O calor não vinha da rua. Podia jurar que o sol de rachar lá fora, cozinhando o asfalto e fazendo o ar tremer, era só um coadjuvante. O verdadeiro inferno estava dentro de mim, um forno baixo e constante que queimava na boca do meu estômago e se espalhava para a virilha, um peso latejante e delicioso que tornava impossível pensar em qualquer outra coisa.
Tentei de tudo. Masturbação, duas vezes. A primeira foi um alívio rápido, quase desesperado. A segunda, vinte minutos depois, já pareceu um esforço inútil, um eco oco que só me deixou mais ciente do vazio, da necessidade de outra coisa. Outra pele, outro peso, outro cheiro.
Fiquei de pé, andando de um lado para o outro no meu apartamento pequeno. O suor grudava a cueca na minha bunda, um lembrete úmido e constante. Eu tenho vinte e cinco anos, porra. Não sou um adolescente com os hormônios em erupção. Mas hoje era diferente. Era um fogo químico, uma necessidade quase predatória que me deixava com a pele arrepiada e a mente nublada. Eu precisava ser tocado. Precisava ser usado. A honestidade desse pensamento me deu um choque, um arrepio que subiu pela minha espinha e eriçou os pelos dos meus braços.
Meu corpo é uma contradição. Sou branco, do tipo que fica vermelho sob o sol, mas a genética me deu uma bunda que não combina com o resto. É cheia, redonda, pesada. Sempre foi motivo de piada entre amigos e de olhares que eu fingia não ver na academia. Hoje, no entanto, eu sentia o peso dela a cada passo, a forma como preenchia a cueca boxer. E sentia um desejo doentio de que alguém, um estranho, a visse. A tocasse. A possuísse.
O notebook estava aberto na mesa da cozinha, esquecido ali desde o café da manhã. A tela brilhava, um convite para o abismo. Eu sabia o que ia fazer. A ideia era nojenta e excitante na mesma medida, como coçar uma ferida que você sabe que vai infeccionar. Meus dedos tremiam um pouco enquanto eu digitava o endereço no navegador, um que eu não visitava há anos, desde a faculdade. Bate-papo UOL. O nome já soava datado, quase patético. Perfeito.
Ignorei as salas temáticas, os debates sobre política, os grupos de amizade. Fui direto para a seção de "Cidades", cliquei na minha e depois, sem hesitar, na sala "Sexo". O anonimato era a chave. Eu era apenas mais um nickname numa lista rolando na tela. Criei um qualquer, "Leo25", e entrei.
A tela foi inundada por um fluxo caótico de mensagens. Nicks bizarros, idades, abreviações. "TC?", "ADD?", "ATIVO?". Era um açougue de desejos, direto e sem rodeios. Uma parte de mim sentiu repulsa, a outra, uma onda de calor na virilha. Era exatamente essa crueza que eu procurava. Era honesto.
Rolei a lista de usuários online. A maioria tinha nomes explícitos. "DotadoCuritiba", "CoroaAtivo", "ProcuroNovinho". E então, um me chamou a atenção. Era simples, quase arrogante na sua simplicidade. "sigiloso". Sem idade, sem localização, sem nada. Apenas a palavra. Havia um poder nela, uma promessa de discrição que era exatamente o que meu medo e meu tesão precisavam.
Cliquei no nome e abri uma janela de conversa privada. Meu coração martelava contra as costelas, um tambor descontrolado. O que eu ia dizer? A tela em branco me encarava. O cursor piscava, esperando. Respirei fundo, o ar quente e parado do apartamento enchendo meus pulmões. Foda-se.
Leo25 diz: Oi.
A resposta foi quase instantânea.
sigiloso diz: Opa.
Curto. Direto. Impessoal. Eu podia sentir o suor se formando na minha testa. Meus dedos estavam escorregadios no teclado. O que ele queria? O que eu queria?
Leo25 diz: E aí, tranquilo?
Que porra de pergunta era aquela? "Tranquilo?". Eu estava tudo, menos tranquilo. Eu estava a um passo de arrancar os cabelos, de socar a parede, de gemer de pura frustração.
sigiloso diz: Tranquilo. Procurando algo?
Aí estava. A porta se abrindo. Sem rodeios. Meu pau, que já estava semiduro, deu um pulo dentro da cueca. A pergunta era um convite para eu me expor, me humilhar, admitir a febre que me consumia. E, meu Deus, como eu queria.
Leo25 diz: Sim. E vc?
sigiloso diz: Sempre. O que procura?
Senti meu rosto esquentar. Como colocar em palavras a imagem que passava na minha cabeça? A sensação de um corpo pesado sobre o meu, de mãos grandes segurando meus quadris, de uma invasão que fosse ao mesmo tempo castigo e recompensa? Digitei e apaguei umas cinco vezes. "Algo discreto", "uma parada real", "alguém pra agora". Tudo soava fraco.
Leo25 diz: Algo... intenso. Pra agora.
