Rogério tinha uns fetiches que, se dependesse dele, eu nunca estaria usando calcinha quando estivesse em casa. Mesmo quando tivéssemos visitas (bastava eles não desconfiarem).
O Rogério estava de pijama, uma calça de algodão clara e uma camisa um pouco amarrotada, com alguns botões abertos no peito. O cabelo ainda completamente bagunçado, daquele jeito que eu amava, como se fosse impossível ele não parecer lindo nem por um segundo.
— Eu já disse que te amo? — disse, indo até ele.
Ele virou e me deu um selinho na boca.
— Enquanto dormia. Depois me conta esse sonho que teve hoje.
Sentei na bancada enquanto ele colocava a xícara à minha frente.
— Você viu a sauna nova? — perguntou, encostado ao meu lado.
— Estou muito curiosa pra ir lá... Falaram que ficou linda.
— Eu vi ontem o aplicativo. Dá até pra reservar horário.
— Horários exclusivos? — perguntei, mais interessada. — Parece uma boa para não ter que compartilhar com desconhecidos...
— O aplicativo é meio bugado. Tem até um erro. Ele permite que se reserve a madrugada toda com exclusividade também. Ninguém mais consegue pegar o horário. E não dá para saber quem reservou os horários...
Eu dei uma risada baixa.
— Isso parece perigosamente tentador.
Houve um breve silêncio entre a gente, só o som do café sendo mexido.
— Quando a gente vai? — Ele se virou pra mim.
— O quanto antes!
Ele pegou o celular na mesma hora.
— Domingo... Das 20h da noite até as 6h da manhã... Reservado!
— Rogério! — sussurrei, rindo. — A gente precisa sair umas 3 da madrugada se não corre o risco de nos vermos.
— O porteiro de plantão vai acabar vendo a gente subindo.
A ideia de trepar na sauna e ainda correr o risco de descobrirem se formos indiscretos demais me encheu de adrenalina e empolgação.
— Então amanhã eu vou lá “reconhecer o terreno” — falei, com um meio sorriso.
Levantei e cheguei mais perto, o tesão já tinha aflorado logo cedo.
— Amor, dá tempo de uma rapidinha antes do trabalho? — perguntei, baixinho.
Ele olhou pro relógio e depois pra mim.
— Você acordou tarde hoje, doutora. Mas sempre dá tempo pra uma rapidinha no chuveiro se a gente tomar banho junto.
Ele pegou minha mão, e fomos caminhando em direção ao banheiro. Meu coração batia acelerado, não só pelo que estava prestes a acontecer, mas pelo simples fato de ser com ele. Sempre ele.
Logo, estávamos trancados no banheiro, dando uma rapidinha deliciosa. Embaixo do chuveiro, com a água nos molhando, sempre era melhor. Ele me colocou de costas pra e de frente pra parede, levantou a minha perna e começou a foder com vontade.
Nossos corpos coladinhos, a pica dele entrando e saindo da minha bucetinha. Ele me prendendo pela cintura com seus braços musculosos, fazendo meu corpo balançar todo. Ele fodia com vontade. Dava para ouvir estalo dos nossos corpos competindo com o barulho da água caindo no chuveiro sobre nós.
Eu gemia alto e ele não diminuía as estocadas. Um ritmo tão intenso que não durou muito (afinal, não tínhamos mais que dez minutos sem arriscar se atrasar). Senti o seu cacete ficar mais grossa dentro de mim e o Rogério anunciou que ia gozar, aumentando a velocidade das estocadas. Ele me envolveu com seus braços, me abraçando por trás.
Gemi mais alto e isso só fez ele acelerar ainda. O cacete entrava na bucetinha, mas cada estocada era um tapa na pélvis dele na minha bundinha. Sabia que ele estava louco pra me enrabar.
— Não goza dentro não! — suspirei.
— Pois eu vou esporrar é dentro! — respondeu ele, que continuou fodendo.
Nós tínhamos feito um acordo de código no sexo. “Não” duas vezes na mesma frase na transa queria dizer que eu queria o oposto do que tava falando e que era pra ele ligar o modo “me trate como putinha”. O Rogério era um amor como marido e amante, sempre preocupado em me satisfazer e com o meu prazer. Mas aprendeu a encenar o bruto pra satisfazer meus fetiches.
Era um fetiche recursivo: ele era tão romântico e carinhoso que eu queria ser putinha dele pra retribuir tanto carinho. Ele me tratava como putinha pra me satisfazer ainda mais, o que me dava mais vontade de ser putinha dele. E só dele. E sempre dele.
O Rogério soltou o meu corpo e eu me apoiei na parede, ainda com o pau dele dentro. Ele deu a última estocada, profunda, despejando todo aquele gozo quente dentro da minha bucetinha. Foram umas cinco jatadas acompanhadas por mergulhadas profundas daquele pau que tão bem me conhecia.
Ele tirou o pau de dentro de mim, me virou devagar e me pôs de joelhos no boxe.
— Limpa tudinho! — ordenou.
Enquanto ele tomava uma ducha, eu só o mamava para limpar tudo. De baixo, via seu corpo perfeito enquanto ele ensaboava o peitoral e o resto do corpo. Mamei tudinho, até a rola ficar meia bomba e deixei ela limpinha.
Eu amava muito o Rogério.
Naquela noite, eu estava sozinha até quase uma da madrugada. O Rogério tinha ido com a Sarah assistir uma partida de futebol no estádio. Enquanto isso, eu aproveitava pra assistir finalmente a quarta temporada de Stranger Things. Eu estava jogada de lado no sofá, com as pernas dobradas e encostadas no braço, sentindo o tecido macio do estofado na minha pele.
Usava um short curto de algodão, já meio gasto, e uma camiseta larga de alça fina, que escorregava levemente por um dos ombros sempre que eu mudava de posição. Não usava sutiã e nem calcinha. O tecido leve marcava suavemente meus contornos conforme eu respirava. Gostava da ideia de que, quando meu amor chegasse, ele me encontrasse safadinha e pronta pra um sexo gostoso antes de dormir.
Foi quando a campainha tocou. Pausei o episódio e fui abrir a porta. Era a dona Ângela. Fiquei imóvel por um segundo. Senti uma espécie de nervosismo. Ela era mãe do Miguel e eu tinha beijado ela. Quer dizer, ela me beijou e a pica do Rogério na minha buceta me deixou no clima pra deixar. Mas mesmo assim...
Ela estava ali, com aquele corpo típico de uma senhora que já tinha vivido demais para se preocupar com padrões. Os cabelos grisalhos, alguns fios soltos emoldurando o rosto. Vestia uma camisola florida de tecido fino, por cima um robe leve bege, e chinelos de dedo gastos. Os seios caídos formavam um volume marcado sob o tecido, e o abdômen saltava um pouco para frente, suavemente arredondado. As mãos tinham veias aparentes, a pele manchadinha pela idade, mas os olhos observadores demais.
— Boa noite, dona Ângela — falei, com medo que ela percebesse que eu estava sem calcinha.
— Boa noite, minha linda. Posso entrar um minutinho?
Hesitei quase imperceptivelmente, depois dei passagem.
— Claro, fique à vontade.
Ela entrou devagar, olhando a sala como se estivesse simplesmente visitando uma vizinha para um papo de rotina, caminhou alguns passos e sentou no sofá.
Olhar pra dona Ângela era me lembrar daquele beijo. Daquele instante confuso em que o pau do Rogério tava tão intenso na minha buceta, comunicando o quanto ele queria ver aquilo que se deixei levar e beijar aquela senhorinha simpática. E depois me sentir culpada. Imagina se tivesse sido um beijo daqueles que eu dou no Rogério...
— O Rogério não está? — perguntou ele.
— Só chegar mais tarde.
— Ah. — Ela esperou um instante pra eu me sentar. Coloquei uma almofada sobre o shortinho pra ela não perceber a ausência da calcinha se olhasse pra lá mais do que devia. — Eu estou organizando um jantarzinho no sábado à noite. Nada demais. Só umas amigas, aqui do prédio mesmo.
