Eu não podia acreditar que eu iria passar por isso novamente. Fui presa juntamente a Marcos próximo à porta do banheiro. Ele acabou então me puxando para dentro, então vou a minha boca para que eu não pudesse gritar.
Eu tentei gesticular e pedir para que ele parasse, mas Marcos estava irreconhecível naquele momento. Na verdade, ele parecia estar pior do que na vez da boate. Ele logo largou minha boca e pediu para que eu não gritasse se não ele tamparia minha boca novamente.
Conseguindo falar, olhei diretamente nos olhos dele e assim disse:
— Marcos, por favor... Não faça algo que depois você vai se arrepender.
Marcos então me olhou, e levou a boca dele até meu rosto, onde ele começou a passar a língua na região da minha bochecha enquanto sussurrou:
— Mônica, você sabe que eu quero você. Eu posso ser mais homem pra você do que o frouxo do seu namorado. Olha vocês aí morando quase juntos e você nunca deu. Vem ser minha vai.
Eu tentava empurrá-lo, mas ele não me deixou. Marcos então abriu as minhas pernas e colocou seus dedos por dentro da minha calcinha. Ele começou a chegar bem próximo da minha bucetinha, e quando começou a tocar, eu abri os olhos, e ali estava o Vítor.
— O que você pensa que tá fazendo? — ele disse.
— Você de novo?— Disse Marcos, antes de partir pra cima de Vítor, só que esse era maior e mais forte.
Victor segurou o braço de Marcos e assim deu uma chave nele, levou o braço de Marcos para trás e assim ele retirou o Marcos do banheiro masculino.
— Você está bem, Mônica?
— Estou... — respondi. — Eu... só estou assustada...
Vítor sorriu como se tentasse me dizer que estava tudo bem agora. Ele então volta sua atenção para Marcos, e diz furioso:
— Agora eu vou levar você para a delegacia, pra você aprender anão ficar mexendo com mulher.
— Me larga, seu cuzão! — Disse Marcos, antes de ser levado dali por Vítor.
Respirei completamente aliviada. Eu me arrumei e saí do banheiro masculino. Sai correndo, chorando, até o meu quarto. Nem tive tempo de agradecer — mais uma vez — o meu "herói".
Depois disso eu fui pro quarto , já passavam ali das cinco da tarde. Tudo que fiz ao chegar lá foi deitar na minha cama, e começar a chorar, com o baque do que quase aconteceu.
Elisa não estava no quarto, e para ser sincera nem sabia onde ela estava. Eu também não sabia onde estava as outras, acho que foi a primeira vez que pensei em desejar um ombro amigo naquele momento para desabafar. Foi quando eu peguei o celular, e pensei em mandar alguma mensagem para o Pedro. Pensei em contar o ocorrido, mas se eu dissesse isso com certeza o Pedro iria vir para São Paulo para matar Marcos. Então eu simplesmente mandei:
Chegamos bem. Depois te conto tudo. Sinto sua falta já. ❤️
Depois disso larguei o celular e tentei dormir. Alguns minutos depois chegou Elisa, praticamente caindo na gargalhada junto com um garoto. Ela então se sentou em sua cama junto com ele, e os dois começaram a ficar nos amassos ali, enquanto eu somente fingia dormir. Não aguentando aquele clima, eu simplesmente peguei meu celular, e sai do quarto, pra andar um pouco.
Enquanto eu andava pela República, meio desnorteada, ainda tentando entender tudo o que tinha acontecido, a pergunta me martelava por dentro: e se o Vítor não tivesse aparecido? Só de pensar nisso, minha pele arrepiava. Me senti vulnerável, fraca... impotente. Eu nunca tinha passado por algo tão assustador. E justamente num momento em que eu só queria curtir, celebrar o fim de uma fase.
Foi aí que escutei alguém me chamando. Olhei assustada e lá estava ele — Vítor.
— Tá fazendo o quê tão tarde andando por aí no campus? — ele perguntou, com a voz baixa, cuidadosa.
— Só... precisava tomar um ar. Pensar. Esfriar a cabeça — respondi, tentando parecer firme, mesmo com a voz ainda trêmula.
— O cara não vai mais te incomodar. Você tá segura agora — ele disse, com um tom tranquilizador, quase protetor.
— Como assim? — Perguntei.
— Fica de boa, Mônica. Mas, se você quiser andar por ai, quer andar comigo?
Concordei, e ele acabou me seguindo. Sentamos num banco próximo. O vento fresco batia no meu rosto e, pela primeira vez na noite, respirei fundo sem sentir medo. Mas por dentro, o turbilhão não passava.
— Será que foi uma boa ideia eu ter vindo pra essa viagem? — murmurei, olhando pro chão. — Fico pensando no Pedro... será que ele tá bem? Como ele tá se virando sem mim?
Vítor me olhou com gentileza. — Com certeza ele tá pensando em você, do mesmo jeito que você tá pensando nele. Um cara não esquece alguém como você tão fácil.
Ele segurou a minha mão, com um gesto espontâneo. Eu me assustei e puxei de volta no reflexo.
— Desculpa — disse rápido. — Ainda tô meio assustada com o que aconteceu mais cedo.
— Tudo bem — ele respondeu. — Eu entendo. Qualquer um ficaria. Mas se precisar, tô aqui.
— E você? Por que ainda tá por aqui? Achei que já tinha ido embora...
Ele respirou fundo. — Hoje tô sozinho em casa. Minha esposa e eu... terminamos. Tivemos mais uma crise. Acho que dessa vez foi a última mesmo.
— Poxa... sinto muito — falei, instintivamente segurando a mão dele agora. — Mas talvez ainda dê pra conversar. Mesmo que não voltem, pelo menos podem seguir em paz... como amigos.
