Passamos a “nos conhecer melhor” sempre e onde era possível: no apartamento da tia Valdete quando ela não estava; no carro do Léo, no estacionamento da faculdade; no escurinho do cinema; em pracinhas mal frequentadas. Com ele aprendi que um pau não se encaixava só na xoxota e logo eu o chupava com frequência, mesmo quando tia Valdete estava em casa, dormindo. A primeira vez que dei atrás não foi nada romântico, nem gostoso: doeu muito! Quase desisti... Mas ele insistiu, parecendo pouco se importar com o meu sofrimento. Daí uma dúvida se instalou em meu coração: seria esse o meu calvário? Servir à lascívia do meu namorado?
[CONTINUANDO]
Eu não sei dizer ao certo quando foi que me perdi. Talvez tenha sido na primeira noite em que Leonardo me olhou com aqueles olhos que pareciam enxergar além da carne, como se desvendassem segredos que eu mesma desconhecia. Ou talvez tenha sido mais tarde, quando suas palavras, doces como mel e afiadas como lâminas, começaram a moldar meus dias e noites em Belo Horizonte. A cidade, com seu pulsar incessante, suas luzes que nunca apagavam, parecia conspirar com ele, como se fosse sua aliada em me arrancar de mim mesma.
Os primeiros meses na casa de tia Valdete foram um misto de encantamento e desconforto. Eu, menina-moça de Passa-Vinte, acostumada ao silêncio das noites cortadas apenas pelo coaxar dos sapos, me via agora em um apartamento onde o barulho do mundo nunca cessava. Os carros na rua, as vozes dos vizinhos, o rádio de tia Valdete tocando músicas que eu não conhecia, tudo era novo, tudo era grande. E Leonardo, com seu jeito de quem dominava aquele mundo, parecia ser o guia que eu não pedira, mas que, de algum modo, aceitei.
Ele aparecia sem aviso, como um vento que muda de direção sem explicação. Às vezes, era apenas um cumprimento na porta da cozinha, um sorriso torto que fazia meu coração tropeçar. Outras, era um convite disfarçado de casualidade:
- Vamos dar uma volta, Emilinha? Conhecer a cidade? - dizia ele, com uma naturalidade que escondia intenções.
E eu, tola, com os olhos ainda cheios de Passa-Vinte, mas faminta por pertencer àquele lugar, dizia sim. Não porque quisesse, não de verdade, mas porque dizer não a Leonardo era como tentar segurar água com as mãos: ele escorria, insistia, voltava, até que a resistência se tornava exaustão.
Tia Valdete, com sua sabedoria de quem já vira muito, tentava me proteger:
- Cuidado com esse menino, Emilinha. - Dizia ela, enquanto dobrava as roupas com mãos cansadas pela doença que a consumia: - Ele tem o jeito do pai, de fazer a gente querer agradar.
Eu balançava a cabeça, prometia cuidado, mas no fundo, algo em mim já se dobrava ao charme dele. Não era amor, disso eu tinha certeza. O amor, eu conhecia e era o que sentia por Paulinho, com seus silêncios gentis e seus olhos que me viam como eu era. Com Leonardo, era outra coisa: uma mistura de fascínio e medo, como se eu estivesse à beira de um abismo, tentada a pular só para saber como era cair.
Os passeios, antes inocentes, começaram a ficar cada vez mais estranhos. Dos dias na Praça da Liberdade, com suas palmeiras e fontes, um lugar onde eu podia respirar, onde o sorvete derretia na mão e o sol parecia me lembrar de casa, começamos a frequentar a noite. Leonardo parecia um morcego procurando a escuridão, só eu que não notava. Ele queria a noite, as boates onde as luzes piscavam como estrelas bêbadas, onde o ar cheirava a perfume, cigarro e promessas:
- Você tá na cidade grande agora, Emilinha. - Dizia ele, enquanto me entregava vestidos que eu nunca teria escolhido sozinha: - Precisa se misturar, ser como elas.
E eu cedia, mudava, aceitava, me convencia...
A boate Eclipse virou quase como uma segunda casa. Lá a música parecia querer engolir os pensamentos, mas só os meus, pois Leonardo adorava e sempre me puxava para dançar. Suas mãos na minha cintura eram firmes, quase possessivas, e seus olhos, sob as luzes vermelhas e azuis, brilhavam com uma intensidade que me fazia estremecer.
E eu, dividida entre o desejo de agradá-lo e o pavor de me perder, deixava meu corpo acompanhar o ritmo, mesmo quando minha alma gritava para parar.
