Coração Perdido - Parte 6

Um conto erótico de Emilinha (Por Mark da Nanda)
Categoria: Heterossexual
Contém 3313 palavras
Data: 19/08/2025 18:51:50

Leonardo se mostrava respeitoso e solícito, nunca avançando meio centímetro na minha direção sem uma justificativa boa e inocente, tanto que foi ele que levou mamãe à rodoviária quando ela decidiu voltar para Passa-Vinte. Mamãe foi embora no 10º dia, achando que tudo estava sob controle. Mas foi ela entrar no coletivo que Leonardo atrás de mim, já cochichou:

- Enfim, sós...

Aquilo me deu um calafrio e quase pulei na frente do ônibus para ir embora junto. Só que um outro lado meu, um que eu não sabia se dominava, se apossou de meu corpo e apenas fez o impensável. Virou o rosto na direção dele e sorriu, um sorriso estranho, malicioso, que não era meu, ou talvez fosse e eu só o estivesse descobrindo agora.

[CONTINUANDO]

Por dias aquela aproximação do Leonardo não se concretizou, o que me deixou confusa. Ele me queria de verdade, ou era eu apenas um joguete em suas mãos? Entretanto, tudo mudou. Na terceira noite, ele surgiu sem ser chamado, mas sabe que é esperado. Eu estava na cozinha, lavando a louça do jantar, quando ouvi um suspiro rouco em meu cangote ao mesmo tempo em que eu era prensada na pia da cozinha. Um arrepio percorreu todo o meu corpo, molhando-me rapidamente quando senti que algo duro se esfregava em minha bunda e começo das costas. Meu coração disparou, comecei a respirar mais rapidamente e o prato que segurava quase escorregou das mãos. Eu não precisava me virar para saber quem era. Tia Valdete, que lia um periódico na sala, parecendo pressentir o desastre, fez um barulho qualquer o que o afastou de mim de imediato. Logo, ela surgiu na porta da cozinha, o rosto endurecido:

- Está tudo bem aí, Emilinha?

Balancei a cabeça afirmativamente e a olhei. Nesse momento, vi que Leonardo não estava mais ali, apenas nós duas e uma grande dúvida:

- Pensei ter ouvido um barulho... diferente. – Insistiu tia Valdete.

Antes que eu respondesse, Leonardo surgiu na porta da cozinha e vi que ele não era homem de esperar permissão. Veio com um sorriso torto, como se a casa fosse sua, e na verdade era. Seus olhos, que outrora me encantavam, agora me faziam estremecer, como se guardassem segredos que eu preferia não saber:

- Boa noite, mãe. - Disse ele, beijando o rosto de tia Valdete com uma deferência ensaiada: - Emilinha, que saudade...

Ele veio na minha direção e me deu um beijo na bochecha, respeitosamente falso. Eu baixei os olhos, as mãos ainda molhadas de sabão, e murmurei um “Boa noite” que saiu muito mal. Tia Valdete, com um tom que não admitia réplica, apontou para o sofá:

- Vem comigo, menino. A gente precisa conversar.

Ele me deu um sorriso e uma piscadinha e segui tia Valdete até a sala. De onde eu estava, conseguia ouvir a conversa bem clara entre eles:

- Senta, Leonardo. – Um breve silêncio e ela prosseguiu: - Já te aviso: nada de graça. A Emilinha tá aqui pra estudar, pra trabalhar. Não sei exatamente o que anda acontecendo, mas não quero que você desencaminhe a menina.

- Menina!?

- Sim, ela tem só tamanho. É uma menina num corpo de mulher. E não é pro teu bico.

- Credo, mãe! Do jeito que a senhora fala, parece que eu sou um marginal.

- Não! Não é... Mas também não é santo! Deixa a menina em paz. Ela está aqui para trilhar um futuro melhor e não vai ser caindo na sua ladainha que irá conseguir.

Ele riu, um riso seco que ecoava como trovão distante, como quem brinca de nadar no alto mar em meio a uma tempestade:

- Relaxa, mãe. Eu sei disso. Só acabei de chegar da faculdade e fui dar boa noite para ela. – E gritou, falando comigo, como se eu estivesse na sala: - Não é, Emilinha?

- Oi!? – Fingi não ter ouvido.

- Eu não tenho te respeitado como se deve fazer com moça direita? – Ele insistiu.

- Ah! É... tem... Tem sim, tia!

- Sei... Estou de olho em vocês, hein? Principalmente em você, mocinho.

