O Mestre Invisível
Eu sou Felipe, o espectro que ninguém nota. Óculos tortos, camisa social amassada, cabelo que desafia qualquer pente. Na multinacional onde trabalho, com seus corredores de mármore gelado e salas de vidro que refletem ambição, sou o nerd que entrega números impecáveis, mas nunca sai do cargo mediano. “Parece gay,” cochicham nos intervalos, rindo do jeito desajeitado com que derrubo café ou tropeço nos próprios pés em reuniões. Acham-me inofensivo, um rato de escritório que vive para planilhas. Não sabem que sou um predador. Não com charme ou músculos, mas com um cérebro que corta como bisturi, que mapeia desejos, medos, fraquezas, como linhas num diagrama. Não sinto empatia, só o prazer frio de dobrar uma alma até ela rachar, de ver olhos traírem, corpos se renderem. Quando meus colegas, aqueles palhaços de terno frouxo, me desafiaram a conquistar as mulheres mais “impossíveis” da empresa — Valéria, a casada brava do RH; Marina, a evangélica comprometida da contabilidade; Beatriz, a patricinha esnobe do marketing; e Cláudia, a gerente intocável —, aceitei. Não por orgulho, mas porque manipular é minha existência, meu oxigênio. Filmei tudo, com elas sabendo, porque a lente é meu altar, e cada vídeo é um troféu de uma mente quebrada.
As Fendas no Vidro
O jogo começou numa segunda-feira úmida, o ar-condicionado zunindo como um segredo preso nas paredes. Valéria, do RH, me chamou à sala, os olhos estreitos, a voz afiada. “Felipe, esse relatório é uma vergonha. Como alguém tão meticuloso erra assim?” Casada há doze anos, mãe de dois, com rugas que sussurram cansaço. Notei o esmalte novo, um vermelho escuro quase escondido, e o perfume floral, sutil, como um grito mudo por atenção. O marido não viu, claro. Ele nunca vê. “Valéria, esse colar... é novo, não é? Ficou perfeito no seu pescoço,” comentei, ajeitando os óculos, minha voz hesitante, como se eu fosse só o nerd atrapalhado. Ela parou, surpresa, tocando o colar com dedos que traíam um leve nervosismo, as unhas brilhando sob a luz. “Ninguém repara nisso,” murmurou, o tom menos duro, os olhos suavizando por um segundo. A rachadura estava ali: uma mulher invisível num casamento morto. Sorri por dentro, sabendo que a negligência do marido era minha porta.
Na terça, cruzei com Marina no elevador, sozinha, os dedos apertando a bolsa com força, a cruz dourada no pescoço brilhando como um peso. “Marina, já leu Cantares de Salomão? ‘Teus seios são como dois cervos, gêmeos de uma gazela.’ Poesia divina ou um convite ao desejo?” perguntei, minha voz suave, quase reverente, como se eu fosse apenas curioso. Ela corou, os olhos arregalados, a mão subindo à cruz como se buscasse proteção. “Isso é... uma interpretação errada, Felipe,” disse, mas a voz falhou, e ela olhou para o chão, o pescoço corando. A culpa era a fenda, a fé que a sufocava. Plantei a dúvida, sabendo que ela germinaria em silêncio.
No happy hour de sexta, Beatriz, do marketing, estava no canto, cercada de amigas, a bolsa de grife jogada displicentemente na cadeira. Loira, unhas impecáveis, um sorriso que dizia “sou melhor que todos aqui”. Ela me olhou com desdém quando passei, sussurrando algo que fez as amigas rirem. “Beatriz, você é toda perfeição, né? Mas aposto que nunca enfrentou algo que realmente te desafie,” provoquei, minha voz baixa, fingindo ajustar os óculos, mas com um toque de veneno que ela não esperava. “Você? Um nerd sem classe? Me faz rir,” retrucou, o tom cortante, mas os olhos faiscando, como se eu tivesse tocado um nervo. Ela precisava se afirmar, e eu usaria esse orgulho como isca.
Cláudia, a gerente geral, era o troféu supremo. Quarenta anos, corpo esculpido na academia, olhar que faz diretores gaguejarem. Durante uma reunião, elogiei sua estratégia, hesitante, como o nerd que tenta agradar. “Cláudia, sua visão é única. Poucos têm esse controle.” Ela sorriu, fria, mas notei como me observava quando achava que eu não via, os dedos tamborilando na mesa, um anel de prata brilhando. Uma rainha deseja o proibido: o subordinado que a desafia sem medo. Eu seria o segredo que ela nunca admitiria querer.
