Onde o mar nos levou - Capítulo VI

Um conto erótico de Rafael & Caio
Categoria: Gay
Contém 3454 palavras
Data: 08/08/2025 17:39:58

Capítulo VI – Mar revolto...

Narrado por Rafael...

Era como se o tempo tivesse parado logo depois daquele “sim” sussurrado. Como se o mundo inteiro soubesse que, a partir dali, tudo em mim tinha um novo ponto de partida, o nome dele: Caio.

Ele ainda estava ali, no centro da sala, de pé, olhando a aliança nos dedos como se mal acreditasse. Eu não sei exatamente quem avançou primeiro, mas quando nossos corpos se chocaram de novo, foi como se uma energia insuportável — que nos rondava desde o primeiro olhar — finalmente tivesse permissão pra explodir.

Caio me beijou com uma fome que eu só tinha sentido uma vez antes: naquele dia em que ele me fez esquecer do mundo numa praia afastada. Mas agora era diferente. Agora a gente estava dentro da nossa casa, com as janelas abertas, o sol invadindo tudo e nenhuma culpa ou dúvida entre nós. Só desejo. E amor.

— Tira essa camisa agora… — Caio sussurrou contra a minha boca, e eu obedeci sem nem pensar. Minhas mãos foram pro peito dele com avidez, como se quisessem cravar em carne viva tudo o que eu estava sentindo.

Caio me empurrou com força contra o sofá e subiu por cima de mim, mordendo minha boca, meu pescoço, passando a língua por onde encontrava pele. Eu gemia baixo, meu quadril já se mexia contra o dele, nossas calças atrapalhando o que ambos queríamos mais que tudo.

— Você é meu agora, Rafael… — ele rosnou no meu ouvido, enfiando a mão dentro da minha calça. — Inteiro. Não tem mais volta. E eu vou provar isso em cada canto dessa casa.

— Então me mostra... — desafiei, agarrando sua cintura e trocando as posições, o jogando no sofá e cavalgando seu corpo com a intensidade de alguém que esperou a vida inteira por isso.

A gente se despiu no meio da sala, entre beijos desesperados, toques firmes, mãos curiosas e bocas que não conseguiam se desgrudar. Quando finalmente estávamos nus, ele me puxou pela mão e me levou até o tapete, onde tínhamos deixado nossas coisas caírem mais cedo. Ali mesmo, entre a bagunça da sala e os restos do café da manhã, ele se deitou de bruços e olhou por cima do ombro:

— Vai devagar agora… eu quero sentir tudo. Quero guardar cada segundo disso.

E eu fui. Fui com calma, com carinho, com respeito. Entrei nele como quem entra em casa depois de muito tempo longe. Como quem volta. E ele me recebeu inteiro. Seu corpo se arqueando, os dedos se agarrando ao tapete, os gemidos escapando entre palavras que faziam meu corpo estremecer:

— Isso… assim mesmo… Me ama do jeito que só você sabe.

— Você não tem ideia do quanto eu te amo, Caio.

Nos movemos ali até que os corpos suavam e os olhos se embarcavam um no outro. Mas a vontade de tê-lo era tão imensa, tão insaciável, que ele puxou minha mão e me levou pro corredor. Rindo, quase tropeçando nos próprios passos, entramos no quarto. Caio se jogou de costas na cama e me puxou por cima dele com força.

— Agora, me fode direito… sem piedade.

— Eu pensei que você quisesse amor, não piedade — brinquei, sorrindo contra o pescoço dele.

— Amor eu já tenho. Agora me mostra o outro lado disso tudo.

Eu atendi. Com força, com entrega, com movimentos fundos e ritmados. Suávamos, gritávamos um o nome do outro. As mãos dele arranhavam minhas costas. As minhas apertavam seus quadris, prendiam suas pernas em mim. Ele ficava de quatro, depois montava em mim. Virávamos de lado. Trocávamos beijos e sorrisos. Às vezes, parávamos só pra nos olhar, ofegantes, rindo entre gemidos.

— Você é minha casa, Caio… — falei, com os lábios na curva de sua cintura.

— E você é meu lar. Entra em mim como se nunca mais fosse sair.

Passamos pelo quarto, voltamos pra sala, invadimos a cozinha. Em cima da bancada de mármore, eu o deitei de costas, nossas peles coladas, os corpos em completo transe. Transamos com gosto. Com loucura. Como se cada posição fosse um “sim” novo pro resto das nossas vidas.