O colar parecia queimar contra minha pele e eu me odiava por ainda sentir um... Sei lá o quê quando ouvia a voz dele. Tia Valdete, não sei se percebendo a tensão ou não, deu por encerrada a conversa na sala e veio se sentar à mesa, falando sobre o jantar. Leonardo não veio de imediato, mas pouco depois chegou, encostando-se no batente. O danado não tirava os olhos de mim, como um predador que espera o momento certo.

Naquela noite, após ele sair para a faculdade, tia Valdete me chamou para a sala. Seus olhos, agora mais cansados, pareciam buscar algo em mim:

- Emilinha, tu tá com medo dele, não é? - Perguntou ela, a voz suave, mas firme.

Eu hesitei, sentindo as palavras travarem na garganta:

- Não é bem medo, tia... É que... ele me faz sentir coisas que eu... Eu não sei. Eu namorava, gostava... Não, não! Eu amava o Paulinho. Eu... não sei. Estou confusa...

Ela suspirou, passando a mão pelo lenço que cobria os cabelos ralos:

- Eu sei como é, menina. O Leonardo tem o mesmo jeito do finado pai, de envolver, de fazer a gente querer agradar ele. Mas tu precisa ser forte. Ele não é dono de ti, nunca foi. E, se ele tentar qualquer coisa, tu me conta. Promete?

- Prometo, tia. - Respondi, embora soubesse que promessas eram frágeis diante do charme de Leonardo.

A vida noturna de Belo Horizonte era uma coisa que parecia ter vida própria. Parecia que ela mesma começou a me chamar na semana seguinte, como um canto de sereia que promete prazer, mas esconde o abismo. Leonardo, apesar das advertências de tia Valdete, sempre dava um jeito de estar onde eu estava, com pretextos que variavam de “passar pra tomar um cafezinho” a “levar um presente pra mãezinha”. Um dia, ele trouxe um presente para mim, um vestido, vermelho e justo, e uma botinha de salto, algo que eu nunca usaria em Passa-Vinte, primeiro por ele ser escandaloso, segundo porque eu afundaria ela nas estradas de terra. Insistiu porque insistiu que eu experimentasse:

- Vai, Emilinha, veste aí. Não vai me fazer essa desfeita, né? - Disse ele, com aquele sorriso que misturava charme e sedução: - Você tá na cidade grande agora. Precisa se misturar, vestir o que as moças vestem.

Eu hesitei, mas tia Valdete, que estava na sala, apenas suspirou, como se soubesse que lutar contra Leonardo era como lutar contra o vento, ou talvez porque ele tivesse uma certa razão e eu não poderia continuar vivendo de vestido de chita para sempre. Fui ao quarto, vesti o vestido, calcei a botinha e quando voltei, os olhos dele brilharam, como se vissem não a Emilinha, mas uma versão dela que ele mesmo criara:

- Tá vendo? - Disse ele, aproximando-se, o hálito quente de cigarro e algo mais: - Você é outra mulher com esse vestido. Uma mulher que pode ter tudo. Tô certo ou não, mãe?

Tia Valdete veio até onde eu estava e sorriu, parecendo também ter ficado satisfeita. Só parecendo...

- Dá pra melhorar. Vem comigo, querida.

Eu a segui e ela me emprestou dois brincos lindos, brilhantes, coisa de gente grã fina mesmo. Coloquei os brincos e ela me passou um batom, num tom vermelho opaco, meio terroso e um lápis nos olhos. Quando me olhei no espelho, vi uma pessoa que não era eu, mas que, de certa forma, me agradava. Ainda assim eu corei, sentindo o tecido apertado contra o corpo, como se ele me expusesse mais do que cobria. Tia Valdete, percebendo meu desconforto, interveio:

- Pode tirar, querida, mas guarde-o para algum dia.

- Pô, mãe. Qualé!? – Resmungou Leonardo, encostado ao batente da porta do seu quarto.

- Chega, Leonardo. Deixa a menina em paz. Ela não precisa de vestido pra ser alguém. – Ela retrucou: - E esse também não é um vestido de dia a dia. Melhor guardar antes que amasse.

Ele riu e recuou, como quem sabe que pode esperar. E assim o jogo complicava...

Leonardo continuava aparecendo mais que sumindo. Sempre trazia um presente para sua mãe e algum mimo para mim, além de olhares, com promessas que me faziam sentir pequena e desejada ao mesmo tempo.