Ele sorriu de leve. — Você é uma ótima namorada, Mônica. O Pedro é um cara de sorte.
— Eu não acho que sou não — respondi, surpresa com minha própria sinceridade. — Às vezes eu sinto que ele perde tempo comigo. Eu sou cheia de dúvidas, de inseguranças... nem sei o que tô fazendo aqui.
— Não pensa assim. Se ele é tudo o que você me contou, então agora mesmo ele deve estar em casa, pensando em você, com saudade.
Eu sorri. Foi um sorriso tímido, mas sincero. — Obrigada. Você não sabe como esse papo me ajudou.
Nos despedimos ali mesmo. Quando voltei pro quarto, entrei de fininho... só pra ver a Elisa e um cara qualquer transando na minha cama. Ótimo. Suspirei, tentando não pensar demais naquilo. Peguei meu travesseiro, me ajeitei em um canto e fechei os olhos, exausta. Aos poucos, o cansaço venceu tudo. E eu dormi.
Na manhã seguinte, fui despertada pela voz animada da Vanessa:
— Booooom dia! Bora que hoje é dia de MASP!
As três já estavam todas arrumadas, empolgadas pra sair. E eu? Ainda tentando juntar os pedaços da noite anterior.
Acordei, e ao pegar o celular, vi a notificação do Pedro. Me sentia péssima em não ter falado nada com ele, então antes de mais nada, eu mandei mais uma mensagem.
Bom dia, amor! Me desculpa por não responder ontem. Foi uma correria, a gente passou a tarde toda arrumando o quarto aqui, depois saí com uma das meninas pra conhecer a cidade. Fiquei sem perceber a hora. Tá tudo bem por aí? ❤️”
Foi então que ele me respondeu:
“Tudo certo sim. Que bom que deu pra aproveitar. Espero que se divirta bastante.”
Sorri com a resposta, e consegui esquecer tudo da noite passada. Eu só precisava das palavras dele, do meu amor.
Fui tomar um banho para me arrumar e prometi para mim mesma que hoje seria um dia melhor que ontem. Que eu iria curtir São Paulo, e aproveitar ainda mais essa cidade, voltar renovada para o Rio.
Depois do banho quente, ainda sentia o cheiro do shampoo no cabelo quando voltei para o quarto. Eu só queria deitar um pouco antes de sairmos. A cabeça ainda estava pesada, e mesmo com a água escorrendo pelo corpo, não conseguia lavar o desconforto que o dia me trouxe. Parece que o desânimo tinha voltado da mesma forma que saiu.
Elisa estava deitada na cama dela mexendo no celular. Vanessa sentou-se perto da janela. Foi ela quem puxou o assunto.
— Fiquei sabendo do que aconteceu — ela disse, com um olhar preocupado. — Com o Marcos…
Senti um calafrio na espinha. Não queria falar sobre isso. Não agora.
— Por que você não me contou nada? — perguntou Elisa, virando o corpo para mim.
Suspirei, sentando na beira da cama.
— Porque eu só queria esquecer, tá? Já foi difícil o bastante… Eu não queria incomodar vocês.
Elisa franziu a testa. Ficou em silêncio por alguns segundos, até soltar, num tom que me incomodou:
— Você sabe que isso tudo ta acontecendo por, parte culpa sua né?
— Minha? — perguntei.
— Claro. Você fica cozinhando o Marcos em banho maria e ainda fica de cu doce com seu namorado.
— Agora a culpa é minha, Elisa? — disse, nervosa e principalmente incrédula por ouvir que eu tinha culpa de alguma coisa. — Eu nunca cozinhei o Marcos, eu sempre pedi pra ele me deixar em paz e você sabe disso.
— Tudo que eu sei é que a gente falou pra você fazer alguma coisa ainda lá na festa, mas resolveu seguir amiguinha dele. No fundo acho que você quer.
— Para, Elisa! — Disse ali Vanessa, nervosa. — Não se deve culpar assim a Mô, você ta sendo escrota.
— Se vocês não tem coragem de mandar a real pra ela, eu tenho. — indagou. E continuou logo em seguida:
— De que adianta fazer tatuagem, ficar falando aqui e ali, " Olha, hoje eu vou liberar o cuzinho pro meu namorado", e tentar parecer safada se continua sendo uma criança? Se quisesse já teria dado no dia seguinte da festa.
Virei para ela, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.
— Como assim?
— Ué, tô falando que você fica se fazendo de mulher decidida, com tatuagenzinha, cabelo mudado… Mas continua nessa de “quero esperar”. Pedro deve estar se acabando lá no Rio, e você aí, toda pura, toda fielzinha.
— Isso não tem nada a ver. Você não sabe o que tá falando. — disse.
Elisa deu uma risadinha sarcástica.
— Tô só dizendo que talvez você devesse viver um pouco. Já que ta aqui, descabela menina. Ontem mesmo eu peguei um cara gato.
— Elisa! — Disse a minha amiga Isa. — A menina ontem quase me sofre um abuso e você ai falando merda?
— Bom... — Disse a Vanessa. — De certa forma a Elisa tem razão mesmo, você é muito sonsa as vezes.
— Tá vendo, até a Van me da razão. — disse Elisa, que continuou. — Você devia aproveitar. Se soltar. Vai saber… brincar um pouco com o Vitor, por exemplo. Um homem experiente, maduro. Poderia te ensinar umas coisas…
— Vocês duas enloiqueceram? Ele é casado, além do mais. — Logo era interrompida por Vanessa, que com a voz calma, comentou quase que de forma casual:
— Não é mais. Eles estão em processo de divórcio. Eu fiquei sabendo.
Olhei pra ela, desconfiada.
— Como você sabe disso?
