Eu nunca imaginei que minha vida fosse mudar tanto em tão pouco tempo. Faz apenas alguns meses que eu e Cristian nos casamos, e logo depois veio a decisão de mudar de estado por causa do trabalho dele. Não foi fácil deixar minha cidade, meus pais, minhas amigas, tudo aquilo que eu conhecia de olhos fechados. Mas ao mesmo tempo, parecia que um novo capítulo estava sendo escrito na minha frente, e eu queria acreditar que estávamos construindo algo sólido, a nossa família, o nosso lar.
Eu tenho 27 anos, mas às vezes sinto como se tivesse vivido duas vidas completamente diferentes. A primeira começou quando conheci o Cristian, lá atrás, ainda na época da escola. Ele era aquele tipo de cara que chamava atenção sem precisar abrir a boca. Tinha cabelo comprido, sempre de preto, camisetas de banda, calça rasgada, coturno pesado. Um verdadeiro roqueiro, sabe? Andava com um violão pendurado no ombro de vez em quando e tinha aquele jeito de quem não ligava para as regras. Eu, toda certinha, com minha rotina de estudos e sonhos simples, olhava para ele como quem olha para um mundo proibido.
No começo, eu achava que nunca teria coragem de me aproximar. Mas o destino, sei lá, às vezes se diverte juntando pessoas improváveis. A gente acabou caindo na mesma turma de amigos e, do nada, estávamos conversando como se sempre tivéssemos nos conhecido. Cristian tinha um sorriso que desarmava qualquer um, e quando falava de música, parecia que nada mais existia ao redor. Eu me apaixonei por ele sem nem perceber.
Nosso namoro foi intenso. Acho que essa é a melhor palavra. A gente era fogo o tempo todo, não só na cama, mas em cada gesto, cada olhar.
O sexo entre nós era delicioso, eu era na época uma garota tímida que ainda era virgem, e ele, um garanhão que já tinha comido outras meninas. Mas comigo, eu senti que ele foi especial, na nossa primeira vez, ele me deitou na cama, e começou a me beijar, e levou seus lábios para o meu pescoço, e passava eles ali, enquanto sussurrava.
— Você é mais linda do que eu imaginei.
Quando já dei por mim, eu estava ali, sendo saboreada por ele. Ele abaixou meu sutiã e deixou meus seios á mostra, e levou sua boca a suga-los, e ele me chupava com um tesão sem igual, ao ponto de envolver sua boca sobre meu mamilo. Ele chupava e lambia meu seio, mordendo o biquinho dele, enquanto a mão ia direto pra minha bucetinha, ainda virgem, e brincava devagar.
Tão logo ele se montou em mim e fizemos papai e mamãe, e ele começou a meter em mim devagar, fazendo com que minha bucetinha sentisse a extensão do seu pau se movendo. Aos poucos eu me acostumava, e era gostoso demais senti-lo. O pau dele violava a minha buceta enquanto eu cruzava as pernas e fui me rendendo completamente aquele êxtase sem parar, ao ponto de poder sentir seu corpo pesado sobre o meu, metendo aquele pau gostoso dentro de mim e de início senti dor e sangue, mas depois vieram os orgamos e minha bucetinha melada.
Mas Cristian era muito carinhoso. Ele soube me conduzir, e até me fez gozar em seu pau, quando fodemos.
Com o passar do tempo nosso namoro foi se desenvolvendo e também a safadeza foram se desenvolvendo, por incontáveis vezes eu me pegava abaixada em seu carro, chupando seu pau enquanto ele dirigia. Batia uma punheta bem próxima do meu rosto, e abocanhava seu caralho, e chupava, enquanto eu mamava forte.
Nós transávamos em todos os locais possíveis, e em todas as vezes ele acabava comigo me deixando bem vermelha . Mas eu sinto que tudo isso mudou quando nos formamos , e a vida adulta começou a cobrar o preço e nos forçar a mudar junto.
Cristian mudou também. Aos poucos, o roqueiro rebelde foi ficando mais sério, mais preocupado com o futuro. Cortou o cabelo, trocou as camisetas de banda por camisas sociais, largou o violão e foi atrás de uma carreira estável. Virou corretor de imóveis. No começo, eu achei bonito ver esse esforço dele em construir algo para nós. Ele sempre dizia que queria me dar segurança, que queria uma vida boa para quando tivéssemos filhos.
Só que, junto com a responsabilidade, veio a distância. As viagens começaram a ficar cada vez mais frequentes, as reuniões, os plantões de fim de semana. Cristian estava sempre correndo atrás de fechar negócio, e quando chegava em casa, estava cansado, sem energia, por muitas vezes. Eu ainda o amava, claro, mas sentia falta daquele fogo de antes. A cama foi esfriando, as conversas foram ficando mais curtas, e a rotina tomou conta. Por vezes eu tentava me esforçar, eu tirava o terno dele, e abria sua calça. Seu pau saltava, ficava duro, e eu o mamava, abocanhava com fome aquela pica, e só senti ela dura, mas ele não. Ele parecia acabado demais, e por fim, sempre depois da boquete e dele gozar, ele ia se banhar, e terminavamos, as vezes em sexo, as vezes, sem. Até que veio a mudança de cidade, e ali, pensei, que poderia mudar também nossa vida.
No começo, confesso que me senti um pouco perdida. Cristian saía cedo para o trabalho e voltava só no fim da tarde. Enquanto isso, eu ficava em casa, ajeitando as coisas, tentando transformar aquele apartamento estranho em um lugar acolhedor. Sempre gostei de cuidar da casa, mas às vezes o silêncio pesava. Eu ligava a TV só para não me sentir tão sozinha.
Eu não reclamo em voz alta, não quero que ele ache que sou ingrata. Cristian se esforça, eu sei disso. Só que às vezes eu me sinto sozinha, mesmo estando casada. O silêncio da casa, as horas que eu passo sozinha arrumando cada detalhe, me fazem lembrar da Camila de antes, a que ria alto, a que se sentia viva com um beijo roubado no corredor da escola. Essa Camila parece adormecida agora.
Foi nesse vazio que encontrei o clube de mulheres. Um grupo pequeno, mas animado, de esposas e donas de casa que se reuniam semanalmente para conversar, trocar receitas, fazer caminhadas e até mesmo só fofocar um pouco. Foi lá que conheci Jade.
Ela não parecia se encaixar tanto naquele ambiente. Enquanto muitas falavam de filhos, maridos e rotina, Jade tinha um ar diferente. Era mais solta, às vezes até irônica, mas ao mesmo tempo com uma presença que chamava atenção. Nós acabamos puxando papo porque, assim como eu, ela também tinha se mudado há pouco tempo. Só que, diferente de mim, ela não parecia muito empolgada com essa nova fase da vida.
Algumas semanas depois, resolvi chamá-la para vir em casa. Preparei um café simples, bolo de cenoura, e deixei tudo pronto na mesa. Quando Jade chegou, percebi que ela estava abatida, como se carregasse um peso nos ombros.
— Camila, eu precisava tanto conversar com alguém hoje — ela disse assim que entrou, sem nem esperar eu oferecer uma cadeira.
— Claro, pode falar. Aconteceu alguma coisa? — perguntei, preocupada, enquanto passava a xícara de café para ela.
— É sobre meu ex. Você já deve ter ouvido eu comentar por cima lá no clube, mas... eu não aguento mais, sabe? — ela deu um gole rápido no café, como se quisesse criar coragem para falar.
Fiquei em silêncio, esperando.
— Eu terminei com ele porque ele era... abusivo, sabe? — ela suspirou, passando a mão pelos cabelos. — Ele não me deixa em paz e não deixa a gente respirar, ele quer a todo momento... Bem, eu não sei como falar isso.
— O que foi, amiga? O que aconteceu?
— Deixa quieto, Camila. Eu só queria desabafar mesmo, eu não sei o que fazer,só queria ele longe de mim!
Meu coração apertou. Não sabia o que fazer e Jade ali na minha frente me pareceu tão aflita com a situação.
— Nossa, Jade... Eu não sei o que fazer. Mas por que você não procura a polícia então e pede uma medida?
— Já pensei, mas como eu posso pedir uma medida se ele nunca me agrediu, nunca fez nada. Ele só é... Bem... — ela mordeu os lábios, nervosa. — Não sei como falar, desculpa!
Ela se calou por alguns segundos, me olhando como se medisse se podia ou não confiar em mim. Então soltou de uma vez:
— Eu queria pedir sua ajuda. Eu sei que é muito, e que você mal me conhece, mas... será que você poderia me acompanhar para falar com ele? Eu não quero ir sozinha. Preciso dar um basta, olho no olho, e mostrar que acabou de vez.
A xícara que eu segurava quase escorregou da minha mão. A ideia de me meter nisso me deixou imediatamente apreensiva. Eu não conhecia esse homem, não sabia do que ele seria capaz. Ao mesmo tempo, ver Jade daquele jeito, tão fragilizada, mexeu comigo.
— Jade, você tem certeza que isso é seguro? — perguntei, baixando a voz, como se alguém pudesse nos ouvir.
— Eu não sei. Só sei que não aguento mais. Ele precisa ouvir de uma vez por todas, e eu preciso sentir que não estou sozinha. Você parece alguém em quem eu posso confiar, Camila.
Olhei para ela e pensei em Cristian. Se ele soubesse que eu estava me envolvendo em uma situação dessas, provavelmente não gostaria. Ele sempre prezou pela segurança, por manter as coisas dentro de um limite. Mas, ao mesmo tempo, minha consciência pesava. Como eu poderia recusar quando alguém estava me pedindo ajuda com tanta urgência?
— Eu... não sei, Jade. Nunca me envolvi em nada parecido. E se ele ficar agressivo?
— Eu prometo que vai ser rápido. Eu falo, você só fica lá comigo. Sua presença já vai fazer diferença.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, sentindo meu coração bater mais rápido. Jade me observava, os olhos quase suplicando.
— Eu não quero colocar você em risco, mas se você não vier, acho que vou acabar cedendo de novo. E eu não posso... não posso voltar para aquele inferno.
Respirei fundo, olhei ao redor da sala, tentando achar uma resposta que fizesse sentido. No fundo, eu já sabia que não conseguiria dizer não.
— Está bem, Jade. Eu vou com você. Mas a gente vai planejar isso direitinho, tá? Não quero fazer nada sem pensar antes. Eu preciso falar com Cristian primeiro.
— Obrigada, Camila. De verdade, você não faz ideia do quanto isso significa para mim.
Ela se levantou, me abraçou forte, como se tivesse encontrado um porto seguro depois de muito tempo à deriva. E naquele instante, eu me perguntei em que tipo de encrenca eu estava me metendo.
Naquela noite, depois que Jade foi embora, fiquei remoendo tudo o que ela tinha me pedido. Eu me sentia apertada, como se tivesse dado um passo maior do que devia. Mas ao mesmo tempo, não queria guardar isso só para mim. Cristian sempre foi meu porto seguro, e por mais que nosso casamento tivesse esfriado em alguns pontos, eu sabia que ele ainda era a pessoa que mais se importava comigo.
Esperei ele chegar do trabalho. Ele entrou pela porta, tirando o blazer, jogando as chaves em cima da mesinha de centro. O rosto cansado de sempre, mas os olhos ainda com aquele brilho que só ele tinha.
— Oi, amor — falei, tentando soar natural. — Preciso conversar com você.
Ele levantou a sobrancelha, meio desconfiado.
— Isso parece sério. O que foi? Fiz algo? Haha.
Sorri, balançando a cabeça.
— Não... quer dizer, não exatamente. É sobre uma amiga que eu conheci no clube. A Jade.
Ele tirou os sapatos, sentou no sofá e me chamou com a mão para sentar ao lado dele. Fiz isso e respirei fundo antes de contar.
— Ela terminou um relacionamento complicado, abusivo, sabe? E o cara não deixa ela em paz. Vive aparecendo, pressionando. Hoje ela veio aqui, chorando, implorando para eu ajudá-la. Disse que precisa falar com ele frente a frente para encerrar tudo de vez. E... pediu que eu fosse junto.
Cristian ficou sério, pensativo.
— Camila, isso é perigoso. Você sabe disso, né?
— Eu sei. Mas ela parecia tão desesperada... eu não consegui dizer não.
Ele passou a mão no rosto, como se estivesse escolhendo bem as palavras.
— Olha, se você acha que deve ir, eu não vou te proibir. Mas quero que tome cuidado. Vai sim com ela, não a deixe sozinha, mas se sentir que a coisa pode sair do controle, liga pra mim imediatamente. Eu largo o que estiver fazendo e vou correndo até vocês.
Senti um alívio misturado com apreensão. Ele não estava bravo, não estava proibindo, mas a preocupação era clara.
— Prometo que ligo.
Ele me puxou para perto e beijou meus lábios, permanecendo com os seus lábios sobre os meus por um tempo, colados, antes de separa-los.
— Confio em você. Só quero que volte bem.
Ficamos alguns minutos em silêncio, só nos abraçando. Então ele suspirou fundo e mudou de assunto.
— Preciso te contar outra coisa. Daqui a três dias vou viajar.
Me afastei um pouco, surpresa.
— Viajar? Para onde?
— Para fechar a venda de uma casa luxuosa. Foram semanas de negociação, e agora finalmente vai sair. É um negócio grande, Camila. A comissão vai ser ótima. Com esse dinheiro, acho que finalmente vamos conseguir realizar aquele nosso sonho.
Meus olhos brilharam. Eu sabia exatamente do que ele falava.
— Você está falando da... Nossa viagem que não conseguimos ter na lua de mel?
Ele sorriu, orgulhoso.
— Exatamente.
Me abracei a ele, cheia de empolgação.
— Cristian, isso é maravilhoso!
Mas, por dentro, uma pontada de tristeza me atravessou. Mais uma vez, eu ficaria sozinha. Dois dias inteiros sem ele. Tentei disfarçar esse sentimento, mas ele me conhece bem demais.
— Eu sei que não é fácil para você, Camila. Sei que estou faltando com a gente. Mas eu prometo, assim que voltar dessa viagem, vou tentar ser mais presente. A gente precisa.
Meus olhos marejaram.
— Eu sinto falta de nós dois. Daquele tempo em que não precisávamos de nada além um do outro.
Ele segurou meu rosto entre as mãos, com firmeza.
— Eu também sinto. Mas vamos dar um jeito. Eu prometo.
Fomos dormir com esse misto de esperança e saudade, e na manhã seguinte, acordei decidida. Peguei o celular e liguei para Jade.
— Jade, eu pensei muito... e vou com você.
Do outro lado da linha, ela respirou aliviada.
— Obrigada, Camila. Você não faz ideia do peso que tirou das minhas costas.
Marcamos de nos encontrar à tarde. Passei o dia ansiosa, arrumando a casa, tentando ocupar minha mente, mas a hora parecia não passar. Quando finalmente chegou o momento, peguei minha bolsa e encontrei Jade. Ela estava nervosa, mas determinada.
— Vai dar certo — disse ela, mais para si mesma do que para mim.
Seguimos até o endereço que ela me passou. A cada passo, meu coração batia mais rápido. E então chegamos. Jade bateu à porta com firmeza, e logo ela se abriu.
E foi nesse instante que meu corpo inteiro gelou.
— Oi gata, que surpresa.
O homem que apareceu diante de nós, Bruno, era como uma versão do Cristian de anos atrás. Cabelos compridos, camiseta preta de banda, aquele ar de rebeldia, até o jeito de olhar. Era como se eu tivesse sido jogada de volta no tempo, de frente para o garoto por quem me apaixonei na escola.
Meus lábios tremeram sem que eu dissesse nada. E, pela primeira vez, eu não sabia se tinha entrado numa situação para ajudar Jade ou para mexer em algo dentro de mim que eu acreditava estar enterrado.
Quando Bruno abriu a porta, Jade entrou sem hesitar. Eu, por outro lado, fiquei alguns segundos travada, com aquela sensação estranha de estar entrando em um déjà-vu. Respirei fundo e a segui.
A sala dele era um mergulho direto no passado. As paredes estavam cobertas de pôsteres de bandas que eu mesma já tive colados no meu quarto quando adolescente. Iron Maiden, Metallica, Nirvana, Guns N’ Roses. Logo à frente, em uma estante de madeira escura, havia uma coleção organizada de discos de vinil, alguns DVDs antigos e até fitas cassete. Um violão descansava num suporte no canto, e quando bati os olhos nele, senti meu coração acelerar. Era da mesma marca que o Cristian tinha usado no colégio, quando me conquistava cantando músicas desafinadas só para me ver rir.
Aquele ambiente inteiro era como uma cápsula do tempo, uma lembrança viva do Cristian que eu conheci e me apaixonei. O cabelo comprido, as roupas pretas, o jeito intenso. Por um instante, eu quis fechar os olhos e fingir que estava voltando anos atrás, para os corredores da escola.
Bruno se jogou no sofá com a naturalidade de quem sabia que dominava o espaço. Passou a mão nos cabelos compridos, me olhou de cima a baixo com um meio sorriso e depois fixou os olhos em Jade.
— E aí, gata... achei que cê não vinha mais aqui.
Jade cruzou os braços, firme.
— Eu não vim pra papo furado, Bruno. Vim pra deixar claro de uma vez por todas: acabou. Você não vai mais me procurar.
Ele riu baixo, aquela risada carregada de deboche.
— Ah, Jade... cê sabe que não dá pra ser assim. Eu curto você de um jeito que não dá pra desligar, sacou? Eu não sou desses caras meia-boca que esquecem fácil. Eu vivo no volume máximo, sempre. É por isso que parece demais.
Jade apertou os punhos, respirando fundo.
— Você chama de intensidade, mas pra mim é sufoco. Eu não aguento mais. Você quer sexo o tempo inteiro, não me deixa respirar. Isso não é amor, Bruno, é obsessão.
Ele se inclinou para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos, e a olhou com um brilho quase arrogante.
— Não, gata. Isso é paixão. Eu sou assim, intenso, carnal. Cê sabe que nunca vai encontrar outro cara que te queira como eu te quero.
Eu observava em silêncio, sentada mais ao canto, me sentindo invisível, mas ao mesmo tempo absorvendo cada palavra, cada gesto. Aquele jeito dele era o Cristian de antes. O mesmo olhar faminto, a mesma forma de transformar tudo em intensidade. Só que ali, em vez de ser o romance dos meus 17 anos, se tornava um peso esmagador para Jade.
Ela se manteve firme, mesmo tremendo por dentro.
— Isso não é sobre encontrar outro cara, Bruno. Eu só quero paz. Eu não quero mais você aparecendo, me ligando, me pressionando. Eu quero a minha vida de volta.
Por um instante, Bruno ficou calado. Depois soltou um suspiro pesado, como se tivesse aceitado uma derrota que não queria admitir.
— Tá... beleza. Eu vou respeitar. Se esse é o seu desejo, eu vou cair fora. Mas, ó... vou te falar a real: eu vou sentir falta. Porque quando eu lembro de você, Jade, eu lembro de fogo, de suor, de coisa de verdade, sem frescura. Vou sentir saudade, e muita.
Ele se recostou no sofá, tentando parecer relaxado, mas eu percebi que não era bem isso. Havia um incômodo no olhar, uma faísca de alguém que não sabia viver sem excessos.
Jade respirou aliviada, como se tivesse tirado um peso enorme das costas.
— Obrigada. É só isso que eu precisava.
Nos levantamos, e eu segui Jade até a porta. Antes de sair, Bruno ainda soltou uma última frase, com aquele tom meio provocador:
— Cês tão levando embora o som da casa, gata. Sem você, isso aqui vai ficar num silêncio desgraçado.
Jade não respondeu. Apenas saiu com passos rápidos.
Do lado de fora, ela respirou fundo, fechou os olhos e encostou as mãos no joelho, como quem precisava recuperar as forças.
— Eu não acredito que acabou... — murmurou, quase em lágrimas. — Finalmente acabou.
Eu coloquei a mão em seu ombro, sem saber o que dizer. Por dentro, eu estava em choque. Não só pelo que tinha acontecido, mas pelo quanto aquele homem me lembrava o Cristian que eu conheci. O cabelo comprido, os pôsteres, o violão, até o jeito de falar, aquela mistura de arrogância e paixão. Era como olhar para um reflexo distorcido do meu próprio passado.
Enquanto caminhávamos de volta, Jade parecia leve, quase sorrindo. Eu, por outro lado, estava mergulhada em pensamentos. Por que tudo aquilo tinha me afetado tanto? Por que, de repente, o Cristian que dormia ao meu lado todas as noites parecia tão distante daquele outro Cristian que eu ainda carregava na memória?
Eu não tinha respostas. Só sabia que, naquela tarde, algo dentro de mim tinha sido despertado. Algo que eu achei que já estava enterrado há muito tempo.
Quando voltei para casa depois de tudo com Jade, fiquei um tempo sentada no sofá, encarando o nada. As imagens da sala de Bruno não saíam da minha cabeça. Os pôsteres, o violão, o jeito dele de falar. Era como se tivesse visto um fantasma do meu passado, só que em carne e osso. Não conseguia ignorar.
De repente, senti vontade de voltar a ser aquela garota que eu tinha deixado para trás. Aquela que não se importava se o rímel borrava, que ficava horas ouvindo rock no quarto, que se jogava em beijos intensos sem pensar no amanhã. Fui até o quarto, peguei uma maquiagem antiga que quase não usava mais e carreguei meus olhos de preto. Vesti uma lingerie preta, simples, mas que eu sabia que ainda valorizava meu corpo. Soltei o cabelo, liguei o som da sala e deixei Led Zeppelin explodir pelas paredes. O baixo, a guitarra, a voz rasgada, tudo me preenchendo como há anos não acontecia.
Eu não sabia ao certo o que esperava, só sabia que queria sentir.
Algumas horas depois, ouvi a chave girar na porta. Meu coração acelerou. Cristian entrou, ainda de camisa social, a pasta de trabalho na mão. Ele parou assim que me viu. Eu estava de pé no meio da sala, maquiagem pesada, o som estourando, e só de lingerie.
— Camila... o que você está fazendo? — ele perguntou, franzindo a testa, surpreso.
Dei um passo em direção a ele, com um sorriso quase travesso.
— Te esperando.
Antes que ele pudesse reagir, me aproximei e o abracei, colando meu corpo no dele. Beijei sua boca com força, como fazia nos velhos tempos. Por um instante, ele correspondeu. Podia sentir sua língua na minha, nos beijamos de língua, e assim eu podia sentir os lábios dele, colado nos meus, onde ele chupava a minha boca ali, de todas as formas. Ele, enquanto me beijava, largou a pasta no chão e me envolveu nos braços, devolvendo o beijo com intensidade.
Senti meu coração disparar. Era como se eu tivesse resgatado algo que estava adormecido. Minhas mãos deslizaram pela camisa dele, desabotoando os primeiros botões. Ele foi levando sua mão até a minha bunda, e começou a acaricia-la, apertando com seus dedos fortes. Seu peitoral, ainda definido, e encostou com o meu, enquanto nosso beijo tirava meu fôlego.
Foi nesse momento que ele se afastou por um segundo, desligou o som com um movimento rápido e disse:
— Pronto.
— Mas o que? — Perguntei.
— O volume estava muito alto. Acho melhor a gente ter um pouco mais de silêncio.
Fiquei sem entender. Olhei para ele, confusa.
— Silêncio? Mas... nós sempre gostamos de ficar juntos com a música alta. Era o nosso jeito.
Ele respirou fundo, passando a mão no meu cabelo com carinho, mas com um olhar sério.
— Camila, isso era quando a gente era adolescente. Eu já passei dessa fase. Hoje somos adultos, temos outras responsabilidades. Eu já superei tudo aquilo. Você também não superou?
Minha garganta travou. Baixei a cabeça, me sentindo de repente deslocada, como se tivesse feito algo errado.
— Sim... eu superei — respondi baixo, quase sussurrando, mesmo que por dentro soubesse que não era bem assim.
— Então pronto. Mas confesso que gostei da surpresa...
Cristian então se aproximou, segurou meu rosto com firmeza e me beijou. Foi um beijo doce, calmo, diferente da urgência que eu buscava. Eu retribuí, mas ao mesmo tempo, a melodia do Led Zeppelin ainda ecoava dentro de mim, lembrando que uma parte da Camila antiga ainda estava viva.
Naquela noite, um pouco do fogo que permanecia apagado, passou a nos incendiar. Tão logo ali de pé junto a Cristian eu estava aproveitando enquanto ele colocava meu sutiã para o lado e começou a beijar e chupar meu seio.
Sua boca era macia e gostosa enquanto ele segurava o seio com uma das mãos e passava sua língua pelo redor do mamilo, por um lado fiquei com tesão pois fazia tempo que não era tocada pelo meu marido porém por outro eu estava me sentindo frustrada por perceber que aquele Cristian que eu tanto amei quando o conheci, tinha dado lugar a outro Cristian.
Acabamos então indo para o chuveiro e ele o ligou, a água começou a cair sobre nossos corpos enquanto ele se montou em cima de mim e começou a meter,fazendo com que seu caralho começasse a se afundar em minha bucetinha, onde meus lábios iam se abrindo quando ele socou a glande. Fui sentindo seu pau penetrando se dentro de mim, me preenchendo completamente enquanto o seu quadril foi se movimentando contra minha intimidade, ao mesmo tempo em que eu abraçava com as minhas pernas.
Meu corpo balançava junto ao dele, ele espremia meu corpo dentro da box enquanto seu quadril se movimentava contra me in, metendo bem gostoso enquanto mais uma vez nossos lábios se encontravam onde eu pude sentir seus beijos deliciosos, onde a sua língua quente se esfregava com a minha. Apesar do silêncio da água cair no chuveiro, minha mente só conseguia imaginar nós dois transando ao som de Blind Guardian, e minha bucetinha se estimulava só de imaginar.
As gotas de água que deslizavam sobre nossa pele ao mesmo tempo em que nossos corpos eram molhados sobre o chuveiro, aquela água quente juntamente com o vapor e o nosso tesão deixavam o sexo sim gostoso, porém eu sentia no fundo que tinha algo mais faltando. Mas tentei fechar os olhos e me sentir viva virgula e talvez foi isso que deixou aquela foda mais intensa.
Acabamos ali por fim a gozar, onde ele praticamente inundou a minha bucetinha com sua porra. Ele estava ali, cansado, suado, e com o tesão tomado em seu corpo, e eu gozei, mas sentia que não o havia feito o suficiente, como se faltasse algo a mais. Caímos na cama depois disso, e ele dormiu, enquanto fiquei me perguntando se realmente eu já estava velha demais para continuar com esse fetiche e sonho de um homem que já fazia parte de um passado que não voltaria mais.