Com um certo esforço ele convenceu tia Valdete e passou a me levar para passear, primeiro, durante o dia, para lugares simples, como a Praça da Liberdade, onde tomávamos sorvete sob as luzes dos postes. Mas, aos poucos, os passeios mudaram. Ele começou a me levar para bares na Savassi à tarde e não tardou nada para me levar a boates à noite onde a música era tão alta que entorpecia os pensamentos, enfim, lugares onde o ar cheirava a perfume caro, suor e algo que eu não sabia nomear.

Numa dessas noites, num lugar chamado “Eclipse”, com luzes que piscavam em vermelho e azul, Leonardo me puxou para dançar. A música pulsava, como um coração descompassado, e ele me segurava com firmeza, as mãos na minha cintura, o corpo colado ao meu. Eu sentia o calor dele, o peso do seu olhar, e uma parte de mim, a Emilinha que queria ser mais, se deixava levar. Mas outra parte, a moça de Passa-Vinte, gritava para que eu lembrasse de Paulinho e fugisse, ou fosse procurá-lo enquanto ainda era tempo. Leonardo parecia ler a minha mente:

- Relaxa, Emilinha... - Sussurrou ele no meu ouvido, enquanto a música nos engolia: - Você tá bem acompanhada agora. Só confia em mim.

Eu não respondi, mas meu corpo, traiçoeiro, obedecia. Ele me levou para um canto mais escuro da boate, onde as luzes mal chegavam, e me beijou com uma força que não pedia permissão. Suas mãos desceram pelo meu corpo, levantando a saia que ele mesmo me dera, e eu, paralisada entre o medo e um desejo que não entendia, deixei:

- Você quer isso, eu sei... – Ele sussurrou em meu ouvido antes de beijar o meu pescoço.

Seus dedos exploravam áreas nunca dantes exploradas, onde não deviam na verdade, e eu, tola, não sabia se queria ou se apenas temia dizer não.

Naquela noite, voltamos para o apartamento de tia Valdete, que já dormia, exausta pela doença que a consumia. Leonardo, mesmo contra a minha vontade, ou talvez sabendo que eu quisesse mesmo antes de mim mesma, me levou para o quarto dele, a porta fechada com um clique que ecoava como uma sentença:

- Você é minha, Emilinha. - Disse ele, enquanto tirava meu vestido, seus olhos brilhando com uma fome que me assustava.

Vocês podem até não acreditar, mas eu não queria. Sério! Eu disse não, tentei empurrá-lo, mas meu corpo, aquecido por uma bebida que tomei antes, aliás, várias, e pelo calor da boate, parecia não me obedecer mais. Ele me deitou na cama, suas mãos firmes, seus movimentos urgentes, como se quisesse marcar em mim sua posse. Cada toque era uma afirmação de poder, cada gemido meu, antes de luta, de irresignação, agora pareciam premiar sua conduta, numa rendição que eu odiava, mas não conseguia evitar.

Minha calcinha não resistiu por muito tempo. Houve resistência minha e isso o fez arrebentá-la para não pairar mais dúvidas de quem comandava aquele sinistro espetáculo. Pensei em gritar, mas sua boca em minha xoxota me fez sentir algo que eu nunca imaginara nem em meus mais lânguidos devaneios satíricos. Eu não sei como, mas sua língua parecia tomar de anestésicos, pois meu corpo todo ficou mole, depois tenso, fazendo-me gemer, e depois mole novamente. Aliás, quando se amoleceu pela última vez, ele tirou o meu vestido e agora eu, rendida, era só uma presa esperando seu predador atacar e consumar seu ato instintivo.

Ele não perdeu tempo. Subiu beijando todo o meu corpo e parece ter gostado dos meus seios, pois ali parou, beijando, acariciando, sugando, mordendo, enfim, fazendo coisas que eu nem sabia serem possíveis. Confesso que quase experimentei aquela mesma sensação de momentos antes, pois de mole, meu corpo ficou tenso. Envergonho-me de dizer que tentei mantê-lo ali por mais algum tempo, praticamente uma viciada naquela sensação, mas ele se livrou de minhas mãos e sua boca encontrou a minha. E não foi só, pois senti algo mais dele encontrando algo mais meu, lá em baixo, em terras nunca dantes exploradas. Nesse momento me debati com destemor e vigor, mas ele segurou ambos os meus braços sobre a minha cabeça e me olhando nos olhos, disse:

- Você já é minha, só não se deu conta ainda, mas vai, por bem ou por mal...

- Léo, por favor...