Ela apenas deu de ombros, misteriosa.
— Descobri. Tava dando uma pesquisada… por você.
— Eu não preciso que ninguém "descubra" as coisas por mim. Tá?
Fiquei em silêncio, confusa e desconfortável. Elas continuaram o “jogo”. Meus sentimentos embaralhados, e tudo que diziam parecia querer me puxar para algo que eu não queria.
— Mônica — Elisa voltou ao ataque —, você acha mesmo que o Pedro tá lá no Rio te esperando quietinho? Você tem noção do homem que ele é? Aposto que já deve ter passado o rodo. Bonito, formado, trabalhando… mulher não falta.
— Chega, Elisa!
— É sério! E vou te falar mais: eu teria fácil um caso com ele. Sempre achei ele gostoso.
Senti o sangue subir. Aquilo foi demais. Me levantei, com o peito apertado e a raiva crescendo.
— Como é que é? Você tá passando dos limites!
Elisa ficou me olhando com um sorriso cínico por alguns segundos. Vanessa só observava. Depois de um tempo, Elisa se aproximou e pediu desculpas, dizendo que estava só brincando, que era pra me “descontrair”.
Fingi aceitar, mas por dentro, só queria sair dali. Foi quando nos arrumamos e fomos em direção ao MASP.
Fiquei mais empolgada com o passeio, principalmente quando chegamos ao MASP. A fachada imponente de concreto e vidro parecia brilhar sob a luz amarelada do fim da tarde. O vão livre estava lotado, e logo descobrimos o motivo: uma exposição interativa ao ar livre chamada "Corpos em Movimento", onde artistas independentes misturavam dança, pintura e projeções visuais em tempo real. O ambiente pulsava com uma energia vibrante e acolhedora, que contrastava fortemente com tudo o que eu havia sentido nas últimas horas.
Fiquei observando uma bailarina que, com tinta nos pés, se movia sobre uma grande tela branca estendida no chão, criando rastros de cor conforme dançava. Aquilo era... hipnotizante. Pela primeira vez naquele dia, eu parei. Parei de pensar, de remoer, de sentir medo ou vergonha. Pela primeira vez, eu só... assisti. Sentindo a música atravessar meu corpo como um vento leve que levava embora parte do peso que eu vinha carregando.
Vanessa se empolgou tirando fotos, rindo sozinha com os filtros que testava. Elisa estava um pouco mais contida, provavelmente ainda sem graça pela discussão de mais cedo, mas até ela pareceu se deixar levar pela atmosfera artística que nos cercava.
Caminhei até uma das instalações onde os visitantes podiam escrever anonimamente em papeis coloridos aquilo que desejavam esquecer. Peguei um papel vermelho, hesitei por um instante, depois escrevi apenas: "aquele olhar dele." Dobrei o papel e o coloquei no mural improvisado, junto a tantos outros desabafos. Foi libertador.
Eu não esperava que aquela visita ao MASP fosse me fazer tão bem. Estava tudo tão pesado nos últimos dias, que só o fato de estar ali, rodeada de arte, de outras vozes e cores, me trouxe um certo alívio. A Isa, a Vanessa e a Elisa pareciam estar se divertindo também, cada uma à sua maneira. Eu me deixei levar um pouco por aquele momento, observando as obras, os detalhes, o movimento das pessoas em volta.
Foi então que, no meio da multidão, apareceu o Vitor. Ele estava com uma turma — devia estar supervisionando alguma atividade. Quando nos viu, pediu licença educadamente ao grupo e veio em nossa direção. Claro que as meninas logo ficaram todas animadinhas.
— Oi, Mônica — ele sorriu pra mim. — Que surpresa boa. O que fazem?
— Oi, Vitor — respondi, tentando parecer tranquila. — Estamos só conhecendo o museu mesmo… é minha primeira vez aqui. Todo mundo fala tanto do MASP, né? Resolvi vir ver com os próprios olhos.
— E fez muito bem. Esse lugar é incrível. — Ele olhou pra mim com um misto de atenção e preocupação. — Você vai estar livre amanhã?
Fiquei um pouco surpresa com a pergunta.
— Não sei ainda... por quê?
— Queria conversar com você. Fiquei preocupado com a nossa última conversa.
Eu assenti de leve, sem me comprometer muito.
— Eu vou ver, Vitor. Mas obrigada por se preocupar. Eu tô bem, ta?
Nos despedimos ali mesmo. Assim que ele saiu, Elisa e Vanessa começaram a me cutucar, quase dançando em volta de mim como duas abelhas zombeteiras.
— Você viu o jeito que ele olhou pra você? — Vanessa cochichou com ar de drama.
— Aiai, se eu fosse você aproveitava essa estadia em São Paulo… Com o Vítor. — Elisa completou, lançando aquele sorrisinho malicioso.
— Gente, para — revirei os olhos. — Ele só foi educado. E além disso, vocês sabem... eu amo o Pedro.
— Eu também amo meu namorado e tô aqui me divertindo. Já marquei de sair com um paulista hoje.
— Ai, Elisa... — disse, revirando os olhos. Logo, saímos do MASP.
Fomos direto para um restaurante ali por perto, e mesmo com os pratos deliciosos, o foco principal da conversa continuava sendo Vitor. Eu já estava ficando desconfortável quando, no meio de uma garfada, a Elisa solta:
— Será que o seu namorado é tão santinho assim, Mônica? Ou será que o passado dele condena?
Aquilo me pegou de surpresa. Engoli em seco e olhei pra ela.
— O que você quer dizer com isso?
— Só acho que você deveria pensar um pouco mais sobre essas coisas — ela respondeu, jogando a frase como quem não quer nada, mas com um olhar que dizia muito.
— Você não jogaria essa do nada. O que ta acontecendo? — perguntei.