E quando por fim caímos no chão da sala, exaustos, com os corpos ainda entrelaçados e os olhos molhados, eu acariciei o rosto dele e perguntei:

— Você tem noção do que acabou de acontecer?

— Tenho. A gente se prometeu com o corpo o que a alma já sabia.

E então, ali, no silêncio depois da tempestade dos nossos desejos, eu soube: a gente não tinha só começado a namorar. A gente tinha escolhido viver um no outro.

Narrado por Rafael...

O sol ainda lambia a linha do horizonte quando abri os olhos. Sentia meu corpo levemente dolorido, como se ainda vibrasse das horas de paixão que haviam preenchido todos os cômodos daquela casa. Virei-me devagar, os lençóis ainda bagunçados, o perfume de Caio impregnado no travesseiro e nos meus poros. Ele dormia pesado, com uma expressão serena, os lábios entreabertos, o peito subindo e descendo em um ritmo lento que me dava paz. Beijei de leve sua testa e sussurrei:

— Dorme mais um pouco, amor... vou só dar uma volta na praia.

Me vesti devagar, peguei uma garrafinha de água e saí. Caminhar à beira-mar era como meditar. O som das ondas quebrando, o cheiro salgado da brisa, o céu se transformando em tons de laranja e dourado... tudo aquilo me fazia respirar fundo, como se estivesse me reconstruindo a cada passo.

Caminhei por quase duas horas. Perdi a noção do tempo entre pensamentos e lembranças. Eu pensava em nós dois... no pedido de namoro, na intensidade da nossa conexão, no quanto a presença de Caio fazia meu mundo parecer menos pesado, menos cruel.

Voltei pra casa suado, a pele quente do sol suave da manhã, com vontade de deitar ao lado dele de novo e entrelaçar nossas pernas. Abri a porta devagar, esperei escutar algum barulho vindo do quarto... mas nada. Tudo silencioso.

— Caio? — chamei. Nenhuma resposta.

Deixei a toalha na cadeira da sala e fui até o quarto, sentindo um aperto no peito. Quando entrei, vi Caio encolhido entre os lençóis, o rosto pálido e uma expressão desconfortável. Aproximei-me imediatamente e toquei sua testa.

— Merda... — sussurrei, ao sentir a temperatura. — Você tá com febre.

Ele abriu os olhos lentamente, os cílios pesados, os lábios secos.

— Rafa... eu... tô meio estranho... — murmurou com a voz fraca.

— Ei, calma... você tá com febre, tá? Fica deitado. Eu vou cuidar de você.

— Mas... e a gente... ia voltar pra cidade hoje — disse, tentando se sentar.

— Não. A sua saúde vem primeiro. O mundo pode esperar, Caio. Eu, não.

Beijei sua testa e fui buscar uma toalha molhada, compressa, termômetro, uma sopa leve, tudo que eu podia. O dia virou rotina de cuidados — dele cochilando, eu checando a febre, passando os dedos devagar por seus cabelos, lendo partes de um livro em voz alta pra distrair, alimentando ele com colheradas, acariciando sua nuca com carinho.

No início da tarde, enquanto ele dormia, meu celular vibrou com uma mensagem. Desbloqueei o telefone e li a mensagem de um número desconhecido que dizia:

“Sou Dona Lúcia, mãe do Caio. Estou passando aí pra conhecer você. Ele me avisou que estão juntos. Chego em vinte minutos.”

Respirei fundo, ajeitei a casa como pude e esperei na varanda, com o coração acelerado.

Quando ela chegou, trazia um sorriso sereno e os olhos de quem já viveu muito. Havia algo acolhedor em sua presença. Cumprimentei-a com um abraço respeitoso.

— Rafael? — ela perguntou, com doçura.

— Sim, senhora. É um prazer imenso conhecê-la, Dona Lúcia!

— Pode me chamar só de Lúcia, meu filho. O prazer é meu. Caio me falou de você... E disse que precisava me ver, precisava me apresentar alguém importante.

Entramos. Ela olhou em direção ao quarto, onde Caio ainda dormia.

— Ele está meio mal... — falei. — Febre, calafrios. Desde que voltei da caminhada, tô cuidando dele.

Ela assentiu, com um olhar misto de preocupação e ternura.

— Ele é forte. Mas se entrega muito ao que sente... Às vezes se esquece de cuidar de si.

Sentamo-nos no sofá. Ela observava o ambiente, com os olhos atentos e calmos, depois me encarou.

— Rafael, posso te perguntar algo... de mãe para o homem que entrou na vida do meu filho?

— Claro... — respondi, com o coração apertado.

— O que você sente por ele?