- Relaxa. Logo mais, você irá me agradecer, Emilinha.

Me debati um pouco mais e ele insistiu, uma voz mais forte, de comando, meio seca, impassível até:

- Relaxa, Emilinha! Ou vai doer mais...

“Doer mais!? Que história é essa?”, pensei. Antes que eu pudesse perguntar o que ele queria dizer, senti algo duro, mas ao mesmo tempo meio macio encostar em minha xoxota. Léo seguia segurando meus braços sobre a minha cabeça com uma das mãos enquanto parecia guiar com a outra algo para mim:

- Léo!?

- Tô quase...

Ele então deu um tranco e senti uma dor aguda nas minhas partes baixas, ao mesmo tempo em que sentia algo me invadindo e se alojando dentro de mim. Gemi. Chorei também! E ele parou quando parecia não haver mais espaço para ele ocupar em meu corpo:

- Fica calma. A dor já vai passar e você vai adorar o que vem depois...

- Mas... Mas...

- Relaxa, caralho! – Disse dando um novo tranco e depois relaxando a pressão.

Com medo, parei de choramingar e... não é que ele estava certo!? Depois de um tempo, aquela dor aguda foi cedendo e dando lugar a uma sensação estranha, ainda meio dolorosa, mas ao mesmo tempo meio... prazerosa. Não sei se foi um gemido que dei mais manso, meio cantado, mas ele começou a se movimentar para dentro e para fora de mim, e aquela sensação gostosa foi ficando maior, mais e mais intensa, praticamente sufocando a dor que eu sentia antes. Os meus gemidos mudaram de tom e talvez por isso, ele tenha aumentado a velocidade de seus movimentos. Não sei quanto tempo aquilo durou, mas quando em sentia o meu corpo ficar tenso novamente, prenunciando aquela moleza gostosa, ele começou a urrar meio rouco, meio baixo, fincando de vez aquela coisa dentro de mim e parando. Ao mesmo tempo, eu sentia um movimento diferente, como se fossem solavancos, algo pulsando, e algo me invadindo, me aquecendo.

Léo tombou ao meu lado pouco depois e eu fiquei parada, enquanto sentia algo sair de dentro de mim. Coloquei a minha mão e vi uma mistura esbranquiçada com algo meio avermelhado, e entendi de imediato o óbvio: eu não era mais uma menina-moça. Fiquei olhando para o teto, sem coragem de encará-lo, sem coragem de me encarar, pois sabia que havia feito o que minha mãe sempre me orientou a só fazer depois de casada. Lágrimas começaram a brotar dos meus olhos, mas não de um choro estridente, mas de um tímido, envergonhado. Ouvi o Léo então:

- Foi tão ruim assim, Emilinha?

As lágrimas ganharam volume e quantidade, uma enxurrada de arrependimento mesmo. Ele me puxou para o seu peito e começou a acariciar a minha cabeça, enquanto eu seguia chorando:

- Calma! Sei que é estranho, mas toda primeira vez é assim: nem sempre é prazerosa, nem sempre a mulher gosta, mas com o tempo...

- Eu gostei. – Falei, entre os soluços, temendo que ele me achasse uma capiau e me abandonasse: - Mas eu não devia ter feito, não antes do casamento...

- Casamento!? – Ele perguntou, surpreso.

- É claro, uai! Ou ocê só tava querendo me usar? – Perguntei, olhando em seus olhos.

- Ah é! Casamento... claro... – Ele resmungou, dando-me um beijo na testa: - É que aqui as coisas são diferentes, Emilinha. Aqui a gente se conhece primeiro na cama para ver se a gente combina, entende? Depois, a gente namora e se conhece melhor ainda. Depois, noiva e continua se conhecendo. Daí, se a gente ver que combina bem de verdade, casa.

Eu não respondi, mas achei que ele tinha uma certa “razão”. Deitada ali, com o corpo dolorido e a alma pesada, sentia que havia perdido algo que não sabia definir exatamente. O colar, que ele insistira que eu usasse, não parecia mais queimar contra a minha pele, mas a minha alma doía, talvez até mais do que o meu corpo, como um lembrete do preço que eu pagava por suas promessas.

No dia seguinte, eu estava estranha, confusa, assustada, melindrosa que só. Tia Valdete entendeu que havia algo de errado de imediato, mas não sabia o quê. No final de semana, quando ela foi trocar a roupa de cama, uma mancha no lençol do quarto do Léo, de sangue, suor e sêmen trouxe uma verdade indesejada:

- LEONARDOOOOOO! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ? – Gritou, irada, fazendo ecoar por todo o apartamento: - Vem aqui no seu quarto. AGORA!