O Veneno que Se Insinua
As semanas passaram, e eu joguei com paciência, como um xadrezista que move peças sem pressa, cada passo calculado. No refeitório, sentei-me perto de Valéria, ouvindo suas queixas sobre o marido, o trabalho, a vida. “Esse perfume novo, Valéria, é incrível. Como ele não repara?” perguntei, minha voz quase tímida, os óculos escorregando no nariz. Ela tocou o pulso, surpresa, o pescoço corando, o batom vermelho sutilmente borrado na borda da xícara. “Ele não repara em nada,” disse, amarga, os ombros relaxando, como se minha atenção fosse um alívio. Cada elogio era uma agulha, perfurando a armadura de uma mulher que se sentia um fantasma.
No corredor, com Marina, continuei as citações bíblicas, sempre sutis, em momentos roubados. “’Deixa-me entrar no teu jardim, para comer seus frutos doces.’ Não é lindo como a Bíblia fala de desejo, Marina?” perguntei, entregando uma planilha, minha voz mansa. Ela tentou rebater, citando versículos sobre pureza, mas o jeito como mordia o lábio, os olhos nervosos, mostrava que a semente estava enraizando. No elevador, dias depois, sussurrei: “Você já pensou que Deus fez o desejo humano, Marina? Negar isso é negar a criação.” Ela engoliu em seco, a respiração acelerada, os dedos traçando a cruz como se fosse uma âncora.
No happy hour seguinte, Beatriz me lançou um olhar no elevador, menos desdém, mais curiosidade. “Ainda acha que pode me desafiar, nerd?” perguntou, o tom provocador, as unhas brilhando sob a luz. Sorri, tímido, mas firme. “Só se você quiser perder.” Ela riu, mas seus olhos ficaram, o ego ferido pedindo revanche. No mesmo dia, com Cláudia, deixei um bilhete em sua mesa após uma reunião: “Você é mais do que eles veem.” Ela o guardou, sem comentar, mas seus olhos me seguiram, o anel de prata girando no dedo.
As interações se entrelaçavam, um tabuleiro vivo. Na segunda, Valéria me pediu ajuda com um formulário, e notei a nova sombra nos olhos, um toque de maquiagem que o marido ignorou. “Você está diferente hoje, Valéria. Mais... viva,” comentei, minha voz mansa, tropeçando na cadeira para reforçar o disfarce nerd. Ela sorriu, tímida, os dedos tamborilando na mesa. Na quarta, Marina passou por mim no corredor, a cruz brilhando, o passo hesitante, os olhos desviando rápido demais. “Você já sentiu um vazio que a fé não explica, Marina?” perguntei, entregando outra planilha. Ela hesitou, a voz baixa. “Às vezes.” Na sexta, Beatriz me provocou no refeitório, o sorriso sarcástico. “Ainda tentando, nerd?” Sorri, ajeitando os óculos. “Você não aguentaria, Beatriz.” Com Cláudia, numa pausa, comentei: “Você comanda tudo aqui, Cláudia. Mas o que comanda quando ninguém está olhando?” Ela riu, seca, mas seus olhos demoraram nos meus.
As Rachaduras à Mostra
Após seis semanas, convidei Valéria para revisar um projeto no meu escritório, após o expediente. Ela chegou, o perfume floral mais forte, o vestido justo marcando as curvas, como se quisesse ser notada. “Você é convencido pra alguém tão desleixado,” disse, mas o tom era menos duro, os olhos traindo a raiva fingida. Aproximei-me, minha mão roçando a dela, o calor da pele subindo como vapor. “Valéria, você carrega o mundo. Quando foi a última vez que alguém te tocou como se você fosse tudo?” sussurrei, minha voz calma, mas firme. Ela hesitou, a respiração entrecortada, os dedos apertando a aliança. Então me puxou, os lábios colando nos meus, o beijo quente, desesperado, com gosto de café e desespero. No sofá, arranquei o vestido, o tecido rasgando com um som seco. Minha língua traçou círculos lentos em sua pele, o sabor salgado do suor misturado ao perfume, os gemidos dela — “Por favor, não para, me faz sentir viva” — ecoando como um grito preso por anos. Chupei-a até as coxas tremerem, os dedos cravando em meus cabelos, o corpo arqueando. Quando gozei na boca dela, o celular, que ela segurava com mãos trêmulas, capturou tudo: o rosto vermelho, os olhos brilhando de alívio e vergonha, o esmalte vermelho arranhado. “Você é louco,” ela sussurrou, rindo, limpando o canto da boca com dedos que ainda tremiam. Eu não senti prazer físico, mas a loucura no olhar dela, a rendição total, fez meu sangue pulsar.
