Eu gosto de terças feiras, são dias previsíveis e deliciosos. Acordo, me limpo, faço café, acordo Felipe, comemos e ele me deixa no laboratório, onde passo o dia na mais completa solidão, no fresquinho, ouvindo boas músicas e lendo estudos de casa, analisando e prevendo reações biofísicas. Quando ele me pega as 17h geralmente passamos para comer em algum restaurante e depois vamos para casa. Felipe geralmente cai morto na cama, já que para ele terças feiras são dias mais fisicamente pesados, ele tira o dia todo para visitar obras, e se certificar que as coisas estão nos conformes. Mesmo que ele não seja engenheiro chefe de obra há muitos anos, ele ainda faz questão de estar presente nos locais mais demandantes. E ele adora esta agitação, Felipe é expansivo, gosta de movimento.
Hoje, porém tudo acordou de cabeça para baixo. Felipe saiu antes mesmo de eu acordar, a cafeteira quebrou e tive que ir de Uber para o trabalho – maldito rodízio-, acabou a energia do prédio todo, as revisões foram feitas com a lanterna do celular, me impedindo de ouvir música, já que a bateria não é eterna. Enquanto suava feito uma porca, percebi que houve um erro de coleta de dados, e todo o trabalho das últimas semanas deveriam ser descartados. O Uber demorou para aceitar, e acabei chegando em casa só as 20h, para encontrar um Felipe estressado, jogando vídeo game e destruindo um saco de Doritos gigante.
- Oi amor – digo dando 2 batidinhas na porta e ele faz um movimento de mão me “vendo”, e volta a falar em seu headphone. Me sinto meio abandonada, mas sei também que estou sendo mimada. Ele me recebe com abraços e beijos 99% do tempo, tem direito de relaxar e fica matando zumbis de vez em quando.
Eu vou na cozinha e a cozinheira não deixou nada – terças são dias de jantar fora – então coloco carne moída para descongelar e vou me preparar para tomar banho. A janta vai ter que ser algo rápido, e macarrão com carne moída e salada de repolho vai ser uma refeição rápida e descente.
Volto a sala de tv e cutuco ele, e sou recebida por uma cara feia, ele está irritado que eu o incomodei no meio de uma partida.
- Desculpe Fe, eu preciso saber se hoje você vai usar meu cu ou não – digo baixinho, assim que ele pausa o jogo, e tira o headphone
- Não – ele responde seco e volta a jogar.
Eu me apresso no banho, e quando saio vejo a cama vazia, sem roupa nenhuma para eu me vestir. Será que ele esqueceu de mim, ou que me quer nua? Hoje eu aposto na primeira opção.
Eu corro para a cozinha, coloco meu avental e faço o melhor que consigo, e quando coloco a mesa e o chamo, só recebo um “pode comer, e depois me deixe em paz. Vou ficar aqui até tarde”. A carne está salgada, o macarrão molenga, e eu pus muito vinagre na salada. Absolutamente nada está dando certo hoje
Ir dormir sozinha é quase uma novidade para mim. Geralmente ou dormimos juntos, ou ele vai antes, e eu sempre chego para uma cama quente e deliciosa. Hoje não, hoje é um dia atípico, de lençol gelado.
Estou no decimo sono quando sinto um tapa ardido na cara, e abro o olho de supetão, rápido o suficiente apenas para ver na hora que sua mão desce e me pega pelos cabelos, me jogando no chão, e fazendo com que eu caia de 4. Eu me apresso em agradar, e coloco meus seios no chão e a bunda para cima.
- Conta – é a única coisa que ele fala antes que eu sinta uma dor ardida nas costas, e grite 1
- Sem gritar vadia – ordem dada e cumprida. Pelos próximos 15 golpes eu me mantenho sem gritar, sem me mover direito, e contando a cada lambada que recebo.
O que está acontecendo? Eu não sei o que está rolando, castigo? Punição? Adiantamento? Simplesmente por que ele quer?
Quando a última lambada atinge minhas costas, eu estou chorando de dor baixinho, tremendo e preocupada. Ele me levanta – novamente pelas orelhas- e me puxa até os ganhos que ficam na parede me prendendo em uma altura que meus pés quase não encostam no chão
- 36 – ele fala baixinho, e eu rapidamente subo a perna esquerda, apoiando-a no meu joelho, fazendo o clássico movimento passé do balét.
Eu levanto meus olhos até os seus, esperando conseguir ver qualquer coisa que me indique seus sentimentos ou intenções, e tudo que consigo é um beliscão no nariz. Que parece lhe dar ideias, já que ele sai e rapidamente volta com um clipe nasal que fecha meu nariz completamente e uma gag com anel circular, que deixa minha boca aberta.
Sem dizer nada ele sai do quarto, apagando a luz e me deixando quase no escuro. A única coisa brilhando é o relógio digital em cima da minha penteadeira, que fala que são 21.28h - tive pouco tempo de sono apesar de me sentir tão descansada. Vim para cama as 20.45, e em aproximadamente 45 minutos algo assim está acontecendo.
Fico lá, de perninha levantada, me controlando para babar o menos possível e sentindo o meu musculo da coxa repuxar. Quando ele volta o relógio marca 21.45 – exatamente 1 hora depois que eu fechei o olho- e ele simplesmente levanta minhas duas pernas, coloca na sua cintura e enfia o pau em mim de uma vez só. Ele entra rasgando, sem pedir licença nem me deixar acostumar. Eu estava molhada – desde que levei a surra – mas não estava esperando essa invasão tão ríspida. Eu solto um gemido sofrido, meus músculos vaginais lutam contra ele, tentam expulsar o que invade, tentam se proteger, e ele me dá um tapa forte na lateral do corpo, gemendo um “silencio” enquanto tira seu pau completamente de mim e enfiar novamente. Como disse eu não tenho tempo para me acostumar com a brutalidade, nem para ter prazer, só dor, dúvidas e mais dor.
Ela é forte, uma incursão seca, que entra e sai, sem roçar em nada que poderia me ajudar a relaxar um pouco. Meus braços estão em uma posição incomoda, e minha cabeça não tem apoio nenhum, eu tenho que fazer força para que ela não fique batendo na parede. Quando ele está quase gozando, se retira de mim, e me dá um tapa forte na cara, como se a culpa por ele estar assim tão excitado, tão irritado, fosse minha.
Ele me desprende em segundos, e me carrega nos ombros feito um saco de batatas até a poltrona erótica que temos no quarto. Em silencio Felipe me coloca do jeito mais inusitado que eu já vi, com o tronco em cima da curva pequena, e a cabeça apoiando no chão, ele se encosta na curva maior, e puxa as minhas pernas até que seu pau consiga entrar novamente em mim. Desta vez já estou mais acostumada, e a dor é menor, mas deste jeito parece que todo contato que ele tem comigo é só com o buraco da minha buceta. Nem nos meus lábios ele me encontra, já com os dedos de uma mão ele os abre, os arregaça, os belisca, puxa. Sinto seu olhar queimar em mim, ele está observando nosso ponto de encontro, vendo seu pau duro entrar na minha buceta solitária.
As investidas são rápidas, uma britadeira entrando e saindo de mim, enquanto sua mão desce forte na minha bunda. Eu nem consigo me controlar para contar os golpes – e espero fortemente que ele não peça um número depois – só consigo me manter calada, e apoiada nas mãos, para que meu pescoço não fique em um ângulo doloroso.
Eu me sinto um buraco, um objeto de prazer A ELE, nem sonho mais em gozar hoje, só quero que ele goze e que isso acabe logo. Eu não me sinto humana, não me sinto um animal, um objeto, me sinto apenas um buraco, sem cara, sem corpo, sem absolutamente nada. Ele começa a arfar e quando parece que ele vai gozar ele se retira de mim novamente. Não tive sorte, o martírio não vai acabar tão fácil.
Desta vez sou arrastada de volta para do lado da cama, posta agora de joelhos, e ele se senta no colchão e fica olhando para a minha cara por alguns segundos até decidir me dar um tapa na cara. Esse é um ardido, mas não do tipo que dói na carne. Ele me magoa na alma. Eu não sei o motivo dele, não sei seu objetivo com ele, só sei que o tapa seguiu direto ao meu coração e me magoa, me faz pensar que em momentos assim ele me vê como um nada, um buraco barato, uma puta que ele pode fazer o que quiser.
Me sinto humilhada, degradada, me sinto descartável. Meus olhos se enchem de lagrima, e ele decide dar um tapa irmão do outro lado do meu rosto. A dor e a angústia dobram, e eu já não sei o porquê existo. Meu coração dolorido parece que para de bater e um vazio se alastra por mim.
Vou abrir a boca para falar alguma coisa – bem gemer alguma coisa-, pedir uma explicação, um carinho, mas ele prevê meus movimentos e levanta um dedo.
- Shh, calada, nem geme – me corta e começa a punhetar-se, subindo e descendo sua mão direita enquanto me sufoca com a esquerda.
Sem falar, sem me mexer, sem respirar, sem ser eu, sem ser nada, com a cara ardendo, os joelhos no chão frio, assistindo sua mão subir e descer, subir e descer, subir e descer, eu me percebo saindo de mim, e entrando no subspace, no local onde o que importa é me dar, é deixá-lo fazer o que quiser, é querer o que ele quer.
Algo nele muda, e parece que o ar fica mais elétrico, mais denso. Ele sentiu minha mudança, o meu algo, e isso traz o seu algo.
Felipe para de se masturbar, solta meu pescoço e tira minha gag. Ele coleta toda a baba que estava em meu queijo e peito, e esfrega na minha cara me deixando gosmenta.
- Segura os tornozelos – a ordem é quase um sussurro, mas não um cruel, e sim um de quem está a poucos segundos de se despedaçar em prazer. Eu obedeço, sinto meus seios se empinarem, minha barriga ficar proeminente, meu pescoço tende para traz para que eu possa obedecer.
- Morde o lábio. Eu quero sangue. Olho no olho – ele ordena, e algo em mim obedece mesmo sem eu querer, mesmo sem eu pensar.
Puxo a parte superior esquerda do meu lábio inferior entre os dentes, só a pontinha, e fecho os dentes, indo cada vez mais forte, sentindo cada vez mais a dor se instaurar cada vez mais a minha pele ser espremida até que eu sinto o gosto de cobre na língua, quando abro a boca e mostro o líquido escarlate que ele queria ver, seu rosto está quase se contorcendo de prazer, seu braço esta cada vez mais rápido, sua punheta mais forte, seus gemidos roucos.
Ele me puxa para cima pelos cabelos, e me coloca sentada em suas coxas musculosas, sua mão direita continua a trabalhar nele mesmo entre nossos corpos, e a esquerda empurra minha cabeça em direção a sua.
E Felipe me consome, seu beijo bebe de mim, suga meu sangue como se ele fosse um vampiro. Quando está acabando, ele mesmo faz questão de morder no mesmo lugar para aumentar meu fluxo, e ele possa voltar ao nosso beijo molhado de sangue e cuspe. A dor é aguda, mas não absurda, um lábio cortado é algo extremamente pequeno, mas o gosto cobre, meu cobre, é excitante para mim, e eu começo a rebolar, a ardência no lábio só contribui para minha animação. Consigo um certo prazer por meros segundos antes dele perceber e puxar meu cabelo com tanta força, que uma linha de baba vermelha liga nossas bocas.
- Nem se atreva – a sua voz esta brava, dura, sádica
Ele volta minha boca a sua, volta a se masturbar, volta a me morder.
Eu tenho que obedecer, tenho que ser o que ele precisa.
Eu sinto mais na minha bunda do que em qualquer outro lugar quando ele goza. Felipe enfia suas unhas em mim, em cima das lambadas que eu recebi e as arrasta, levando com elas uma camada da minha pele. Minha barriga fica úmida com seu gozo, e seus dentes cravam forte em mim.
O arranhão arde, minha boca dói, meu coração está apertado, minha cara sangrando, não consigo respirar, tenho um nó de prazer não vivido no ventre, e tudo em mim está certo. Tudo está perfeito, ele teve o que estava procurando em mim, ele conseguiu o seu prazer e a minha dor.
Ficamos alguns minutos quietos, ele arfando e eu paradinha, imóvel, a única coisa que sobe e desce é meu peito, meu pulmão é a única parte de mim que pode se mexer, e mesmo assim porque não é minha escolha. Se eu pudesse estaria totalmente imóvel, uma estatua de mármore, um item para lhe oferecer beleza e prazer.
Ele puxa o clipe de mim, e me abraça forte.
- Obrigada – é a única coisa que ele me oferece e a única que eu precisava ouvir.
Quando ele me puxa para debaixo das cobertas eu penso que este dia foi estranho, mas foi mais uma terça perfeita na minha vida.