***
- Quem é? - ouvi a Melissa perguntar.
- Melissa, abre essa porta! - a voz firme exigiu em forma de ordem - Agora!
Aquela voz.
Que me fez engolir em seco e errar as batidas do meu coração. Que pela forma de falar estava em um tom muito irritado. Respirei fundo, abrindo a porta da suíte e vi a minha amiga parada, com o rosto colado atrás da porta do quarto e ao me ver, falou com a voz baixa feito fiapo.
- O quê que eu faço?
- Deixa ele entrar.
Melissa fez o que eu pedi e no exato instante que destrancou a porta, abrindo a maçaneta, Eric empurrou com força, entrando no quarto feito um rojão e paralisou ao me ver em pé. Ainda tonta mas, em pé.
Seus olhos azuis me encararam da cabeça aos pés e a expressão de raiva era nítida, com o seu rosto travado e a respiração acelerada. Melissa ficou ao meu lado, cruzando nossos braços, exatamente como estava fazendo durante toda a festa.
- O que você quer, Eric?
- Se a sua intenção era me tirar do sério, meus parabéns, você conseguiu!
- Te tirei do sério por quê? Não sei do que está falando - respondi igual como ele fez.
Com a porta do quarto aberta, e o som da música alta que tocava, era possível ver a confusão dos jovens convidados rindo, falando alto e principalmente já tomados pelos efeitos das bebidas no corredor. Pouco estavam se importando com o que acontecia ali dentro onde estávamos.
Apesar disso, Evandro e Luciana apareceram rapidamente após a chegada do Eric e a primeira coisa que o guarda-costas fez foi trancá-la.
- Vocês dois enlouqueceram, porra? - Evandro esbravejou - Querem ser vistos juntos aqui? É o meu emprego que está em jogo!
- Evandro, se acalma... - Luciana pediu apoiando a mão em seu ombro.
- Foi ele quem veio atrás de mim - respondi - Eu só vim ao banheiro com a Meli e já estamos voltando para a festa.
- Eu vim atrás de você, sim! Para ter certeza do que os meus olhos viram mas que eu me recusei a acreditar!
- É isso mesmo que você está vendo! Se você faz o que quer, em não contar nada para mim, eu também faço o que quero! Bebi todos os drinks do open bar com a permissão dos meus pais.
Eric continuava a respirar fundo e acelerado, tentando controlar sua raiva a todo custo. E além de perceber as veias do seu pescoço quase explodindo, eu consegui o que eu queria: atingi o seu ponto mais fraco, que era ele me ver bebendo além da conta.
- Seja o que for que tenha acontecido, isso não é hora nem o lugar para uma discussão! - Evandro tomou a frente do clima tenso.
- Eric, eu não vou sair do lado dela - foi a vez da ruiva falar - Não precisa ficar nervoso.
- Você vai sair desse quarto agora e ficar sentada ao lado dos seus pais até a hora de irem embora, entendeu bem?
- E se eu não fizer o que você está mandando? - foi a minha vez de falar alterando o tom da voz - Vai fazer o quê? Vai me deixar trancada aqui? Você não manda nada em mim!
- Nívea, não testa a minha paciência...
- Eu já disse que vou fazer o que eu quero! - gritei.
- Tá certo. Faça o que quer e eu coloco um ponto final em tudo agora. Estamos combinados assim?
Estremeci. Em cada parte do meu corpo.
Dessa vez, foi o medo que acelerou ainda mais o meu coração e a minha respiração. Senti as lágrimas surgirem nos meus olhos e não consegui impedi-las de deslizarem pelo meu rosto. Mesmo assim, me mantive firme.
- Pois eu tô pouco me lixando! - não sei de onde tirei coragem para continuar a discussão - Termina comigo e eu fico livre!
- Schneider, não faz isso...
- É ela que está me deixando sem alternativa, Luciana! Jacques e Helena só podem ter merda na cabeça para permitirem um absurdo desses!
Foi o momento em que a raiva tomou conta de cada célula do meu corpo e eu não me controlei para o que veio a acontecer a seguir.
- VOCÊ NÃO FALA MAL DOS MEUS PAIS! - e parti pra cima dele dando vários socos no seu peitoral - NÃO FALA, OUVIU BEM? - e continuei a bater e a chorar.
Eric não reagiu. Continuou parado sem se mover, não me segurar pelos pulsos e apenas olhando nos meus olhos.
- Nívea, calma! - Melissa conseguiu me afastar dele, me puxando pela cintura - Não chora - e enxugou o meu rosto com as mãos - Você é um babaca, Eric! Usando de chantagem barata pra deixar a garota sem saída.
- Nívea, acho melhor você parar por hoje - Evandro me aconselhou - Terá outras ocasiões para experimentar todos aqueles drinks.
- Você também está defendendo ele?
- Eu não estou defendendo ninguém. Apenas quero que essa dr termine antes que sintam a nossa falta.
- Ótimo, eu vou voltar para a festa. Daqui a pouco vão cantar o Parabéns e além disso, vou continuar a beber tudo o que eu quiser. Ainda falta o Sex on The Beach do cardápio e vários outros para eu experimentar.
- Ní, não dificulta as coisas...