— Eu conheço homens, meu amor. Essa hora ele ta tirando o atraso com uma loira gostosa igual a você.
O clima ficou meio estranho depois disso. Logo depois do almoço, Elisa e Vanessa disseram que iam passear mais um pouco pela cidade, e eu e Isa voltamos caminhando devagar em direção à hospedagem.
No caminho, Isa olhou pra mim de canto.
— Se quiser, a gente pode trocar de quarto. Eu fico com a Elisa e você com a Vanessa… ou sozinha, se preferir. A Elisa tá muito esquisita nessa viagem. Provocando você direto.
— Ah, Isa… — suspirei. — Deve ser saudade do Rio, sei lá. Acho que ela tá só tentando descontrair.
— Só acho bom você ficar esperta — ela respondeu com um meio sorriso. — Eu não sei por que, mas eu não confio total nessas duas, elas andam de muito cochicho, sabe?
A noite caiu tranquila. Nada mais de relevante aconteceu depois disso. Mas a frase da Elisa continuava martelando na minha cabeça. E eu não sabia dizer por quê… mas algo nela me incomodava mais do que deveria.
Nada de anormal aconteceu nos próximos dias. Na segunda, assisti mais uma palestra, e na terça, aproveitei para sair para fazer compras na Liberdade. Como eu adorava essas lembrancinhas orientais, acabei passando em um shopping de lá e assim acabei comprando algumas coisas para mim e para o Pedro. Depois disso fui levada juntamente com Isa e as meninas para o Parque do Ibirapuera onde estava tendo um show ali. Eu acabei encontrando um outro colega ali, o Lucas, alguém que eu tinha uma breve amizade, mas não muita. Era um paquera da Isa.
Eu estava com saudades do Pedro. Muita mesmo. Fiz uma chamada de vídeo, enquanto estavamos em uma galeria. Estava cheia de gente, barulhenta. Mas consegui falar com ele. Pedro atendeu, conversamos, falei pra ele sobre os meus primeiros dias.
Segurava o celular com a câmera virada pra mim, tentando disfarçar qualquer traço de angústia. Pedro merecia ver meu melhor sorriso — mesmo que, por dentro, eu ainda estivesse digerindo os últimos acontecimentos.
— Tá tudo bem por aqui, amor. São Paulo é uma loucura, mas as meninas são divertidas. A viagem tá sendo bem legal, juro — disse, ajeitando uma mecha solta do cabelo e tentando parecer ainda mais natural.
A verdade é que muita coisa estava entalada na minha garganta, mas ele já tinha tanto com o que se preocupar. Eu não queria ser mais um peso.
Do outro lado da tela, Pedro parecia meio estranho, mas eu sentia que era saudades. E sinceramente? Eu também estava. Mas aí, senti um toque sutil nas minhas costas.
Uma sombra surgiu na tela. As costas de alguém. Virei levemente o rosto.
— E aí, vamos? — ouvi a voz de Lucas atrás de mim. Mas não era ele quem estava atrás.
— Preciso ir, tá bom? Depois te ligo com calma, juro! Tô com saudade. Beijo! — disse rápido, tentando não transparecer meu incômodo.
Desliguei a chamada sem esperar resposta e me levantei. Meus olhos bateram direto na cena que me travou o estômago por um segundo: Vanessa, sorrindo com malícia, praticamente jogada ali pra cima, roubava um beijo de Vitor. Ele parecia pego de surpresa, com os olhos arregalados e o corpo meio imóvel, mas não se afastou de imediato.
Fiquei ali parada, sem saber se avançava ou se apenas virava as costas. Eu não tinha absolutamente nenhum motivo pra me importar com aquilo, e ainda assim, me importei. Me senti desconfortável. Um tipo de ciúme estranho brotou no peito, mesmo que eu não quisesse admitir.
Elisa, claro, viu tudo. E sorriu. Um sorriso que não era exatamente amigável.
Eu desviei o olhar, fingindo que aquilo não significava nada. Mesmo que, por dentro, algo começasse a se contorcer devagar. Eu apenas sai dali, fiquei sozinha, por boa parte daquele evento, andando para o nada.
Mas o verdadeiro tormento daquele dia ainda estava por vir.
Sentei no banco de pedra ao lado do jardim suspenso, ainda com o som das buzinas ecoando da Avenida Paulista lá embaixo. Eu tentava entender o que estava sentindo, mas nem eu conseguia traduzir. Por que aquele beijo me incomodou tanto? Ele não era meu namorado. Eu nem tinha direito de me sentir assim. Mas, mesmo assim… me senti.
Talvez fosse só carência, uma mistura de insegurança com tudo o que tinha acontecido nos últimos dias. Ou talvez… talvez fosse aquele jeito protetor do Vítor, tão inesperado, tão fora do comum, que mexia comigo.
Eu estava tão perdida nos meus próprios pensamentos que só percebi quando ele se aproximou e se sentou ao meu lado.
— Mônica… — ele disse baixo, com aquele tom de voz que sempre me fazia prestar atenção. — Desculpa por aquilo. Eu… fui pego de surpresa. Nem esperava aquilo da Vanessa.
Olhei pra frente, tentando manter minha expressão neutra, mas meu coração estava acelerado.
— Você não precisa me dizer nada, Vítor. — respondi com calma, mas firme. — Só… toma cuidado com a Vanessa. Ela já tem alguém no Rio. Ela só gosta de brincar com os caras daqui. É igual a Elisa.
Ele balançou a cabeça e suspirou.
— Eu não tenho nada com ela. De verdade. Eu… na verdade, a única pessoa que eu queria beijar… era você.
— Como é que é?
