Com Você Descobri o Amor-11

Um conto erótico de AYOON
Categoria: Gay
Contém 1493 palavras
Data: 24/08/2025 23:00:31

O sol mal havia rompido o horizonte quando Dantas já estava de pé. A cabana permanecia mergulhada em silêncio, exceto pelo som da chaleira sobre o fogão a gás. Ele se movia com precisão quase militar — arrumava os suprimentos, verificava mapas, checava a munição das armas e reforçava as travas das portas.

Quando Elijah surgiu, sonolento, vestindo apenas uma camiseta larga e o short de dormir, encontrou Dantas sentado à mesa, os olhos fixos no laptop iluminando seu rosto sério.

— Bom dia. — disse Elijah com a voz baixa, quase tímida.

Dantas não desviou os olhos da tela. — Bom dia. Sente-se. —

Sobre a mesa havia dois pratos com pão, queijo e café preto. Elijah obedeceu em silêncio, pegando o pão com cautela, ainda sem perder o costume de esperar permissão.

— Eu disse que podia comer o que quisesse. — Dantas cortou seco, finalmente olhando para ele. — Não precisa esperar por mim.

Elijah apenas baixou os olhos, mordendo o pão devagar.

Dantas fechou o laptop e empurrou-o para o lado, inclinando-se para a frente. — Escute bem, Elijah. — Sua voz era firme, quase solene. — Jonas já sabe quem eu sou. Ele vai vir atrás de nós, e não vai parar até ter você de volta ou até me ver morto.

Elijah engoliu seco, o pão pesando como pedra na garganta. — Então… o que vamos fazer?

Dantas respirou fundo, apoiando os cotovelos na mesa. — Vamos nos manter fora do radar por enquanto. Mas logo… eu vou contra-atacar. —

O silêncio que se seguiu foi pesado. Elijah o observava de canto de olho, tentando decifrar o homem à sua frente. Tinha medo, sim. Mas junto ao medo, havia uma sensação estranha, quase irracional, de que ao lado dele estaria seguro.

Dantas percebeu o olhar e estreitou os olhos. — Não pense que isso é um jogo, garoto. Você está vivo porque eu decidi mantê-lo assim. —

Elijah corou, sentindo uma mistura de vergonha e gratidão. — Eu sei… só… eu nunca tive ninguém que… — parou, sem terminar a frase.

Por um momento, a dureza no rosto de Dantas vacilou, mas ele se recompôs rápido. — Termine o café. Temos muito a fazer.

Elijah assentiu em silêncio, mas por dentro não conseguia parar de pensar: Quem é, de verdade, esse homem que me comprou? Oque era tudo isso?

Já era por volta das dez da manhã. O sol entrava pelas janelas estreitas da cabana, iluminando o pó suspenso no ar. Elijah caminhava devagar pelo espaço, as mãos inquietas, como se buscasse algo útil para fazer.

O peito apertava — Dantas havia feito tanto por ele em tão pouco tempo que era quase insuportável não retribuir de alguma forma. Era como se uma dívida invisível o sufocasse.

Enquanto isso, Dantas movia-se de forma meticulosa, reforçando manualmente as fechaduras da porta. Em seguida, passou os dedos pelas bordas de uma câmera recém-fixada no alto da parede, ajustou a lente e depois testou os sensores de movimento que ele mesmo havia calibrado.

— Você não para nunca… — murmurou Elijah, observando-o de canto, sem coragem de encarar diretamente.

— Parar é o mesmo que morrer. — respondeu Dantas seco, sem desviar do trabalho.

Elijah mordeu o lábio inferior, hesitante, depois arriscou: — Quer que eu ajude em alguma coisa?

Dantas ergueu os olhos por um breve instante, avaliando-o da cabeça aos pés. O garoto de regata branca e shorts simples parecia frágil demais até para carregar uma caixa de ferramentas.

Ainda assim, havia algo nos olhos azuis — uma vontade de ser útil, de provar que não era apenas um peso.

— Ajuda não. — respondeu Dantas por fim, voltando ao sensor. — Mas pode observar. Talvez aprenda alguma coisa.

Elijah ficou em silêncio, mas se aproximou lentamente, cruzando os braços como quem tenta disfarçar a própria insegurança.

Observava cada movimento de Dantas, cada músculo de seus braços se contraindo sob a camiseta preta colada ao corpo.

O contraste entre a força bruta daquele homem e sua própria vulnerabilidade fazia seu estômago revirar em sentimentos que ele não conseguia decifrar.

Dantas percebeu o olhar insistente. Virou-se de repente, aproximando-se o bastante para que Elijah recuasse um passo instintivamente.

— Se vai me olhar desse jeito, ao menos preste atenção no que faço. — disse, baixo, quase rosnando.

Elijah corou, desviando o olhar. — D-desculpa…

Um silêncio espesso se formou entre eles. Dantas segurou o queixo do garoto com firmeza, erguendo-o para que seus olhos se encontrassem.