- Quem dificulta as coisas é ele que não conversa comigo sobre nada. Mas quando sou eu, tenho que contar tudo! Agora me dá licença, que eu tenho uma festa pra curtir! - E me aproximei dele, apontando o dedo na sua direção e sentindo o meu colo subir e descer com dificuldade - Se você abrir a boca mais uma vez para falar mal dos meus pais, eu cumpro o que eu te falei hoje: sumo com o Frederik. Eu e ele temos esse condomínio inteiro para ficarmos juntos!
E saí, empurrando o Eric para o lado, abrindo o caminho e a porta, dando de cara com um casal aos beijos pelo corredor.
- Nívea, volta aqui! - apesar do som alto, pude ouvir a sua voz querendo me dar ordens.
Segui em frente e feito mágica, Melissa surgiu ao meu lado.
- Ainda não consigo acreditar que você falou tudo aquilo na cara dele.
- Eu viro uma fera quando o assunto são os meus pais, Meli. Ele não tinha esse direito!
- Eu sei, amiga, eu sei. Tô é chocada com a sua coragem. Com certeza foi a bebida que te deixou assim, sem filtro.
- Seja o que for, eu defendo os meus pais de qualquer coisa ou pessoa.
A sala de estar transformada em pista de dança estava sendo preparada para a hora do Parabéns. Ao centro dela, duas mesas com dois bolos semelhantes aos do ano passado. Alguns convidados já se reuniam em volta para o momento esperado da festa e resolvi fazer o mesmo. Melissa me abraçou de lado, recostei a cabeca no seu ombro e ficamos as duas juntas como melhores amigas que sempre seríamos.
"Em poucos minutos vamos cantar o Parabéns, galera!" - A voz da DJ anunciou no microfone causando um alvoroço de vozes em forma de gritos e assobios dos convidados.
Apesar da euforia ao redor, um estalo de toda a discussão de momentos atrás dominou os meus pensamentos juntamente com a vontade de chorar de novo.
- Você acha que o Eric vai terminar comigo? - ergui a cabeça e olhei nos olhos verdes da minha amiga.
- Eu não sei, Ní. Ele estava furioso em te ver desse jeito.
- Acha que eu exagerei?
- Talvez. Um pouco.
Abracei apertado a minha amiga e comecei a chorar sem parar. Melissa me levou para um canto discreto da sala onde as luzes coloridas não alcançavam e deixava tudo mais escuro.
- Pois se ele não me quer mais, não tenho motivo para deixar de experimentar as outras bebidas.
- Nívea!
- É isso mesmo! Estou livre.
- Tá, não fala mais nisso, a gente canta Parabéns e pegamos uma fatia de bolo para comer.
- Com o Sex on The Beach!
- Tá bom, tá bom - e bufou - Como você quiser. Não sai daqui, eu lembrei que preciso voltar lá para fechar o quarto.
***
(Eric, poucos minutos atrás)
Aquela situação havia extrapolado todos os limites...
Ainda parado dentro do quarto da minha aluna, tomado pela fúria e sem nenhuma chance de me acalmar, jamais poderia imaginar que a Nívea iria me enfurecer daquela maneira durante a festa.
- Se a Nívea acha que eu não tenho coragem de acabar tudo essa noite, ela não me conhece!
- Exato, não te conhece mesmo - Luciana respondeu calmamente enquanto ajeitava a gola da minha blusa social - Afinal de contas, você se recusa a dividir seus assuntos e suas ideias com ela, certo?
- Foi criancice da parte dela! Eu não tenho nada para falar.
- Tem certeza que não?
Me mantive calado.
- Você precisa ficar calmo, Schneider.
- Só vou ficar calmo quando ela parar com essa estupidez de encher a cara!
- Eric, ela só tem dezessete anos! - Evandro interferiu - Sabemos que não é certo, mas é normal os jovens da idade dela tomarem um porre de vez em quando.
- Eu nunca precisei fazer isso para me divertir ou qualquer outra coisa que fosse! Odeio bebida alcoólica, sempre odiei e vou odiar pelo resto da vida!
E comecei a caminhar por aquele espaço, algo que sempre fazia quando estava tomado pela raiva ou desespero, sendo observado em silêncio pelos dois. Até Luciana quebrá-lo, cruzando os braços.
- Isso não é sobre o que a Nívea fez para te provocar...
- Você já teve problemas pessoais com o álcool, Eric? - Evandro questionou - É isso?
- E ela sem querer... quero dizer... ela sem saber, acionou esse gatilho em você.
Parei, sentindo o meu corpo tensionar e não conseguir disfarçar, apenas cerrando as minhas mãos em punho. Como se socar algo fosse a solução para o que estava acontecendo.
- Vocês dois que estão fazendo suposições! - afirmei virado de costas, sem coragem para encará-los.
- Está certo, você sempre foi disciplinado e quer que ela haja da mesma forma. - a minha chefe respondeu, aproximando-se de mim, colocando ambas as mãos nos meus ombros e me virando de frente para ela - Mas infelizmente eu tenho péssimas notícias sobre isso. Ela não vai agir. Vocês se amam mas não são iguais, entendeu?
- A Nívea vai ter que escolher, ou ela...
- Ela não vai escolher nada, Schneider! - o sermão dela ganhou força na sua voz - Quer terminar o namoro de vocês? Vá em frente, faça isso. Ela vai chorar, vai sofrer, mas vai passar e superar. E sabe o motivo? O motivo é o que o Evandro falou: Nívea é jovem. Bem mais jovem que você e principalmente, ela é linda de todas as formas e não vão faltar rapazes da idade dela querendo namorá-la. E o primeiro da lista sabemos muito bem quem é, está aqui nesta festa e não é a primeira vez que eu e você conversamos sobre isso!