Foi numa dessas noites que novamente aconteceu. O Eclipse, com seu caos de sons e luzes, parecia um labirinto sem saída. Leonardo me levou a um canto mais escuro, onde as sombras engoliam os rostos. Vários casais se beijavam ali, se abraçavam, faziam outras coisas e ali, em meio aquele caos, ele me tomou novamente, pouco se importando se alguém iria nos observar. Diferentemente da primeira vez, ali foi algo rápido, urgente. Ele apenas levantou a minha saia, afastou a minha calcinha e me penetrou com uma vontade que me fazia feliz por saber que era desejada, mas ao mesmo tempo triste, por saber que estava sendo apenas usada. Foram minutos intensos até ele gozar forte dentro de mil. Várias espasmos depois, ele saiu de dentro e se arrumou, e me arrumou em seguida. Foi a única demonstração de cuidado e carinho dele naquele momento. Ele não me perguntou antes se eu queria, se eu gostaria, se eu aproveitaria, apenas me usou e se aliviou.
Estranho que a segunda vez, ela... Não sei. Eu simplesmente deixei acontecer. Acho que depois da primeira vez no quarto dele, lá no apartamento da tia Valdete, algo em mim quebrou. Não era só a perda daquilo que minha mãe dizia que devia guardar para o casamento. Era algo mais profundo, como se Leonardo tivesse arrancado um pedaço da minha alma e o guardasse em seu bolso, para me mostrar sempre que quisesse que eu não era mais dona de mim.
Os dias e noites seguintes foram uma repetição do mesmo veneno. Ele me levava a lugares onde eu não queria estar, me apresentava a amigos que me olhavam como se eu fosse um prato a ser servido. Fernando, Gustavo, Felipe eram apenas alguns, nomes que, no começo, eram apenas rostos, mas que logo se tornariam sombras para me assombrar.
- É assim na cidade grande. - Dizia Leonardo, tentando me convencer que era tudo normal, enquanto me entregava mais uma bebida.
Conheci um motel e passamos a frequentá-los quando a situação financeira viabilizava. Ali, na primeira vez, ele me ensinou a chupá-lo. No início estranhei, tinha um sabor diferente, não era gostoso, mas com o tempo, a sensação de vê-lo se contorcer enquanto eu o chupava me causava um frenesi que alcançava rapidamente a minha rosinha, deixando-a ensopada:
- Isso! Continua... - Ele pedia, como se eu tivesse opção, porque ele segurava a minha cabeça e a usava como se fosse uma xoxota: - Caralho! Tá muito bom. Eu... vou gozar, EmilinhAAAAAHHHHH!
E gozou, enchendo a minha boca com seu leite e me fazendo vomitar. A nossa noite foi horrível, um caos, uma vergonha sem tamanho. Nem preciso contar que não continuamos, né? Fomos embora e ele ainda me xingou, chamando-me de “capiau”. Foi a primeira de muitas vezes...
No dia seguinte, ele se derreteu em desculpas, pedidos de perdão, trouxe-me flores, cartões, até música na rádio me ofereceu. E eu, tola, perdoava. Voltamos ao tal motel e novamente ele usou a minha boca, mas agora eu me esforcei e quando ele gozou, eu engoli um pouco e deixei o resto escorrer pela minha boca. Isso não o incomodou, ao contrário, vi seus olhos brilharem e sua boca trazer um elogio que mais parecia um insulto:
- Isso, sua safada! Esfrega ele no rosto, bem gostoso... Mostra que você é uma putinha, mostra!? A minha putinha...
Transamos ainda mais duas vezes nessa noite e eu tive a chance de gozar: primeiro quando ele me chupou pela primeira vez, enfiando dedos em mim, e depois quando ele enfiou o pau em mim, como eu achava que tinha que ser.
Na terceira ou quarta vez no motel, ele me tomou a última virgindade que eu ainda mantinha, bem ali atrás, um lugar sujo que eu nem imaginava que servia para se fazer essas coisas. Doeu? Sim. Muito! Sangrei até porque apesar dele me pedir para relaxar, eu não conseguia. Aliás, eu só fiz a contragosto, porque não queria, não achava certo. Só que ele me colocou de bunda para cima na cama e se sentou sobre a minha bunda:
- É só o que falta para você ser inteiramente minha, Emilinha. Relaxa, que você vai gostar. Prometo!
Ao dizer que eu seria “inteiramente” dele, uma culpa me atingiu o peito, porque nem isso eu teria chance de entregar para o Paulinho, aquele que sempre fez questão de me respeitar e esperar. Senti o dedo de Leonardo me invadir atrás com um negócio liso, parecendo graxa. Eu tentava sair, mas ele era mais pesado, além de perguntar reiteradamente se eu não o amava. Eu não sabia o que responder, até achava que não, mas o medo de desagradá-lo, esse sim existia. Ele usou um, dois, acho que até três dedos, e depois o pau. Ele teve cuidado até a cabecinha entrar, mas depois o enfiou todo, até o fim, pouco ligando para as lágrimas que vertiam de meus olhos. Ele se refestelou em mim, eu não nele. Assim que ele gozou e saiu, fui até o banheiro, me limpei, me vesti e exigi que ele me levasse para casa, mesmo ele não querendo. Foi a nossa primeira discussão.
No dia seguinte, lá estava ele novamente, arrependido, preocupado com meus sentimentos e com o meu corpo. Eu queria acreditar nele, queria que fosse verdade, porque a alternativa, admitir que eu estava sendo usada, manipulada, como uma boneca nas mãos de um menino cruel, era insuportável. Mas a verdade, essa danada, sempre encontrava um jeito de se mostrar. Era no espelho, onde eu via uma Emilinha que não reconhecia, com olheiras que o batom não escondia. Era nos silêncios de tia Valdete, que, mesmo sem saber de tudo, parecia pressentir que algo estava errado:
- Tá tudo bem, menina? - perguntava ela, os olhos cansados buscando os meus.
- Tá, tia. - Eu mentia, forçando um sorriso que doía mais do que as palavras, afinal, não queria preocupa-la dada sua condição.
Mas não estava e iria piorar. A tia Valdete começou a ficar mais em casa, enfraquecida por causa da doença. Saía apenas para ir ao médico ou fazer seu tratamento, sempre acompanhada de mim. Por isso, Leonardo não me conseguia mais.
Leonardo então decidiu me levar até a casa de Fernando, seu amigo. Parecia uma noite normal, qualquer, com conversa, bebida, brincadeiras e... olhares estranhos. Aliás, cada vez que Leonardo me levava à casa de Fernando, cada vez que eu sentia os olhos de seus amigos sobre mim, algo dentro de mim se encolhia. Fernando, com seu jeito de quem cobra um preço por tudo, era o pior. Ele não tinha o charme de Leonardo, tinha uma frieza que me fazia tremer.
Lá, depois da segunda ou terceira visita, comecei a transar com Leonardo num quarto de hóspedes. Ele parecia mais selvagem, trepando com vontade, batendo seus corpo no meu até arrancar meus gritos mais doloridos. Parecia que ele queria que o Fernando ouvisse, e talvez quisesse.
Certa noite, lá, após já termos bebido um tanto, Leonardo me fez uma proposta esquisita após uma brincadeira sem graça de seu amigo:
- Faz um agrado, Emilinha. - Disse ele com um sorriso que não chegava aos olhos: - É só isso e o Fernando te deixa em paz.
Aliás, Leonardo, que deveria me proteger, parecia se divertir com a situação, como se tudo não passasse de uma brincadeira inofensiva. Eu novamente não queria, mas, obedecia, porque o medo de desagradar, de ser abandonada naquela cidade que eu não entendia, era maior do que a minha dignidade.
Primeiro, foram beijos trocados entre eu e ele timidamente. Depois, beijos e abraços, cujos braços e mãos se movimentavam demais sobre o meu corpo. Logo, Leonardo propôs uma brincadeira no mínimo curiosa:
- Que tal você se sentar no nosso meio e bater umazinha para a gente?
- “Umazinha”!? Mas... que que é isso? - Perguntei.
- Enforcar o ganso. Descabelar o palhaço. Bronha. - Vendo que eu seguia sem entender, ele insistiu: - Uma punheta! Masturbar a gente, Emilinha. Não é possível que você não saiba o que é isso?
- Pros... Pros dois!? - Perguntei, atônita.
- É, uai! Seria uma maldade fazer para um e não para o outro, não acha?
- Se faria uma desfeita dessa comigo, Emilinha, mesmo eu dando teto e cama para vocês se amarem? - Perguntou Fernando.
Foram longos minutos de discursos dos mais variados tentando me convencer. Enquanto isso, seguíamos bebendo, eu menos, quase nada, mas eles mais, muito mais. Foi então que o Fernando decidiu inovar:
- Cara! Há quanto tempo a gente não dá um tapinha?
- Mermão... Faz tempo, hein? Cê tem algo bom aí?
- Cê acha que não? - Fernando foi até uma cômoda e voltou com um saquinho cheio de uma ervinha ressecada: - Sente só.
Eles ficaram passando a erva entre si, conversando, e eu sem entender nada. Logo, puxaram um papel e o Fernando enrolou a erva num cigarrinho, acendendo e dando uma tragada profunda. Depois me repassou e eu, imediatamente, ao Léo:
- Experimenta, Emilinha. É legal... - Disse o Léo, empurrando o cigarrinho para mim.
