Eu mal podia acreditar nos momentos incríveis que passei com Fernanda. Eu já tive minhas noites de sexo intenso e prazer com alguns homens que passaram pela minha cama, mas o que vivi há poucos minutos atrás foi, sem dúvidas, o melhor sexo da minha vida. Senti tanto prazer que, em alguns momentos, tive a sensação de que minha alma se desprendia do meu corpo. Eu estava plena, satisfeita e com a certeza de que eu queria sentir aquilo muito mais vezes. Ela era perfeita, me fez sentir completa, amada, desejada; eu já não tinha nem adjetivos para nomear o que ela me fez sentir em seus braços.
Mas não foi só sexo: ela tinha sim uma pegada forte que me deixava maluca, mas também era carinhosa, cuidadosa e respeitou meus limites o tempo todo. Ela, com certeza, sentiu minha insegurança no início, mas teve a calma para me deixar me soltar mais. Guiou-me com cuidado em momentos em que eu não sabia direito o que fazer, quando a insegurança e o medo de fazer algo errado ficaram nítidos para ela.
O carinho que ela me ofereceu depois que eu me agarrei a ela, exausta de tanto sentir prazer, foi algo que me encantou. Sentir seus beijos carinhosos no meu rosto, sua mão acariciando meus cabelos, ou seus dedos desenhando círculos invisíveis nas minhas costas enquanto estávamos abraçadas na cama foi algo que me deixou com o coração quentinho. Ela também elogiou muito a minha beleza, e para uma mulher vaidosa como eu, a fez ganhar muitos pontos comigo.
Infelizmente, não conversamos muito; eu queria saber mais sobre ela, mas vi o cansaço estampado em seu rosto e os bocejos de sono que teimavam em aparecer em sua boca. Não era apenas cansaço pelo sexo; aquilo era algo mais, provavelmente o cansaço de quem tem que levantar cedo todos os dias para encarar um dia difícil de trabalho. Resolvi ficar quieta e deixá-la descansar, seu sono não demorou a tomar conta de seus olhos e do seu corpo. Ela dormiu sem nem um boa noite; acho que simplesmente apagou ali nos meus braços enquanto trocávamos carícias.
Eu fiquei ali por um tempo admirando seu corpo nu juntinho do meu. Fernanda era uma bela mulher, não daquelas cuja beleza chama a atenção onde passa, mas, com certeza, qualquer pessoa que a olhasse com mais cuidado notaria a beleza natural que ela tinha.
Ela era um pouco mais baixa do que eu, provavelmente 1,70 m de altura, cabelos castanhos escuros, lisos, que iam até o ombro, olhos castanhos claros e um rosto bem feito. Tinha pernas bonitas e um bumbum bem redondinho, não era grande, mas do tamanho perfeito para seu corpo. Sua cintura era fina e seus seios médios, lindos! Provavelmente não praticava exercícios; seus músculos não se destacavam como os meus, que era rata de academia. Não tinha tatuagens e, pelo que notei, não gostava muito de usar acessórios nem roupas chamativas. Na primeira vez que a vi, ela estava usando tênis, jeans e blusa. Com certeza também não era adepta a usar sutiã, mas com seus seios firmes como eram, não era algo necessário. Ainda não sabia a idade dela, mas provavelmente era mais velha do que eu alguns anos.
Eu estava ali viajando nela, curiosa para saber mais daquela mulher que conquistou meu corpo e meu coração. Não tinha mais como negar: pela primeira vez na vida eu estava apaixonada por alguém, e era uma mulher, algo que nunca passou pela minha cabeça, mas aconteceu.
Senti meu sono surgir com mais força; decidi dormir ali com ela, pelo menos até a hora em que ela acordasse para ir trabalhar. Não sabia muito da vida dela; na verdade, não sabia praticamente nada, mas uma garota humilde e independente, normalmente, trabalha muito para poder sobreviver.
Eu não precisava voltar à boate; pedi a Diego para fechar para mim e meu escritório já estava trancado. Foi com esse pensamento que me toquei do erro que cometi: as chaves da boate estavam na gaveta da mesa do meu escritório. Como eu as tranquei, não tinha como Diego pegar as chaves para trancar a boate.
Soltei-me dos braços de Fernanda devagar, levantei-me com cuidado. Infelizmente eu teria que voltar à boate. Fui até a sala e comecei a procurar minhas roupas que estavam espalhadas pelo cômodo. Vesti-me e fui procurar pelo meu celular; foi aí que vi um crachá em cima da mesa, tinha uma foto dela e, como sou curiosa, peguei para ver. A foto provavelmente era de alguns anos atrás: o cabelo era maior e ela parecia garotinha. Mas algo me chamou a atenção: o nome da empresa escrito no crachá. Ela trabalhava na empresa do meu pai; talvez os dois se conhecessem. Fiquei feliz com aquela coincidência. Deixei o crachá sobre a mesa e voltei a procurar meu celular. Estava em um canto do sofá; assim que o peguei, tirei uma foto do crachá e saí dali para ir para a boate. Eu iria mostrar a foto para meu pai para ver se ele a conhecia.