Luciana, mais uma vez, conseguia me deixar sem argumentos. E por uma simples razão: ela estava certa. Como sempre.
- Vamos esperar a hora do Parabéns e depois irmos embora, ok?
- Eu não vou conseguir sair daqui sem saber se ela vai ficar bem...
- Nívea está com os pais, Eric. Não precisa se preocupar - Evandro também tentou me acalmar.
- Ah, ainda estão aqui - sem que eu esperasse, Melissa apareceu novamente na porta do quarto, erguendo uma pequena chave - Preciso trancar o quarto. A Natália emprestou pra gente a chave reserva e depois devolver pra ela.
- Cadê a Nívea? - perguntei.
- Foi pro open bar de novo - respondeu com uma calma irritante - Fez amizade com o Ivan.
- Ivan? - meu sangue borbulhou de raiva - Quem é Ivan?
- O barman que está preparando os drinks que ela pede. Os dois combinaram de irem embora juntos. Mas não se preocupe! - sorriu fechado de forma irônica, conseguindo me irritar ainda mais - Jacques e Helena permitiram.
Luciana não conseguiu segurar o riso ao ouvir todo aquele deboche.
- Só você pra conseguir me fazer rir, Melissa...
- É um escroto babaca com ela e quer que eu diga onde está. Vai à merda, Eric! Se quer que essa noite acabe bem, você não fala mais com a Nívea hoje!
- Eu fico com a chave - Evandro lhe estendeu a mão - Eu tranco o quarto e entrego para Natália.
- Tem certeza?
- Absoluta. Nós já vamos sair.
- Tá bom - ela lhe entregou a chave e saiu em seguida.
- Melissa, espera! Eu...
- Ei! - Luciana me impediu de ir atrás dela e me fez sentar na enorme cama daquele quarto - Você tem cinco minutos para se acalmar de uma vez por todas e voltar para o salão como um convidado agindo em plena normalidade, entendido?
Suspirei fundo, apoiei meus cotovelos nos joelhos e passei as mãos pelos meus cabelos, esfregando-os com força.
Cheguei à conclusão de que aquela situação entre eu e a Nívea estava longe de terminar.
***
Toda a alegria e animação do Parabéns Pra Você seguiu normalmente. Flashes dos fotógrafos, assobios, sorrisos...
Patrick claramente embriagado mas ainda assim, conseguiu ficar em pé ao lado da irmã e dos pais.
No entanto, eu estava bem longe dali. A tristeza pelo que aconteceu me dominou e por mais que a festa continuasse após aquele momento de celebração, ela já havia terminado para mim dentro daquele quarto.
- Você não pode mais chorar, Ní. Ou então alguém vai perceber. - Melissa pediu enquanto ajeitava alguns fios dos meus cabelos.
- Eu sei. Será que se eu pedir para irmos embora, meus pais vão aceitar?
- Poxa, logo agora que estão servindo o bolo?
Fiquei pensativa, sem conseguir tirar da cabeça o que havia acontecido.
- A gente come o bolo e depois falamos com os seus pais, tá bom?
- Tá bom.
- Uhul, tô indo buscar duas fatias pra gente - e ela saiu de perto, enquanto eu fui até alguma mesa para me sentar, onde abaixei a cabeça.
- Nívea? - ouvi aquela voz conhecida e a ergui novamente.
- Oi, Frederik. - ele sentou-se em uma das cadeiras.
- Você tá legal?
- Mais ou menos. Exagerei nos drinks - dei um meio sorriso.
- É, eu percebi. Se você não estiver bem, posso falar com os seus pais pra você e a Melissa ficarem lá em casa...
- Obrigada, fica pra uma próxima. Além disso, não trouxemos roupas.
- Volteeeiii! - a voz estridente da ruiva me deu uma leve pontada de dor de cabeça - Oi Frederik, peguei só duas fatias de bolo, uma pra mim e outra pra Ní - Sentou-se ao meu lado de novo, pondo os pratos na mesa - Não sabia que você estava aqui.
- Tudo bem, eu como depois - e continuou a me observar preocupado - Se você se sentir mal, fala comigo tá bom?
- Eu falo sim, obrigada.
E deixou a mesa onde estávamos, sem antes dar um beijo na minha testa.
- Não dá pra negar o quanto ele é fofo com você. - Melissa comentou em meio a uma garfada no bolo de chocolate com recheio que parecia ser de doce de leite. - Não vai comer o seu bolo?
- Acho que não, tô começando a ficar um pouco enjoada...
- Ih, meu Deus, é o efeito da bebida batendo! - ela me encarou, parando o garfo perto da boca, antes de comer mais uma fatia.
- Não sei.
Afastei aquele que seria o meu prato e deitei a cabeça na mesa mais uma vez.
- Tenta comer o seu bolo, você só comeu aquele prato francês que estavam servindo.
- Não quero.
- Então eu posso comer o seu pedaço?
- Pode. Termina de comer, vou falar com os meus pais.
Me levantei da mesa devagar, sentindo tudo rodar, mas não podia começar a passar mal ali no meio das pessoas e respirei o mais fundo que eu pude.
Fui até onde meus pais estavam sentados, porém não os encontrei. Andei por entre os convidados e eles estavam conversando com a única pessoa que eu não queria mais falar naquela noite.
De uma certa distância, Eric me encarou e o seu rosto fechou no mesmo instante. Me aproximei dos meus pais e dei um abraço na minha mãe pela cintura.
- Oi, meu anjo!
- Podemos ir pra casa?
- Exagerou, món chére.
- Acho que sim, papa.
- Vamos sim, meu amor. Está passando mal?
- Tô um pouco enjoada.
- Você vai ficar bem, Nívea. Quando chegar em casa, tome um banho bem gelado, deixando a água cair por longos minutos. Você vai dormir feito um anjo. - Luciana me aconselhou e piscou pra mim.
- Obrigada, vou fazer isso sim.
- Querem que eu leve vocês? - Evandro gentilmente ofereceu a carona - Eu falo com o Simon e o Willian, não vai ter nenhum problema com eles.
- De jeito nenhum - meu pai recusou - Vamos voltar de Uber. E avisamos quando chegarmos em casa.
- Mesmo assim, obrigada - minha mãe agradeceu.
Aquele par de olhos azuis estavam cravados em mim. Me apoiei na minha mãe pelo abraço, evitando encará-lo de volta. Não sabia dizer se o Eric ainda estava com raiva de mim, mas era certeza de que eu estava com raiva dele.
- Foi um prazer revê-los - meu pai se despediu dos três amigos junto da minha mãe e eu fiz o mesmo agindo de forma mais fria com o Eric.
- Até segunda-feira, professor.
- Até. E tente descansar.
Melissa a essa altura já havia terminado de comer e juntou-se a nós para se despedir dos donos da festa.
- Você está irreconhecível, Nívea - Gabriele falou enquanto nós despedíamos - Quantos drinks você bebeu?
- Não sei, perdi a conta.
- Felizmente, tudo o que aconteceu aqui ficará aqui - Willian fez questão de afirmar sobre a privacidade da festa - Já estão convidados para as próximas reuniões aqui em casa.
- Cadê o seu irmão, Gabi? - Melissa perguntou.
- Certeza de que voltou para o quarto com a escolhida dele da noite. Mas eu falo com ele que vocês já foram embora.
- Tá bom.
Terminamos de nos despedir e tudo o que eu mais queria era fazer exatamente o que a Luciana havia me falado: banho gelado e cama.
***
Eu só conseguia segurar a mão da minha mãe de um lado, e do outro, ela me apoiando pela cintura enquanto eu estava com o corpo curvado para a frente. Por sorte, meus cabelos estavam presos, embora não tão intactos como no início da festa.
Eu não sabia descrever o que estava saindo de mim em forma de vômito na beirada da calçada em frente ao nosso prédio.
- Ainda bem que você se segurou até chegarmos aqui. - ouvi a voz da Melissa enquanto eu não parava de vomitar - Se você sujasse o carro, o motorista ia ficar muito puto da vida.
- Vai ficar tudo bem, meu amor. Você só precisa soltar tudo.
- Eu não quero mais beber, mãe. Nunca mais! - E uma outra onda de enjoo surgiu, me fazendo vomitar de novo.
- Agora você já sabe o que é um bom porre - disse o meu pai.
Fiquei em pé, vendo tudo rodar e sem mais vontade de vomitar. Apenas com um gosto de azedo na boca.
- Vamos subir - pedi.
- Tem certeza, meu amor? Não vai mais vomitar?
- Acho que não.
Caminhei devagar pela portaria e o hall da entrada, onde esperamos o elevador.
Quando ele chegou ao térreo, fui a primeira a entrar e contei mentalmente cada segundo até chegarmos no nosso andar que era o último.
- Se cuida, Ní - Melissa me abraçou e me beijou no rosto, no corredor do nosso andar - Amanhã eu venho te ver - e se despediu também dos meus pais, indo para casa.
- Só quero a minha cama - foi o que eu falei no momento em que a porta abriu.
- Sim, depois de tirar toda essa maquiagem, tomar banho e escovar os dentes.
- Eu faço tudo isso amanhã, mãe. Por favor.
- De jeito nenhum! Esse rosto lindo vai ficar limpinho antes de dormir. Vem - me puxou pela mão e eu apenas a segui - Eu vou te ajudar.
- Sua mãe tem razão - meu pai beijou o topo da minha cabeça, depois o rosto da minha mãe e seguiu para o seu quarto.
Não sei dizer o tempo que levou entre a minha mãe limpar o meu rosto, meu corpo relaxar por inteiro em um banho frio, escovar os dentes e finalmente, eu me deitar na cama para dormir. O que eu sei é que eu ainda via tudo rodar e sentir um enjoo insuportável no estômago.
Como seria o meu dia seguinte após uma noite de bebedeira? Somente dormindo e acordando pela manhã eu iria saber.
***
Era como se um trem tivesse me atropelado...
Acordei sentindo uma dor de cabeça insuportável e, mesmo ainda deitada, na escuridão do quarto, parecia que meu crânio havia dobrado de tamanho. Me apoiando pelos cotovelos, fui me levantando devagar, colocando o edredom de lado e consegui ficar sentada na cama. Felizmente, a tontura da noite passada havia diminuído.
Olhei para o lado e vi o meu celular. Peguei o aparelho e quando cliquei na tela, o relógio marcava oito e quinze da manhã. Porém, não foi apenas isso que chamou a minha atenção e sim, a quantidade de chamadas perdidas desde mais cedo.
Continuei olhando para a tela. Quieta. E relembrando tudo o que havia acontecido na festa, começando a sentir raiva novamente de quem havia feito as chamadas naquela manhã. A mesma raiva no instante em que desbloqueei a tela e comecei a ler as mensagens.
Nívea, por favor, retorna as minhas ligações.
Eu só quero saber se vc chegou bem em casa.
Você dormiu bem? Passou mal?
A gente precisa conversar.
Conversar. Era a última coisa que eu queria depois do que ele teve coragem de dizer dos meus pais.
Pus meu celular de volta na cama, consegui me equilibrar ao ficar em pé e andando um pouco em forma de zigue-zague até a sala, onde meus pais já estavam sentados no sofá assistindo televisão.
- Bom dia. Bonjour, papa.
- Bom dia, meu amor. - minha mãe veio até mim e me deu um beijo - Dormiu bem? Achamos melhor não te acordar.
- Dormi, mas agora parece que a minha cabeça vai explodir.
- Não é para menos - meu pai me observava por cima dos seus óculos, de braços cruzados - Foi a primeira e tenho certeza de que será a última experiência.
- Não quero nunca mais beber uma gota de álcool na vida. Nunca mais! - e abracei apertado a minha mãe sentindo o seu doce perfume na regata cinza que ela usava.
- Também não é para tanto, meu anjo. Você foi além do seu limite mas a única taça de vinho branco no Natal e o champagne no Ano-novo não irão te fazer mal.
- Também não quero! - falei e eles riram.
- Deixei a mesa do café da manhã ainda posta para você comer alguma coisa.
- Eu vou vomitar de novo se eu comer, mãe.
- Uma fruta e um iogurte são inofensivos. Vem - e fomos juntas para a mesa, onde eu sentei no seu colo exatamente como eu fazia com ela quando era criança.
Enquanto eu comia apenas uma maçã junto de uma caneca de iogurte de frutas, senti todo o seu carinho em forma de beijos no rosto e sua mão acariciando a minha coluna.
- Eu só quero ficar deitada o dia todo...
- Vou pegar um remédio pra dor de cabeça na minha bolsa e você toma, tá bom?
- Tá bom.
Terminei de comer, voltei para o quarto e desliguei o meu aparelho. Minha mãe veio com um copo d'água e um comprimido e tomei em goles rápidos.
- Mãe, eu desliguei o celular. Não quero falar com ninguém hoje.
- Tudo bem. - ela me observava com ternura e acariciava o meu rosto - Se a Melissa me enviar alguma mensagem, eu explico à ela.
- Faz isso, por favor.
- Agora, descansa.
Me deitei novamente, implorando a Deus para o que o remédio fizesse efeito imediatamente e que aquela dor de cabeça horrorosa passasse de uma vez por todas.
***
Não quis almoçar e minha mãe não insistiu, me deixando ficar na cama.
Já passava das quatro da tarde quando comecei a me sentir um pouco melhor. O remédio funcionou e a dor de cabeça havia desaparecido de vez. Com isso, me permiti voltar para a sala e ver um pouco de TV, sintonizando em algum filme no streaming.
A casa estava em silêncio. Meus pais deveriam ter saído para algum lugar e continuaram a me deixar no quarto. E ficaram surpresos quando chegaram ao me encontrarem deitada na sala.
- Oi, meu amor! - Tanto ela quanto meu pai sentaram-se do meu lado - Como você está?
- Acho que agora estou bem. Onde vocês foram?
- Até o posto de gasolina da esquina - meu pai respondeu - Compramos alguns lanches para a tarde.
- Compramos sucos e sanduíches naturais. Vai querer comer? - minha mãe foi para a cozinha, levando a sacola e colocando tudo na mesa.
- Não sei, melhor não.
- Você não almoçou, món chére. Não pode ficar de estômago vazio.
- Se tiver sanduíche de atum, então eu como.
- Tem gente preocupada com você. - meu pai comentou.
- A Melissa falou com a minha mãe querendo saber de mim?
- Não apenas ela - minha mãe voltou para a sala - O Frederik e a Luciana também.
- A Luciana? - perguntei surpresa.
- Sim, ela queria saber como você passou o dia. E falei para os três a mesma coisa: que você teve dor de cabeça, ficou deitada o dia todo e que não queria falar com ninguém.
- Obrigada.
- O Frederik me perguntou se você iria à aula amanhã e eu disse que sim.
- Eu não posso faltar?
- De jeito nenhum - ela voltou a se sentar, me abraçando por trás, apoiando o queixo no meu ombro - Amanhã você estará nova em folha, tenho certeza.
- Por que você não envia uma mensagem para o Frederik? - meu pai pediu. - Ele parecia bem preocupado.
- Amanhã eu falo com ele, papa. Depois de ter falado com a minha mãe, ele deve estar mais tranquilo.
- Sim, meu amor. Ele disse o mesmo que você.
- Vou ajeitar o meu uniforme para amanhã. Daqui a pouco eu volto para comer com vocês.
Era a desculpa que eu precisava para voltar pro quarto e ligar o meu celular. Eram mais mensagens e chamadas perdidas do que eu imaginava. Quase todas dele naquele horário da tarde. Mensagens da Melissa, do Frederik e um áudio curto da Luciana também. Escolhi apenas por ouvir o áudio enviado por ela.
