A professora que me ensinou tudo sobre sexo (final)

Um conto erótico de Lael
Categoria: Heterossexual
Contém 5179 palavras
Data: 23/12/2025 10:23:50
Última revisão: 23/12/2025 13:18:47

No dia seguinte àquela cena louca na sala dos meus pais, decidi que tinha que contar tudo para Vanessa. Liguei para ela do mercado, durante o almoço, e marquei de ir à sua casa um pouco mais cedo que o habitual.

Vanessa e eu tínhamos ficado juntos por 1 ano e dois meses (fora a época como amigos), tempo suficiente para deixar marcas e agora, após nosso retorno há menos de um mês, vinha essa bomba. Ela percebeu que eu não estava bem já da varanda.

-Play? Que cara é essa? Você tá branco que nem leite.

Sentamos na mesa da cozinha, o cheiro de café fresco no ar, e eu comecei a falar, sem rodeios, olhando para o azulejo para não encarar os olhos dela.

-Vanessa, é foda o que tenho para te contar. A Gisele tá grávida. Dois meses e meio. Ela me contou anteontem, e, ontem, o pai dela veio na minha casa, armado, surtando, exigindo casamento. Ela me jurou que tomava remédio.

Vanessa fechou os olhos e tombou o pescoço, como se as palavras demorassem para entrar, depois cobriu a boca com a mão, os olhos enchendo de água rápido. Chorou ali mesmo.

-Puta que pariu, Play! Que sacanagem do destino com a gente...não dá para acreditar, justo agora!

Vanessa caiu num choro profundo.

Tentei consolá-la dizendo que nada mudaria entre a gente:

-Ei! Fique tranquila, vou ajudar a Gisele com tudo, dinheiro, levar a médicos, participar da vida da criança, mas continuo com você. Não vou casar com ela só por isso. A gente pode resolver tudo, nada mudará entre a gente

Ela limpou o rosto com a manga da blusa, fungando forte, e me olhou com uma expressão que eu não esperava – não raiva pura, mas uma tristeza misturada com resolução, como se ela já soubesse o que ia dizer. Vanessa ficou com o olhar perdido enquanto eu falava sem parar, até que disse:

-Não, Play! Você tem que ficar com ela. Casar, formar família. É o que tem que ser.

Eu arregalei os olhos, coloquei a mão na testa como quem ouve o mais dos absurdos:

-Que papo é esse, Vanessa? Até você nessa caretice de achar que porque engravidou tem que casar? Uma coisa é não assumir o filho, isso é canalhice mesmo, eu nunca faria. Mas casar sem amar, aí é burrice total. Vai sofrer todo mundo: ela, porque vai saber que eu não tô lá de verdade; eu, preso numa vida que não quero; a criança, crescendo com pais que brigam ou se ignoram; e você, que eu amo pra caralho ficando sem mim.

Ela balançou a cabeça:

-Não é caretice, Play. É realidade. Pelo menos por um tempo, você tem que ficar com ela, apoiá-la, será uma barra tomar conta da criança, tocar as coisas, você me disse há poucos dias que a garota estava gamada, pensa nela sofrendo por você e tendo que cuidar de um bebê. A verdade é que a vida da coitada estará fodida sem você. Talvez, você venha a gostar dela e quando o menino ou menina nascer, possam formar uma bela família, mas se eu ficar no meio, serei a culpada.

Não acreditei que estava um papo tão antiquado daqueles. Argumentei por horas ali na cozinha.

-Vanessa, por favor, a gente pode fazer dar certo. Eu ajudo a Gisele, mas vivo com você. Casamento não resolve nada se não tem base.

Mas ela estava irredutível. Percebi que o melhor era esperar uns dias a poeira abaixar. Talvez Vanessa percebesse que tudo aquilo era uma grande bobagem, pois como citei antes, já estávamos em 1988 e não na porra dos anos 1950 ou 1960.

Foram vários dias tentando – ligava para ela de noite, ia à casa dela depois do trabalho. Uma vez, cheguei lá e a encontrei no quintal, regando as plantas com os olhos inchados.

-Vanessa, me escuta. Eu não amo a Gisele, amo você. Isso vai me matar.