— Nunca peça desculpa por existir. — disse, firme, antes de soltá-lo e voltar para a porta como se nada tivesse acontecido.

Elijah ficou parado, com o coração disparado, tentando controlar a respiração. A frase ecoava em sua mente, carregada de peso e mistério.

Elijah permaneceu ali, imóvel, a mão ainda roçando o queixo onde os dedos firmes de Dantas haviam tocado. O coração batia rápido, e, sem conseguir se conter, murmurou quase num sussurro:

— Eu… eu queria poder te agradecer de verdade, por tudo isso…

Dantas parou o movimento de ajustar a tranca e virou-se lentamente. O olhar afiado, escuro e profundo, percorreu o corpo do garoto de cima a baixo. Havia algo naquele tom de voz — aquela necessidade de agradar, de se oferecer — que mexia com ele mais do que deveria.

— Agradecer? — repetiu Dantas, aproximando-se, cada passo ecoando como uma ameaça suave. — E o que exatamente você acha que teria para me oferecer, Elijah?

O garoto engoliu em seco, ruborizado. Baixou os olhos, nervoso, mexendo nos próprios dedos. — Eu… eu não sei… só não quero ser um peso.

Dantas riu baixo, um som grave, quase perigoso. Colocou a mão no queixo de Elijah mais uma vez, erguendo-o para que o encarasse.

— Você não faz ideia do peso que carrega… nem daquilo que desperta. — murmurou, deixando o polegar roçar lentamente a pele sensível do rosto do garoto.

Elijah ficou tenso, mas não recuou. O rubor em seu rosto se espalhou até a ponta das orelhas. Dantas inclinou-se levemente, o hálito quente roçando a pele dele, como se fosse beijá-lo — mas parou a milímetros de distância.

— Quer me agradecer? — disse Dantas, a voz baixa, carregada de malícia. — Então me obedeça. Não fuja do que eu mando. Não esconda esse olhar de mim.

Elijah arfou, o corpo tremendo em contradição: vergonha, medo e… algo mais, algo novo, que o deixava ainda mais vulnerável.

Quando Dantas soltou seu queixo e se afastou, deixando o ar frio preencher o espaço entre eles, Elijah quase tropeçou para trás, o corpo ainda em chamas pela tensão do quase-contato.

Dantas voltou para a mesa, frio, como se nada tivesse acontecido.

— Vista-se direito. — ordenou sem olhar para trás. — Não quero ver você andando pela casa feito um convite… a menos que seja essa a sua intenção.

O rosto de Elijah explodiu em vergonha. Ele correu em direção ao quarto, mas, antes de entrar, lançou um último olhar rápido para Dantas. Havia algo no peito dele que doía e, ao mesmo tempo, o atraía de forma irresistível.

Elijah permaneceu sentado na beira da cama, o corpo encolhido, os pés descalços roçando o chão frio. O quarto estava silencioso, mas dentro dele a mente era um turbilhão. As palavras de Edgar ecoavam sem parar:

"Não quero ver você andando pela casa feito um convite… a menos que seja essa a sua intenção."

Elijah apertou os próprios joelhos, o rosto queimando só de lembrar. Ele não entendia… por que aquelas palavras lhe causavam tanta vergonha e, ao mesmo tempo, faziam seu coração bater mais rápido? Edgar era intimidador, às vezes cruel na maneira como falava, mas havia algo nele — uma força, uma firmeza — que fazia Elijah se sentir protegido, até mesmo desejado.

— Eu não sou assim… não posso ser… — murmurou baixinho, escondendo o rosto nas mãos. Mas o calor no corpo e as lembranças do olhar de Edgar sobre sua pele contradiziam suas próprias palavras.

No outro cômodo, Dantas — ou Edgar — permanecia à mesa, diante do notebook, mas não conseguia se concentrar. A ficha de Jonas e seus contatos piscava na tela, mas sua mente insistia em retornar para a imagem de Elijah parado na cozinha, a pele clara à mostra, tão inocente, tão cru… e ao mesmo tempo, involuntariamente provocante.

Edgar recostou-se na cadeira, passando a mão pelo rosto e soltando um suspiro baixo. Ele não podia se permitir vacilar. Elijah era parte da missão, uma fachada necessária. Mas cada gesto tímido, cada olhar ansioso… cada reação nervosa às suas provocações estavam se tornando um teste para seu autocontrole.

"Ele é apenas um garoto machucado… e eu estou transformando isso em algo perigoso."

Ainda assim, no fundo, Edgar sabia que havia algo mais. A atração que sentia não era apenas física: era a mistura entre o desejo e a raiva por tudo o que haviam feito a Elijah. O instinto de proteger se confundia com o de possuir.

Elijah, deitado na cama de lado, encarava a parede como se ela tivesse respostas. Sentia um nó no estômago, uma ansiedade que não entendia, mas sabia que estava ligada a Edgar. Cada palavra, cada gesto dele… o deixava confuso, mas também estranhamente vivo, como nunca antes se sentira.

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