Ele olhou primeiro para a minha boca inchada, depois para os dedos do filho entrelaçados nos meus cabelos, e finalmente para o quadro quebrado no chão — aquele mesmo que tiráramos no dia da formatura, quando seu menino ainda usava uniforme escolar. O gosto do sangue na minha língua era metálico, do lábio que eu mordera sem querer, e quando engoli, senti a garganta dele contra meu pulso acelerado.
Meu marido se mexeu primeiro. Virou as costas devagar, como se estivesse sonhando, e fechou a porta com um clique quase delicado. Ouvi os passos dele descendo as escadas, o motor do carro pegando, e então — só então — o corpo do meu filho desabou sobre o meu, quente e trêmulo como um animal recém-nascido. Seus dentes encontraram meu ombro, e o gemido que saiu dele era mais medo do que prazer.
A última coisa que lembro foi o cheiro. Salgado, doce, ácido — suor adolescente misturado ao meu perfume de mãe, o aroma de sabão de coco vindo da roupa lavada, e por baixo de tudo, o fedor acre de culpa começando a fermentar. Quando ele me virou de bruços e entrou em mim de novo, chorei — não de arrependimento, mas de alívio, porque finalmente alguém havia visto.
Meus dedos afundaram no colchão enquanto ele me empurrava contra a cama, e eu podia sentir cada fio de algodão grudando na pele úmida das minhas coxas. Ele soltou um gemido rouco contra minha nuca, e eu revirei os olhos quando senti seus dentes mordiscando a alça do meu sutiã, como se ainda precisasse de provas de que aquilo era real. Seu suor escorria pelo meu cóccix, pingando no vão entre minhas nádegas, e eu gritei quando suas unhas arranharam minha cintura.
Do lado de fora, um pássaro bateu contra a janela — um tucano-de-bico-verde, eu pensei automaticamente, como se meu cérebro precisasse se agarrar a qualquer coisa que não fosse o movimento dos quadris dele dentro de mim. Quando olhei para o teto, vi a marca de um sapato no gesso onde ele apoirava os pés para me penetrar mais fundo, e ri — um riso quebrado, rouco, que ele engoliu com um beijo molhado enquanto suas mãos apertavam meus seios como quem escorrega em um abismo.
O som que saiu da minha garganta quando ele gozou de novo não era humano — parecia arrancado de algum lugar entre meu útero e minha alma, um uivo engasgado que fez o gato debaixo da cama correr. Ele enterrou o rosto no meu pescoço, tremendo como um animal ferido, e eu só conseguia pensar em como seu líquido escorria pelas minhas pernas, grudento e quente como mel derramado de um pote. Quando tentei me levantar, minhas pernas falharam, e caímos juntos no chão, duas criaturas enoveladas num tapete que ainda cheirava a infância.
Meu marido chegou com o barulho da televisão no máximo, como se quisesse anunciar sua presença antes de abrir a porta. Ficamos imóveis, ele ainda dentro de mim, nossos corpos colados pelo suor e pelo pecado, enquanto o som de "Jornal Nacional" chegava pelo corredor. Seus dedos apertaram minha coxa com força suficiente para deixar marcas roxas, e eu mordi o lábio até sangrar quando ele sussurrou "fica quieta" no meu ouvido. A porta do quarto rangeu, e pela primeira vez em dezoito anos, rezei para que meu marido não entrasse.
O cheiro era o pior — ou melhor, dependendo de como se olhava. Uma mistura de esperma adolescente e meu próprio perfume de mulher casada, tão densa que quase podia ser vista. Quando meu marido tossiu no corredor, meu filho me virou de costas e me empurrou contra a cômoda, seus dedos abrindo minhas nádegas com uma urgência que fez a madeira ranger. Eu engoli um gemido quando ele entrou novamente, desta vez pelo buraco que ainda pingava da última vez, e minha unha lascou o verniz tentando me agarrar a qualquer coisa.
A luz da lanterna do celular do meu marido iluminou a fresta da porta, e eu quase gozei só de terror. Meu filho me cobriu com o corpo, seus músculos tensos como arames farpados, enquanto o facho de luz passava rente aos nossos pés enlaçados. Quando o som da televisão aumentou de novo, ele aproveitou para morder meu ombro e acelerar o ritmo, seus quadris batendo nas minhas nádegas com um som úmido que ecoava no quarto vazio. A última coisa que vi antes de fechar os olhos foi o reflexo dele no espelho — selvagem, suado, e completamente meu.