Eu acordei cedo naquele dia, como sempre. O sol entrava pelas frestas da cortina da cozinha, e enquanto eu organizava a lista das compras, não pude evitar sentir aquele peso no peito que me acompanhava há dias. Cristian parecia cada vez mais distante, e mesmo quando estava em casa, eu tinha a sensação de que algo entre nós tinha mudado. Respirei fundo, peguei as sacolas reutilizáveis e segui para o mercado.
Na seção de hortifruti, eu me distraí entre tomates, maçãs, bananas. Tudo tão automático, mas de alguma forma eu buscava encontrar beleza nesses pequenos gestos do cotidiano. Foi quando estiquei a mão para pegar um maracujá, e senti outra mão encostar sobre a minha. Olhei instintivamente, e meu coração deu um salto.
Era Bruno.
— Olha só... que coincidência — ele disse, com aquele sorriso malandro e um jeito meio debochado. — Qual é o teu nome mesmo? Acho que nunca perguntei.
Senti um frio estranho percorrer meu corpo. — Camila.
Ele riu baixinho, como se tivesse acabado de descobrir algo importante. — Camila... Teu nome é bonito, assim como a dona. Me chamo Bruno, mas acho que você já sabe.
— Eu sei — respondi rápido demais, quase querendo encerrar a conversa.
— Bom que sabe.
Ele ficou me olhando com aquele olhar intenso, como se quisesse atravessar minha pele e ler meus pensamentos. — Foi muito bom te encontrar por aqui. Tô sentindo uma falta danada da Jade... E aí, como ela tá?
Mordi os lábios, tentando manter o tom neutro. — Não falei com ela desde ontem.
Bruno assentiu, mas não insistiu.
— Beleza, bacana, Camila.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, que pareceram longos demais.
— E ai, fazendo compras aqui? Eu vim aproveitar e comprar algumas coisas, saca? Gosto de manter a geladeira cheia, né?
— Entendi, bom eu acho que eu preciso ir, não é?
— Sei lá, Gata. Precisa?
Depois ele deu um meio sorriso e se despediu. Eu tentei ignorar o peso que ficou em mim enquanto voltava para casa, pensando apenas em guardar as compras e seguir com a rotina.
Assim que cheguei em casa, larguei as compras na mesa, e fiquei pensando o que fazer para o jantar. Poderia fazer galinha guizada, é o prato favorito do Cristian. Enquanto isso, alguns pensamentos começam a vir em minha cabeça, algumas falas, e, eu tentava de todas as formas afasta-los.
— Camila, sua idiota! Por que está pensando essas coisas?
Não demorou muito para a campainha tocar. Fui abrir a porta e levei um susto.
Era Bruno.
Ele segurava uma sacola. — Nos encontramos de novo, hein gata... você esqueceu isso lá no mercado. — Estendeu para mim como se fosse um presente.
— Meu Deus! Eu esqueci mesmo, e era justamente o frango... — Peguei a sacola, surpresa. Dentro estava justamente o frango que eu ia preparar hoje, e eu nem havia notado que havia esquecido. — Obrigada por trazer... Mas... como você soube meu endereço?
Ele sorriu daquele jeito despreocupado, mas que me deixou inquieta. — Eu meio que te segui. Relaxa, não é nada demais.
Senti meu estômago embrulhar, mas por alguma razão não o expulsei dali. Apenas agradeci, tentando disfarçar.
— Muito obrigado mais uma vez, eu acho então que já pode ir embora...
Ele então respirou fundo, mais sério: — Camila, Olha... tô precisando de um ombro amigo. Só pra conversar, nada demais. Será que dá? Sei que não te conheço, mas você conhece ela.
Hesitei. Minha mente gritava que não era certo, mas minha boca acabou dizendo: — Vocês dois, hein!? Só por um pouco. Meu marido logo chega.
Ele entrou sem cerimônia, como se já fosse íntimo daquele espaço. Olhou em volta, e logo seus olhos pararam num vinil sobre a estante, o mesmo que peguei para escutar enquanto fazia o jantar. Ele o pegou e sorriu.
— Caraca... essa banda é foda. Toquei muito isso na época de rolê. — E começou a cantarolar um trecho, batucando com os dedos.
Sem perceber, deixei escapar uma risada e o acompanhei baixinho. — Eu sempre gostei de música...
Ele me olhou de lado, com uma curiosidade quase infantil, mas havia algo perigoso naquele brilho.
— Rapaz, que foda, e essa edição eu não tenho. Foi limitada, isso ai é do tempo dos meus pais ainda.
