Maria, irresistível - Parte 4 (final)

Um conto erótico de Deco Moreira
Categoria: Heterossexual
Contém 840 palavras
Data: 14/11/2025 05:57:32

Àquela altura, o que vivíamos já tinha deixado de ser algo casual, meros surtos de loucura indomável. Maria era minha. Mas não era. Era quase minha.

Ela vinha dormindo em casa frequentemente. Na noite anterior, o sexo tinha sido voraz. Saí do flat para o escritório com o corpo dolorido de prazer.

O Nando me ligou. Eu vinha evitando encontrá-lo a todo custo depois da festa do Léo, mas sabia que tinha que encarar a situação.

— E aí, Rafa? Sumiu, cara. Vamos sair hoje? Preciso beber. Marcelo e Léo já fecharam.

— Fechou, Nando, topo sim.

Encontrei o Nando, o Marcelo e o Léo em um bar perto da Augusta. Começamos a beber forte. Eu bebia para não ter que olhar nos olhos do Nando. Ele desabafava sobre a Maria.

— Cara, a gente tá uma merda. Ela tá estranha, eu tô sem grana, sem apartamento. A gente não transa, não se fala.

O Marcelo tava elétrico:

— Chega de papo de corno! Vamos dar um jeito nisso. Tu precisa é comer uma buceta!

Fomos pra um puteiro ali perto, Marcelo e Léo animados, eu e Nando meio contrariados. Nunca gostei desse tipo de lugar. Sem julgamentos, só não é a minha praia. Lá dentro, eu não conseguia olhar pra nenhuma mulher. Minha mente só via a Maria, depois o Nando, e a culpa pesava.

Nando também não tava curtindo. Não tava com cabeça. Decidimos ir embora, deixando pra trás Léo e Marcelo, que já tinham sumido com umas garotas.

Acabamos no meu flat. Sentamos na varanda. Abrimos mais cervejas e acendemos um beck. Fazia tempo que não tinha um momento assim com o Nando. Me senti um merda por estragar nossa amizade, e a verdade é que eu realmente era.

— Preciso terminar com ela, Rafa. — O Nando disse, interrompendo o silêncio abruptamente, como quem tira do peito algo que implorava pra sair.

Eu não sei direito de onde veio a coragem, mas comecei a falar.

Falei da solidão da Maria, das desculpas pra vir ao flat, de como ele parecia distante. Fui contando até chegar na noite em que cruzamos a linha.

— Não, porra, para de palhaçada.

Ele começou a andar de um lado pro outro.

— Desde quando? Quantas vezes?

Eu respondi com a cabeça baixa.

- Vocês tão apaixonados?

A pergunta me fez respirar fundo.

— Eu amo a Maria, Nando.

Nando me encarou de um jeito que parecia que partiria pra cima de mim. E eu mereceria. Mas de repente ele desabou em choro e, pra minha surpresa, me abraçou forte, num misto de raiva e desespero, e chorou copiosamente no meu ombro. Eu o segurava, sentindo o peso da traição.

Ficamos muito tempo ali. Ele se acalmou, exausto, chapado e atordoado, e apagou no sofá. Fiquei por ali também, mas custei a dormir, apesar de toda a bebida e maconha.

Acordamos com a luz do sol. Nando se levantou, os olhos inchados.

Pegou o celular, digitou algo rápido e me mostrou a tela:

"Maria, o Rafa me contou tudo. Não me procura mais. Segue sua vida."

Ele me encarou. Não consegui decifrar a expressão dele. Tinha raiva, mas tinha alívio também.

— Eu sou um péssimo amigo, Nando, não sei o que te dizer.

— Não quero falar, me deixa quieto. Eu tô cagando pra Maria. Mas você não podia ter feito uma merda dessa comigo.

Eu assenti.

Ele tomou um banho. Vestiu a roupa amassada. Tomamos uma xícara de café amargo. Fumamos um último cigarro na varanda. Nos olhamos com pesar, sem trocarmos uma palavra sequer.

Ele foi embora.

Liguei pra Maria no mesmo instante e contei tudo o que tinha rolado.

Ela veio algumas horas depois. Não tava produzida. Calça jeans e camiseta, mas tava mais linda do que nunca.

Maria entrou, nós nos beijamos e demos um abraço apertado.

Ficamos nos olhando por alguns instantes.

— Te amo, Maria.

— Também te amo, Rafa. Muito.

Ficamos em silêncio, bobos, anestesiados, até que eu falei:

— Vem morar comigo.

Ela me olhou e sorriu. Era o sorriso mais lindo do mundo.

— Eu já tô praticamente morando aqui mesmo, né? — Ela falou, dando uma risada gostosa.

Fomos pro quarto. O sexo começou com beijos longos e ternos. Estávamos ambos ávidos por explorar a boca e a pele de quem não precisava mais esconder nada. Tirei a camiseta dela, sentindo a maciez do corpo que eu conhecia tão bem e o cheiro do perfume no pescoço.

Deitamos na cama.

Eu a penetrei devagar, sentindo a buceta dela me envolver sem a urgência desesperada do proibido. O movimento era lento, ritmado pela respiração profunda. Eu olhava nos olhos dela, e ela nos meus.

Eu senti a textura do meu corpo no dela, a maciez das coxas dela se abrindo para mim. Eu sussurrava que ela era minha, e ela gemia que eu era dela, com aquela covinha linda no queixo que me desmontava todo.

O gozo veio como um tremor longo e mútuo. Gozei dentro dela com a certeza de quem está em casa.

Ficamos ali, abraçados, sentindo o calor um do outro.

Ela era minha mesmo.

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