Meu primeiro impulso foi recuar.
— Ah... sábado é complicado, dona Ângela...
— Vai ser coisa simples. Talvez seis, talvez oito mulheres no máximo.
— Não sei... Ando meio cansada esta semana...
— Eu sei, meu bem. Você trabalha demais, é dedicada demais. Mas é justamente por isso que precisa sair um pouco, conversar, rir. É só um jantar entre amigas.
Ela tocou de leve no meu braço, um gesto rápido, aparentemente inocente. Mas meu corpo reagiu como se fosse um choque.
— A Odete e a Andréa também vão — completou. — Não sei quem elas vão convidar. Mas vai ser um momento só das mulheres.
Por um breve segundo, a imagem daquele beijo voltou, vívida demais. Tudo que eu não queria era que pessoas como a Odete ou o Lucério descobrissem que eu beijei a dona Ângela durante uma transa a quatro. Eu não coloquei a língua. (Talvez um pouco quando o pau do Rogério deu tantos solavancos que parecia implorar pra que eu fizesse isso pra ele ver). Precisava dar um jeito de comprar o silêncio dela.
— Eu posso ir sim — disse, finalmente cedendo.
O sorriso dela se abriu mais, satisfeito.
— Sabia que ia aceitar. Sábado, às 21h, pode ser?
— Pode.
— Eu te mando o endereço por WhatsApp. Ou podemos ir juntas — completou, lançando-me um olhar curioso, como se aquilo tivesse uma segunda intenção escondida.
— Certo...
Fui com ela até a porta.
— Obrigada, minha linda. Fico muito feliz.
— Eu que agradeço o convite...
Ela acariciou o meu rosto, quase como se esperando um selinho de despedida. Respondi, abrindo a porta para ela.
— Boa noite, dona Ângela.
Fechei a porta, pensativa. Um jantar entre amigas. Talvez fosse uma maneira dela normalizar as coisas entre a gente. Não quero que ela pense que por causa daquele beijo, eu vou virar a madrasta do Miguel.
Para completar aquela noite, não rolou sexo. O Rogério chegou cansado e frustrado. O time dele tinha sido goleado e eliminado de uma tal Libertadores.
Na noite seguinte, quinta, fui investigar a nova sauna do condomínio.
Após me despir no vestiário, empurrei a porta de vidro, sentindo a diferença imediata de temperatura. O vapor me envolveu. Por alguns segundos, fiquei parada ali, sentindo o suor reabrir nos poros. As paredes de madeira clara estavam úmidas, escurecidas em alguns pontos, e cada rangido parecia amplificado pelo silêncio do lugar.
Eu estava apenas com uma toalha branca, enrolada em volta do corpo, apertada contra o peito. Minha pele estava pegajosa, marcada pelo suor do dia, do trabalho e de ter passado na academia antes de vir pra cá. Me sentindo suja e preguenta, decidi que precisava de uma ducha primeiro.
Caminhei até o banheiro anexo, empurrando a porta devagar. A luz fria evidenciava o vapor leve no ar e as gotículas escorrendo pelas divisórias de vidro fosco. Os chuveiros alinhados lembravam os de uma academia. Era esquisito demais essa ideia de chuveiros assim numa sauna unissex.
Pro meu espanto, em um dos chuveiros, uma mulher loira lavava o cabelo com calma, os braços erguidos, costas retas, peladona, postura quase exibida, como se soubesse que estava sendo vista mesmo antes de me notar. E que corpão.
Ela era loira. Tinha seios médios, porém bicudos. Sua barriga era enxuta como de uma atleta, uma baita bunda bem arredondada que podia competir com a da Eliana, um par de coxões firmes e uma bucetona inchada, de lábios volumosos, bem raspadinha. Dava para ver o início da fenda rosada quando ela abria mais as pernas. Me perdi por um segundo olhando aquele corpão.
Não sou bissexual. Mas era um corpão e eu fui pega de surpresa. A curiosidade deve ter ativado um “olha tudo”. O segundo impulso foi recuar. Eu já estava me preparando para pedir desculpas e sair quando ela olhou pra mim. Como se quisesse provocar, ela soltou um sorrisinho e começou a ensaboar sua bucetona, como se estivesse a alisando.
— Oi! Pode entrar. Fica tranquila, eu não mordo... — disse ela, sorrindo de um jeito fácil, quase simpático demais. — Me chamo Milla.
O tom dela era leve, mas havia algo ali, uma segurança tão grande que beirava o caso de autoestima infinita.
— Jéssica... É que eu não sabia que os chuveiros eram compartilhados — respondi, sorrindo por educação, enquanto evitava encarar diretamente seu corpo.
— Todo banheiro de vestiário é assim — comentou, rindo. — Pode tomar banho também sem problema.
Hesitei. Senti meu coração acelerar de leve, uma mistura de constrangimento e estranheza. Eu não gostava de me expor pra uma desconhecida, mas a ideia de voltar suada para a sauna era pior. Soltei a toalha do corpo e pendurei no gancho.
A Milla parou para olhar meu corpinho inteiro de cima a baixo. Eu tinha seios pequenos e durinhos, com tinham biquinhos rosas que apontavam para cima, uma bundinha, empinadinha e perfeita, que combinava com a minha barriguinha tanquinho e meu belo par de coxas. Além de uma bucetinha apertadinha e de pelinhos ralinhos. Me senti como se estivesse sendo analisada em silêncio.
— Você mora aqui há muito tempo? — perguntou ela.
— Uns quatro anos.
— Cheguei no começo deste ano. Torre B. — Fez uma pausa, como se fosse impossível eu não ter reparado nela. — Você deve ter me visto na academia ou na piscina. Eu praticamente moro lá embaixo.
— Pode ser... — falei, tentando não transparecer que nunca a notei até ela aparecer peladona na minha frente. — Eu acabo não prestando atenção em todo mundo.
— Eu presto. Principalmente em quem vale a pena — respondi, e eu tive a estranha sensação de que aquela frase tinha mais de um sentido.
Enquanto a água escorria por mim, eu me sentia menor comparada com ela, tamanha autoconfiança. Não pela beleza ou gostosura, eu confiava no meu taco. Mas ela tinha um jeito de se impor, como se fosse dona de qualquer ambiente em que entrasse. Acho que só a Eliana ou a Lisandra conseguiriam por ela no lugar sem esforço em um duelo de bundas.
Depois do banho, nos enrolamos novamente nas toalhas e voltamos para a sauna. Sentei-me em um dos bancos e senti o calor me abraçar de novo, mais confortável agora, a pele limpa e relaxada. Percebi que ela se acomodou de frente para mim, quase como se quisesse me observar melhor. A toalha dela era mais curta e ela fazia questão de ficar com as pernas abertas, como se quisesse me desafiar a olhar sua bucetona de lábios inchados com sua grande fenda rosada.
— Você é bem conhecida aqui — comentou Milla, sorrindo. — Já te vi várias vezes se bronzeando na piscina. Sempre exibindo o corpão e a raba pros homens fazerem fila pra passar bronzeador em ti...
— Eu apenas me bronzeio.
— E você e o Rogério estão sempre juntos nas reuniões do condomínio.
— Ele é meu marido.
— Eu sei — disse, inclinando levemente a cabeça. — E, olha, sendo bem sincera... Ele é um dos homens mais gostosos desse prédio. Talvez do bairro inteiro.
A forma como ela falou aquilo, sem pudor, sem hesitar, era quase um desafio. Senti o rosto esquentar não pelo vapor, mas pelo incômodo. Ciúmes?
— Ele é tão pausudo quanto parece de sunga?
— Você fala isso com muita naturalidade... — comentei, mas minha tentativa de mudar de assunto pareceu ser um “sim” aos ouvidos dela.
— Porque é natural — respondeu, como se fosse óbvio demais para ser questionado. — Um homem daqueles com uma mulher só é desperdício...
Ela deslizou os olhos pelo meu rosto e depois pelo meu corpo, como se estivesse nos comparando.