▶️
Oi Nívea, como você passou o dia? Está tudo bem?
Liguei para ela, indo para a varanda e após uns dois toques, ouvi sua voz.
- Oi minha querida, que bom que você ligou. Está melhor?
- Tô, sim. Obrigada.
- Que bom.
- Foi o Eric que pediu pra você falar comigo, não foi? Ele tá aí do seu lado?
- Foi sim e não, ele não tá aqui. Ele tá tentando falar com você o dia todo. Sua mãe conversou comigo. Você desligou o celular.
- Luciana, eu não quero falar com o Eric. Ele ofende os meus pais e acha que eu vou ficar quieta? - falei bastante irritada.
- Eu sei, você tá certa e eu te entendo. Mas você sabe que em algum momento vocês dois vão precisar conversar, não sabe?
- Eu vou pensar se vou me encontrar com ele amanhã, depois que o Evandro me deixar em casa. Pode falar. E fala também pra ele me ignorar durante a aula pois eu vou fazer o mesmo. Eu só não vou faltar amanhã porque meus pais não deixaram.
- Entendi. Eu vou falar com ele.
- Desculpa se eu tô sendo grosseira, mas eu ainda tô com muita raiva.
- Imagina. Se cuida, tá?
- Tá bom. Um beijo.
- Outro pra você.
E desligamos.
***
Eric havia entendido o recado.
A aula de Literatura Francesa seguiu normalmente e eu me limitei apenas a ouvir a mais uma parte da análise do livro, mantendo meus olhos nas páginas dos trechos analisados. Fiz anotações, sublinhei partes interessantes... Tudo isso não o encarando em momento algum.
- Nossa próxima aula será a última antes da semana de provas - ele anunciou antes do sinal tocar - Será a chance que vocês terão para tirar todas as dúvidas do conteúdo do bimestre.
Todos começaram a arrumar o material em suas mochilas e eu fiz o mesmo com a diferença de que fui a primeira a ficar em pé, colocando tudo rapidamente sem continuar a cruzar o meu olhar com o dele.
Quando o sinal tocou, eu já estava devidamente pronta com a mochila nas costas e fui a primeira a sair de sala.
- Nívea, espera a gente! - ouvi a Gabriele me chamar mas a ignorei. Consegui descer as escadas rapidamente e escapar do tumulto de alunos pelos corredores na hora da saída.
Olhei para os lados e vi o Evandro ao lado da porta do carro do motorista, sempre atento à movimentação, um pouco mais acima da frente do colégio.
Ficou surpreso ao me ver sem a companhia dos meus amigos.
- O que houve, Nívea? Por que veio sozinha?
- Depois do sábado não sabe mesmo o que houve? Quanto menos eu dividir o mesmo espaço com o Eric, melhor pra mim.
- Claro... A aula de hoje então foi uma tortura.
- Foi.
- Ô, Nívea! - olhei para trás quando ouvi a voz da Gabriele mais uma vez, ao lado do irmão e do Frederik - Você saiu da sala feito um raio. Tá tudo bem?
- Tá sim, só quis ser a primeira a sair da sala pra fugir do empurra-empurra.
- Você hoje estava mais quieta do que o normal na aula de Literatura ... - Frederik observou.
- Ainda tá de ressaca, aposto!
- Não Patrick, não é isso. Só queria sair logo, mais nada.
- Bom, então vamos. - Evandro pediu e entramos todos no carro.
Cheguei em casa e fiz tudo o que sempre fazia quando entrava no quarto. Tirei meus sapatos, pus minha mochila na poltrona e ao invés de seguir para o banho, coloquei um par de chinelos. Pensei bastante e sabia que tinha que fazer o que precisava fazer. Não olhei o meu celular pois não era necessário porque eu sabia que ele estava me esperando na esquina. Não adiantava de nada adiar aquela conversa.
O que me deixou surpresa foi uma ligação do meu pai quando eu estava no corredor em direção ao elevador.
- Oi, papa! - parei para atendê-lo.
- Mon chère!
- Tá tudo bem?
- Tá sim, eu e sua mãe vamos até o shopping. Estou indo agora buscá-la no trabalho.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não filha, nada grave, apenas vamos chegar um pouquinho mais tarde em casa. Mas vamos jantar os três juntos.
- Tudo bem, sem problemas.
- Como foi a aula hoje?
- Normal como sempre.
- Que bom. Liguei pra você não ficar preocupada.
- Tranquilo pra mim.
- Está certo, então. Nos vemos mais tarde em casa.
- Um beijo.
- Outro.
Senti um certo alívio pois eu não saberia como iria ser a conversa que eu e o Eric teríamos. No entanto, o tempo dela foi algo que virou a nosso favor.
***
Fui até ele sem pressa. Porém, atenta como sempre, observando se estava sendo seguida. Era um hábito que passei a ter desde os nossos primeiros encontros.
Ao chegar no seu carro, abri a porta traseira no lado da calçada e ele estava lá, me esperando. Lindo, irritantemente lindo. Mesmo assim, eu fechei a cara e cruzei os braços querendo mostrar pra ele que eu estava furiosa com o que aconteceu.
- Como você está?
- Eu passei mal quando chegamos em casa no sábado e vomitei na calçada.
- Nívea...