Quando cheguei na boate, já não havia quase ninguém no bar. Fui ao escritório e peguei a chave da boate. Entreguei a boate a Diego e pedi para ele tirar uma cópia da chave da porta da entrada principal para ficar com ele. Ele disse que faria isso e me despedi dele. Fui direto para meu apartamento e, depois de um banho demorado, joguei-me na cama. Dormi pensando na Fernanda e na noite incrível que tivemos.
Acordei às oito horas do dia seguinte e, quando me lembrei dela, um sorriso bobo se formou no meu rosto. Levantei-me, fiz minha higiene matinal e preparei meu café da manhã. O meu dia ia ser puxado; às quintas-feiras ele sempre é assim: reunião com vendedores, limpeza geral na boate, reunião com os funcionários e com os representantes da equipe de segurança. Depois do café, fui direto para a boate para resolver tudo o que tinha para resolver.
Recebi alguns vendedores e fiz algumas ligações para fornecedores da boate pela manhã; resolvi pedir comida em um restaurante e almocei no escritório mesmo. Lembrava da Fernanda a cada momento em que eu estava sozinha, e, depois de almoçar, resolvi ligar para o meu pai e contar as novidades. Assim que ele atendeu, perguntei se ele estava ocupado; ele disse que não, que estava em um restaurante almoçando sozinho e poderia conversar.
Eu contei para ele, de forma resumida, sem dar muitos detalhes, tudo o que tinha acontecido e ele ficou muito feliz por ter dado tudo certo entre eu e a Fernanda. Eu pude sentir que ele ficou feliz por mim só pelo tom da voz dele. Contei também que descobri que ela trabalha na empresa dele. Ele me perguntou o nome completo dela e eu disse que, depois que eu desligasse, iria mandar a foto do crachá para ver se ele a conhecia. Ele perguntou por que eu tinha uma foto do crachá, se não era mais fácil eu ter pergunta a ela se ela o conhecia . Expliquei o porquê tirei a foto e o motivo. Ele ficou em silêncio por um tempo e depois disse que provavelmente ela ficaria chateada comigo por ter saído sem se despedir logo após a nossa primeira noite juntas.
Ainda não tinha parado para pensar nisso e, provavelmente, meu pai tinha razão: eu saí sem me despedir, não deixei nem um bilhete explicando, e o pior, eu não tinha como entrar em contato com ela. Não tínhamos trocado números de telefone, nem nenhum outro tipo de contato; ela provavelmente tinha o da boate, mas eu não tinha nada. Falei para o meu pai que o que ele me disse me preocupou, mas não tinha nada que eu pudesse fazer.
Conversamos mais um pouco e eu desliguei, e enviei a foto do crachá dela. Logo ele mandou mensagem dizendo que sabia quem era, onde era a sala dela, mas só tinha falado diretamente com ela uma vez. Quando li a mensagem, tive uma ideia. Mandei uma mensagem para o meu pai perguntando se ele não poderia levar umas flores para ela com um cartão de desculpas, para que eu não a deixasse triste ou chateada comigo o dia todo. Meu pai disse que as flores até seriam fáceis de conseguir, mas era melhor eu ir à empresa e entregar pessoalmente, até porque ele não poderia assinar o cartão com meu nome; era melhor eu me desculpar pessoalmente. Eu disse que não poderia ir à empresa e pedi, por favor, para ele fazer isso por mim. Meu pai respondeu dizendo que seria muito estranho o dono da empresa levar flores para uma funcionária. Eu implorei para que ele me ajudasse e ele concordou, mas disse que iria pedir para um motoboy ir à boate, que era para eu escrever um bilhete ou algo assim e entregar para o motoboy. Eu adorei a ideia e disse que faria isso.
Meu pai era o melhor pai do mundo e, mais uma vez, iria me ajudar, mesmo correndo o risco de pagar mico e de criar uma fofoca enorme dentro da empresa dele.
Eu peguei um pequeno bloco de notas, escrevi um texto simples me desculpando com Fernanda por ter saído sem me despedir e explicando o motivo, meio por auto. Quando terminei, fiquei aguardando o motoboy. Depois de um tempo, meu pai mandou mensagem perguntando de que flores ela gostava. Eu respondi que não fazia ideia, que era para ele escolher; eu confiava no seu bom gosto. Ele apenas disse que nem imaginava que um dia teria que fazer algo assim por mim e que eu estava devendo essa a ele. Eu apenas concordei e disse que ele poderia cobrar quando quisesse.
Eu olhei de novo o bilhete para ver se deveria acrescentar algo ou talvez reescrevê-lo, mas achei que estava bom; só acrescentei o meu número pessoal. Ainda assim achei meio xoxo aquele bilhete, então tive a ideia de mandar um pequeno presente junto: era um cartão VIP da boate. Esse cartão era para poucas pessoas e era pago através de mensalidade. A pessoa pagava uma boa quantia por mês e teria acesso ilimitado à boate, aos quatro camarotes e 10% de desconto em tudo que consumisse dentro da boate. Coloquei o nome da Fernanda nele e deixei os outros espaços vagos, já que eu não sabia as informações que eu precisava. Depois eu faria isso.