— Mas você é linda e gostosa também... Falta seios e bunda, mas ele deve gostar das coxas. — O elogio veio carregado de condescendência. — Talvez eu até colasse velcro contigo num ménage...
Antes que que eu pudesse responder, ela se levantou devagar, tirou a toalha, exibindo seu corpo nu mais uma vez e pôs a toalha no ombro. Tinha as coxas bem grossas e musculosas e uma bunda bem grande e bem projetada, redondona. O sonho dela era ser a Andréia. Caminhou em direção ao vestiário, sem nenhuma pressa, como se quisesse ter certeza de que eu vi a raba dela. Antes de sair, voltou-se para mim, apoiando a mão na lateral da porta.
— Só para deixar claro uma coisa, Jéssica, quem decide se o Rogério vai ou não me comer não é você. É ele. E agora que eu vi o que você tem a oferecer... — Ela fez um breve gesto com a cabeça, percorrendo meu corpo — Tenho certeza de que ele toparia me comer a qualquer momento que eu oferecer.
E então saiu, sem esperar resposta, me deixando para trás com várias respostas entaladas na garganta e uma nova inimiga mortal.
Sábado à tarde, a academia estava relativamente vazia pra um final de semana. Me peguei olhando pro espelho imenso da parede, que devolvia dezenas de versões de mim mesma em movimento.
Estava com um conjunto de academia azul-marinho. Um top justo nas costas e uma legging de cintura alta que desenhava minhas pernas e a curva da minha cintura. A malha grudava na pele de um jeito confortável. Minha pele estava levemente úmida de suor. O cabelo preso em um rabo de cavalo alto balançava de leve a cada respiração mais funda. Eu me sentia linda e gostosa.
Naquele momento, eu fazia agachamento no smith. Descia controlando, sentindo cada músculo responder, subia firme, o abdômen contraído, a respiração ritmada. Não queria admitir, mas queria mostrar praquela exibida da Milla que eu era muito melhor que ela. Claro que eu confiava no Rogério e ele nunca a olharia, mas eu queria derrotar ela no jogo dela pelo meu próprio orgulho.
A turma da academia estava desfalcada. O Carlos estava atolado o dia todo numa quest pra ajudar a Odete no trabalho. Os dois tinham se separado, mas eram bons amigos. Não os melhores, porque EU era a melhor amiga dele. EU era a anjinha no ouvido dele, enquanto a Odete era a diabinha.
Por sua vez, o Rogério tinha viajado cedo com a Lorena e a Carolina. Foram ao sítio da família dele, limpar tudo para deixar pronto pro aniversário das duas no dia seguinte. Eu até queria ir, mas só de imaginar poeira, mofo e rinite atacando, meu corpo e bom-senso recusaram. Eu passaram dias tossindo e espirrando.
Junto comigo, estava a Eliana, no leg press, com uma determinação quase silenciosa. O conjunto preto que ela usava realçava as curvas do corpo dela de um jeito elegante, mas deixando os peitões balançarem. As pernas fortes empurravam a plataforma como se aquilo fosse leve, mas eu sabia que não era. Ela mantinha o queixo erguido e o olhar focado.
A Rebecca estava mais afastada, na cadeira abdutora. Usava uma legging vinho e uma regata clara. O corpo dela tinha uma delicadeza que contrastava com a força dos movimentos. Cada vez que ela abria e fechava as pernas, o rosto permanecia sereno.
A Sarah corria na esteira. Os fones grandes cobriam as orelhas, o short de legging e o top claro deixavam à mostra o ritmo firme da respiração e das passadas. Os peitões balançando no ritmo das passadas.
A Natália estava no canto dos halteres. Regata cavada, cabelo preso de qualquer jeito, suor escorrendo pela têmpora. Cada flexão dos braços marcava o desenho dos músculos com uma naturalidade absurda. Forte. Centrada. Bunduda. Tinha muitas amigas que me superavam em seios ou bunda mesmo.
Não era o caso da Tatiana, que estava no elíptico. O conjunto cinza claro contrastava com o cabelo castanho que caía parcialmente sobre o rosto. Sempre atenta, sempre analisando. Magra, definida na medida exata, postura perfeita e uma aura de quem nunca estava realmente desligada de nada. Um belo par de coxas.
Falando em coxas, a Letícia estava na extensora, concentrada. A expressão séria, a mandíbula levemente contraída. O conjunto verde-escuro combinava com o tom dos cabelos. Jovem, intensa, com um dos mais belos par de coxas da nossa turma. Ela carregava na postura o peso de quem quer provar algo ao mundo o tempo todo.
Por fim, a Larissa fazia avanço com halteres. Cada passada era firme, pesada, segura. O corpo atlético dela parecia responder automaticamente ao esforço, como se treino fizesse parte da linguagem natural do corpo dela. Cropped preto, short de compressão e as inúmeras pintinhas contrastando com a pele clara. Havia confiança em cada movimento.
Fiz mais uma série. Depois outra. O corpo queimava, mas eu adorava aquela sensação. Agora, era hora da pausa para conversar com o resto da turma. Quando todas encerramos aquela rodada, nos reunimos perto dos bancos, cada uma com sua garrafa d’água.
— Eu tô morta — suspirou Letícia, jogando a cabeça pra trás.
— Sinal que funcionou — rebateu Tatiana.
— Nossa, se eu viesse sozinha, já tinha desistido faz tempo — comentou Sarah, tirando os fones.
Dei um gole longo na água gelada.
— Vocês viram que entrou uma instrutora nova de yoga? — falou Larissa, casualmente. — Dizem que ela trabalha com yoga twerk agora...
— Yoga twerk? — estranhou Natália, quase rindo. — O que é isso?
— Já ouvi falar — comentou Tatiana.
Antes que alguém pudesse completar qualquer linha de raciocínio, a tal instrutora apareceu.
Alta, postura impecável, o corpo esguio de quem vive em consciência corporal. Usava um macacão de legging colado ao corpo, em tom terroso, e o cabelo preso num coque alto, deixando o pescoço comprido em evidência. Ela sorria com tranquilidade provocante.
— Vocês estavam falando do meu trabalho? — perguntou, parando diante do nosso círculo.
— A gente só ficou curiosa. — Tatiana tomou a frente. — O que exatamente é yoga twerk?
A instrutora uniu as mãos na frente do peito, inspirou devagar, como se estivesse começando uma aula de meditação.
— É uma prática que une consciência corporal, respiração, ativação do assoalho pélvico, liberdade de movimento e musicalidade. Mistura a base da yoga tradicional com movimentos de quadril inspirados em danças ancestrais e modernas — explicou com calma. — O objetivo é controle, desbloqueio de energia criativa e autoconhecimento.
Eu e as garotas prestávamos atenção em tudo.
— Trabalha postura, confiança e conexão consigo mesma —continuou. — Muitas mulheres relatam que isso melhora a relação com o próprio corpo, com a autoestima e até na vida a dois.
— Vida a dois tipo... — Natália fez um gesto no ar, insinuando sem dizer.
A instrutora apenas sorriu de canto.
— Também — respondeu.
Todas pareceram bastante interessadas ao ouvir aquilo.
— Vocês podem fazer um teste rápido, se quiserem — sugeriu ela, olhando uma por uma.
A tensão entre nós se espalhou. Eu hesitei e olhei em volta. A Tatiana mordeu o lábio, curiosa demais. A Larissa escondia um sorriso divertido. A Natália parecia mais interessada no aspecto físico do exercício. A Letícia claramente desconfiava. A Rebecca não dizia nada. A Sarah parecia não pensar em nada, enquanto a Eliana parecia séria demais.
Então a instrutora completou:
— Além de benefício físico, é uma excelente forma de aprender coisas novas para agradar o marido.
— Eu topo — falei, sem pensar, sentindo algo acender dentro de mim.
— Eu também — disse Eliana.
— Eu... também — Rebecca ajustava a própria postura.
— Eu também — completou Sarah.