Ela chorava horrores, mas insistia:

-Para, Play. Eu sofro também, mas não quero mais ficar contigo. Vai ser pai direito, casa com ela. Acabou.

No final, ela parou de atender, mandou eu não aparecer mais.

Sofri para caralho – surtei no quarto uma noite, socando a parede e machucando a minha mão, chorei muitas vezes e fiquei sem dormir direito por semanas. Estava caótico trabalhar no mercado, na faculdade eu mal ia. Até em casa, a barra tava pesada – meu pai repetindo que eu tinha que "fazer o certo", minha mãe cozinhando em silêncio, mas com olhares que diziam tudo.

Após um mês daquilo tudo e com a cabeça fodida pela dor que o término com Vanessa e pelas pressões que vinham de tudo que é lado, creio que pirei e decidi aceitar o casamento.

Liguei para Gisele e marquei de ir à casa dela. Sem delongas, falei para ela e para seus pais.

-Pensei bem e aceito me casar. Vamos fazer isso.

Gisele ficou numa felicidade imensa, pulou no meu pescoço ali no café, os olhos brilhando, a barriga já começando a aparecer de leve sob a blusa.

-Que bom, Ricardo! Vai dar certo, você vai ver.

O Dr. Homero só acenou com a cabeça, resmungando um "Finalmente", a peruca reta dessa vez. Depois disse:

-Se você ainda não tem um imóvel para morar com a minha filha e meu futuro neto, gostaria que olhasse um apartamento que tem aqui na Antonieta, você sabe onde fica o prédio é um dos poucos do bairro, aquele lá paralelo a Rio das Pedras, já perto do Carrão. O dono é meu amigo e pode alugar por um preço bom.

Acabei alugando esse apartamento, pois era muito bom, 2 quartos e ficava apenas há 5 quarteirões do mercado. Compramos os móveis meio que a toque de caixa, verdade seja dita, o dr. Homero decidiu bancar algumas coisas, outras eu paguei, meu pai também ajudou.

Vida de casado

Casamos quando ela estava com cinco meses e pouco de gravidez, numa cerimônia bonita, mas sem muitas pompas, só família próxima e alguns amigos.

Procurei fingir alegria – sorria nas fotos, beijava ela na testa, brindava com refrigerante. Creio que consegui, ninguém comentou nada. Mas por dentro estava destroçado, um vazio que doía o tempo todo, como se tivessem arrancado um pedaço de mim.

Liguei um sem-número de vezes para Vanessa nas semanas seguintes, mas ela não atendia, ou desligava na hora que ouvia minha voz.

-Vanessa, por favor, só me escuta..., eu começava, mas o clique na linha era sempre o fim.

Enquanto isso, mesmo grávida, Gisele queria transar comigo o tempo todo – era uma das poucas coisas que me davam algum alívio naquele momento. Ela ficou bem sexy com a barriga crescendo: os peitos mais cheios, a pele mais macia, um brilho diferente no rosto que eu não esperava. Mas eu tinha que tomar cuidado pra não pegar pesado –, metia devagar quando ela tava de lado ou por cima, controlando o ritmo enquanto ela gemia baixo, as mãos no meu peito. Transamos muitas vezes assim: à noite no apartamento novo, com a janela aberta pro barulho da rua, ela montando devagar, rebolando até gozar apertando meu pau.

Perto do final de 88. Pedro Henrique nasceu. Pouco antes, meu sogro tinha perdido mais uma eleição (a 5ª seguida). Confesso que fiquei fascinado desde os primeiros dias: o cheiro dele, aquela pele fina, os olhinhos piscando devagar quando eu pegava no colo. Mas foi uma barra pesada – choro constante, noites cortadas, eu correndo entre o mercado, a universidade e o apartamento, chegando em casa com as costas doendo e ainda ajudando a embalar o bebê. A Gisele acabou trancando a matrícula na universidade, pois não dava naquele momento, depois ela voltaria.