Ele foi e se trancaram lá. As finas parede da residência não foram suficientes para ocultar sua indignação. Mesmo tentando disfarçar, seu descontrole ficou evidente no volume da conversa. Ela criticava o filho por ter feito o que fez e falou... falou... falou... falou... Ficaram lá um tempão. Léo pouco disse, mas no final uma única frase praticamente a emudeceu:

- Amo a Emilinha, mãe, e ela agora é minha. So-men-te minha!...

Ela se calou por um momento, mas logo disse o óbvio, um obviedade que me atingiu como uma faca:

- E como você vai contar isso para os pais da menina, mocinho. Já que você é homem para desvirtuar uma mulher, deve ser também para assumir suas responsabilidades, não é?

Nova discussão, em que ele dizia que não era necessário contar nada ainda, pois tudo ainda era muito recente e ele ainda queria ter certeza de que eu e ele daríamos certo. Ficaram discutindo se contariam ou não, ela insistindo, ele despistando. Após sei lá quanto tempo, ambos saíram do quarto e vieram até a cozinha, onde eu aguardava em pânico:

- Leonardo tem algo para te dizer, Emilinha... – Disse tia Valdete.

- Quer namorar comigo, Emilinha?

Fiquei roxa, envergonhada, ainda mais de saber que ela sabia o que a gente tinha feito. Ele insistiu na pergunta, ela insistiu na pergunta e eu, apenas querendo terminar aquela situação, concordei com um simples movimento de cabeça:

- Tá vendo, mãe? Fomos feitos um para o outro...

As noites seguintes foram uma repetição do mesmo veneno. Leonardo me levava para os mesmos lugares, mas agora com um ar de dono, como se eu fosse uma extensão dele. Ele escolhia minhas roupas, cada vez mais curtas e insinuantes, minha maquiagem, sapatos, lingerie, tudo! Além disso, ele decidia com quem eu falava, me apresentava aos amigos com um orgulho que me fazia sentir mais objeto que pessoa:

- Essa é a Emilinha, minha prima, e nova namorada. - Dizia ele, com um orgulho simulado, enquanto Fernando, Gustavo e outros me olhavam com olhos que despiam antes de tocarem.

- Até que não é de se jogar fora, hein, irmão? – Respondia, rindo, e eu, com um sorriso forçado, tentava fingir que fazia parte da brincadeira.

Passamos a “nos conhecer melhor” sempre e onde era possível: no apartamento da tia Valdete quando ela não estava; no carro do Léo, no estacionamento da faculdade; no escurinho do cinema; em pracinhas mal frequentadas. Com ele aprendi que um pau não se encaixava só na xoxota e logo eu o chupava com frequência, mesmo quando tia Valdete estava em casa, dormindo. A primeira vez que dei atrás não foi nada romântico, nem gostoso: doeu muito! Quase desisti... Mas ele insistiu, parecendo pouco se importar com o meu sofrimento. Daí uma dúvida se instalou em meu coração: seria esse o meu calvário? Servir à lascívia do meu namorado?

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, E OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL SÃO MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DOS AUTORES, SOB AS PENAS DA LEI.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 18 estrelas.
Incentive Mark da Nanda a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 309Seguidores: 687Seguindo: 28Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

Foto de perfil genérica

Esse Leonardo realmente consegue o que quer, para o nosso sofrimento kkkk muito bom o capítulo e pelo visto, depois que ele a tornou mulher, ela se deixou mesmo levar, por causa do namoro. Sabemos que vai piorar

0 0
Foto de perfil genérica

Boa Poseidon

Pensei a mesma coisa , o Leonardo amarrou direitinho a Emilinha , uma tortura disfarçada de namoro.

0 0
Foto de perfil genérica

Aqui pelo menos podemos comentar sem sofrer opressão do autor .

Conto muito bom , diga se de passagem a série toda é excelente.

A narração da Emilinha nos prende a respiração, de uma lado a tia até aconselha e ajuda, mas de outro tem as luzes da cidade grande que para Emilinha à fascina .um dilema desafiador.

Ansioso pelo próximo capítulo

0 0
Foto de perfil genérica

Beleza de capitulo. Muito bem construído. Tensão, sensualidade, detalhes nas situações eróticas, coerência dos personagens. Que continue assim. Já na expectativa do próximo.

0 0