Olhando pra Rebecca e Eliana, a Letícia soltou uma risada nasal.
— As casadas dessa turma são tudo safadinhas mesmo, viu?
Nessa hora, eu fiz as contas e percebi isso. Tatiana, Larissa, Natália e Letícia tinham declinado. Só as casadas tinham aceita... Não, a Rebecca não era mais casada. A menos que...
A santinha da turma era safadinha. Talveeeez, a fila da Rebecca já tenha andado...
A instrutora nos conduziu até um canto mais reservado da academia, onde alguns colchonetes já estavam estendidos no chão. A luz ali era um pouco mais difusa. Tatiana, Larissa, Natália e Letícia vieram atrás, mais por curiosidade do que por intenção real.
A instrutora parou no centro daquele espaço improvisado de aula e nos avaliou com um olhar lento. Passou por Eliana, depois por mim, depois por Rebecca, depois por Sarah. A cada olhada pra cada uma, uma tensão diferente no ar. Uma eletricidade sutil, mas impossível de ignorar. Me senti observada de uma maneira muito específica.
Ela então disse:
— Vamos dividir em duplas. Eliana e Jéssica. Rebecca e Sarah.
Eu olhei pra Eliana, que me encarou de volta. A Sarah sorriu de canto e a Rebecca apenas assentiu.
— Quero que Jéssica e Sarah deitem nos colchonetes primeiro.
Lentamente me deitei. O colchonete estava frio sob as minhas costas, mas o meu corpo inteiro parecia em chamas. Fiquei ali, olhando pro teto, curiosa e tensa, esperando o próximo comando.
A instrutora pediu para eu e Sarah abrirmos bem as pernas e apoiarmos bem as costas nos colchonetes, enquanto a Eliana e a Rebecca se posicionavam de frente para nós, de joelhos, bem próximas. Ela chamou aquilo de “encaixe de alinhamento central”, para que a gente pudesse trabalhar mobilidade e coordenação em dupla.
Ainda assim, tudo parecia intimamente errado. Seguindo as instruções, a Eliana se sentou por cima da minha perna, levantou a outra e encostou sua pélvis com a minha. A instrutora mandou a gente se aproximar ainda mais. Hesitamos, mas obedecemos. Dava pra sentir a buceta de uma muito perto da outra. Mesmo com as duas usando calcinha e legging.
Encarei a Eliana. Ela também parecia desconfiada, como se estivesse tendo exatamente o mesmo pensamento que eu. Isso não parece yoga, parece outra coisa.
Do nosso lado, Rebecca e Sarah pareciam levar tudo na esportiva. A Sarah até sorriu, concentrada, como se estivesse fazendo um exercício normal de agachamento em dupla. A Rebecca mantinha aquela expressão doce, disciplinada, de quem quer fazer tudo certo.
Com as pernas aberas, a Sarah esperava a Rebecca, que a montou, e envolveu as pernas dela com as suas até encontrar a posição certa, que olhando de fora parecia ser buceta com buceta.
— Querem começar? — perguntou a instrutora.
Antes que eu pudesse pensar duas vezes, meus quadris já acompanhavam o ritmo que ela mandava. Eu mexia a pélvis pra um lado, a Eliana mexia a pélvis pro outro. Era um movimento pequeno. Coordenação, controle, fluidez... Mas, o fato da minha buceta vez por outra bater na da Eliana me passava a constrangedora ideia de que isso era parecido demais com uma tesourinha.
— Relaxem os ombros... Atenção ao abdômen... Agora tentem acompanhar o movimento da parceira, mas pro lado oposto — disse a instrutora, com uma seriedade impassível.
Seguindo os comandos da instrutora, levantei a minha perna direita, que foi segurada pela Eliana. Depois disso, a Eliana encaixou seu corpo de forma diagonal no meu e isso fez as duas bucetas se encostarem ainda mais. A instrutora mandou a gente seguir fazendo os movimentos, rebolando os quadris. Eu e a Eliana seguimos isso, mas as bucetas estava praticamente se roçando por cima da calça e da calcinha.
Isso definitivamente parecia uma tesourinha.
Constrangida e confusa, arrisquei um olhar pras outras mulheres da turma. Tatiana, Larissa e Letícia já estavam com o celular em punho, filmando aquilo.
Claro que elas estavam filmando! Aquilo era o mais próximo que existiria de eu e a Eliana colarmos velcro. Essa era a fantasia sexual número 1 dos homens do nosso condomínio (mesmo do Rogério) e, pelo visto, era bem popular entre as mulheres...
Continuei o movimento por mais alguns segundos, mas o calor subindo pelo meu pescoço já denunciava o quanto eu estava constrangida. A instrutora mandava a fazer mais intenso e ritmado. A Eliana estava começando a se empolgar demais e notava que ela estava começando a esfregar sua buceta na minha de verdade e com vontade.
Era hora de acabar com aquilo, que já tinha ido longe demais.
Dei um tapinha na coxa da Eliana sinalizando pra ela parar. No entanto, a Eliana estava começando a gostar e, antes de parar, ainda deu mais umas duas reboladas tentando se esfregar na minha bucetinha. Depois, ela percebeu o que estava fazendo e o que estava fazendo EM PÚBLICO (mesmo num canto afastado da academia com nossas amigas bloqueando a visão da macharada) e parou imediatamente.
— Foi mal ali no fim... — murmurou, envergonhada, quando me ajudou a levantar. Fiz sinal de “sem problemas”.
Não rolou nada além de um exercício meio constrangedor, mas eu tinha certeza de que se o Rogério pegasse aquela gravação, iria ficar anêmico de tanta punheta.
Talvez eu arrumasse uma cópia pra ele como presente de aniversário se ele for muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bonzinho e prometer nunca citar isso como possibilidade.
— Algum problema? — perguntou a instrutora pra nós dois.
— Acho que dei um mal jeito na coxa — inventei, levando a mão ao músculo.
— Minha lombar também não tá doendo um pouco — respondeu Eliana, entrando na encenação comigo.
— Se quiserem, posso fazer uma massagem rápida para liberar a tensão — sugeriu a instrutora.
— Não, obrigada — respondemos quase em coro.
Do nosso lado, Rebecca e Sarah continuavam firmes, empolgadas demais e claramente não perceberam o duplo sentido da situação. As duas mulheres continuaram a se esfregar, friccionando uma pélvis contra a outra, seguindo o ritmo ditado pela instrutora. As duas estavam colocando todas as suas energias nisso.
Inclinei a cabeça na direção da Eliana e sussurrei, baixinho, só para ela ouvir:
— Você acha que elas perceberam o que isso estava parecendo?
Eliana mordeu a parte interna da bochecha antes de responder:
— Com certeza, não. E é melhor assim... Eu não sei como a Rebecca iria ficar se descobrisse o que tá fazendo com a Sarah.
Mordi o lábio, tentando segurar uma risada nervosa, observando novamente Sarah e Rebecca, completamente compenetradas no exercício. Durou quatro, talvez cinco minutos. Rebecca e Sarah terminaram o exercício com um suspiro alto, quase sincronizado. O som foi tão inesperado que chamou a atenção de parte da academia. Pude sentir alguns olhares curiosos se voltando para nós. Eu e a Eliana nos posicionamos de frente pra nossas amigas pra terminar de bloquear a visão dos curiosos.
A Eliana se inclinou levemente na minha direção e murmurou, quase sem mover os lábios:
— A gente devia ter parado as duas...
Eu apertei os lábios para segurar uma risada nervosa.
— Pelo menos, elas gostaram — murmurei de volta, envergonhada do pensamento.
A instrutora, completamente animada, bateu palmas duas vezes.
— Muito bem, minhas queridas! Isso é sinal de que a energia foi ativada corretamente! — Ela se virou pras quatro que só assistiram. — Alguma de vocês gostaria de experimentar agora?
Imediatamente, Letícia, Tatiana e Larissa ergueram as mãos.
— Eu quero entender melhor isso aí — disse Tatiana, rindo. — Posso escolher minha parceira?
— Posso escolher minha dupla? — comentou Larissa, curiosa.
— Posso escolher meu par? — disse Letícia, mordendo o lábio.
A Eliana olhou pra reação dela e cruzou os braços imediatamente.
— Eu não faço esse exercício com ninguém nunca mais na minha vida.
Na mesma hora, as três baixaram as mãos, desistindo da aula grátis.
Voltou meu olhar pra Rebecca e Sarah. Elas já estavam de pé, mas estavam se olhando de forma estranha, como se não conseguissem encarar a outra diretamente por mais de dois segundos.
— Foi diferente... Mas gostei — comentou Rebecca baixinho, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Sei lá...
A Sarah riu, completamente sem graça.
— Eu tava pensando a mesma coisa. Foi muito doido, mas não foi ruim...
A Rebecca estava tímida demais, mas criou coragem pra falar:
— Sinto como se eu estivesse te devendo algo. Como se devesse ter te chamado pra um café, sei lá, ou cinema, antes disso aqui.
— Estranho — Sarah arrumou o cabelo. — Senti a mesma coisa, acredita?
As duas ficaram pensativas e, por um segundo, achei que elas tinham percebido o que tinham feito. Foi quando a Sarah abriu um sorriso pequeno, mas verdadeiro.
— Que tal um café na quarta que vem? Depois do trabalho?
— Quarta — confirmou Rebecca rapidamente.
Eu observei aquilo com incredulidade. Elas realmente não tinham percebido, ou tinham decidido ignorar completamente, o que tinham acabado de fazer. Porra, até eu que só transei com o Rogério em toda a vida conheço a expressão “Quer me comer, me leva pro café/sorvete/cineminha primeiro”.
Agora, as duas seriam bests com uma conexão estranha demais para um simples “exercício de yoga”. Talvez seja melhor assim.
Enquanto elas ainda conversavam entre si, eu peguei minha garrafa, minha toalha e minha bolsa. Me despedi rapidamente das mulheres da turma, acenando e saí da academia.
De noite, eu tinha o tal jantar com a dona Ângela e amigas. Como o Rogério tinha acabado de chegar do sítio, acabei pegando o carro e indo com a dona Ângela. Chegamos alguns minutos antes das 21h. O restaurante ficava a uns três bairros do condomínio. Parecia aconchegante, com mesas de madeira escura e um cheiro confortável de alho tostado e vinho. Velas pequenas tremulavam em cima das mesas e havia um burburinho constante de conversas misturado ao tilintar de taças. Tinha uma elegância discreta, perfeita para um jantar casual entre mulheres.
Eu tinha escolhido um vestido verde escuro, que marcava minha cintura sem exagero e descia até um pouco abaixo dos joelhos. O decote era discreto, mas favorecia meu colo. Nos pés, um salto médio. Meu cabelo, solto e levemente ondulado, caía pelos ombros. Eu me permiti uma pequena indiscrição. Como eu iria e voltaria no meu carro, decidi ir sem calcinha. Duvido que alguma delas sequer desconfiasse.
A dona Ângela estava arrumada de um jeito curioso, tentando parecer mais jovem do que seus 67 anos permitiam. Usava um vestido estampado, um pouco justo demais e uma bolsa pequena de alça curta. Os cabelos grisalhos estavam cuidadosamente escovados e presos de lado por uma presilha brilhante. Havia algo de doce nela, como se estivesse orgulhosa por sair comigo.
— Que lugar bonito — comentou ela, olhando em volta com certo encantamento.
— Bem aconchegante — respondi, enquanto meus olhos percorriam o salão.
Ela então me analisou de cima a baixo, sem nenhum pudor.
— Mas olha você... Esse vestido caiu como uma luva. Que mulher linda você é, Jéssica. O Rogério é um homem de muita sorte.
Senti minhas bochechas esquentarem.
— Imagina, dona Ângela... A senhora também está muito bonita hoje — respondi, por educação, embora minha mente tivesse sido atravessada, mais uma vez, pela lembrança daquele beijo inesperado, naquela noite confusa. Um beijo que eu nunca teria permitido em circunstâncias normais e que, talvez por isso, vez ou outra voltava à minha cabeça de forma perturbadora.
Seguimos até a mesa reservada. Era uma mesa grande, para oito pessoas, posicionada em um canto mais reservado do restaurante. Estava totalmente vazia. Instintivamente, parei em uma das pontas, mas a Ângela segurou meu braço com delicadeza.
— Não, senta aqui do meu lado, minha linda. Assim a gente conversa melhor.
— Claro... — concordei, puxando a cadeira e me acomodando ao lado dela.
Minutos depois, vimos a Andréia e a Alessandra se aproximando, juntas. Por um instante, pensei tê-las visto de mãos dadas, mas foi só impressão.
A Andréia vinha linda, como sempre. Loira, cheia de presença, usando um vestido justo, colado ao corpo, que realçava cada curva, principalmente aquela raba de Paola Oliveira que ela tinha e se orgulhava.
Ao seu lado, a Alessandra chamava atenção de um jeito diferente. Também loira, ela tinha uma beleza forte. Os ombros firmes, cintura bem desenhada, quadris largos e uma postura segura. Usava uma saia de tecido mais encorpado e uma blusa ajustada, que valorizava seu corpo atlético. Seus cabelos loiros caíam em cachos soltos sobre os ombros.
— Jéssica? — Andréia arqueou ligeiramente as sobrancelhas, surpresa. — Que inesperado te encontrar aqui.
— Pois é, acho que a noite vai ser interessante — respondi com um meio sorriso, sem entender o que exatamente havia por trás daquela reação.
— Boa noite, garotas — cumprimentou Alessandra, educada, mas com um brilho curioso no olhar.
— Boa noite — respondemos em uníssono.
As duas se sentaram lado a lado, diretamente à nossa frente. Antes que eu pudesse comentar qualquer coisa, vimos a Cinthia e a Letícia surgirem.
A Cinthia estava elegante, usando um vestido escuro e colado ao corpo, que marcava suas curvas de forma sofisticada. Seus cabelos estavam impecáveis e ela exibia seu sorriso educado, quase profissional.
A Letícia vinha logo ao lado. Mais jovem, carregava um ar inquieto, porém belíssimo. Vestia uma blusa clara e uma calça de cintura alta que valorizava suas pernas grossas e definidas. Seu olhar, ao encontrar o meu, foi de espanto mal disfarçado.
— Jéssica? Você também? — deixou escapar.
— Também o quê? — perguntei, confusa.
— Boa noite, gente — disse Cinthia, interrompendo a resposta da universitária. — Que bom que todas vieram.
Elas se sentaram juntas, do outro lado da mesa. Antes que eu pudesse abordar Andréia e Letícia, vimos a Odete entrando no restaurante, acompanhada por uma mulher que eu não conhecia pessoalmente.
A Odete estava deslumbrante, como se o divórcio tivesse tirado um peso invisível de suas costas. Usava um vestido elegante, que marcava seu corpo volumoso com uma confiança quase escandalosa. Seu sorriso estava mais leve e mais livre.
A mulher ao seu lado tinha um corpo absurdamente bonito, firme e definido. Tinha uns 30 anos e negra. Usava um vestido esportivo, justo na medida, que destacava suas pernas musculosas e a bunda bem desenhada. Caminhava com postura de atleta, segura e imponente.
— Minhas queridas, essa é a Débora — apresentou Odete, pousando a mão em seu ombro. — Ela também mora lá no condomínio, mas na Torre B.
— Prazer em conhecer vocês — disse Débora, com uma voz firme e um sorriso simpático. Ela era muito bonita.
— O prazer é nosso — respondi, observando aquele grupo com uma sensação estranha crescendo dentro de mim.
As duas se sentaram lado a lado. Com todas acomodadas, percebi algo esquisito: pequenos olhares trocados entre Ângela, Odete e Cinthia. Rápidos, cúmplices, quase secretos. Um tipo de comunicação silenciosa que não conseguia decifrar.
Senti um arrepio subir pela minha espinha, ainda que eu não enxergasse claramente o motivo. Ri de algo que Alessandra comentou sobre o trânsito, mas minha mente estava longe dali. Havia uma tensão diferente no ar. Quase elétrica, meio sexual. E, aparentemente, só eu não entendia a origem dela.
Foi então que a Cinthia ajeitou a postura, pousou delicadamente as mãos sobre a mesa e olhou para todas nós, uma por uma.
— Então, minhas queridas, eu só queria dizer uma coisa antes do jantar começar de vez. — Aqui nesta mesa só tem mulheres incríveis. Séria, inteligente, linda, independente. Mulheres que eu admiro de verdade. E eu tenho um orgulho imenso de cada uma de vocês.
Senti meu rosto esquentar levemente. Aquilo tudo soava exagerado e bonito ao mesmo tempo.
— Para também, Cinthia. Se continuar assim, a gente vai sair daqui achando que é heroína da Marvel — brincou Ângela, ajeitando o brinco comprido.
— Mas é isso mesmo — respondeu Odete, jogando o cabelo para trás com naturalidade. — A gente vive apagando o próprio brilho pra não incomodar. Já cansei disso.
Andréia assentiu, apoiando os cotovelos na mesa.
— Eu concordo. Mulher boa demais, compreensiva demais, a vida inteira. Aí quando resolve ser um pouquinho egoísta, todo mundo acha um absurdo.
Eu ouvi aquilo e senti um incômodo estranho, como se tivessem tocado exatamente num ponto sensível. Quantas vezes eu não engoli algo pra manter a harmonia? Eu sempre me orgulhei de ser equilibrada, mas agora uma parte de mim se perguntava se esse equilíbrio não era, na verdade, uma forma bonita de me anular. Por me anular, fui humilhada por aquela Milla.
Cinthia continuou, animada:
— E conversando com a Ângela, a Odete e a Andréia, a gente chegou numa conclusão: mulheres como nós são lobas.
— E o que exatamente uma loba faz, hein? — perguntou Alessandra, pegando a taça.
— Primeiro — disse Cinthia, contando nos dedos — ela começa a ouvir mais o “isso não me faz bem” e menos o “seja boazinha”. Para de aceitar migalhas: de atenção, de carinho, de relacionamento, de amizade que suga. Assume o próprio desejo, qualquer que seja ele. Desejo de mudar, de descansar, de criar, de ir embora, de ficar... Desejo de trepar com quem quiser. Para de pedir desculpa por existir. E começa a dizer mais “não”. Começa a querer mais.
— Nossa. Parece simples, mas é tão difícil aplicar — comentou Débora.
— É difícil porque ensinaram a gente a não incomodar — respondeu Odete. — Mas a loba incomoda, sim. E não pede desculpa por isso.
— Eu tô tentando aprender isso na prática. Ainda erro, ainda volto atrás às vezes... — confessou Andréia. — Mas já estou cansada de ser segundo plano até na minha própria vida.
Eu as observava enquanto falavam, totalmente absorvida. Havia nelas uma segurança silenciosa, uma espécie de força que eu reconhecia, mas que sempre achei que não me pertencia por completo. Talvez fosse isso: eu estava no meio de mulheres que estavam, de algum modo, dando um passo à frente de algo que eu ainda não conseguia nomear.
A Cinthia então acrescentou:
— E tem outra coisa importante. A loba não anda sozinha. Ela busca outras lobas. Ela é de matilha. Em vez de competir umas com as outras, ela se aproxima, cria laços profundos, constrói alianças de verdade.
— Queremos conhecer todas vocês bem melhor... — insinuou Odete.
— Exatamente — disse Cinthia. — Por isso surgiu essa ideia: a Confraria das Lobas.
— Um espaço seguro entre nós — continuou Ângela. — Sem julgamento. Um lugar pra se fortalecer.
— Um lugar pra parar de se diminuir — sorriu Alessandra.
— Pra se escolher — acrescentou Débora, erguendo a taça.
As taças se tocaram no meio da mesa, e eu acompanhei o gesto por pura sintonia, mesmo ainda meio confusa.
Eu me perguntei o que exatamente significava “se escolher”. Eu achava que já fazia isso, escolhendo meu casamento, minha profissão, minhas responsabilidades, todos os dias. Mas talvez elas estivessem falando de uma escolha mais profunda, menos óbvia. Uma escolha que não tinha nada a ver com compromisso com os outros, e sim comigo mesma.
Cinthia respirou fundo e continuou:
— Eu conversei com as outras fundadoras e sugeri que cada uma convidasse uma candidata pra fazer parte da nossa matilha.
Nesse momento, a Letícia e a Alessandra se entreolharam de um jeito rápido, carregado de algum significado que me escapou completamente. Foi como se elas tivessem entendido exatamente o que estava acontecendo, mas eu ainda estava voando.
— Mas e as outras mulheres? — perguntei. — E a Rebecca, a Eliana, a Sarah, a Carolina... Elas também não fariam sentido aqui?
A Cinthia sorriu para mim.
— Claro que sim. E, com o tempo, todas vão fazer parte. Mas queríamos começar aos poucos. Quatro duplas: uma mais experiente e uma em formação. Uma espécie de sênior e aprendiz. Mas os detalhes a gente conversa depois. Hoje é noite de nos conhecermos melhor, de criarmos vínculos.
— E de comer — brincou Odete. — Porque ninguém aqui é de ferro.
Os garçons chegaram com os pratos principais, um a um. O cheiro era maravilhoso. Risotos, massas, carnes, saladas sofisticadas.
— Nossa, isso aqui parece obra de arte — comentei.
— E é — disse Andréia. — Igual a gente, só que com molho.
As risadas ecoaram.
Enquanto começávamos a comer, as conversas se ramificaram em pequenos assuntos paralelos. A Odete contava uma história engraçada do trabalho, envolta em gestos amplos e dramatização natural.
— Eu juro, quando ele me perguntou aquilo, eu pensei: “Esse homem não tem amor à própria vida” — dizia, fazendo todo mundo gargalhar.
— Você devia dar aula de teatro — brincou Débora.
A Cinthia puxou assunto comigo:
— E você, Jéssica, como estão as coisas no hospital? Continuam te explorando ou melhorou um pouco?
— Sabe como é — respondi. — Sempre falta gente, mas eu gosto do que faço.
— Isso é bonito — disse Alessandra. — Mas não deixa de se colocar em primeiro lugar também, viu?
— Eu estou tentando aprender isso — confessei, e fiquei surpresa comigo mesma por dizer aquilo em voz alta.
Mais vinho foi servido. Conversamos sobre viagens, sonhos antigos, medos, decisões malucas que quase tomamos na vida e outras que tivemos coragem de tomar.
— Eu quase me mudei pra outro país do nada, uma vez — contou Débora.
— Eu quase larguei tudo pra virar tatuadora — revelou Alessandra.
— Eu quase me casei com um idiota. Ah não, eu casei! — disse Andréia, fazendo todas soltarem um “aaaah” em coro, seguido de gargalhadas. — E ele me largou aqui e se esqueceu de voltar ou pedir divórcio.
Eu as ouvia e pensava o quanto era raro estar num ambiente em que mulheres falavam tão abertamente de si mesmas, sem competição, sem aquela necessidade silenciosa de parecer melhor do que a outra. Ali, estranhamente, eu me sentia segura. Vista. Incluída.
E ao mesmo tempo, continuava sem entender porque parte de mim sentia um clima de tensão sexual entre elas ali.
O jantar seguia, as taças se enchiam, os pratos iam sendo compartilhados para “provar um pouquinho” do prato da outra, e a cumplicidade crescia como algo invisível, mas poderoso, crescendo bem no centro da mesa.
Depois de tanto vinho e comida, eu já nem lembrava quando exatamente tinha parado de me sentir deslocada e começado a me sentir parte delas. O restaurante parecia mais quente, mas não era o ambiente. Era alguma coisa que vinha dessa mesa. O jeito que elas riam, a forma como se olhavam, como se conhecessem segredos antigas umas das outras. Eu, ali, me sentia privilegiada.
Por dentro, confesso, achei incrível estar cercada de sete mulheres tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão fortes. Na minha cabeça, surgiu quase automaticamente a imagem da turma da academia. Eu só conseguia pensar: isso poderia ser outro começo. Um novo grupo. Mais maduro. Mais organizado. Sem confusão, sem exposição de paus alheios, sem mal-entendidos.
A Eliana, a Lorena, a Natália e a Carolina iriam amar um grupo assim. Tão lindas, tão competentes. Belas e bem-sucedidas. Lobas natas.
Foi quando a Odete, com aquele ar provocador e carismático de sempre, bateu de leve a colher na taça.
— Débora, Alessandra, Letícia e Jéssica. Vocês topariam oficialmente fazer parte da Confraria das Lobas?
Hesitei. Vi a Débora se recostar na cadeira, cruzando os braços musculosos.
— Eu topo. Desde que não tenham reuniões chatas.
A Alessandra hesitou por um segundo. Trocou um olhar rápido com Andréia, carregado de alguma coisa que eu não consegui decifrar, antes de responder
— Eu topo.
A Letícia apertou os lábios, olhou pra Cinthia. Havia algo de resignação ali, como se estivesse se rendendo após muita insistência.
— Eu topo — suspirou, num tom mais baixo.
Então todas se viraram para mim. Na mesma hora, senti dois pés roçando de leve nas minhas pernas. Primeiro, achei que fosse acidente. Mas quando percebi os corpos levemente se remexendo, deduzi que eram os pés da Letícia de um lado e da Andréia do outro. Elas desenhavam um claro movimento de ‘não’ contra a minha canela.
Não entendi porque ela fizeram isso. Antes que pudesse perguntar qualquer coisa, falei, ainda meio atrapalhada:
— Eu topo, sim. Sempre quis um grupo forte de mulheres. Sempre fui muito amiga da Odete e da Andréia... Não vejo por que não.
Enquanto eu falava, percebi de relance a Letícia balançando a cabeça de forma quase imperceptível, como se quisesse me impedir. Mas eu já tinha falado.
— Inclusive — continuei animada — já estou pensando em outras amigas minhas que seriam lobas incríveis.
A Cinthia sorriu com calma.
— Não se preocupe com isso agora, Jéssica. É questão de tempo até toda a turma da academia ser integrada à nossa Confraria. Uma a uma.
Aquilo me deixou feliz. Eu me senti acolhida. Escolhida.
A Ângela pigarreou, erguendo o copo de vinho com as duas mãos um pouco trêmulas:
— Então prestem atenção nas duas regras desse grupo.
Todas nós ficamos em silêncio.
— A primeira: segredo absoluto. Por enquanto, ninguém pode saber da confraria.
— Nem o marido? — perguntei.
— Principalmente marido — respondeu Odete na hora, arrancando risos da mesa. — E você é a única casada das quatro selecionadas.
— A segunda regra — continuou Ângela — é que vocês devem se comprometer a ajudar as sêniores a convocar novas lobas quando for o momento certo.
— Isso está soando como esquema de pirâmide... — brincou Letícia.
A Ângela ignorou.
— Se vocês estão de acordo, precisam jurar.
— Eu juro — disse Débora.
— Eu também — falou Alessandra, sem empolgação.
— Eu juro — completou Letícia, como quem cruzou os dedos sem ninguém ver.
— Eu juro — repeti, sentindo um calor estranho subir pelo peito.
A Cinthia abriu um sorriso satisfeito.
— Então está formada oficialmente a Confraria das Lobas.
As taças se ergueram.
— Às lobas — brindou ela.
— Às lobas! — repetimos em coro.
O champanhe desceu queimando pela minha garganta, mas com um gosto de algo novo.
— A noite está apenas começando — disse Cinthia, olhando uma por uma.
Os garçons voltaram com mais pratos. Risotos, massas, saladas, carnes. A mesa ficou cheia, colorida, viva.
— Isso está parecendo o início de uma amizade linda — falei, sincera. — Adulta e madura.
— Você não faz ideia... — murmurou Cinthia, baixinho. Mas seguiu sorrindo.
Falamos de trabalho, de sonhos, de mudanças. Vi pela primeira vez Débora mais suave, falando da corrida como uma forma de fugir do mundo. A Ângela contando histórias antigas do tempo de repartição pública. A Alessandra falando do quanto a universidade a consumia. A Letícia desabafando sobre pressão, notas, futuro.
Eu me abri também. Falei da medicina, da rotina pesada, da cobrança constante de ser forte o tempo inteiro.
— Aqui você pode ser o que quiser, Jéssica — resumiu Odete, encarando meus olhos. — Com quem quiser.
Depois daquele jantar intenso e inesperadamente marcante, eu seguia de volta ao condomínio com a dona Ângela. A Andréia tinha voltado sozinha para casa, a Débora foi com a Odete, enquanto a Cinthia foi no carro acompanhada da Letícia e da Alessandra. Presumi que todas estivessem indo pro nosso condomínio, mas por algum motivo não vi os carros da Débora e da Cinthia pelo caminho pra casa. Talvez tivesse uma segunda parte do jantar ou estivessem indo fazer outra coisa. Mas o que estaria aberto naquele horário?
Mas logo esqueci isso, porque estava com o corpo cansado.
— E então, Jéssica, o que achou do jantar? — perguntou Ângela.
— Eu adorei. De verdade. — sorri, olhando rápido pra ela antes de voltar os olhos pra avenida. — Sempre quis fazer parte de um grupo assim. Quer dizer, eu faço parte da turma da academia. Mas lá a gente anda tão estressada com a política do condomínio que a gente não tem espaço pra esse tipo de conversa.
Ela assentiu devagar.
— Foi justamente por causa daquele grupo da academia que tudo isso começou — confessou. — Eu, a Cinthia e a Odete víamos vocês juntas, tão jovens, tão bonitas, tão cheias de vida... Isso reacendeu na gente uma vontade antiga...
Interessante.
— Nós conversamos e percebermos que a união é a força — continuou ela. — Sempre foi. As lobas sabem disso. Então a gente foi atrás da Andréia. E convencemos ela a topar.
Sorri ao lembrar da Andréia, sempre no centro das coisas.
— E por que não nos chamaram todas de uma vez? — perguntei. — A Eliana, por exemplo. Ou a Sarah, a Rebecca, a Natália, a Carolina, a Tatiana... Seria um grupo tão forte.
A dona Ângela deu uma leve risadinha.
— A gente queria começar pequeno. Decidimos começar com uma convidada mais significativa para nós. Alguém que já conhecêssemos bem, com quem já tivéssemos um pequeno passado em comum.
Fazia sentido. A dona Ângela me conhecia desde o dia que me mudei pro condomínio. E, bem, ela e o marido tinham me visto peladas e em ângulos que só o Rogério tinha metido o dedo.
— Integrar mulheres como vocês exige cuidado, Jéssica. Cada uma no seu tempo. Uma de cada vez. Isso mantém a chama viva e cria um vínculo mais profundo. Mas pode ter certeza de que já estamos de olho em todas elas.
Ela falou com uma naturalidade tão tranquila que me deu uma sensação de organização. Pensei na Eliana e em como ela ficaria deslocada, mas ao mesmo tempo encantada. Na Sarah, tão insegura, talvez encontrando força e autoestima ali. A Rebecca tão dividida, tão tensa por dentro. A Natália já era uma loba, a mais independente de nós. A Carolina tão intensa quanto culta...
Me senti importante por estar ali. Entre as primeiras.
— Mas você ainda não precisa entender tudo agora. Basta confiar em mim.
Eu concordei com um aceno lento, respeitoso.
— Você vai gostar muito de ser uma loba.
Um calafrio me percorreu. Tinha algo que estava me colocando com a pulga atrás da orelha. Mas chegamos no estacionamento antes de pensar mais nisso. Pelo menos, nenhuma das sete percebeu a minha loucura de ter ido sem calcinha...
A noite deu lugar ao dia e já era domingo, meio-dia. O Rogério tinha saído cedo para a ONG dos sem-teto e eu estava largada no sofá em frente à TV, mas não de qualquer jeito. Vestia um short de algodão bem leve, daqueles antigos que já perderam a guerra contra o tempo, e uma blusa larga demais, caída num dos ombros. O tecido macio roçava na minha pele de um jeito quase indecente, principalmente porque eu continuava sem calcinha.
A Lisandra estava ao meu lado, esticada, ocupando metade do sofá. Usava um vestidinho curto de malha, desses que são mais uma longa camiseta do que um vestido de verdade. O tecido acompanhava as curvas dela sem esforço, marcando as pernas, subindo quando ela se mexia.
— Você não acha estranho a Lorena não ter aparecido hoje? —comentou. — Normalmente ela é a primeira a chegar aqui, até antes do café esfriar.
— Eu tenho uma ideia bem clara do que ela está fazendo desde cedo — respondi, dando um sorrisinho safado.
— Ih, conta logo a treta...
— Tá trepando loucamente com algum gato desconhecido.
A Lisandra soltou uma gargalhada abafada, jogando a cabeça pra trás.
— Meu Deus do céu. Você não perde tempo nem nas teorias, né? — falou, rindo. — Mas, falando sério, de onde você tirou isso?
Eu virei um pouco o corpo na direção dela, baixando o tom da voz, mesmo sabendo que estávamos sozinhas.
— Eu vi de relance um vulto entrando no apartamento dela por volta das 8h30. Um homem. A silhueta denunciava... — pausei, me divertindo com o suspense. — E fui dar uma de fofoqueira meia hora depois. Encostei perto da porta do apartamento dela. E dava pra ouvir perfeitamente os gemidos dos dois.
— Para tudo — Lisandra arregalou os olhos. — Você tá falando sério?
— Seríssima. Agora são 12h30. Nem ela nem ele saíram. A manhã transando. Haja fôlego.
— A Lorena não brinca em serviço, viu? — murmurou Lorena, com um sorriso torto. — Mas e por que ela não contou nada pra gente? Nenhum comentário, nadinha.
— Provavelmente é só um peguete. Um daqueles que aparecem, fazem barulho e somem — respondi, dando de ombros. — Faz tempo que ela não transa. Deve ter sido sexo pelo sexo mesmo. Sem expectativas. Sem novela. Talvez ela tenha achado melhor não envolver a gente e nem dar margem pro Rogério bancar o irmão mais velho protetor.
A Lisandra ficou em silêncio por dois segundos, depois suspirou pesado.
— Engraçado... Eu também já nem lembro direito a última vez que transei — confessou, encarando o próprio pé.
Aquilo despertou em mim uma mistura estranha de empatia e ironia.
— Aqui é o condomínio dos longos períodos de seca, aparentemente — comentei, tentando trazer leveza. — Mas cuidado: quando a torneira abre, alaga tudo de uma vez.
Ela riu, mas aquele riso tinha um fundinho de verdade que me deixou pensativa. Continuamos conversando, mas era tarde já. A Lisandra levantou, ajeitando o vestido
— Bom, eu preciso ir pra casa. Tenho que estudar pra aquela prova infernal.
Eu me levantei também, caminhando até a porta com ela. Por um momento, ficamos nos encarando, aquele tipo de olhar carregado de malícia e cumplicidade.
— Vou só dar uma passadinha na casa da Lorena pra dizer “oi” antes — disse Lisandra, com um sorrisinho safado. — Depois te mando mais infos que eu descobrir sobre esse tal gato misterioso que tá comendo ela.
— Você não presta mesmo — respondi, rindo mais safada ainda.
Observei pela fresta da porta enquanto ela caminhava pelo corredor, pegando a chave do apartamento da Lorena e entrando de supetão como se fosse dona da casa. Em breve, iria saber a fofoca toda.
Quatro horas passaram e não recebi nada. Já era por volta das 16h40 quando ouvi a porta do apartamento da Lorena sendo destrancada no corredor.
Infelizmente, marquei bobeira. Fui devagar demais até a porta. Minha hesitação deu tempo pra que, quando eu abrisse a porta, o gato misterioso tinha sumido.
Vi apenas um vulto masculino de costas enquanto a porta do elevador fechava. Foi rápido demais para identificar qualquer detalhe concreto. Altura, roupas, rosto, nada. Parte de mim tinha certeza de que era o mesmo homem que entrara às 8h30, mas eu vi tão rapidamente que não reconhecia se era a mesma roupa.
Se fosse o mesmo cara, ele e a Lorena tinha passado a manhã e a tarde inteira trepando. Depois dessa, a Lorena nunca mais poderia chamar eu e o Rogério de coelhos.
Deixei pra lá e fui pra cozinha. Mais tarde, era a minha vez de brincar de trepar por horas com o Rogério na sauna. Foi aí que um detalhe me atingiu: eu não ouvi a porta do apartamento abrir quando a Lisandra saiu.
Isso significava que ela podia ainda estar lá. Claro, ela talvez tivesse saído em um momento de distração meu. Só que a Lisandra ficou de mandar mensagem pra mim com as fofocas e não mandou nada.
Ou a Lorena tinha sido absurdamente eficiente em comprar o silêncio da minha loira favorita ou então aquele garanhão misterioso tinha passado a tarde comendo a Lorena e a Lisandra. O cara devia ser gostoso nível Rogério pra aguentar as duas na cama ao mesmo tempo.
Não... Não... A Lisandra era responsável, extremamente responsável. Tinha uma prova importante para estudar. Tinha dito isso com todas as letras. Ela não era do tipo que abandonava compromissos por impulso.
Mas a Lisandra também estava na seca de meses...
Ah não. Não mesmo. Eu ia dar um basta no rame-rame que eal tava tendo com meu amigo Vinícius. Na terça, vou passar no trabalho do Rogério e ter uma conversa séria com o Vinícius. Ele tem que ser mais impositivo e gostosão, senão vai perder a Lisandra.
Mas isso era terça. A prioridade daquele domingo era contar os segundos pra eu e o Rogério realizarmos o nosso fetiche de trepar na sauna.
PRAZO PARA O FINAL DA APOSTA ENTRE JÉSSICA E LUCÉRIO: 1 mês e 1 semana.
Pois bem, leitor. No próximo capítulo, teremos os acontecimentos do PoV do Rogério pro final de semana e a segunda. E um homem louco pra comer a Jéssica vai acabar assistindo a transa dos dois na sauna.
Perguntas:
1) A Jéssica deve descobrir logo que a Confraria das Lobas é um jeito das lobas fazerem sexo lésbico com as mulheres da turma da academia ou é melhor ela continuar ingênua/tapada sobre o lesbianismo do grupo por algumas semanas?
2) Se pudessem escolher três mulheres da turma da academia (ou Torre-B) pra entrarem na Confraria das Lobas (ou seja, transar com Andréia, Odete, Cinthia ou Ângela), quem escolheriam?
3) Vocês querem ver a Milla dando em cima do Rogério?
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.
NOTA DO AUTOR 01: Desculpem o sumiço. A minha virose piorou demais. E eu tive problemas pra escrever as cenas de sexo dos capítulos que ainda estou devendo. Queria compensar o atraso com algum capítulo muito esperado (como os ménages Carlos/Eliana/Rebecca ou Érico/Sarah/Natália), mas me enrolei em fazer os trios fazerem ménage de forma rápida. Então, pensei nessa ideia de fazer um conto lésbico da Jéssica, mas mantendo as características da Jéssica de ser hétero e 100% fiel ao Rogério. Fosse qualquer outra personagem, provavelmente teria ido até o final com a Eliana ou parado num motel com a dona Ângela
NOTA DO AUTOR 02: A cena do ‘yoga twerk’ não é yoga twerk, mas foi baseada num vídeo que viralizou semana passada nas redes sociais. Não sei se era uma academia nacional ou estrangeira.