Naquele momento, fiquei assustada, aquelas palavras foram completamente inesperadas. Fiquei nervosa.Me virei devagar para encará-lo, surpresa. E antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, eu cortei:
— Nunca mais repete isso, por favor. Nem brincando.
Ele arregalou os olhos, claramente sem graça.
— Mas é a verdade.
— Pode ser verdade, ou o que for. Eu não posso, eu tenho namorado. Você é bem mais velho que eu.
— Desculpa. Eu sei que você tem namorado. Foi errado. Não devia ter dito nada.
Ficamos em silêncio por alguns segundos. O peso da conversa pairava no ar, mas ao mesmo tempo… não era incômodo. Era só… intenso.
— Tá tudo bem — falei por fim. — Só… não complica mais as coisas, tá? Já tem muita coisa na minha cabeça. E eu sou grata a você por tudo que fez por mim.
Ele assentiu, aliviado.
— Você não sabe, mas eu faria tudo de novo. Você é diferente.
— Não fala assim. — disse, olhando para ele. — Sou tão sem sal e não interessante como as outras.
— A gente ainda pode conversar?
— Podemos — respondi, me levantando. — Mais tarde, se quiser. Agora eu vou voltar pra hospedagem. Quero descansar um pouco, comer alguma coisa… pensar.
Ele acenou com a cabeça. Dei um leve sorriso e me afastei, sem imaginar que aquela noite ainda me reservaria algo que mudaria completamente o rumo dos meus pensamentos.
Resolvi voltar para o meu quarto, para o meu canto. Elisa saiu, devia estar em algum lugar que eu não sabia onde. E nem queria saber.
Eu estava deitada na cama, de lado, abraçada no travesseiro como se ele pudesse me proteger das minhas próprias confusões. O quarto estava quase escuro, com a luz alaranjada do fim de tarde vazando pelas frestas da cortina. Mesmo cansada do dia, minha cabeça não me deixava em paz.
Era como se tudo estivesse embaralhado dentro de mim. Eu amava o Pedro. Tinha saudades, e ficava me perguntando o que ele estaria fazendo. E se o que a Elisa me contou for real e ele estiver realmente cansado de mim? Eu queria acreditar que ele jamais cansaria de mim, assim. Só que desde o dia que a Elisa começou a me falar so meu namorado, eu tive um pouco de insegurança.
E tinha ainda o Vítor. Depois daquela conversa com o Vitor, desde o maldito beijo da Vanessa, eu não parava de pensar nele. Na forma como ele olhava pra mim. No jeito protetor, mesmo quando não precisava ser.
Estava tão mergulhada nisso tudo que levei um susto quando alguém bateu na porta. Duas batidas rápidas e insistentes. Me levantei devagar, ajeitando a blusa amassada do pijama. Elisa tinha saído, então só podia ser alguma das meninas.
Quando abri, me deparei com Vanessa e Isa. As duas estavam com uma expressão estranha — pareciam nervosas, tensas.
— O que aconteceu? — perguntei, dando espaço para elas entrarem.
— A gente precisa conversar — disse Vanessa, passando direto por mim.
— O que foi? — perguntei.
Isa entrou atrás, e eu pedi que se sentassem na cama da Elisa. Me sentei na minha, tentando entender o que estava acontecendo.
Quase que ao mesmo tempo, antes das duas falarem algo, Elisa chegou. Olhou a cena com estranheza.
— O que eu perdi? — ela perguntou, largando a mochila num canto.
Vanessa respirou fundo. Ela parecia hesitar, como se estivesse escolhendo bem as palavras.
— Mônica… você precisa ser forte agora, tá? Eu descobri uma coisa… e você precisa ver com os próprios olhos.
— O quê? — perguntei, sentindo o coração acelerar.
Ela não respondeu. Apenas pegou o celular, mexeu por alguns segundos e me encaminhou um vídeo por whatsapp.
Quando o vídeo começou, eu congelei.
A câmera não era das melhores, mas eu sabia exatamente o que estava acontecendo ali. Infelizmente eu sabia, e não queria estar vendo aquilo.
Era Pedro, que estava praticamente de pé sobre porta de nosso quarto enquanto recebia uma boquete de uma mulher. E parecia gostar, principalmente pelas feições no rosto dele.
A cena era completamente clara para mim, onde Pedro — o meu Pedro, estava segurando os cabelos dessa vagabunda, enquanto ela praticamente engolia o pau dele. Alguém parecia estar comendo ela por trás pois ela não parava de mover o corpo para frente e para trás, muito provavelmente Quem estava comendo era quem gravava o vídeo.
O vídeo teve um pequeno corte, onde acabei vendo alguém que usava praticamente a mesma cueca do Pedro, deitado na cama. A cueca estava meio que pra baixo, quase no joelho. O corpo era exatamente igual dele, enquanto a mulher loira estava ali cavalgando em cima dele. Um detalhe curioso é que ela praticamente parecia ter a mesma estatura que a minha, loira. Era como se fosse quase uma cópia, apesar de seu rosto ser um pouco diferente.
O filho da puta arrumou uma mulher igual a mim pra me trair, isso que realmente me pegou, e estava me deixando com raiva. Ela estava ali pulando em cima do pau dele, enquanto recebia tapas no meio da bunda. Eu passei a ouvir os gemidos dele no vídeo, que estavam mais altos que os dela.
— O que diabo significa isso? — Perguntei.
Foi então que Vanessa olhou diretamente para os meus olhos, e levou uma de suas mãos por cima da minha. Ela então tocou os meus dedos e assim respondeu:
— Amiga eu sinto muito. Mas é isso mesmo que você está vendo.
— Como assim? — incrédula, perguntei. — Como você conseguiu esse vídeo?