Demorei alguns segundos antes de responder. Queria que cada palavra viesse do lugar mais honesto que existia dentro de mim.

— Eu amo o Caio com todas as minhas forças. Não sei explicar como isso aconteceu, Lúcia... Só sei que ele me faz respirar melhor, me faz sentir mais eu mesmo. Ele me salvou quando eu já nem lembrava do gosto da esperança. Não quero só estar ao lado dele... quero ser lar. Quero ser abrigo. Quero viver a vida dele com ele.

Os olhos dela se encheram d’água.

— Era só isso que eu precisava ouvir... Cuida bem do meu filho, Rafael. Porque ele já sofreu demais nas mãos de quem dizia amar.

— Eu vou cuidar. Todos os dias. De corpo e alma.

Ela segurou minha mão e sorriu. No fundo do corredor, ouvimos Caio tossir. Levantei-me apressado, e ela falou, antes de eu sair:

— Ele está seguro com você. Eu sinto isso.

Entrei no quarto com lágrimas nos olhos. Sentei ao lado da cama e segurei a mão dele.

— Tá melhorzinho, meu amor?

Ele sorriu fraco.

— Tô. Sonhei que você e minha mãe estavam conversando... e ela tava rindo.

Sorri de volta e beijei sua mão.

— Não era sonho, Caio. Ela veio te ver. E me conheceu. E agora... eu sinto que tudo está certo.

Logo em seguida, Dona Lúcia entrou no quarto, com os olhos marejados de emoção e um sorriso calmo nos lábios.

— Oi, meu filho... — ela disse, se aproximando e sentando-se ao lado oposto da cama. — Como você está?

— Melhor agora... Você veio mesmo?

— Vim. Eu precisava conhecer o homem que deixou meu filho com esse brilho nos olhos.

Ele riu baixinho, tossiu em seguida, e segurou a mão dela.

— Mãe... o Rafa é tudo pra mim.

Ela olhou pra mim, depois pra ele.

— E ele já me disse que você é tudo pra ele também. Você encontrou um amor bonito, Caio. E dessa vez... eu acho que é pra valer.

Ele piscou devagar, os olhos umedecidos.

— Eu também acho, mãe. Eu também acho.

Dona Lúcia se levantou, ajeitando a bolsa nos ombros e lançando um último olhar carinhoso para o filho, que dormia profundamente após um dia inteiro de cuidados. Rafael a acompanhou até a porta da casa, sentindo no peito um afeto profundo por aquela mulher que, em tão pouco tempo, já o fazia sentir-se parte de algo maior — uma família de verdade.

Antes que ela abrisse a porta, Rafael disse em um tom suave:

— Dona Lúcia... — ele tocou gentilmente o braço dela — A senhora me permite levá-la até em casa? Não quero que vá sozinha a essa hora, ainda mais depois de tanta emoção.

Ela sorriu com ternura, segurando a mão dele com delicadeza.

— Você é mesmo um rapaz muito especial, Rafael. Mas tem certeza? Não quero atrapalhar…

— Não é incômodo nenhum, Dona Lúcia. Caio ainda vai dormir por um bom tempo... E eu faço questão. — ele sorriu, com os olhos brilhando de gentileza.

Ela assentiu com um aceno e os dois caminharam até o carro. Durante o trajeto, conversaram sobre amenidades, memórias antigas, e até deram risada com algumas histórias de infância que Dona Lúcia contou sobre o filho.

Depois de deixá-la em casa, Rafael passou rapidamente em uma farmácia. Comprou alguns remédios para febre, vitaminas e até um chá calmante. No caminho de volta, parou em um mercadinho e pegou ingredientes frescos para preparar um jantar leve — sopa de legumes, pão quentinho e suco natural.

Ao chegar, a casa estava silenciosa. Ele entrou devagar, foi até a cozinha, preparou tudo com cuidado, arrumou uma bandeja e levou para o quarto. Quando entrou, encontrou Caio ainda deitado, virado para o lado oposto, encolhido sob o lençol. Ao se aproximar, percebeu um leve soluço abafado.

— Caio? — ele perguntou suavemente.

Caio virou o rosto devagar. Os olhos estavam marejados.

— Amor, o que houve? — Rafa deixou a bandeja sobre a cômoda e se sentou na beira da cama, alarmado. — Tá com dor? Tá se sentindo pior?

Caio balançou a cabeça, respirando fundo, tentando falar.

— Não... É que... — ele puxou uma folha de papel dobrada, um pouco amassada. — Eu achei isso no fundo da sua mochila... entre umas anotações. Era uma carta, né?

