Meu corpo gritava em silêncio. Cada músculo grudava nos ossos, pesado como se estivesse encharcado. Há duas horas tentava acalmar o bebê, alternando entre amamentação e colo, nesse ritual noturno interminável. Quando o silêncio finalmente veio, deslizei na cama como um trapo - seios doloridos, mente em pedaços.
A mão que tocou minhas pernas me fez estremecer. Não era surpresa - era um gesto esperado, quase rotineiro -, mas a profunda inadequação que percorreu meu corpo exausto foi mais forte.
"Pam..." - o sussurro dele vinha carregado de uma necessidade que eu, naquele momento, não conseguia antender.
Prendi a respiração. O quarto girava lentamente. Meu corpo, território tão recentemente ocupado pela gravidez e agora dedicado à amamentação, sentia-se invadido de novo. Não por desejo, mas por expectativa.
Meus olhos queimavam de cansaço quando me virei. Ele estava ali, com o pau duro pra fora, segurando-o e balançando impaciente com a urgência de quem esperou o dia todo.
— Anda, Pam... Só ma chupadinha… vai ser rapidinho — disse ele, num tom que soava mais a ordem que a pergunta.
Quando ele me guiou para baixo pelos cabelos, obedeci com a docilidade de quem já perdeu a batalha antes mesmo de começar. Coloquei aquela piroka na boca e comecei um movimento de vai e vem mecânico, desconectado. O gosto salgado não era de prazer, mas de rendição. Apertava os dedos no lençol enquanto tentava sincronizar meus movimentos à respiração dele.
Fernando apertava meus seios por cima do camisola, e logo puxou um para fora da roupa. Com uma mão apertava meu peito dolorido como se fosse um brinquedo, enquanto com a outra segurava minha cabeça, ditando o ritmo da minha boca molhada tansformando a minha cabeça em um brinquedo sexual.
— Chupa direito, safada! — ele ordenou.
Emiti um gemido abafado e brava, sem interromper a mamada.
— Que boquinha gostosa — ele murmurou.
Revirei os olhos com desprezo enquanto sugava a cabecinha do pau. Quando o pau dele escapou da minha boca por um instante, Fernando rapidamente o enfiou na minha boca novamente, recomeçando o boquete.
— Eu sei que você tá gostando, cachorra — ele insistiu.
Fiz uma careta de nojo com o pinto da boca.
Enquanto pagava aquele boquete, me sentia dividida: uma parte de mim observava de longe, mentalmente revisando a lista de tarefas do dia seguinte; a outra parte simplesmente sucumbia à resignação.
A desconexão era quase física. Aquele cheiro de pika, a rola macia nos meus lábios, as mãos do meu marido apertando meus peitos doloridos enquanto a outra empurrava minha cabeça - tudo parecia distante. Meus pensamentos vagavam para o berço, para a fralda que precisaria ser trocada ao amanhecer, para a reunião importante às oito horas. Voltei à realidade quando engasguei, quase me afogando com a rola entalada na garganta.
*Esse filho da puta não goza*, pensei, enquanto recuperava o fôlego.
Decidida a terminar logo, me ajeitei na cama e intensifiquei o movimento, acelerando o ritmo.
Ele segurou minha cabeça com as duas mãos, tremendo e gemendo alto.
— Ahhh, vagabunda! — ele gritou, enquanto gozava na minha boca.
Contei mentalmente os segundos, como quem espera o fim de um procedimento necessário. Quando tudo terminou, ele suspirou aliviado, acariciando meu cabelo.
"Obrigado, amor."
Não respondi. Levantei e fui ao banheiro, cuspindo na pia com uma urgência que beirava o desespero. Meu reflexo no espelho mostrava uma mulher cujos olhos pareciam pertencer a outra pessoa. O cansaço agora vinha acompanhado de uma amargura que subia pela minha garganta.
Ao voltar para a cama, ele já roncava suavemente. Deitei de costas, olhando o vulto do berço na penumbra. A solidão que senti naquele momento era mais profunda que qualquer esgotamento físico. Meu corpo havia se tornado uma paisagem de obrigações, e eu começava a me perder nele.