- Depois, eu consegui subir sem vontade de vomitar de novo e fiz o que a Luciana falou. Tomei um banho gelado, minha mãe me ajudou a me limpar e fui dormir. Aí ontem, eu tive dor de cabeça, consegui tomar café da manhã, tomei remédio e fiquei deitada o dia todo. Só lanchei na parte da tarde, sem almoçar.
- Que bom. Não sente mais nada?
- Não. Satisfeito? Foi isso.
- Eu fico aliviado.... - ele tentou acariciar o meu rosto mas eu não deixei.
- Tira a mão de mim!
- Nívea, me escuta...
- Não. Entendeu o que eu fiz agora? Eu te contei exatamente tudo o que aconteceu. Como eu sempre faço. Diferente de você. Que não divide nada comigo.
- Eu sei, mas olha...
- E tem mais: se eu fiz o que eu fiz foi para te provocar, sim. Estou admitindo pra você. Sem segredos ou mentiras. Vai fazer o mesmo?
- Eu faço. Levei a Luciana para a festa de propósito, sim. Eu quis aproximá-la do Evandro.
- Foi simples, não foi?
- Quanto menos pessoas soubessem, melhor.
- E isso inclui a mim? - Continuei de braços cruzados, olhando na direção da janela - Além de namorada, não posso ser sua confidente?
- Claro que pode.
- Não é o que tá parecendo. E o pior de tudo foi você ter ofendido os meus pais, Eric. - respirei e não consegui conter as lágrimas.
- Olha pra mim - de forma lenta, ele virou o meu rosto, segurando pelo queixo - Não chora...
- Se você não aceita, não gosta do jeito como os meus pais me tratam, é melhor você falar agora de uma vez. Você não gosta deles, é isso? Nunca gostou, não é? Porque se for, acabou entre nós dois e não vai ter volta!
- Não, não é isso, meu amor. - ele se aproximou de mim - Eu perdi a cabeça quando disse aquilo.
- Você sempre perde! - esbravejei, secando as minhas lágrimas - E eu burra, te perdoo.
- Eu fiquei desesperado quando te vi bebendo descontrolada. - e segurou o meu rosto com as mãos, me forçando a olhar nos seus olhos - Promete pra mim que não vai mais fazer o que você fez? Que não vai mais beber daquele jeito?
- Eric, fica calmo. Também não é para tanto...
- Por favor, Nívea! - ele implorava, seu rosto e voz estavam tensos e as mãos me seguravam com força mas sem me machucar - Promete pra mim!
O rosto, os olhos... Todos os gestos mostravam o quanto ele estava tomado pela angústia.
- Prometo.
Foi o que eu consegui responder.
E ele, voltou à sua expressão de alívio, sorrindo curto, me abraçando e recostando o meu rosto no seu peitoral, onde eu senti um beijo no topo da minha cabeça e sua mão acariciar o meu rosto. Seu coração batia acelerado e ficamos abraçamos por alguns minutos até o momento em que eu percebi que ele estava mais calmo.
- Se você me prometer também que não vai mais desrespeitar os meus pais.
- Prometo. Eu não falo mais nada.
Correspondi ao seu abraço e trocamos um beijo. Que não possuía tensão. Apenas paixão, línguas brincando uma com a outra... Que começou a deixar a minha calcinha molhada.
Envolvi o seu pescoço com os braços e imediatamente, Eric me colocou no seu colo, sentada de lado, sendo abraçada pela cintura e mais beijos continuaram entre nós.
Beijos na boca, no meu rosto, chupões no meu pescoço... Até a sua mão ligeira surgir por entre as minhas pernas.
- Eric, espera! - segurei o seu pulso, antes dele continuar.
- O que foi? - ele sussurrou no meu ouvido, beijando meu pescoço - Prometo também não rasgar a sua calcinha.
- Eu preciso voltar pra casa...
- Por que tão rápido?
- E quero te falar que não vou me encontrar com você no sábado.
- Ah não, ma petite! - me deu um selinho apertado - Sábado que vem é véspera do dia dos namorados.
- Ah, é?
- Você esqueceu?
- A única coisa que eu tô acompanhando é a semana de provas que foi antecipada. Por isso que eu quero te pedir isso. Pra gente se encontrar depois que as provas terminarem. - e desviei o olhar pra baixo, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Isso tá te preocupando tanto assim?
- Muito. Quanto mais os dias se aproximam, mais preocupada eu fico.
- Eu não queria deixar a data passar em branco. Até pensei em cozinhar alguma coisa, fazer um jantar a dois.
- É mesmo? - arqueei uma das sobrancelhas - Você cozinhando?
- Tá duvidando? Não ia ser nada sofisticado, apenas especial.
Aquele gesto me quebrou completamente. Eu estava tão mergulhada nos estudos que não lembrava da data e muito menos que o Eric estava planejando algo para aquela noite.
- Vamos fazer o seguinte - ele sugeriu - Eu e você passamos este sábado juntos e no outro você fica em casa. A semana das provas vai começar na segunda-feira seguinte.
- É melhor. - sorri - Mas você vai preparar o quê no jantar?
- Bom, aí já é surpresa.
- Ah, assim não vale! Tá escondendo de mim de novo.
- Estou apenas adiando o que eu vou te mostrar, é diferente.
- Aham, sei...
- Agora eu quero te pedir uma coisa.
- O quê?
- Abre essas pernas e me deixa foder essa boceta! - sussurrou mais uma vez no meu ouvido - Meu pau tá dolorido dentro da calça.
- Só se for igual no dia em que você me sequestrou no bloco do Carnaval do ano passado.
