Parte 2: A Espiral da Ousadia
O jogo das provocações tinha saído da fase de insinuações sutis e entrado em um território perigosamente delicioso. Era uma espiral de ousadia, onde cada ato meu era um pouco mais arriscado que o anterior, e a resposta de Gustavo, um pouco mais ousada. O medo de ser descoberta por Ricardo não mais me impedia; agora, era o combustível que alimentava o fogo.
A virada aconteceu em uma festa na casa de um amigo em comum. O lugar estava lotado, música alta, pessoas dançando. Eu usava um vestido preto, curto e justo, com um decote nas costas que chegava até a cintura. Um vestido que Ricardo havia escolhido para mim, é claro, adorando a ideia de me exibir para estranhos. A ironia era quase palpável.
Gustavo e eu nos encontramos no corredor que levava ao banheiro. O espaço era estreito, e para passarmos, tivemos que nos espremer um contra o outro. Desta vez, não foi um acidente. Foi inevitável e intensamente proposital.
Nosso corpo inteiro se tocou, da altura dos ombros até os joelhos. Senti a textura do seu blazer de linho contra a pele nua das minhas costas. Ele colocou as mãos na minha cintura, não para me empurrar, mas para se estabilizar, ou talvez apenas para tocar.
"Desculpa," ele murmurou, sua voz um rosnado baixo perto do meu ouvido. Seu hálito, quente e com um leve traço de uísque, fez meus pelos do braço se arrepiarem.
"Sem problemas," sussurrei de volta, virando o rosto para que meus lábios quase roçassem a sua bochecha. Ficamos presos naquele corredor por uma eternidade de alguns segundos, respirando no mesmo ritmo acelerado. Eu podia sentir a protuberância dura do seu pau pressionando contra a minha coxa. Era inconfundível, e uma onda de calor varreu o meu corpo, concentrando-se em um latejar úmido e insistente entre as minhas pernas.
Ele baixou a cabeça, e seus lábios passaram a centímetros do meu pescoço. "Você está me enlouquecendo, você sabe disso, não é?"
A confissão, direta e crua, foi como um choque. "Talvez," respirei, me afastando antes que eu perdesse completamente o controle e o beijasse ali mesmo. "Talvez seja essa a ideia."
A partir daquele momento, as provocações tornaram-se uma linguagem própria. Em um jantar em nossa casa, eu me inclinei sobre a mesa para pegar o saleiro, sabendo que Gustavo, sentado à minha frente, teria uma vista perfeita do meu decote. Foi mais do que uma vista; eu não usei sutiã, e meus seios balançaram livres, os mamilos erectos e escuros visíveis por um instante fugaz. Ouvi ele engasgar com a comida e sorri para mim mesma.
Noutra ocasião, fui ao banheiro durante um encontro no bar e, ao voltar, parei atrás da cadeira dele. Sob o pretexto de falar com o Ricardo, do outro lado da mesa, inclinei-me e, com a mão que estava fora da vista de todos, pressionei levemente os dedos contra seu ombro, deslizando-os depois pela nuca, sob a gola da camisa. Ele ficou imóvel, a respiração presa. A pele dele estava quente, e senti um calafrio percorrer sua espinha. Era um toque íntimo, possessivo, e ele entendeu perfeitamente a mensagem.
O ápice da nossa ousadia, no entanto, aconteceu durante um fim de semana na casa de praia de outro casal de amigos. O cenário era idílico e perigosamente isolado. Na primeira noite, depois de uma jornada de sol e vinho, estávamos todos na piscina. A água estava morna, a noite quente. Eu usava um biquíni minúsculo, de um azul eletrizante, que deixava pouco à imaginação. Ricardo estava mergulhando e nadando com outros amigos na parte funda.
Gustavo e eu ficamos na parte rasa, encostados na borda, nossos corpos quase se tocando sob a água que refletia as luzes subaquáticas.
"É perigoso o que estamos fazendo," ele disse, sua voz baixa, quase um sussurro contra o ruído dos outros.
"Tudo que é bom é perigoso," respondi, deixando minha perna roçar na dele intencionalmente. A pele áspera dos seus pelos contra a suavidade da minha perna depilada era uma sensação incrivelmente erótica.
Ele olhou para o Ricardo, que dava as costas para nós, e então sua mão deslizou debaixo d'água e agarrou a minha coxa, bem acima do joelho. A força do seu toque, a ousadia dele, fez com que eu soltasse um pequeno suspiro.
"Sua pele é tão macia," ele murmurou, e sua mão subiu alguns centímetros, os dedos pressionando minha carne. Era um toque que prometia muito mais. Eu sentia a palma da sua mão queimando através do tecido do biquíni, e o centro do meu corpo tornou-se um vulcão prestes a entrar em erupção.
Ele se virou de frente para mim, seu corpo agora um escudo entre eu e o resto do grupo. Sua outra mão encontrou a minha cintura, puxando-me suavemente para mais perto. A água ondulou ao nosso redor. Eu podia ver os seus olhos, escuros e cheios de um desejo raw, incontrolável.
"Eu não aguento mais só olhar," ele confessou, sua voz rouca. "Preciso te ter. Só uma vez. Preciso."
A audácia da sua declaração, feita a centímetros do meu marido, fez com que uma onda de excitação tão intensa me atingisse que eu quase gemei alto. Apertei as coxas, tentando aliviar a pressão no meu clitóris, que pulsava num ritmo frenético.
"É impossível," sussurrei, mas a minha voz saiu fraca, sem convicção. Meu corpo traía as minhas palavras. Meus seios estavam sensíveis, meus mamilos roçavam no seu peito através dos nossos trajes de banho molhados.
"Nada é impossível," ele retrucou, e sua mão, que estava na minha coxa, subiu mais um pouco, o polegar encontrando a fenda úmida do meu biquíni. Ele pressionou o tecido molhado contra minha carne, um movimento circular, sutil, mas que me fez ver estrelas. Meus joelhos amoleceram, e eu me agarrei a seus ombros para me manter de pé.
Foi quando ouvimos o Ricardo chamar meu nome. "Amor, vem cá ver isso!"
Nós nos separamos como se tivéssemos levado um choque. A água gelou instantaneamente ao meu redor. O momento estava quebrado, mas a linha tinha sido cruzada. Não havia mais voltar atrás. Ele tinha me tocado. Eu tinha deixado. E agora, o desejo era uma entidade viva e faminta entre nós, que não seria negada por muito mais tempo.
O resto do fim de semana foi uma tortura de olhares carregados e sorrisos secretos. Cada momento perto dele era uma batalha entre o medo e a luxúria. O medo de perder a vida que construí com Ricardo, o amor e a parceria que tínhamos. E a luxúria, essa força primitiva e avassaladora, que sussurrava que um momento de prazer com Gustavo valeria qualquer risco.
Na noite de volta para casa, no carro, Ricardo, completamente alheio, segurou minha mão. "Foi um ótimo fim de semana, não foi, amor?"
"Foi... intenso," respondi, olhando pela janela, sentindo o fantasma das mãos de Gustavo na minha pele e sabendo, com uma certeza absoluta, que estávamos à beira do abismo. E que ambos íamos saltar.