A mudança para Belo Horizonte ainda tinha aquele cheiro de caixa de papelão e sonho novo. Nossa salinha no apartamento do Paraíso, que divido com a Clara e a Ingrid, ainda estava um caos, mas era um caos nosso, cheio de promessas. Em Veredinha, eu era a ovelha negra, a ninfeta que engravidou do padrasto, a "putinha umbandista" que rodava em vídeos pela internet. Aqui, eu era apenas Anna Luiza, uma jovem de 19 anos dona do seu próprio nariz – e dos seus próprios desejos.
Enquanto arrumava as últimas caixas no meu quarto, acendi uma vela vermelha para minha Pomba Gira. O ambiente ficou imediatamente mais aconchegante, iluminado pela chama tremulante que refletia nas imagens dela que eu trouxe comigo: Maria Mulambo e Rosa Vermelha. O incenso de jasmim encheu o ar, limpando qualquer energia que não fosse de empoderamento e liberdade. Era isso que eu vim buscar. A oportunidade de ser eu, sem precisar sussurrar. De cultuar minhas guias em paz e de transar à vontade, sem ter que ouvir o padre falar do fogo do inferno no domingo.
— Anna, você vai se arrumar? Não vai se atrasar no primeiro dia! — gritou a Clara, a mais comportada do trio, já de pantalona e blusa social, pronta para seu primeiro dia no escritório de contabilidade na Savassi.
— Já vou, mãe! — respondi, rindo. A Ingrid, a ruiva inteligente, apareceu na porta do meu quarto, segurando uma xícara de café.
— Deixa ela, Clara. Ela tem que fazer a maquiagem da deusa do sexo, não é, Anna? — disse Ingrid, com um sorriso maroto. — Já arrumei tudo na minha mesa, estou pronta para conquistar a empresa de tech no Buritis.
— Vocês duas, trabalhando de dia, e eu... bem, eu vou trabalhar de noite de um jeito bem diferente — falei, piscando para elas.
Me vesti com uma saia jeans curta que mal cobria meu bumbum, um top preto justo que deixava minha cintura fina em evidência e realçava meus seios pequenos, e uma sandália de salto fino. Não era minha roupa de trabalho, era minha roupa para ir para o trabalho. Coloquei meus brincos grandes e cheguei perto do espelho, ajustando o piercing no nariz. Me senti poderosa. Meu corpo, tão criticado em Veredinha, era minha maior arma e meu maior orgulho aqui: o quadril largo, o bumbum de 126 cm que preenchia a saia perfeitamente, a pele branca contrastando com o preto da roupa.
— Nossa, Anna, você vai ser assediada no caminho todo — disse Clara, com uma mistura de preocupação e admiração.
— É o objetivo, amore. Quanto mais olhares, melhor. Significa que estou no caminho certo.
Saí do apartamento e desci para o ponto de ônibus. Os olhares começaram antes mesmo de eu chegar na calçada. Um motoboy buzinou, um grupo de homens parou de conversar para me acompanhar com os olhos. No ponto, um senhor mais velho não disfarçava. Senti seu olhar queimando as minhas pernas.
— Vai trabalhar, moça? — ele perguntou, o tom de voz mais baixo, carregado de segunda intenção.
— Vou, sim. E você? — respondi, mantendo um sorriso no rosto, sem medo.
— Agora eu vou. Mas depois quem sabe a gente não se encontra por aí? — ele insistiu.
Dei uma risadinha. — Quem sabe.
O ônibus chegou, e a viagem foi mais do mesmo. Corpos se espremendo, e eu sentia o toque "acidental" de homens atrás de mim. Meu corpo era um ímã, e eu me alimentava daquele desejo cru. Era a confirmação de que eu não era invisível, de que meu poder era real.
Desci na movimentada Rua Guaicurus, o coração acelerado não de nervosismo, mas de antecipação. O Brilhante era um dos vários "sobe-desce" da região, um mundo à parte. Entrei no quarto que alugava por turno, pequeno, com uma cama, um espelho e um lavabo. Era ali que a magia acontecia.
Troquei de roupa. Vesti um baby doll preto de renda, tão curto que mal escondia a curva do meu bumbum. Por baixo, só minha pele e a calcinha fio dental que eu adoro. Nem precisava de sutiã. Meus seios pequenos ficavam perfeitos sob o tecido leve. Salto alto, mais maquiagem nos olhos, e meu cabelo loiro e liso solto sobre os ombros. Eu estava pronta.
A regra era clara: setenta reais. Gozou, acabou. E só com camisinha, pelo menos para estreantes.
O primeiro cliente não demorou. Era um porteiro, uniforme ainda vestido, as mãos calejadas. Cheirou a dia longo de trabalho.
— Quanto, gata? — perguntou, os olhos já devorando meu corpo.
— Setenta, amor. Vem comigo — disse, pegando sua mão e levando-o para o quarto.
Ele não perdeu tempo. As mãos dele, ásperas, percorreram minhas coxas enquanto eu tirava a camisa dele. A rola dele era média, grossa, e já estava dura. Coloquei a camisinha com uma expertise que surpreendeu até a mim mesma. Ele me colocou de quatro na cama, e eu arquei meu quadril, apresentando meu bumbum grande para ele.
— Essa raba é minha, loirinha? — ele grunhiu, segurando meus quadris.
— É toda sua, amor. Vem me foder — gemí, fingindo um pouco, sentindo prazer de verdade.
Ele entrou de uma vez, e eu senti aquele preenchimento que eu tanto amo. A cama rangia no ritmo dos seus empurrões. Ele gemía baixo, ofegante, e em menos de cinco minutos, gozou com um gemido abafado. Foi rápido, como a maioria é. Ele se vestiu, pagou os setenta, e saiu com um "até a próxima" que soou mais como uma promessa do que uma despedida.
O fluxo foi constante. Um pedreiro com cheiro de cimento e suor, que me elogiou sem parar. Um vendedor mais tímido, que precisou que eu guiasse sua mão. Um policial fardado, que parecia querer extravasar toda a tensão do dia em mim. A cada um, eu oferecia um pedaço de mim, controlava o ritmo, os gemidos, garantia que eles gozassem. Era cansativo, mas cada gozada era um troféu, uma confirmação do meu poder.
No meu auge, consegui atender quinze homens naquele dia. Quinze corpos diferentes, quinze rolas de tamanhos e grossuras variadas, quinze gozadas que não eram minhas, mas que eu provocava. Minha bucetinha rosinha e apertada ficou dolorida, mas era uma dor que eu amava, que me lembrava de quem eu era e do que eu era capaz.
Quando fechei a porta do último cliente, eram quase onze da noite. Me limpei, troquei de roupa e peguei o ônibus de volta para o Paraíso. No trajeto, exausta mas realizada, sentei e deixei a cabeça repousar no vidro. Um homem sentado do outro lado do corredor não tirou os olhos de mim o caminho todo. Eu só sorri, fechei os olhos e saboreei a liberdade. Finalmente, eu era livre para ser a puta que sempre quis ser. E aquilo era só o começo.