Vanessa pausou um pouco antes de me responder. Ela olhava em meus olhos, e assim disse:
— Então, parece que por ironia do destino o Pedro acabou conhecendo o Rafael. Os dois acabaram amigos, e Rafael foi visitar o Pedro e acabou meio que flagrando ele traindo você...
Fiquei de início confusa. Não era de acreditar nessas coisas de ironia do destino, mas também, não fazia sentido Rafael ter armado nada, eles nem se conheciam. Eu ainda não quis acreditar no que estava vendo:
— Meu Deus, só pode ser montagem isso. O Pedro jamais faria isso.
— Amiga isso não é montagem não. Olha com seus próprios olhos. — Disse Vanessa, mostrando novamente o vídeo. — Infelizmente é o Pedro.
Minha cabeça estava um turbilhão naquele momento. Eu tentei olhar o vídeo mais uma vez, e olhei outra. E não podia acreditar. Foi então que a ficha caiu.
— Eu disse para você, todo homem trai. — Disse Elisa. — Você ficou aí confiando nesse trouxa, ele foi buscar outra buceta para se aliviar, porque você não é capaz nem de dar prazer a ele.
Minha cabeça ficou um verdadeiro turbilhão de emoções, tudo o que eu consegui fazer naquele momento foi explodir:
— Cala a boca Elisa! Para de ficar enchendo a minha cabeça!
— Você pode ficar com raiva quando quiser Mônica, mas a verdade é que a gente te avisou.
— Não pode ser. Eu preciso...
Eu saí correndo do quarto como se estivesse fugindo de um pesadelo. As lágrimas escorriam antes mesmo de eu me dar conta de que estava chorando. Meus pés me levaram para fora, sem rumo. Tudo parecia rodar.
Cada passo que eu dei, era como se eu não conseguisse dar, meus pés estavam pesados, como se estivessem presos a alguma corrente. Eu vi o vídeo, mas era como se eu não quisesse ver, ou acreditar que ele era real. Era Pedro ali, ele com outra mulher. Outros pensamentos passaram pela minha cabeça.
Era ele. Era ele dizendo que me amava. Era ele prometendo esperar o tempo que fosse. Era ele segurando minha mão e dizendo que eu era especial. Tudo isso… tudo isso agora parecia mentira.
As palavras da Elisa martelavam na minha cabeça como facadas: "Se você não der, ele vai buscar em outro lugar. Porque ele é homem, e precisa dessas coisas, ainda mais ele que não é mais virgem."
Sentei no banco mais próximo. Não conseguia nem respirar direito. Eu soluçava, o peito apertado como se alguém tivesse enfiado uma mão dentro de mim e espremido meu coração.
Eu só queria sumir. Desaparecer. Deixar de existir por algumas horas.
— Pedro... Por que você fez isso?
Eu peguei o telefone, e pensei em ligar, tirar a limpo tudo isso. Disquei seu número, mas o telefone estava na caixa postal. Eu simplesmente estava desabando naquele momento.
Foi então que ouvi passos apressados, e uma voz conhecida me chamou:
— Mônica? — Era o Vitor.
Tentei limpar meu rosto com as mangas, mas não adiantava. Meus olhos deviam estar inchados, vermelhos. Minha voz falhou quando tentei falar, mas ele já estava do meu lado, e assim sentou-se no banco ao meu lado, olhando nos meus olhos com uma preocupação sincera.
— O que aconteceu? Porque está chorando?
— Foi o Pedro. Ele... Me traiu.
— Pedro te traiu? — ele então perguntou. — Mas como assim? Você disse que ele era um cara leal, e tudo mais!
Eu só balancei a cabeça afirmativamente. A voz não saía.
— Sim, eu disse. Mas parece que as aparências enganam, não é?
— Caraca, eu tô sem acreditar, como isso aconteceu? — Vitor perguntou.
Mordi o lábio inferior com força e finalmente consegui soltar:
— Ele me traiu, Vitor… Ele… ele tava com outra no vídeo. Era ele. Era ele. E eu não sei mais no que acreditar, as meninas me avisaram, eu sei lá…
Vitor abaixou a cabeça por um instante, depois subiu o olhar para mim com uma expressão amarga.
— Sinto muito… De verdade. Você não merecia isso. Você merece o céu, não o inferno que está passando agora.
— Eu acho que é culpa minha mesmo. — disse.
— Para com isso, Mônica. Você não tem culpa de ter um namorado imprestável. Ele não presta mesmo, ele só destroi relacionamentos, pelo visto.
— Eu me sinto tão burra. — minha voz saiu engasgada. — Eu me guardei. Eu me entreguei emocionalmente, confiei nele com tudo…
— Você não é burra, Mônica. Você foi leal. Você amou de verdade. A culpa não é sua. Tem gente que simplesmente… não sabe amar. E você? Você merece alguém que cuide de você. Que esteja do seu lado quando você chora. Que enxergue o quanto você é especial sem precisar te colocar à prova.
Ele se arrastou e ficou praticamente colado a mim no banco. Ficamos em silêncio por alguns segundos. Ele então olhou nos meus olhos, e com a voz baixa, disse:
— Não sofra por ele, Mônica. Ele é isso ai mesmo. Um homem que não tem pudor, ele só está revelando pra você o que ele sempre foi.
— Eu dei tudo pra ele, ele foi meu primeiro namorado...— Disse, enquanto chorava.
— Se você soubesse o quanto eu queria ser esse cara... O cara que te da tudo...
— Vitor… — minha voz saiu fraca.
— Me desculpa. Eu sei que você tá vulnerável. Mas eu preciso ser honesto. Eu tô aqui, tô vendo você sofrer, e me dói. Porque se fosse por mim, você nunca teria sentido isso.
Ele se aproximou. Nossos rostos ficaram a centímetros. Ele quase encostou seus lábios nos meus. Eu virei o rosto.
— Eu… não posso.
— Só por hoje. Esquece tudo. Esquece ele. Esquece a dor. Só por hoje… — ele sussurrou.
— Eu... — hesitei. — Eu não posso, Vitor. Não é assim que vou esquecer a dor.
— Se renda, vai. — ele falou, com a voz sedutora. — Eu posso te dar o que você quer.
Mas meu corpo já não respondia direito. Estava cansada de sofrer. Cansada de esperar. Cansada de tentar ser perfeita. E, no fundo, parte de mim queria me sentir desejada, acolhida.
— Eu não tenho direito de pagar com a mesma moeda. — disse.
— Ninguém aqui está falando em pagar. Você está me querendo, eu sei disso. E eu também estou. Pense que... Sei lá, eu estarei melhorando sua estima.
— Eu...
Quando percebi, nossos lábios já tinham se encontrado. E mesmo com a consciência gritando dentro de mim, eu não consegui parar. Eu cedi.
Talvez por carência. Talvez por raiva. Talvez só pra calar a dor por alguns minutos.
Mas naquele momento… eu só queria esquecer tudo.
Seus lábios tocaram os meus com firmeza, mas sem pressa. Era como se ele tivesse esperado muito por aquilo, e, talvez, eu também. No começo, resisti. Mas, aos poucos, minha boca foi cedendo à dele, como se nossas dores se entrelaçassem naquele beijo. Sua mão tocou de leve o meu rosto, e eu me deixei levar pela sensação quente e confusa que invadia meu peito.
Ali, naquele banco, no meio da noite, entre as luzes amareladas dos postes e o vazio do mundo, nos beijávamos como se o resto tivesse desaparecido. Mas não desapareceu.
Eu me afastei, ofegante.
— Eu... não posso fazer isso — murmurei, com a voz embargada, evitando seu olhar.
Vitor me olhou em silêncio por um segundo, depois falou baixo:
— Você não merece carregar essa dor sozinha, Mônica... Ele te feriu, te traiu. Você viu com seus próprios olhos. Você não tem culpa de nada. Não precisa se punir.
Fechei os olhos. A imagem do vídeo voltava à minha mente como uma punhalada. As mãos dele em outra mulher. O som. O corpo... tão parecido com o meu. Meus olhos se encheram de lágrimas de novo.
— Mas ele ainda é meu namorado, e não posso fazer isso. Eu amo ele... — sussurrei.
— E ele jogou isso fora — disse Vitor, com a voz grave e serena. — Você merece sentir outra coisa hoje. Qualquer coisa... que não seja dor.
Eu o olhei, e naquele instante não sabia mais quem eu era. Só sabia que meu peito estava em frangalhos, e os braços dele estavam ali.
Quando me aproximei de novo, ele já me esperava. Nossos lábios se encontraram, dessa vez com mais pressa, mais desejo, mais fuga. Eu queria apagar, me perder, me calar.
Ele se levantou, segurando minha mão.
— Vem comigo — disse apenas.
E eu fui.
Minhas pernas tremiam, meu coração também. Entrei no carro, e fui direto para a casa dele. Ele tinha uma casa grande, bem acolhedora. Assim que entramos, ele trancou a porta e me puxou para mais perto. Suas mãos tocaram meu rosto, depois minha cintura. Seus beijos se espalhavam pelo meu pescoço, e eu sentia cada arrepio como se meu corpo gritasse por alívio.
Eu não raciocinava mais. Só sentia.
Fui guiada por seus toques, seus beijos, suas palavras baixas dizendo que eu era linda, que merecia mais. E ali, no quarto dele, entre roupas sendo tiradas às pressas e suspiros entrecortados, nos entregamos ao momento.
Ele me deixou sem camisa naquele momento, apenas de sutiã. Seus lábios percorriam os meus e podia sentir em seu desejo a vontade de me beijar, e ele o fazia como se fosse o último beijo que trocávamos, o que de fato provavelmente seria mesmo.
— Eu desejo demais essa boca. — Disse ele.
Vitor então agarrou meu corpo e me fez colar junto ao dele, seus lábios estavam ali se desviando dos meus e passando a beijar o meu pescoço enquanto minhas mãos estavam ali desesperadamente tirando o cinto dele. Eu coloquei a calça dele pra baixo e peguei em seu pau com urgência, eu senti que já não era mais eu ali. Talvez apenas uma garota que estava chutando o balde.
— Nossa... Vai, Mônica, sua gostosa. — disse vítor, enquanto acariciou meus cabelos.
Ele mandou eu chupar seu pau e foi assim que eu o fiz, me ajoelhando e assim abocanhando toda a sua pica passando então a chupar com gosto. Ele agarrou meus cabelos e começou a puxar meu rosto contra ele, e empurrava seu quadril contra a minha boca, fazendo com que eu chupasse todo o seu pau. Após me engasgar, ele então me levantou e me levou até a sua cama onde ele me fez se jogar na mesma.
— Hoje eu vou te fazer esquecer tudo o que você ta sentindo.
— Faça. Por favor. — disse, já completamente fora de mim. Não me importava com mais nada, apenas em sentir aquele momento. Não sei se era vingança, ou era algo que eu desejava, talvez um pouco dos dois.
Ele então tirou a minha calcinha e caiu de boca entre minhas pernas passando então a me chupar.
— Vitor! — Eu o chamei, com a voz abafada. — Por favor, cuidado com a minha virgindade.
— Você não quer na bucetinha? — Ele perguntou.
— Não. — disse. — Ela é só pro meu marido. Eu não perdi meu sonho ainda. — completei.