Rafael congelou por um segundo, reconhecendo o papel. Era mesmo a carta que ele escrevera no período em que estiveram afastados. Um desabafo que nunca teve coragem de entregar.

— Eu... — Rafa passou a mão nos cabelos, nervoso. — Eu escrevi isso numa noite em que tava tudo doendo demais. Achei que nunca mais ia te ver. Nunca mais ia ter a chance de dizer o quanto você mexeu comigo...

Caio abriu a carta sobre o peito e olhou nos olhos dele.

— Você quer... ler pra mim?

Rafael respirou fundo. Pegou o papel e, com a voz baixa, começou a ler:

“Caio...

Eu nem sei por onde começar. Já reli esse papel mil vezes e, mesmo assim, as palavras me escapam. Não porque não existam — mas porque nenhuma parece suficiente pra explicar o que você causou em mim.

Naqueles poucos dias, você me fez sentir mais vivo do que nos últimos anos inteiros. Você me viu quando eu tava escondido. Me ouviu quando eu mesmo tentava me calar. Tocou em partes minhas que ninguém jamais teve coragem de alcançar.

Eu me lembro do seu sorriso ao sol, do seu cheiro de mar e café, das mãos quentes segurando as minhas na areia fria. Aquilo ficou em mim, Caio. Entrou nos meus ossos. E desde então, mesmo longe, você nunca saiu de mim.

Se algum dia você ler isso, é porque eu criei coragem. Ou talvez porque não tinha mais nada a perder. Só queria que soubesse... eu te amo. E se eu pudesse escolher, escolheria você. Sempre você.”

Quando Rafael terminou, sua voz estava embargada. Caio chorava em silêncio.

— Eu nunca pensei... — ele sussurrou — Nunca pensei que alguém fosse me amar assim. Tão de verdade. Tão inteiro.

Rafael se deitou ao lado dele e o abraçou com delicadeza, os corpos colados, corações alinhados.

— Esse é só o começo, Caio. O começo de tudo que eu ainda quero viver com você.

Caio o beijou devagar, cheio de carinho e entrega.

— Obrigado... Por tudo. Por cuidar de mim... por me amar desse jeito.

Rafael sorriu, enxugando as lágrimas dele com o polegar.

— Agora, sem mais choro. Trouxe sopa e um pão quentinho. Você precisa se alimentar.

— Me alimenta você — murmurou Caio com um meio sorriso preguiçoso, e Rafael fez exatamente isso. Colher por colher, com amor em cada gesto, como se cuidasse do que era mais precioso em sua vida.

A noite já estava avançada. A luz do abajur no canto do quarto deixava tudo com um tom amarelado e cálido, como se o próprio tempo tivesse abrandado só pra nos assistir ali, entrelaçados naquele silêncio gostoso que se segue depois de tanto. Eu o sentia respirando contra o meu peito, a mão dele espalmada sobre meu abdômen, os dedos às vezes desenhando círculos preguiçosos. Caio era esse misto de tempestade e calmaria — e eu não fazia ideia de como tinha vivido tanto tempo sem essa presença na minha pele.

— Rafa... — ele chamou, quase num sussurro. — Tá acordado?

— Tô sim — respondi, passando os dedos pelos cabelos dele, tão cheirosos, tão dele.

— Fiquei pensando aqui... e agora? O que cê vai fazer na cidade?

Fiquei em silêncio por um instante, organizando os pensamentos. Respirei fundo, sentindo o cheiro do travesseiro misturado ao dele.

— A verdade... é que eu não sei ao certo. — confessei. — Mas acho que é isso que me dá mais liberdade agora. Eu fui demitido, sim, mas isso só abriu espaço pra algo novo. E eu quero tentar um emprego mais perto daqui. Não quero mais viver naquela correria, naquela distância que só me faz adoecer. Quero respirar com calma, construir algo com os pés no chão. E... — olhei pra ele, que agora me observava atento — quero construir isso com você, Caio.

Ele sorriu com os olhos antes de sorrir com os lábios.

— Você falaria isso mesmo se eu estivesse com bafo e todo suado de febre?

— Principalmente nesses momentos — ri, dando um beijo na testa dele. — Porque é aí que a gente prova que é amor de verdade.

— Você sempre tão piegas...

— E você sempre tão teimoso. Mas no fim, a gente se encaixa, né?

Ele assentiu e voltou a deitar sobre meu peito. Ficamos um tempo em silêncio, apenas ouvindo nossos corpos existindo juntos.