A resposta demorou um pouco mais dessa vez. Um minuto, talvez. Mas pareceu uma eternidade. Eu conseguia ouvir o zumbido da geladeira, o som distante de um carro passando na rua. Cada segundo era uma agulha de ansiedade na minha pele. Ele tinha visualizado e não ia responder. Achou patético. Achou que eu era um desesperado. E eu era.
Bip. A janela piscou.
sigiloso diz: Descreve o "intenso".
Meu estômago deu um nó. Isso era um teste. Ele não estava ali para bater papo furado. Ele queria detalhes. Queria que eu me abrisse, que eu confessasse minhas fantasias sujas para um completo estranho. O perigo disso, a vulnerabilidade, era como um afrodisíaco.
Levantei da cadeira, a agitação era demais para ficar sentado. Andei até a janela, olhei o movimento lá embaixo. Pessoas normais vivendo suas vidas normais de sábado. E eu aqui, suando frio, prestes a me entregar a um anônimo na internet. Voltei para o notebook, a decisão tomada. Se era para fazer, que fosse até o fim.
Leo25 diz: Intenso tipo... sem muita conversa. Mão na minha nuca. Corpo pesado. Ser mandado. Ser usado.
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As palavras ficaram ali, na tela. Uma confissão. Meu pau estava duro como pedra agora, pressionando a malha da cueca, doendo. Eu estava com tanto tesão que minha visão parecia turva nas bordas.
sigiloso diz: Gosto disso. Vc é como?
A pergunta direta. A objetificação que eu tanto temia e desejava. Senti uma onda de vergonha e excitação.
Leo25 diz: 25a, 1,78, 75kg. Branco. E... tenho uma bunda grande.
Odeio e amo admitir isso. É meu traço mais marcante, a parte de mim que mais atrai o tipo de atenção que me assusta e me excita. Era a isca perfeita.
sigiloso diz: Bundudo. Gosto mais ainda.
A validação crua, a redução de mim a uma única parte do corpo, deveria ser ofensiva. Em vez disso, uma onda de prazer líquido percorreu meu corpo. Ele gostava. A imagem dele, um homem sem rosto, gostando da minha bunda, era incrivelmente potente.
Leo25 diz: E vc?
Era justo perguntar, não era? Mas eu não queria saber, de verdade. O mistério era parte do tesão. Se ele dissesse que era baixo, ou magro demais... isso poderia quebrar o encanto.
sigiloso diz: 26a. Em forma. O resto vc vê se rolar.
Perfeito. Vago, confiante. "Em forma". Na minha mente, isso se traduziu para forte, braços grossos, peito largo. A fantasia começou a construir um corpo para ele, um corpo musculoso e imponente. "O resto vc vê se rolar". A frase era uma promessa e um desafio.
sigiloso diz: Manda foto.
Claro que ele ia pedir. O pedido era padrão, mas ainda assim fez meu coração disparar. Foto do rosto? Do corpo?
Leo25 diz: Do que?
sigiloso diz: Do que vc acha? Da sua bunda. De quatro.
Meu ar sumiu. O comando era tão direto, tão sem pudor, que me deixou tonto. Olhei para a minha cama desarrumada. A ideia de subir nela, me posicionar como ele mandou, tirar uma foto e enviar para esse estranho... era a coisa mais imprudente e mais excitante que eu poderia fazer.
Peguei o celular, minhas mãos tremiam tanto que quase o deixei cair. Fui até o quarto, fechei a porta, como se isso fosse criar alguma privacidade. Tirei a calça de moletom que estava usando, ficando apenas de cueca. Olhei por cima do ombro no espelho. O volume estava lá, a forma arredondada pressionando o tecido fino.
Hesitei. Isso era loucura. Ele podia ser qualquer um. Um maluco. Um criminoso. Mas o fogo na minha virilha era mais forte que a razão. O tesão era uma voz gritando no meu ouvido, abafando todo o resto.
Subi na cama, apoiei os joelhos e as mãos no colchão. A posição era vulnerável, submissa. Exatamente o que ele pediu. Exatamente o que eu queria. Estiquei o braço para trás com o celular, tentando enquadrar. O ângulo era difícil. Depois de algumas tentativas, consegui uma foto que mostrava bem. A cueca branca, justa, realçando cada curva. A luz da janela batendo na lateral, criando sombras.
Enviei a foto pelo chat. E esperei.
O silêncio era ensurdecedor. Cada segundo que passava era um prego no caixão da minha autoestima. Ele odiou. Ele está rindo. Ele vai postar isso em algum lugar. Minha mente era uma espiral de paranoia. Eu estava ofegante, o suor escorrendo pela minha testa e caindo no lençol.
Bip.
Corri de volta para a mesa, o coração na boca.
sigiloso diz: Caralho.
Apenas isso. Uma palavra. Mas a força contida nela me atingiu como um soco. Não era "gostei", não era "bonita". Era "caralho". Uma reação visceral, primitiva. Um gemido digitado. Meu pau latejou com tanta força que eu tive que me curvar sobre a mesa, apoiando a testa na madeira fria.
sigiloso diz: Fiquei duro na hora.
Leo25 diz: Bom.
Foi tudo que consegui digitar. Minha garganta estava seca.
sigiloso diz: Onde vc mora?
Aí estava. A pergunta final. O ponto sem retorno. A razão me dizia para fechar a janela, desligar o computador e tomar um banho frio. Dizer não. Inventar uma desculpa. Mas a imagem que a palavra "caralho" tinha criado na minha mente era forte demais. A imagem de um homem, forte, "em forma", olhando para a foto da minha bunda e ficando instantaneamente duro. Eu queria aquele homem. Eu precisava dele. Agora.
Leo25 diz: Pq?
Eu estava me fazendo de difícil, um último e patético ato de autopreservação.
sigiloso diz: Pq eu to saindo de casa agora pra te buscar. E a gente vai fazer exatamente o que vc descreveu. Mão na nuca. Sem conversa. Vou te usar.
A promessa. A ordem. O roteiro do meu desejo sendo lido de volta para mim. Não havia mais luta. O conflito interno tinha acabado. O desejo venceu por nocaute.
Digitei meu endereço. Rua, número, apartamento.
Enviei.
A resposta veio em segundos.
sigiloso diz: 20 minutos. Fica pronto.
E então:
sigiloso ficou offline.
Ele se foi. A janela de chat estava vazia, exceto pelo nosso histórico. Minha confissão, meu endereço, a promessa dele. Tudo ali. Olhei para o relógio. Vinte minutos. Vinte minutos para um estranho dominante e com tesão chegar na minha porta.
Levantei-me, as pernas bambas. Um pânico gelado tentou subir pelo meu peito, mas foi imediatamente engolido por uma onda de calor avassaladora. Fui até o espelho do corredor. Meu rosto estava vermelho, os olhos brilhando com uma mistura de medo e luxúria. O volume na minha cueca era quase obsceno.
Vinte minutos.
O som de cada carro que passava na rua era um gatilho, fazendo meu coração saltar. Seria ele? A cada minuto que passava, a tensão se enrolava mais apertada no meu estômago. Isso era real. Estava acontecendo. E eu não tinha ideia de quem estava prestes a bater na minha porta. Só sabia de uma coisa: eu nunca tinha desejado tanto o perigo.
O tesão pulsava, mas o medo fincou uma âncora gelada no meu peito. Eu precisava de um banho. Não para ficar limpo, mas para pensar. Para esfriar a cabeça por um instante que fosse.
Corri para o banheiro, a água fria foi um choque no meu corpo superaquecido. O vapor encheu o box, mas não conseguiu dissipar a névoa na minha cabeça. O que eu estava fazendo? Eu era louco? Enquanto a água escorria pelo meu corpo, eu tentava encontrar uma saída, uma desculpa, uma forma de cancelar tudo sem parecer um idiota. Mas a verdade é que uma parte de mim não queria cancelar. A parte que estava no comando, a parte que me levou até aqui, queria ir até o fim.
Saí do chuveiro, me sequei às pressas. Meu coração saltou para a garganta. Enrolei a toalha na cintura. Uma notificação do site de bate-papo. Ele não estava offline.
sigiloso diz: Cheguei. SUV preta. Motor ligado. Desce.
Não era um pedido. Era uma ordem. E não era na minha porta. Era na rua. O alívio foi tão intenso que minhas pernas fraquejaram. Ele não ia entrar no meu prédio, não ia saber meu apartamento. O controle, o pouco que eu achava que tinha, estava nas mãos dele. Ele mudou o plano, e eu nem tive a chance de opinar. A mudança repentina, a demonstração de poder, era mais excitante do que qualquer coisa que ele pudesse ter escrito.
Meu corpo se moveu por conta própria. Vesti a primeira cueca que vi, uma boxer preta, uma bermuda de moletom cinza e uma camiseta branca simples. Sem perfume, sem desodorante. Eu queria que ele sentisse o cheiro da minha pele limpa, do meu nervosismo. Olhei pela janela, entre as frestas da persiana. Lá estava. Uma SUV preta, imponente, com os vidros escuros, parada do outro lado da rua, o motor roncando baixo, uma besta adormecida. A visão era tão cinematográfica, tão irreal, que por um segundo achei que estava sonhando.
Descer as escadas do prédio pareceu levar uma vida. Cada passo era pesado, um eco no silêncio do corredor. Quando empurrei a porta de vidro do hall de entrada, o ar quente e úmido da noite me abraçou. Atravessei a rua, meus pés colando no asfalto quente. A porta do passageiro da SUV se destrancou com um clique alto.
Respirei fundo e abri a porta.
O choque me paralisou. O ar condicionado do carro me atingiu, gelado, mas não foi isso que me congelou. Foi o homem no banco do motorista. Ele era forte. Ombros largos, braços grossos preenchendo as mangas da camisa. O maxilar travado, o cabelo cortado à máquina. Lindo de um jeito bruto, masculino. Mas não foi nada disso que me fez paralisar.
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