Domingo de futevôlei
Era um domingo ensolarado, daqueles em que o calor parece convidar a sair de casa. Meu marido tinha combinado um jogo de futevôlei. Normalmente eu o acompanho, mas naquele dia o cansaço venceu. Disse pra ele ir na frente, que depois eu apareceria por lá.
O jogo seria em dupla — e o parceiro era o primo dele, o Lucas. Alto, bronzeado, corpo atlético e aquele jeito leve de quem sabe o efeito que causa. Quando aparece de sunga, até minhas amigas comentam. E não só elas… alguns amigos gays também brincam dizendo que ele é “um perigo ambulante”. Eu rio, mas no fundo sei que não estão exagerando — algumas vezes o que vi já me surpreendeu, rs.
Eles jogaram, e como o Lucas mora longe, o Matheus comentou pra ele passar em casa, tomar um banho e me chamar pra ir até a quadra assistir aos próximos jogos.
Quando ele chegou, tocou a campainha, mas eu estava dormindo profundamente. O Lucas ligou para o Matheus, que logo passou a senha do portão, e ele entrou.
A porta do quarto estava entreaberta. E foi assim que ele me viu — deitada, ainda sonolenta, com aquele meu conjunto preto da Calvin Klein. Acordei assustada quando ouvi passos. Levantei rápido, um pouco sem graça, tentando disfarçar o constrangimento.
— Oi, Lucas… achei que vocês ainda estivessem jogando — falei, ajeitando o cabelo.
Ele sorriu, meio sem jeito, desviando o olhar, mas eu percebia o esforço dele pra não encarar demais.
Disse que o Matheus tinha falado que ele poderia tomar banho lá e me dar uma carona até a quadra. Entreguei o que ele precisava pra tomar banho e falei pra usar o banheiro do meu quarto mesmo, já que era mais prático.
Fiquei ali, escutando o som da água. Por um instante, confesso, minha mente me pregou uma peça — o banho demorado, o som da água, até pensei que ele estivesse… bom, melhor nem completar. Ri sozinha e tentei me convencer de que era coisa da minha cabeça.
Quando ele saiu, ainda com o cabelo molhado e aquele cheiro de sabonete fresco, as gotas d’água escorrendo sobre o peitoral, e sem camisa, pediu meio sem graça pra eu emprestar uma camiseta do Matheus, já que a dele estava limpa no carro.
Fui pegar umas camisetas de jogo, que ficam no alto do guarda-roupa. Me estiquei o máximo que pude, na pontinha dos pés. Quando olhei pra trás, vi o Lucas ali, de pé, com aquela postura tranquila, observando. Tenho certeza de que tirou uma foto mental daquele momento e guarda com carinho na cabeça dele, rs.
— Me ajuda aqui? — pedi, apontando pra prateleira.
Ele veio na hora. A proximidade me fez prender a respiração. Senti a presença dele atrás de mim, o calor, o toque quase imperceptível. Fingíamos naturalidade, mas o ar entre nós pesava.
Por dentro, uma confusão. Sempre o vi como o primo do meu marido, mas ali… havia algo diferente. Uma curiosidade perigosa, uma química inesperada.
Quando ele esticou o braço por cima do meu ombro pra pegar o que eu queria, não encostou somente na camiseta — mas, sutilmente, em mim também. Não era intencional… ou talvez fosse.
O volume no shorts dele não negava. A situação estava saindo do controle. Ele pressionou o quadril levemente contra o meu e, com a mão esquerda, segurou de leve a minha cintura. Eu, em um reflexo do corpo, sem pensar, empinei um pouco e fiz pouquíssimos movimentos circulares.
Virei o rosto, o suficiente pra encará-lo por um segundo. O olhar dele dizia tudo — desejo contido, vontade reprimida. E o meu, provavelmente, dizia o mesmo.
Foi impossível controlar meu corpo e o fogo que eu estava sentindo naquele momento. Senti ele encostando em mim e, sinceramente, acho que nunca tinha sentido algo daquele tamanho — parecia que encaixaria perfeitamente. Fui ficando cada vez mais molhada, e quando ele começou, com dois dedos, a puxar meu shorts pro ladinho, meu corpo estremeceu.
Mas, em um momento de sensatez, respirei fundo, tentei quebrar o feitiço e, com um leve sorriso provocante, disse:
— Melhor a gente ir, ou o Matheus vai achar que o jogo já começou sem ele.
Ele riu, ainda perto demais, e respondeu num tom baixo:
— Pois é… mas acho que esse jogo aqui, eu acabei de perder…
Saímos como se nada tivesse acontecido — mas sabíamos que algo havia mudado.
Aquela linha tênue entre o proibido e o desejo tinha sido cruzada, mesmo que ninguém tivesse visto.
E no caminho até a quadra, só uma pergunta ecoava na minha cabeça:
E se eu não tivesse parado?