Creio que não adianta me estender muito nesse período, pois nada de relevante ocorreu durante seis meses. A Gisele retomou a forma física rápido. Transamos bastante nesse período: ela me puxando paro quarto assim que o Pedro dormia, chupando meu pau devagar no sofá enquanto eu via TV baixa, ou eu fodendo-a rápido na cozinha,

O sumiço de Vanessa

Mas eu não conseguia me esquecer de Vanessa, era um amor que me fazia sofrer. Tentava retomar contato o tempo todo – ligava, passava discretamente na porta da casa dela, se a rua estivesse vazia, chamava-a, mas nada: ou não atendia, ou a casa estava escura. Até que um dia, voltando da universidade à tarde, passei pela rua dela por impulso e vi uma placa no murinho da frente: "Vende-se", letras vermelhas num fundo branco, pregada torta. Assustado para caralho, freei o carro na hora, desci e bati na porta com força, chamando

-Vanessa! Abre aí! Vanessa! Vanessa?

Ninguém saiu – a casa silenciosa, as janelas fechadas, vi que várias plantas da varanda não estavam mais. Meu coração acelerou. Fui direto à imobiliária que ficava na Rio das Pedras.

Perguntei para o dono – um coroa calvo e barrigudo, sentado atrás de uma mesa cheia de papéis.

-Queria informações sobre a proprietária da rua XXX, nº 378, o senhor pode me dizer?

Ele me olhou por cima dos óculos, folheando uma pasta.

-Ah, sim, a proprietária desocupou a casa, antes mesmo da venda, arrumou as coisas e foi embora rápido. Deixou uma instrução clara: ninguém deve saber do seu paradeiro ou contato telefônico. Lamento, rapaz, mas tenho que cumprir o que foi acertado com ela. Sigilo total.

Fiquei maluco ali na hora, a voz subindo:

-Como assim? Ela é minha... amiga próxima, precisamos falar urgente. Me dá pelo menos uma pista, um telefone, qualquer coisa!

Inventei mil e uma desculpas – dívida, documento esquecido, emergência familiar, mas o homem balançou a cabeça, firme:

-Não, rapaz. Ela foi clara: nada de endereço, nada de contato.

Saí dali atordoado, as pernas moles, dirigindo de volta para frente da casa dela sem pensar. Parei o carro, encostei a cabeça no volante, olhando para a placa como se ela fosse sumir se eu piscasse.

Eis que a Jane, uma vizinha dela – uma mulher de uns 45 anos, veio se aproximando devagar, um envelope na mão.

-Ei, Ricardo, você por aqui? Toma isso. A Vanessa pediu pra te entregar essa carta antes de ir embora. Ia levar ao mercado amanhã, mas já que você apareceu...

Ela me deu o envelope fechado, branco e simples, com meu nome escrito na frente numa letra que eu reconhecia na hora. Agradeci meio no automático, entrei no carro e tranquei a porta;

Comecei a ler ali mesmo;

"Play,

Pensei em ter uma última conversa com você pra me despedir de verdade, cara a cara, mas com certeza seria impossível. Eu ia chorar o tempo todo, você ficaria insistindo pra eu mudar de ideia e acabaríamos sofrendo mais.

Não pense que foi fácil ficar longe de você todos esses meses. Ao contrário, foi uma dor terrível, do tipo que não passa. E é por isso que, após muito pensar, decidi que era hora de ir pra outro lugar, recomeçar longe.

Você se lembra que poucos dias antes de tudo desabar, eu te contei que nunca amei alguém como você? Pois é, isso é a mais pura verdade. Mas eu acho que nasci pra me foder mesmo, e nunca vou me perdoar por ter achado que saindo com outro cara conseguiria apagar o que eu sentia por você. Se não fosse essa grande burrada. talvez estivéssemos juntos até hoje. A culpa foi minha, toda minha.

Sobre eu querer que você ficasse com a Gisele, sei que foi difícil para você aceitar. Mas naquele momento, o mundo estava desabando na cabeça de uma garota de 19 anos, grávida, apaixonada por você, com um pai enchendo o saco, a faculdade que talvez não desse pra continuar. Eu não me sentiria bem sabendo que provoquei tudo isso. Se a gente não tivesse voltado um pouco antes, talvez você aceitasse se casar com ela numa boa, sem peso. Por isso, vi que o melhor era deixar as coisas serem assim, sem eu no meio.

Não vou te contar para onde vou, porque sei que você tentaria vir atrás de mim, e eu não sei se aguentaria te dizer não outra vez.

Mas apesar desse fim tão ruim, sempre teremos coisas boas pra lembrar: os muitos filmes que assistimos juntos no sofá, as incontáveis vezes que fizemos amor por toda a casa, a viagem pra praia onde a gente riu de tudo, os passeios de carro à noite, as conversas longas até de madrugada, e até do tanto que rimos do Evair e das mentiras dele.

Seja feliz, meu Play. Com a Gisele ou, no futuro, com outra. Mas eu gostaria muito que você se acertasse com ela de verdade – eu vi o olhar dela pra você, a patricinha te ama mesmo.

Adeus, meu amor.

Vanessa

P.S. Nunca duvide: eu te amei mais do que a qualquer outro.

Li aquilo três vezes seguidas, as letras borrando com as lágrimas que eu nem percebi caindo. O envelope amassou na minha mão, e eu fiquei ali no carro por horas,

Voltei para casa arrasado, olhos inchados de tanto chorar, o rosto vermelho e suado, o cabelo bagunçado de tanto passar a mão nervosa. Gisele veio da cozinha secando as mãos num pano de prato, o rosto mudando na hora que me viu.

-O que foi isso, Ricardo? Parece que você foi atropelado por um caminhão.

Eu nem olhei pra ela direito. Me joguei no sofá e disse:

-A Vanessa foi embora... ela se mudou, sumiu, deixou uma carta e foi embora pra sempre...

Chorei como uma criança, gemendo o nome dela baixinho no começo, depois mais alto, sem me importar com nada – nem com nosso filho no quarto, nem com a Gisele parada ali na minha frente.

Ela congelou, os olhos se encheram d'água na hora, mas segurou o choro com força e orgulho, mordendo o lábio inferior até ficar branco. Ali, naquele momento, ela viu tudo claro: eu amava outra mulher. Deve ter se sentido espezinhada e sem dizer nada, virou as costas e foi para o quarto cuidar do Pedro Henrique, que tinha começado a choramingar mais alto com o barulho. Fechou a porta com um clique seco, me deixando sozinho na sala.

Eu não queria saber de nada. Fiquei ali no sofá, chorando sem parar. Em algum momento, já de madrugada, levantei cambaleando, fui até a varanda do apartamento e gritei pro nada:

-Vanessa! Vanessa! Vanessa!Ahhhhhhhhhh!

Ouvi passos rápidos atrás de mim, e a Gisele me puxou pelo braço com força, os olhos vermelhos de tanto chorar no quarto, o rosto contorcido de raiva e dor.

-Para com isso, Ricardo! Ela foi embora, não quer você, entendeu? Pare com esse show ridículo agora!

Me arrastou de volta pra sala, fechando a porta da varanda com um baque:

-Respeite pelo menos teu filho, que custou a dormir!

Acordei no dia seguinte com a cabeça latejando forte. Gisele já estava na cozinha e de cara feia. Tinha motivos para estar assim: Sem conseguir encará-la disse:

-Gisele... me desculpa pelo que fiz ontem. Foi ridículo, eu perdi a cabeça. Prometo que não vai se repetir.

Desculpa? Você gritou o nome dela como um louco na varanda. Nunca fu tão humilhada. – ela disse segurando o choro.

Botei a culpa na bebida, sendo que nem tinha encostado em álcool.

-Bebi demais, não bateu legal, mas pode ter certeza que não te envergonharei mais e nem direi aquele nome aqui.

Ela fez que acreditou, acenando com a cabeça devagar, mas sabia qual era a verdade.

Segui atrás da Vanessa – perguntei para as vizinhas da rua. Qualquer coisa, um endereço, um telefone. Fui ao salão onde ela trabalhava como cabeleireira, voltei à imobiliária, implorando pro coroa calvo. Foram dois meses assim.

Sua casa acabou sendo vendida. Bati na porta dos novos moradores, um casal jovem com uma criança me atendeu:

-A dona anterior, Vanessa, vocês sabem dela? Pra onde foi?

Eles deram de ombros:

-Só no dia de assinar os papéis no cartório. Parecia apressada, não conversou nada. Desculpa. -Disse o cara.

Uma nova fase

O tempo começou a passar rápido, meses pareciam semanas. Quando vi, nosso filho já estava com dois anos. Eu no penúltimo ano de direito, afogado em livros. A Gisele no terceiro de odontologia – ela voltou a estudar um ano depois do nascimento do Pedro, determinada, e o moleque ficava ora com a minha mãe, ora com a dela.

Mas a Gisele voltou a manifestar um ciúme doentio – xingava por nada, via coisas que não existiam, como se cada olhar meu pra rua fosse uma traição.

Acho que desde aquela noite que eu chorei pela Vanessa na frente dela, algo quebrou de vez – ela não se conformava que eu amava outra, que o casamento era uma fachada forçada. Mas o pior é que eu era fiel: não olhava pra ninguém, não traía. Mas minha esposa não acreditava em mim.

A separação

Mais dois anos se passaram – eu começando meus primeiros passos como advogado, estagiando num escritório no centro. Ela terminando odontologia. Mas as brigas viraram constantes e cada vez mais duras.

Houve um momento, numa noite depois de uma briga feia sobre eu chegar tarde que decidi:

-Acabou. Quero o divórcio.

Foi um drama danado – ela chorou alto, xingou tudo que via pela frente, ameaçou:

-Vou te foder na justiça, levar o Pedro e te fazer pagar uma pensão gigantesca.

Mas não teve jeito. Assinamos os papéis no cartório. Era o melhor a ser feito – melhor do que criar uma criança no meio de ódio disfarçado de casa.

No primeiro ano de separação, foi difícil ter um diálogo com a Gisele: ligava pra combinar horários pro Pedro, e eram só xingamentos do lado dela. Somente após um ano e pouco, viramos uma espécie de amigos que conseguiam conversar numa boa.

Eu tentava de tudo pra encontrar a Vanessa, fiz a loucura de contratar um detetive particular –Paguei uma grana, mas o cara voltou de mãos vazias depois de semanas:

-Nada, doutor. Ela sumiu bem, mudou nome ou sei lá. Nenhuma pista em cartórios, bancos, nada."

Desde o divórcio, passei a me envolver com muitas mulheres – sexo de uma noite, ou no máximo algumas vezes, sem compromisso. Minha vida sexual foi intensa, mas a amorosa estava morta.

A Gisele finalmente encontrou um cara – o Wilson, também dentista, alto e boa pinta com um consultório maior que o dela. Os dois só namoravam, ou seja, transavam sem compromisso, apesar dele querer algo mais sério:

-Casar de novo? Nem morta. - Ela me dizia.

Recaídas

Entretanto, houve uma noite que fui levar o Pedro Henrique – ele com oito anos agora, magrinho e tagarela, contando sobre o nosso São Paulo –, e a Gisele me recebeu na porta do apartamento dela, o cabelo solto, um cheiro de perfume forte.

Entrei, e pouco depois do meu filho ir dormir, ela veio com uma lingerie vermelha fina, os peitos quase saltando, o corpo ainda mais bonito – fruto de academia, coxas firmes, barriga chapada, bunda empinada.

-Gisele, o que é isso? - perguntei, mas ela já te sentou no meu colo, beijando com fome, a língua invadindo.

Acabamos fodendo a noite toda: no sofá primeiro, ela por cima cavalgando devagar, os quadris rodando enquanto eu apertava a bunda dela, chupando os mamilos duros; depois no chão da sala, de quatro, eu metendo forte por trás, uma mão puxando o cabelo, a outra esfregando o clitóris até ela gozar tremendo, apertando meu pau; no quarto por fim, de frango assado, olhando nos olhos dela enquanto metia fundo, ela arranhando minhas costas:

-Vai, Ricardo... me fode como antes....

A gente gozou juntos três vezes, suados e ofegantes, aos 27 anos os dois, o corpo dela quente e apertado como nunca. Obviamente, que durante essas transas chupei muito sua boceta rosada. No final, deitados na cama bagunçada, deixei claro:

-E melhor não confundirmos as coisas.

Gisele disse com uma calma que me surpreendeu:

-Foi só uma noite. Tô muito bem com o Wilson. Foi só uma recaída, saudade do teu pau e dessa boca que sabe como me chupar.

Só que a verdade é que depois disso, durante meses, transei uma vez por semana com a Gisele no apartamento dela – chegava à noite depois de deixar o Pedro, e a gente ia direto pro quarto: O trouxa do novo namorado nada soube –Esse seria um filme que se repetiria na nossa vida por muitos anos: passávamos um tempo sem nada, só pais e amigos; depois, voltávamos a transar sempre, bruto e sem compromisso, sem nunca cogitar uma volta de verdade. Era isso: luxúria pura, misturada com o resto da vida bagunçada. Às vezes, brigávamos e ficávamos meses sem fazer, depois voltávamos.

Juiz

Aos 30 anos, passei no concurso para juiz de direito. Minha vida mudou a partir dali: não só financeiramente, mas em termos de foco total na profissão. Virava noites lendo processos, despachando sentenças até o sol raiar, sentindo o peso real de decidir vidas alheias. Meus pais ficaram orgulhosos demais.

Segui minha rotina de transar com muitas mulheres. Em alguns momentos, também com a Gisele – aquelas recaídas que viravam rotina, Ela teve mais dois namorados nos anos seguintes – um médico, outro empresário –, mas os chifrava comigo sempre.

Os anos foram passando cada vez mais rápido (bem-vindo ao mundo adulto), Quando completei 40 anos, eu já era um juiz respeitado no estado de São Paulo, daqueles que davam palestras em universidades e congressos, falando sobre processo penal. Quando digo juiz respeitado, por favor, não confundir com uma certa criatura que nem consegue dizer o nome de um livro que leu, mas que se tornou herói de araque cometendo crimes.

Pedro Henrique já estava com 20 anos, alto e sério como eu na idade dele, optando por seguir a carreira do pai – estudando direito na mesma universidade que eu fiz.

Meu pai vendera o mercado alguns anos antes – a invasão dos hipermercados nos bairros matou vários comércios antigos: açougues quitandas, mercados familiares como o nosso não aguentando a concorrência de preços baixos e estacionamento grátis. Ele e minha mãe foram morar em Santos, num apartamento na praia, curtindo a aposentadoria com caminhadas na orla e pescarias de fim de semana.

Minha irmã se casou com um vendedor de carros, mas não deu certo, teve um filho e agora morava na nossa antiga casa na Vila Antonieta.

Como juiz, eu tinha direito a duas férias por ano (60 dias), além do recesso de 15 dias no final de dezembro. Passei a viajar muito, conheci países da Europa, Estados Unidos, América do Sul e Japão. Na maioria das vezes, viajava sozinho, mas quando ficou maior, Pedro Henrique me acompanhou em algumas.

Reencontrando Vanessa

E foi aos 40 anos, numa tarde meio chuvosa de outono em São Paulo, que vi uma mulher parecida com a Vanessa. Eu estava dirigindo quando a vi. Meu coração disparou. Diminuí a velocidade, para ter certeza, era ela mesma. Vanessa, um pouco mais gorda, mas ainda bonita pra caralho, com aquela pele morena que eu lembrava tocando. Vestia roupas conservadoras –saindo com outras mulheres de uma igreja evangélica ali no Brás,

Desesperado, gritei de dentro do carro:

-Vanessa! Vanessa, para aí!

Ela virou a cabeça devagar, os olhos encontrando os meus e no segundo que me reconheceu –Vanessa se assustou, como se visse algo tenebroso e correu. Virou as costas e disparou por entre a multidão, sumindo entre corpos, guarda-chuvas pretos e barracas de rua, as mulheres da igreja chamando confusas atrás dela.

Tentei dar a volta no quarteirão, buzinando pra abrir caminho, o coração na garganta, suando frio apesar da chuva. "Porra, Vanessa, espera...", murmurei sozinho, mas ela desapareceu.

Fiquei desesperado ali a dor voltando inteira como se os anos não tivessem passado.

Voltei àquela igreja várias vezes nas semanas seguintes – em diferentes horários, perguntei para muitas mulheres, mas nada, nada, nada! Foram meses assim, até eu desistir arrasado.