— Cê vai mandar currículo? Fazer entrevista?

— Já tô preparando uns materiais. Pensei até em empreender algo, sabe? Algo simples, talvez um projeto com educação financeira pra jovens do interior. Tem tanta gente precisando... e eu sei que posso fazer diferença.

— Você sempre pensa nos outros... — murmurou ele, com uma admiração que me atravessou como um abraço. — Isso me faz te amar ainda mais.

Me virei de lado, segurando o rosto dele entre as mãos.

— Eu só quero um futuro em que eu possa te ver dormir todo dia. Trabalhar, lutar, construir. Mas voltar pra casa e saber que é você quem tá ali... isso é o que me move agora.

— E se um dia não der certo?

— Então a gente tenta de novo. E de novo. Até dar. Mas se for com você... eu topo qualquer coisa.

Caio sorriu, emocionado, e nos beijamos devagar, sem pressa. Era um beijo de promessas. De tudo o que ainda viria.

Nos abraçamos forte, os corpos cansados da intensidade do dia e do amor que fizemos em cada canto da casa. E adormecemos assim, de conchinha, com meus braços envolvendo ele e os pés enroscados sob o lençol.

A madrugada foi silenciosa. A brisa entrava leve pela janela entreaberta, e a lua iluminava as paredes com um brilho prateado que parecia nos proteger. Dormimos profundamente, embalados por aquele sentimento doce de pertencimento.

O dia seguinte ainda estava por nascer... mas o futuro já começava ali. No peito dele, no meu abraço, na certeza de que não importava o que viesse — a gente estava, finalmente, do mesmo lado.

O sol ainda mal tinha despontado quando Rafael acordou. A claridade tímida invadia pelas frestas da janela, desenhando traços dourados sobre o corpo de Caio, ainda adormecido ao seu lado. Ele parecia melhor, respirando de forma tranquila, envolvido nos lençóis amassados, com os cabelos bagunçados caindo sobre a testa. Rafael sorriu, levou a mão até o rosto dele e acariciou com os dedos devagar, como quem agradece silenciosamente por aquele instante.

Levantaram-se um pouco depois, sem pressa. Caio ainda estava cansado, mas o olhar já não carregava a exaustão do dia anterior. Ele sorriu ao ver Rafael preparando o café com uma camiseta surrada que deixava parte das costas à mostra.

— Dormiu bem? — perguntou Rafael, servindo duas xícaras.

— Dormi com você, né? Então, dormi bem — Caio respondeu, com a voz ainda rouca de sono, mas com um tom doce que fez o coração de Rafael bater mais forte.

Entre goles de café e trocas de olhares preguiçosos, decidiram os detalhes finais da viagem.

— Que tal a gente pegar a estrada? — sugeriu Rafael. — Eu gosto de dirigir, a gente vai ouvindo música, conversando, vendo as paisagens... E, sinceramente, acho que vai ser bom pra gente esticar esse tempo juntos.

Caio assentiu com um meio sorriso.

— Tô topando tudo que me der mais tempo ao seu lado.

Já na estrada, o sol ia subindo lentamente e aquecendo o dia. O carro deslizava pelo asfalto enquanto Rafael dirigia com uma mão só no volante e a outra repousando sobre a coxa de Caio. A playlist que tocava era uma mistura de músicas que os dois gostavam — de clássicos românticos a MPB suave. O vento entrava pelas janelas abertas e os dois estavam em paz, conversando sobre o futuro.

— E você, amor... o que pretende fazer agora que está de volta? Vai tentar alguma coisa por lá mesmo? — Caio perguntou, olhando pela janela, mas logo voltando os olhos para Rafael.

- Pretendo, sim. Quero procurar uma vaga como diretor financeiro... ou analista sênior. Tem uma empresa do setor logístico que tá crescendo lá na região. Tô pensando em tentar algo mais estável, mas que também me permita qualidade de vida. Tô cansado daquela loucura da capital. Quero uma vida que me permita chegar em casa e jantar contigo, sabe?

Caio sorriu, pegando a mão de Rafael.

— Quero isso também... uma vida mais tranquila. Com você.

Eles seguiram assim por mais alguns quilômetros, conversando, rindo, ouvindo música e planejando uma rotina a dois sem pressa.

Continua...

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Foto de perfil de T. Lys. RT. Lys. RContos: 7Seguidores: 4Seguindo: 2Mensagem "Escrevo com o coração em carne viva, transformando dor, amor e redenção em capítulos que sangram poesia — onde cada palavra carrega o peso da verdade e o alívio da esperança."

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