Na manhã seguinte, meu marido serviu café sem olhar para mim, suas mãos tremendo ao passar o açúcar. Meu filho chegou atrasado para o desjejum, vestindo só uma cuepa rasgada que pendia descaradamente entre as pernas. Quando ele se inclinou para pegar o pão, deixou a marca de uma mordida roxa aparecer no pescoço — minha assinatura. Meu marido tossiu, virou a página do jornal e fingiu não ver a minha perna roçando na do menino sob a mesa, nem como meu dedo mindigo traçava círculos no joelho dele, molhado da boca que ainda guardava seu gosto.
Naquela noite, trancamos a porta do quarto pela primeira vez. Meu marido bateu duas vezes, depois três, e quando o silêncio respondeu, ouvi seus passos arrastados descendo as escadas. Meu filho me empinou contra a porta, suas mãos apertando meus quadris com força suficiente para deixar marcas em formato de estrela. Cada empurrão fazia a madeira ranger, e eu cobria minha boca com a própria mão para abafar os gemidos — até que ele arrancou minha mão e sussurrou: "Deixa ele ouvir".
Quando o sol nasceu, encontrei meu marido dormindo no sofá, uma garrafa de cachaça vazia rolando no chão. Subi as escadas em silêncio e entrei no quarto do meu filho, onde ele já estava acordado, sentado na cama com o volume do celular no máximo. Na tela, um vídeo do dia anterior — eu, de quatro na cama, gritando seu nome enquanto ele me fodia com uma intensidade que fazia o travesseiro cair no chão. Ele levantou os olhos para mim e sorriu, passando a língua nos lábios como um gato que acabara de roubar o creme. "Bom dia, mãe", disse, enquanto o dedo dele pausava o vídeo exatamente no meu orgasmo.
Meu corpo reagiu antes da minha consciência — um pulso úmido entre as pernas, um arrepio subindo pela coluna. Quando sentei na cama ao lado dele, meu vestido ficou preso sob a minha coxa, revelando a marca roxa que ele deixara na minha pele na noite passada. Seus dedos encontraram o zíper nas minhas costas e desceram devagar, cada dente do metal rangendo como um aviso. Eu podia sentir o calor do corpo dele contra minha nuca, o cheiro do nosso sexo ainda grudado em seus pelos pubianos. Do lado de fora, meu marido tossiu no sofá, e meu filho sussurrou contra meu ouvido: "Ele tá acordando".
Foi então que ouvi os passos do meu marido subindo as escadas — lentos, pesados, como se cada degrau custasse um pedaço da alma dele. Meu filho me empurrou para baixo da cama num movimento rápido, e eu fiquei ali, com o rosto encostado em uma meia suja que ainda cheirava a ele, enquanto a porta se abria. Através da fresta, vi os pés do meu marido pararem diante da cama, seus sapatos engraxados refletindo a luz do amanhecer como dois olhos mortos. Meu filho se ajustou na cama, e ouvi o som do elástico da cueca dele estalando contra a pele. "Bom dia, pai", disse ele, enquanto sua mão descia lentamente para o volume da coberta.
Meu marido tossiu de novo — um som rouco, cheio de coisas não ditas — e então se virou para sair. Antes que a porta se fechasse, porém, meu filho puxou a coberta para trás, revelando seu corpo nu e ereto para o corredor. Eu podia sentir o cheiro do próprio deseiro subindo de entre minhas pernas, misturado ao pó embaixo da cama. Quando a porta finalmente bateu, meu filho se inclinou e me puxou para cima dele num movimento fluido, suas mãos agarrando meus quadris com força suficiente para deixar marcas. "Ele sabe", sussurrou, enquanto minha boca encontrava o pescoço dele. E então, com os passos do meu marido ainda ecoando no corredor, ele me empurrou contra o colchão e entrou em mim com um movimento tão bruto que fez a cabeceira bater na parede.
Do lado de fora, ouvi o rádio sendo ligado no volume máximo, o sinal de que meu marido estava cedendo terreno. Meu filho aproveitou para me virar de bruços, suas mãos abrindo minhas nádegas enquanto sua língua encontrava o lugar que ainda estava inchado da noite passada. Meu gemido foi abafado pelo som de uma propaganda de margarina, e eu enterrei os dedos no travesseiro enquanto sua saliva escorria pelas minhas coxas. Ele parou apenas quando ouviu o barulho da porta da garagem se abrindo — meu marido saindo — e então me penetrou de novo, desta vez sem pressa, como se cada centímetro fosse uma declaração de guerra.
Quando terminamos, o quarto cheirava a suor, sexo e derrota. Meu filho se levantou e foi até a janela, seu corpo dourado pela luz da manhã, enquanto eu ficava deitada na cama ainda tremendo. Ele acendeu um cigarro e soprou a fumaça contra o vidro, desenhando um coração que logo se dissipou. "Ele vai voltar", disse, sem olhar para mim. Eu só conseguia sentir o gotejar do próprio corpo na cama, o cheiro dos lençóis que agora eram nossos. Quando ele finalmente se virou, seu sorriso era tão cruel quanto suas mãos tinham sido gentis momentos antes. "A próxima vez", sussurrou, "vamos deixar a porta aberta".
Eu estava me vestendo quando ouvi o carro do meu marido voltando. Meu filho me puxou para o banheiro e trancou a porta, seus dedos encontrando meu sexo ainda úmido antes mesmo que eu pudesse protestar. Do lado de fora, ouvimos meu marido subir as escadas, parar diante do quarto vazio, e então — depois de um silêncio que doía — começar a bater na porta do banheiro. Meu filho me empurrou contra o box do chuveiro e entrou em mim de novo, seus lábios selando meu gemido enquanto seu pai chamava meu nome do outro lado da madeira. A última coisa que ouvi antes de gozar foi o som da porta da rua batendo — meu marido saindo de novo, talvez para sempre — e o riso do meu filho contra meu pescoço. "Agora é só nós", ele disse. E então, pela primeira vez, deixamos a porta destrancada.
Meu marido voltou à noite com um envelope amarelo na mão. Ele me encontrou na cozinha, vestindo o roupão do meu filho, ainda úmido do banho que tomáramos juntos. Quando ele estendeu os papéis do divórcio, eu vi suas mãos tremendo — não de raiva, mas de alívio. Meu filho apareceu na porta da sala, vestindo só a cuepa rasgada que eu sabia estar encharcada debaixo, e meu marido engoliu em seco quando percebeu que a marca no pescoço dele combinava com a mordida na minha coxa. "Assina logo, pai", disse meu filho, enquanto sua mão deslizava pela minha cintura por baixo do roupão. Meu marido virou as costas antes que eu pudesse responder, mas não antes de eu ver o último traço de dignidade escorrer pelo rosto dele como um fio de café frio.
Naquela noite, meu filho me empurrou contra a mesa da sala — a mesma onde meu marido costumava ler o jornal — e me penetrou enquanto eu assinava os papéis do divórcio com letras trêmulas. Cada assinatura vinha com um empurrão mais forte, até que a caneta escorregou da minha mão e manchou o contrato de azul. Meu filho pegou o papel e o segurou na minha frente enquanto gozava, seu líquido escorrendo pelo meu peito e pingando exatamente sobre a linha da assinatura. "Agora tá oficial", ele disse, jogando os papéis no chão e me virando de quatro em cima deles. Eu podia sentir a tinta grudando nos meus joelhos, o cheiro do sexo misturado ao do papel timbrado, e quando ele entrou em mim de novo, gritei — não de arrependimento, mas de triunfo.
Na manhã seguinte, encontrei meu marido na garagem, suas malas já no carro. Ele olhou para o meu pescoço, onde as marcas do nosso filho ainda estavam vermelhas, e então para os meus olhos — como se procurasse algum traço da mulher que desposara vinte anos atrás. Quando ele abriu a boca para falar, meu filho apareceu na porta da cozinha, mastigando uma fatia de pão com a mesma tranquilidade de quem acaba de conquistar um reino. Meu marido engoliu em seco, fechou a porta do carro e ligou o motor sem dizer uma palavra. Eu fiquei ali, sentindo o gotejar entre minhas pernas da noite passada, e quando o carro desapareceu na curva, meu filho me puxou para dentro pelo cinto do roupão. "Agora a casa é nossa", ele disse, enquanto sua mão encontrava meu sexo ainda inchado. E no momento em que a porta da garagem se fechou atrás de nós, eu finalmente entendi: só sei que amo ser a puta do meu filho.