E tirei a calcinha com a saia do uniforme, ficando de quatro, enquanto o Eric empurrava para frente os assentos do motorista e do carona ganhando assim um pouco mais de espaço.
Ouvi seu zíper ser aberto, senti a ponta do seu membro acariciar devagar a minha entrada e precisei agarrar o estofado para tentar controlar o tesão que ardia gostoso e pulsava até por dentro das coxas.
- Eric... - dei um gemido, chamando pelo nome dele, mordendo o lábio em seguida.
- Não goza! Quero deixar essa boceta mais molhadinha do que já está.
- Por favor...
Por cima de mim, um dos seus braços me envolveu pela cintura e a outra mão ajeitava todo aquele tamanho se enfiando dentro de mim, me fazendo empinar mais a minha bunda pronto para recebê-lo.
- Isso... - comecei a rebolar com os seus quadris grudados em mim, as mãos firmes dele por dentro das minhas coxas e nossos rostos colados ouvindo apenas o que eu não sabia dizer se eram os meus gemidos ou os dele.
- Toda molhadinha pra mim...
- É tão gostoso...
- Muito - e beijou o meu rosto - E você ainda é mais gostosa...
Aquela voz sussurrando me fez perder o controle e comecei a rebolar mais rápido querendo que acontecesse o mesmo com ele.
- Nívea... Caralho... - as mãos foram parar na minha cintura e as estocadas ficaram mais velozes com o som da sua cintura batendo na minha bunda - Droga!
Não parei de rebolar até o momento em que senti todo o gozo quente dentro de mim. E continuei quando percebi que escorria pelas minhas coxas.
Desabei exausta pelo estofado e sorri pois havia alcançado o que eu queria: fiz o Eric gozar primeiro que eu.
- Você não devia ter feito isso... - por cima de mim, ele grudou sua boca no meu ouvido.
- Isso o quê? - me fingi de sonsa.
- Você sabe do que eu tô falando - sua respiração estava tão ofegante quanto a minha - Eu conheço cada detalhe do seu corpinho.
- Conhece...
- Então, vira pra mim e abre essas pernas agora!
- Mon prince, se eu não gozei, tá tudo bem...
- Não está, não! - ele saiu de dentro de mim e eu me virei de frente apenas usando a blusa do colégio - Eu tenho certeza de que essa boceta é minha cada vez que eu te faço gozar - seu olhar hipnotizado não desgrudou do meio das minhas coxas, ainda meladas.
Com uma das mãos, Eric colocou a ponta rosada do seu membro ainda duro na minha boceta e começou a deslizar devagar me fazendo contorcer por inteira. Meu ponto sensível começou a inchar e endurecer fazendo cada canto da minha pele se arrepiar.
Tesão, adrenalina, o perigo de sermos flagrados em plena rua... Tudo isso se misturava às reações do meu corpo que pertencia àquele homem. Porém, era a certeza do amor dos nossos corpos que sempre falava mais alto no instante em que fui dominada novamente ao senti-lo dentro de mim.
Suas mãos pegaram nas minhas coxas, as envolveram na sua cintura e nos abraçamos querendo nos tornar apenas um.
- Eric... Meu amor... - ele continuou a estocar novamente de forma bruta e gostosa, do jeito que eu amava.
- Não vou parar até você gozar pra mim.
Nos deitamos juntos no assento do carro e nossos lábios imploraram um pelo outro sem pressa. No meu pensamento e principalmente, no meu coração, não havia espaço para que o sentimento de curiosidade pudesse ser despertado em mim. Curiosidade em saber como seria outro homem ou rapaz da minha idade me beijando. Os beijos do Eric eram únicos. Intensos. Apaixonados. E somente meus.
Toda essa intensidade despertou no meu corpo o que o Eric mais queria, um sorriso naquele rosto perfeito formou-se na minha bochecha e me agarrei nele com toda força que consegui.
- Goza bem gostoso.... - contorci os meus pés em volta da cintura dele e entreguei o meu corpo ao orgasmo que ele tanto queria de mim - Isso... Meu pau é todo seu...
Era sempre mágico. Algo inexplicável a sensação do prazer total. E principalmente com todo o sentimento de amor envolvido.
Grudamos nossos lábios em um beijo apertado, ainda me recuperando aos poucos do que acabara de acontecer. E nossa troca de olhares por longos minutos dizia tudo.
- Je t'aime. Et je t'aimerai pour toujours.
- Je t'aimerai aussi pour toujours.
Continua...
Nota da autora:
Pois é galera, capítulo mais curto que os demais habituais. Lamento por isso. Porém, eu precisava fechar esse pós festa para dar sequência aos próximos acontecimentos de fim de semestre que parece que não acaba nunca hahahaha.
Daqui pra frente, entraremos na reta final do mês de junho e tentarei entregar para vocês, fortes emoções. Em um capítulo? Dois? Não sei, vai depender das ideias que surgirem na cabeça doida dessa escritora aqui conforme ela for escrevendo hahaha
Novamente, agradeço a vocês por continuarem aqui comigo.
Um grande beijo em todos.
Je t'aime. Et je t'aimerai pour toujours.
(Eu te amo. E te amarei para sempre.)
Je t'aimerai aussi pour toujours.
(Eu também te amarei para sempre.)
Contato:
Email:
a_escritora@outlook.com
Instagram:
/aescritora_