Voltei ao trabalho e, logo, o motoboy apareceu. Entreguei o envelope com o bilhete e o cartão VIP e rezei para que tudo desse certo. Depois de quase uma hora, recebi uma mensagem do meu pai dizendo que tinha dado tudo certo; apesar do susto inicial, a Fernanda tinha amado as flores. Eu o agradeci mais uma vez e fiquei com aquele sorriso bobo no rosto; eu me sentia aliviada.
O restante do dia correu normalmente, a não ser por uma mensagem de um número diferente no meu zap. Assim que abri a mensagem, vi que era da Fernanda. Ela dizia que eu era maluca, mas que tinha amado as flores e o presente. Eu estava muito ocupada e só mandei um monte de corações para ela. Por volta das 16h, eu já tinha resolvido quase tudo; só faltavam algumas coisas, mas Diego poderia resolver por mim. Fui até meu escritório, tomei um banho caprichado, vesti a melhor roupa que eu tinha ali e fui para o apartamento da Fernanda.
Eu estava com muita saudade dela; eu parecia uma adolescente quando se apaixona pela primeira vez. Na verdade, eu não era mais uma adolescente, mas estava apaixonada pela primeira vez, e aquilo era novidade para mim.
Quando cheguei na portaria, o porteiro disse que Fernanda ainda não tinha chegado do trabalho, mas, como me viu entrar com ela na noite passada, me liberou para eu subir e esperar lá dentro. Eu subi e fiquei na porta do seu apartamento; ela estava demorando, então me sentei no chão, encostando as costas na porta do apartamento. Não demorou muito e a vi entrar pelo corredor com um buquê enorme de rosas na mão e um sorriso lindo no rosto. Eu me levantei e fiquei esperando que ela se aproximasse; quando isso aconteceu, eu a abracei e dei um selinho na sua boca.
Ela abriu a porta, convidando-me a entrar; colocou o buquê de rosas em cima do sofá e disse que deu muito trabalho trazê-las em um ônibus lotado sem amassá-las. Eu... ri dela e perguntei se ela tinha gostado mesmo. Ela disse que sim, que meu pai acertou em cheio na escolha. Ela pediu para eu esperar só mais alguns minutos, que iria tomar um banho rápido e depois arranjar um jeito de colocar as flores em um vaso com água.
Sabrina— Se você me mostrar onde está o vaso, eu posso fazer isso por você.
Fernanda— Vai até à cozinha; está no armário da pia. Fica à vontade, logo eu volto.
Ela seguiu para o quarto, e eu fui procurar o tal vaso. Não foi difícil de achar; coloquei água nele e o coloquei em cima da mesa de centro da sala. Coloquei as rosas e sentei no sofá para esperar Fernanda voltar. Porém, só de ouvir o barulho do chuveiro, lembrei do que fizemos dentro do banheiro na noite passada. Aquilo me deixou muito excitada. Tentei expulsar aqueles pensamentos da cabeça, mas não consegui. Então resolvi agir.
Caminhei até o banheiro e tentei abrir a porta devagar; torcia para que não estivesse trancada e, para minha sorte, não estava. Assim que entrei, vi Fernanda lavando os cabelos debaixo do chuveiro. Fiquei ali paralisada olhando aquela cena; ela era linda demais. Ver a espuma escorrer pelo seu corpo enquanto ela passava as mãos nos cabelos era uma visão linda. Não sei quanto tempo fiquei ali paralisada olhando para ela, mas foi por um bom tempo, porque quando voltei à mim, ela me olhava e sorria com aquele sorriso que faz meu peito encher de felicidade.
Fernanda— O que você veio fazer aqui, sua maluca?
Sabrina— Cansei de te esperar e vim te ajudar.
Fernanda— E pretende me ajudar só olhando? Ou vai tirar a roupa e pôr a mão na massa?
Sabrina— Na massa eu não sei, mas que vou pôr as mãos em você, eu vou. Kkkkkk
Ela sorriu e eu fui tirando minha roupa peça por peça, sem tirar os olhos dela. Quando terminei, eu entrei debaixo do chuveiro e ela já me abraçou. Procurei seus lábios e a beijei com toda a minha saudade. Ela parou o beijo e me olhou com um olhar que eu não soube decifrar.
Fernanda— O que estamos fazendo, Sabrina? O que nós somos, afinal?
Sabrina— Não sei, mas não estou preocupada com isso no momento. Sei que precisamos conversar e esclarecer algumas coisas, e vou amar fazer isso. Também não estou preocupada com rótulos; na verdade, a gente pode ser o que você quiser, só não abro mão de ficar com você. Quero você só para mim, de verdade. Mas a gente poderia deixar essa conversa para daqui a pouco. No momento, eu só quero amar você por inteira.
Ela primeiro pareceu se assustar com o que eu disse, mas depois sorriu e me deu um beijo muito intenso.
Fernanda— Você quer me amar por inteira?
Sabrina— Sim, eu quero muito!
Fernanda— Tem certeza disso?
Sabrina— Absoluta!
Fernanda— Então prove!
Continua..
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper