✧ Sonhos Acordados ✧
A noite estava abafada, mesmo com a janela do quarto escancarada para a escuridão do jardim. A tempestade passara, deixando para trás um ar pesado e úmido, saturado com o cheiro de chuva e de flores noturnas. Tiago estava deitado em sua cama, vestindo apenas uma cueca boxer, os lençóis de algodão embolados na altura de sua cintura. O filme terminara há muito tempo, e a casa estava mergulhada no silêncio, quebrado apenas pelo zumbido ocasional de um mosquito e pelo som distante e rítmico das ondas.
Mas para Tiago, o silêncio era ensurdecedor. Sua mente não parava, repassando em loop o momento no sofá. O peso da mão de Daniel em sua coxa. O calor. A pressão sutil. Teria sido um acidente? Um gesto inconsciente? Ou Daniel sabia exatamente o que estava fazendo? A incerteza era uma tortura deliciosa.
Ele se virou na cama, o colchão rangendo suavemente. O tecido da cueca parecia subitamente apertado, restritivo. Ele podia sentir o início de uma ereção, uma resposta involuntária à memória, ao desejo que fervia baixo em seu estômago. Ele tentou pensar em outra coisa, ler um pouco, mas as palavras em seu livro pareciam borrões sem sentido. Toda a sua consciência estava focada em seu corpo e na presença de Daniel no quarto ao lado.
Podia imaginá-lo, deitado em sua própria cama, talvez apenas de cueca também. O corpo grande e forte relaxado no sono. A respiração profunda e regular. A imagem era tão vívida que Tiago quase podia sentir o calor emanando através da parede. Ele fechou os olhos, e a imagem de Daniel se tornou mais clara, mais detalhada.
Ele viu Daniel na piscina, o sol brilhando em sua pele molhada. Viu-o na cozinha, de costas, a camiseta colada em seus músculos. Viu o sorriso, os olhos castanhos que às vezes pareciam conter um brilho de algo mais do que apenas amizade de primo. A fantasia começou a tomar forma, tímida a princípio, depois ganhando força, alimentada pelo calor da noite e pela solidão de seu quarto.
Sua mão, quase por vontade própria, deslizou para baixo, por sobre sua barriga macia, até encontrar o volume crescente em sua cueca. Seus dedos traçaram o contorno de sua ereção através do tecido, e um gemido baixo escapou de seus lábios. Ele hesitou por um momento, o coração batendo forte contra as costelas. Era errado? Desejar o próprio primo daquela forma? Mas a sensação, o desejo cru e pulsante, era mais forte do que qualquer pensamento racional.
Com um movimento lento e deliberado, ele enfiou a mão por dentro do elástico da cueca. Sua pele estava quente e sensível. Ele envolveu seu pênis com os dedos, a sensação de sua própria carne contra sua palma enviando uma onda de prazer por todo o seu corpo. Ele estava completamente duro agora, a cabeça latejante e úmida com uma gota de pré-gozo.
Ele começou a se mover, um ritmo lento e constante, seus olhos ainda fechados. A fantasia se intensificou. Ele não estava mais sozinho em seu quarto. Daniel estava ali com ele.
Na sua mente, a porta se abria silenciosamente. Daniel entrava, seus olhos escuros fixos em Tiago na cama. Ele não dizia nada, apenas caminhava em direção à cama, a luz da lua que entrava pela janela esculpindo sombras em seu corpo poderoso. Ele se sentava na beira da cama, e o colchão se afundava com seu peso. A mão dele, a mesma mão que estivera em sua coxa, agora se estendia e tocava seu rosto.
O toque imaginário era tão real que Tiago estremeceu. Ele sentiu o polegar de Daniel roçar em seu lábio inferior, a aspereza de sua pele contra a sua. "Eu sei que você me quer, Tiago", a voz de Daniel sussurrava em sua mente, grave e rouca.
O ritmo de sua mão se acelerou. Ele imaginou Daniel se inclinando, seus lábios se encontrando em um beijo faminto. O gosto de Daniel, a sensação de sua língua explorando sua boca. Ele podia sentir as mãos grandes de Daniel em seu corpo, explorando suas curvas, apertando sua cintura, deslizando por suas coxas. Mãos que não julgavam, mas adoravam. Mãos que o desejavam.
Em sua fantasia, Daniel tirava sua cueca, expondo-o completamente. O olhar de Daniel era de pura luxúria. Ele se maravilhava com a ereção de Tiago, tocando-a, pesando-a em sua mão. "Tão sensível", ele diria. Então, a boca de Daniel desceria, e Tiago arqueou as costas na cama ao imaginar a sensação de lábios quentes e uma língua úmida envolvendo-o. O pensamento era tão avassalador, tão vívido, que ele teve que morder o lábio para não fazer barulho.
Sua respiração estava ofegante, vindo em arquejos curtos e rápidos. O prazer estava se acumulando em sua pélvis, uma bola de energia quente e latejante. Ele podia sentir a aproximação do orgasmo. Ele acelerou ainda mais o movimento de sua mão, sua mente focada em um único ponto: o rosto de Daniel, os olhos escuros, a boca se movendo sobre ele.
Ele imaginou Daniel levantando a cabeça, os lábios brilhantes, e sorrindo. Um sorriso de pura posse, de desejo satisfeito. Então, Daniel se ergueria, seu próprio corpo nu e excitado, e se posicionaria sobre Tiago. Tiago se viu abrindo as pernas, convidativo, oferecendo-se completamente. Ele sentiu a ponta da ereção de Daniel contra sua entrada, quente e grossa, prometendo um preenchimento que ele ansiava desesperadamente.
"Abra-se para mim, primo", a voz em sua cabeça ordenou.
O prazer explodiu. Com um gemido abafado contra o travesseiro, Tiago gozou. Ondas de êxtase quente pulsaram de sua virilha, e seu sêmen jorrou, quente e espesso, sobre sua barriga e sua mão. Seu corpo ficou mole, os músculos tremendo com a liberação da tensão. Ele ficou deitado, ofegante, o suor escorrendo por suas têmporas.
O silêncio da casa voltou a cair sobre ele, mais pesado do que antes. A fantasia se dissipou, deixando para trás a realidade de seu quarto solitário e o cheiro de seu próprio desejo no ar. Ele se sentia exausto, mas também estranhamente satisfeito. A culpa que ele esperava sentir não estava lá. Em seu lugar, havia apenas a certeza crua e inegável de seu desejo.
Ele se levantou, foi até o banheiro no corredor em silêncio, passando pela porta fechada do quarto de Daniel. Limpou-se com papel higiênico, a pele ainda sensível e formigando. Ao voltar para a cama, deitou-se de lado, de frente para a parede que o separava de seu primo. Ele sabia que dormir seria difícil. A fantasia tinha sido apenas um paliativo. O desejo real, agora totalmente desperto, continuava a pulsar dentro dele, mais forte e mais faminto do que nunca. E ele sabia, com uma mistura de medo e excitação, que não seria saciado tão facilmente.
Continua...