Notícias de Vanessa

Em 2014, eu estava com 46 anos. Certo dia, minha secretária diz:

-Tem uma senhora simples aí que insiste em falar com o senhor. Expliquei-lhe que não pode vir falar assim com um juiz, mas ela disse que o senhor irá querer saber sobre uma mulher chamada Vanessa.

Levei um grande susto e mesmo tentando disfarçar, minha secretária notou. Eu disse:

-Peça para ela entrar.

Pouco depois, uma senhora morena de uns 65 anos, vestida de maneira simples, cabelos grisalhos presos, entrou em minha sala. Ao contrário de todos que sempre me tratavam com certo receio, pela minha fama de ser bravo, ela sorriu e disse:

-Você é o Play, não é?

Ouvir aquele apelido depois de 25 anos, me deixou ainda mais surpreso. Antes que eu respondesse, ela me disse:

-A Vanessa falava muito do senhor.

-Então a senhora conhece a Vanessa?

-Sim, há muitos anos.

-E por que ela mandou a senhora aqui? Eu a procurei por 20 e tantos anos.

A mulher olhou para baixo, fazendo uma expressão de desolação:

-Bem, doutor, ela não mandou eu vir aqui, mas é que...é...é...

-É o quê? – perguntei ansioso.

-Ela faleceu...

Foi como se eu tivesse tomado uma descarga elétrica, vi tudo rodar, derreti em minha imponente cadeira e somente após um tempo consegui perguntar:

-Faleceu? Mas como?

-Há dois meses. Ela tinha um probleminha no coração. Tratava, mas acabou falecendo de repente. Infarto.

Vanessa estava prestes a completar 60 anos. Chocado, pedi um tempo à senhora e fui ao banheiro, onde lavei a rosto e tentei me recompor, mas eu estava tremendo. Voltei e pedi que ela se sentasse.

-Qual é o nome da senhora?

-Gilvânia.

-Dona Gilvânia, sente-se, por favor, me explica. Como se conheceram.

-Da igreja, acho que há uns 12 anos, mas a gente frequenta a do Tucuruvi, mas de vez em quando íamos na do Brás.

-Ela se tornou evangélica? Custo crer.

-Sim. A Vanessa viveu tempos difíceis, mas depois que começou a ir à igreja, melhorou muito.

-A senhora disse que ela falava muito de mim, mas sabe dizer por que a Vanessa nunca me procurou e por que fugiu aquele dia no Brás.

-Aho, doutor, ela amava o senhor demais, me contou tudo e disse que se o visse novamente não conseguiria resistir, mas naquele dia no Brás, a pobrezinha chorou muito, disse que o senhor estava num carrão, lindo, um homem e ela acabada, morreu de vergonha, por isso correu.

Passei a mão na minha testa e nos olhos:

-Mas que bobagem! A gente poderia ter conversado.

Gilvânia abriu sua bolsa simples, tirou um porta-retrato e me deu. Era uma foto do começo de 1987, de nós dois abraçados na praia. Tive que me conter para não chorar na frente da mulher:

-Esse porta-retrato ficava no quarto dela.

-Agradeço pela senhora ter vindo me falar. Claro que gostaria que entrasse por aquela porta trazendo notícias dela viva. Uma dúvida, como soube que eu trabalho aqui?

-A Vanessa sabia tudo do senhor, mas quis ficar distante. Bom, já vou indo.

Antes de sair, a senhora olhou para trás e me disse:

-Ela nunca deixou de amar o senhor...

Senti o mundo desabar sozinho ali em minha sala. De repente, tive uma crise de choro. Corri ao banheiro, me tranquei, estava em cima da hora de uma audiência, mas tive que pedir à secretária que informasse que eu estava passando mal. Não tinha condições alguma.

Já em meu belo apartamento, fiquei horas alternando entre o choro e as lembranças que vivi com Vanessa. Os dias seguintes foram terríveis.

Algumas semanas depois, num sábado decidi fazer uma visita junto com meu filho à minha irmã. Ele já estava com 26 anos e se tornar uma promisso advogado. Após a visita passei em frente à casa de Vanessa, onde tudo ocorrera. Só que tanto sua casa como várias ao lado estavam prestes a serem demolidas e logo dariam lugar a mais um prédio. Assim, como vários bairros de São Paulo, a Vila Antonieta também ia perdendo seus imóveis bonitos com arquitetura colonial ou sobradinhos para prédios frios e cinzentos.