Marina caiu no evento da empresa, dois meses depois. Ela estava sozinha, os dedos apertando a cruz, o olhar perdido, a saia longa franzindo sob a mesa. “Marina, o desejo é humano. Negar isso é negar quem você é,” sussurrei, minha mão roçando a dela, o calor da pele subindo. “É pecado, Felipe,” murmurou, mas seus olhos me seguiram, a cruz brilhando como um farol de culpa. No estacionamento, dentro do meu carro, ela se entregou. Chupou-me com uma fome febril, a boca quente, os gemidos abafados — “Deus me perdoe, Deus me perdoe” — misturados ao som úmido, o suor escorrendo pelo pescoço, o cheiro de sua pele misturado ao couro do carro. Quando gozei, ela engoliu, o corpo convulsionando, os olhos marejados de culpa e êxtase. O celular, no painel, capturou cada segundo, o brilho da lente refletindo nos olhos dela. “Ninguém pode saber,” ela disse, a voz quebrada, mas segurou minha mão, como se quisesse se ancorar.
O Triunfo da Queda
Beatriz caiu na boate, após semanas de provocações. “Você acha que é intocável, Beatriz, mas ninguém é,” provoquei, minha voz firme, sem o disfarce nerd. Ela me arrastou ao banheiro, precisando provar que era superior. “Você é patético,” sibilou, mas suas unhas cravaram em mim, o perfume caro misturado ao suor. Virei-a contra o espelho, o vidro frio contra suas mãos, minha língua traçando o pescoço, o sabor salgado da pele dela. “Me fode, seu merda,” ela gritou, os gemidos altos, os palavrões — “Mais rápido, seu lixo” — ecoando nos azulejos, o cabelo loiro colando na testa suada. O celular, na pia, capturou tudo: o rosto contorcido de prazer, os olhos selvagens. “Você é um monstro,” ela disse depois, ajustando o vestido, o sorriso torto traindo a derrota.
Cláudia foi o ápice, três meses depois. No jantar de “negócios”, pago com meu cartão estourado, ela falou do divórcio, da solidão disfarçada de poder. “Cláudia, você já quis algo que ninguém espera? Um segredo que é só seu?” perguntei, meu olhar firme, sem o disfarce nerd. No hotel, ela me jogou na cama, os olhos famintos. “Acha que pode comigo, rato?” provocou, mas logo gritava, as unhas cravando em minhas costas, o suor misturado ao perfume caro. Minha língua explorou cada curva, o sabor ácido de sua pele, os gemidos dela — “Mais forte, seu filho da puta, me quebra” — ecoando como uma ordem. Comi-a com violência, as mãos apertando suas coxas até marcarem, o som dos corpos colidindo preenchendo o quarto, a cama rangendo sob o peso da submissão dela. Quando gozei na boca dela, o celular, na mesa, capturou o êxtase no rosto dela, os olhos brilhando de prazer e rendição. “Você é um demônio,” ela riu, assistindo ao vídeo comigo, o corpo ainda quente, as pernas trêmulas.
O Altar do Mestre
Na segunda-feira, mostrei os vídeos aos colegas, sem enviar, como combinado. O silêncio na sala era ensurdecedor, os rostos pálidos, os olhos arregalados. Eles viam os gemidos, os corpos, a entrega, e eu, o nerd que ninguém leva a sério, no comando. “Como, Felipe? Como?” um deles gaguejou, a voz tremendo, o suor brilhando na testa. Ajeitei os óculos, sorri, frio como gelo. “Porque eu vejo o que ninguém vê. E corto onde sangra.” Inclinei-me, minha voz baixando a um sussurro. “E sabem de uma coisa? Eu só não como vocês também porque não quero. Sei exatamente como cada um desses machões cederia o cu, implorando, se eu quisesse jogar.”
Eles me chamam de nerd, de rato, de invisível. Não sabem que, para mim, cada alma é um mapa, cada fraqueza um caminho. Sou o mestre invisível, o cartógrafo do desejo e da ruína. Enquanto eles me encaram, atônitos, meus olhos já estão na próxima sala, na próxima rachadura, no próximo altar onde depositarei meu troféu.