Ele ouviu e concordou com as minhas súplicas, e tomava muito cuidado ao chupar a minha bucetinha. O tesão tomou conta de mim naquele momento, e tudo o que eu queria era poder sentir ainda mais dele. Ele então me virou, e me deixou de bruços. Ele então abriu minha bunda e levou sua língua para o meu anel onde começou a me chupar.
— Já que não posso ter sua bucetinha, eu quero seu cuzinho. Eu hesitei na hora, mas, dessa vez, eu não ia mais hesitar.
— Tá bom. Mas eu nunca dei ele.
Foi então que ele pareceu ainda mais animado, e caiu de buca pra chupar ainda mais aquele meu cuzinho. Eu estava gemendo e mordendo meu próprio lábio enquanto ele estava ali me chupando gostoso. Ele agarrava a minha bunda com vontade, movendo sua boca, sua língua.
— Coloca uma camisinha. — pedi. E ele colocou, encapando seu pau.
Vitor colocou ali um gel para poder ajudar a penetrar melhor. Foi então que ele começou a esfregar a cabecinha no meu anel, ele pediu para que eu ficasse com a bunda ali empinada, e foi assim que eu o fiz.
— Eu vou colocar agora. — ele disse.
Eu me preparei, no fundo estava nervosa. Pensei em desistir, era a primeira vez dando o cu. Antes que eu o fizesse, Vitor então começou a forçar na entrada do cuzinho, eu comecei a sentir um pouco de dor no começo. Já era tarde demais, eu estava ali dando a bunda pra ele.
Ele estava só tentando, no começo. Mas logo a sua cabeça começou a invadir meu anel e assim eu dei um grito. Ele então passeava suas mãos em minhas costas enquanto começava a movimentar seu quadril, ele começou a fazer de forma lenta, eu estava sentindo dor.
Era a primeira vez que eu dava o meu rabo, e Vitor fazia com carinho. Seu pau começou a meter dentro do meu cuzinho, enquanto não parei de gemer de dor, parecia que ele estava me rasgando no meio.
— Caralho Mônica, é muito melhor do que comer uma buceta!
Aquilo me lisongeou, mas eu estava com uma mistura de dor e tesão demais para responder. Eu agarrava seu lençol enquanto jogava a bunda contra ele, naquele momento eu comecei a sentir um pouco mais prazer. Então era esta sensação que sentíamos quando dava o rabo?
Então me colocou de lado e passou a meter de ladinho enquanto segurava meus seios pequenos com suas mãos. Seu pau estava ali socando forte dentro do meu rabo, enquanto passei a gemer gostoso. Foi então que ele jogou seu corpo contra o meu e estávamos ali praticamente com os corpos colados enquanto ele tratava de meteu gostoso no meu rabo. Sim, eu já estava começando a sentir muito mais tesão, minhas pernas estavam praticamente meladas entre elas, ele então se colocou por cima de mim, enquanto as minhas pernas abraçavam sua cintura.
Ele passou então a meter enquanto me beijava, eu arranhei suas costas enquanto ele socava bem fundo. Na hora de gozar, ele espalhou sua camisinha com todo seu sêmen. Praticamente caimos nús em sua cama, e eu, abafada ainda pela recém transa pela primeira vez no meu cuzinho, desmaiei. Dormi profundamente.
A luz da manhã atravessava as cortinas finas e me fazia apertar os olhos antes mesmo de querer encarar o que tinha ao meu redor. Ainda estava nua, coberta apenas pelo lençol amassado e quente do quarto de Vitor. O travesseiro ao meu lado estava vazio. Ele não estava ali.
Meu corpo ainda carregava o calor da noite anterior… E mesmo que eu tivesse cedido por vontade própria — porque em algum nível eu quis —, meu coração estava em guerra comigo mesma.
O que foi que eu fiz?
Coloquei a mão sobre a testa, sentindo meu peito pesar. O gosto de culpa era amargo. Por mais que Pedro tivesse me machucado, me traído… por mais que o vídeo me mostrasse uma verdade dolorosa, nós ainda éramos um casal. Ou éramos?
Virei para o lado, tentando entender em que ponto me perdi. Onde foi que deixei de ser a garota segura, fiel, centrada? E por que, mesmo agora, eu me sentia arrependida?
Meu celular estava desligado. Peguei-o no chão ao lado da cama e liguei. A tela iluminou, notificações pipocaram. Suspirei. Pensei em escrever algo para Pedro. Talvez uma mensagem dura, talvez um desabafo. Talvez só jogar tudo na cara dele e acabar com aquilo de uma vez.
Mas antes que eu decidisse, ouvi uma risada. Uma risada abafada, de quem estava tentando não chamar atenção. Meu coração acelerou. Peguei o lençol, enrolei no corpo, e fui andando devagar, com passos leves, quase sem som.
A porta do quarto estava encostada. Empurrei um pouco, abrindo só o suficiente para ver.
Vitor estava conversando com alguém, descontraído, tirando onda, com o celular no ouvido, sorrindo. “É, finalmente consegui. Agora aquele maldito sabe como é bom ser corno. Agora preciso combinar com você o próximo passo.”
Meu sangue gelou.
Maldito? Dar o troco?
Fechei a porta em silêncio, sentindo meu corpo inteiro estremecer. Voltei rapidamente para a cama e me deitei, fingindo estar dormindo. Minha mente estava em colapso.
Será que tudo isso foi planejado? Só uma pessoa foi "corna" nesse episódio todo. O Pedro. Será que… ele usou de mim só pra atingir o Pedro? Mas por que? Eles nem se conhecem!
Aquela sensação de culpa se multiplicou por mil, agora misturada com raiva, vergonha… e medo. Fechei os olhos com força, tentando controlar a respiração.
Algo estava errado. Muito errado.
E eu precisava saber de toda a verdade — antes que fosse tarde demais.