Havia uns tapumes, mas foi possível entrar. Tinha um rapaz tomando conta, mas não sei se pelo fato de meu filho e eu estarmos bem arrumados, ele não nos brecou. Deve ter pensado que éramos algum tipo de fiscais ou mesmo ligados à construtora.

Entrei na casa que fora de Vanessa. O taco da sala tinha sido trocado por um piso bege, mas o resto estava praticamente igual. Olhei para a parede onde ficava a estante, lembrei-me do videocassete que liguei, foi por causa dele que tudo começou. Caminhei pela casa, cada passo era uma emoção diferente de perder o fôlego. De repente, parece que comecei a ouvir os risos altos dela quando brincávamos. Senti uma leve tontura. Pedro Henrique percebeu e disse que era melhor irmos embora.

Semanas depois, refeito de todas aquelas emoções, passei a refletir sobre a minha vida. O que eu ia querer a partir dali? Pensei muito por vários dias.

Fui visitar Gisele, estávamos um tempo sem transar. Ela estava também com 46 anos, mas duvido que alguém lhe desse 40. A natureza e seus cuidados com o corpo, a faziam ser desejada por caras que tinham a idade do nosso filho. Eu comentei:

-Estamos ficando velhos, Gisele.

-Fale por você, eu ainda estou muito bem. Aliás, você também está, deixa de bobeira.

-Está namorando alguém?

-Não, mas se tivesse, tenho certeza que você ia querer ficar comigo, é só aparecer um cara legal e você vem bancando o Don Juan.

-Eu? Você que me tenta.

-Sei...

-Gisele, queria falar sério com você...

Ela me olhou preocupada:

-Você sabe que nosso casamento foi todo errado, mas a gente ainda ficou esses anos todos, idas e vindas, só que tenho pensado muito. Talvez você não acredite, mas eu quero muito voltar a viver com você, morarmos juntos, nos casarmos...pronto.

O semblante de Gisele era um ponto de interrogação, como que não entendendo nada:

-Casar? Depois de tantos anos.

-Olha, Gisele, você sabe porque nosso casamento não deu certo, mas a verdade é que tirando aquela pessoa, a única pessoa que quero estar junto agora é você. Estamos mais maduros, eu sei que não fui um bom marido em muitos momentos, você era um pouco geniosa com a questão do ciúme, mas hoje, podemos fazer dar certo.

Gisele passou a me fazer uma série de perguntas, mas decidiu fazer um charme:

-Preciso pensar muito bem? Sofri para cacete.

-Você tem toda razão e entenderei se não quiser, mas entenda que a diferença de antes para agora, é que antes, eu casei praticamente forçado, mas hoje quero me casar, porque sei que você é a única que quero ficar não só para transar.

Poucos dias depois, Gisele aceitou e voltamos a morar juntos para surpresa de nossas famílias, exceto de Pedro Henrique que sabia de tudo.

Até o Dr. Homero, quem diria, ficou feliz e emocionado com a notícia. Ele tinha se aposentado da "vida política" após incríveis 14 derrotas.

Passei a ser o marido que Gisele merecia, seja no dia a dia, nos passeios e viagens.

A verdade é que Vanessa foi o amor da minha vida, mas Gisele foi o amor para a minha vida.

Fim.

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Foto de perfil de Lael Lael Contos: 301Seguidores: 797Seguindo: 12Mensagem Devido a correria, não tenho conseguido escrever na mesma frequência. Peço desculpas aos que acompanham meus contos.

Comentários

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Não tem jeito , lael pode começar m conto que ja sabemos que vai ser bom .

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Muito triste este final. Esperava que eles ficassem juntos no final. Mas como sempre, os contos do LAEL são uma surpresa para todos nós. PARABÉNS LAEL. Mais um conto exemplar teu.

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"Quando digo juiz respeitado, por favor, não confundir com uma certa criatura que nem consegue dizer o nome de um livro que leu, mas que se tornou herói de araque cometendo crimes." Seria aquele da voz fina?

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