— Sim, eu ganhei do meu pai de presente. Ele sempre curtiu essas coisas.
— Maneiro, gata. Posso me sentar?
— Pode.
Ele então se sentou nos sofá, e começou a falar de Jade pra mim. Falou como se conheceram, e como chegaram onde chegaram, sempre não mencionando algumas coisas. Falou que ela nunca curtiu muito o lado mais largado dele, que sempre pediu pra ele se arrumar melhor, cortar o cabelo, e o quanto eles já eram adultos demais pra continuar com esse jeito de adolescente louco. Eu meio que me identifiquei com ele.
— Acho que não deve mais ter volta né?
— Não sei, sabe? Eu não sei o que de fato separou vocês. — comentei.
— Bom, eu me sinto constrangido de falar, mas como tu é mulher, e ainda amiga dela, talvez possa me ajudar, é que eu gosto de putaria, ta ligada? Eu gosto de sexo mesmo, comigo é todo dia, a gente trepava todo dia e nem todo dia ela tava afim.
— Meu... Deus.. — Falei, corada.
— Foi mal gata, mas você pediu sinceridade! Hahaha
Quando viu o violão encostado, seus olhos brilharam. — Ih, olha só! Esse é dos bons. Tenho um igualzinho. Posso dar uma dedilhada?
— É do Cristian... — respondi, sentindo o nome do meu marido pesar na boca. — Mas ele não usa faz tempo.
— Então tá pedindo pra eu tocar. Posso? — ele disse, sem esperar permissão.
Pegou o violão, afinou de ouvido com uma naturalidade impressionante, e logo os primeiros acordes encheram a sala. A voz dele era rouca, carregada de emoção. Eu fiquei parada, apenas ouvindo, como se tivesse sido transportada para outra época. Uma época em que Cristian e eu éramos jovens, loucos, apaixonados, e a música fazia parte de tudo.
Meus olhos arderam, mas não chorei. Apenas deixei que aquela melodia mexesse comigo. Ele cantava muito bem, tocava muito bem. Fechava os olhos, e deixava a música sair.
De repente, Bruno parou de tocar e se aproximou. Ainda segurando o violão, ele deixou as cordas vibrarem no último acorde, até que o silêncio tomou conta. Então pousou o instrumento de lado, estendeu a mão para mim e me puxou, num gesto firme, mas suave.
— Vem cá, Camila... — disse quase num sussurro.
Meu coração disparou. Eu deveria ter recuado, eu sabia. Mas não me movi. Senti o calor dele se aproximar, e então sua boca tocou a minha.
Foi um beijo intenso, inesperado, carregado daquela energia crua que eu não sentia há tanto tempo. Por um instante, não era Bruno que me beijava. Era o reflexo do Cristian que eu conheci anos atrás, selvagem, apaixonado, imprevisível. E de repente, eu apenas fechei os olhos, e me deixei ali, ser tomada pelo momento.
Fechei os olhos e deixei o momento me engolir, mesmo sabendo que, no fundo, aquilo poderia mudar tudo. Bruno me beijava com uma fome e um desejo, o mesmo que eu costumava sentir quando meu marido me beijava, ainda mais novo. Nossas línguas se entrelaçam, enquanto minha mão agarra o tecido de sua camisa, e vai apertando. Porém, de repente, ele separa seus lábios dos meus, e afasta um pouco pra trás. Com um sorriso, ele diz.
— Você beija melhor que a Jade... Agora sinto que preciso de você pra esquece-la. Me ajuda?
— Não posso fazer isso... — Disse a ele, enquanto ele novamente se aproximava de mim, e tomou meus lábios mais uma vez. Ele então me beija de novo, com vontade. E torna a falar em seguida:
— Pode sim. Você sabe onde eu moro, né? Vai lá amanhã.
Ele então se separa, e vai embora. E eu fiquei, sem fôlego ali, no meio daquela sala que se tornou grande demais para o aperto que senti no peito.
Cristian chegou algum tempo depois, e o jantar estava pronto. Acabamos por jantar, e ficamos juntos assistindo algum filme e fomos dormir. Porém, aquele tempo todo, aquela cena do beijo não saia da minha cabeça.
E me sentindo louca o bastante acabei indo de encontro ao Bruno. uma hora depois que o meu marido saiu para o trabalho, eu acabei indo de encontro a ele na sua casa. Não sabia exatamente por que estava fazendo isso, mas eu fiz. Ao chegar na porta da casa dele apertei a campainha uma vez eu fiquei ali, na sua espera. Pensei por um momento em desistir, mas a curiosidade de saber o que aconteceria ali, me consumiu.