Neguei e lhe repassei outra vez. Ele então tragou, segurou e soprou a fumaça na minha direção. Comecei a tossir, pois nunca gostei de cigarros. Léo então ofereceu-me novamente, mas outra vez recusei. Ele deu uma nova profunda tragada e passou o cigarrinho para o Fernando. Então, ele me segurou e beijou, soprando a fumaça diretamente na minha boca. Tentei me soltar, mas ele me manteve presa, enquanto seguia soprando a fumaça. Eu comecei a tossir, mesmo com a boca dele colada na minha, mas ele só me soltou quando já não tinha mais fumaça para soprar:
- Tá vendo? É nada demais. Curte aí, gata. - Insistiu o Léo.
Fiquei chateada, brava mesmo, mas logo comecei a relaxar. Eles seguiram conversando, nós todos bebendo e a fumaça tomando conta do ambiente fechado. Eles começaram a zombar de mim, dizendo que eu nunca me misturaria com os da cidade grande enquanto tivesse medo de tudo. Como eu estava mais tranquila, afinal, aquela fumacinha não tinha me feito nada mesmo, decidi experimentar diretamente no pito e traguei fundo, tossindo em seguida:
- Né assim não, Emilinha. Traga e segura no pulmões enquanto der. - Ensinou Fernando: - Depois solta devagar.
Olhei para o Léo que confirmou com a cabeça. Fiz da forma como ele disse, não porque quis, mas porque o filho da mão segurou a minha boca e meu nariz, não me dando outra escolha. Só quando comecei a me debater é que ele me soltou. Tossi como uma louca, sem ar, pensando que fosse morrer, mas logo tudo ficou mais... lento. Uma leseira gostosa tomou conta do meu corpo e uma sensação leveza. Eles disseram alguma piada besta e eu comecei a rir como se fosse a coisa mais divertida do mundo. Logo o Léo, que estava à minha esquerda, tirou a bermuda, mostrando pau meio duro:
- Bate uma pra mim, amor. - Pediu, enquanto tragava outra vez.
Comecei lentamente, meio tímida pelo Fernando estar do meu outro lado. Ele, entretanto, teve timidez alguma e baixou a bermuda também, exibindo orgulho um pau praticamente do mesmo tamanho que o do Léo, só um pouco mais grosso, bem escuro, sem aquela “pelinha” que cobre a cabeça que, diga-se de passagem, era bem grande e brilhosa.
Olhei para o Léo que estava de olhos fechados, aproveitando a fumacinha e a minha mão. Fernando começou a tocar uma ao meu lado e disse:
- Cê bem que podia tirar a blusinha, né, Emilinha?...
O Léo abriu os olhos nesse momento e nos olhou, mas ao invés de repreendê-lo, veio para cima de mim e puxou a minha blusinha, soltando em seguida meu sutiã. Tentei repreendê-lo, mas ele foi rude:
- Para de coisa, Emilinha. É só um peitinho de nada.
Eu o encarei inconformada e o Fernando me defendeu:
- Peitinho de nada? São os seios mais lindos que eu já vi na minha vida. Cê bem que podia deixar eu dar uma pegadinha neles, né?
- Nããão... - Resmunguei.
- Então... por que você não dá uma pegadinha aqui, hein? Mostra pro seu namorado que ele não pode faltar com o respeito contigo, mulher!
Aquilo não fazia sentido algum! Mas ao mesmo tempo fazia todo o sentido, afinal, o Leonardo não podia me destratar daquela forma. Fiz o que Fernando sugeriu, segurei em seu pau e comecei a massageá-lo, lentamente, do jeito que fazia com o Léo. Ele, inclusive, apenas sorriu ao ver o que eu fazia e pegou a minha mão esquerda, colocando sobre o seu pau, indicando que também queria. Fiquei punhetando os dois, enquanto eles fumavam, conversavam, bebiam e me serviam de bebida e fumaça. Não sei quanto tempo aquela safadeza durou, mas terminou apenas com eles gozando nos meus peitos, os dois.
Na vez seguinte em que voltamos a casa do Fernando, a desinibição já era maior. Seguimos o mesmo esquema: conversa, bebida, baseadinho e punheta, mas nesse dia, já altos graus, Fernando fez uma aposta besta com o Léo que eu nem me lembro qual, sendo que quem ganhasse ganharia um boquete meu, ou seja, eu perderia em qualquer situação. Fernando ganhou e já puxou a minha cabeça em seu pau:
- Léo!? - Perguntei já sentindo a cabeça do pau dele sendo esfregada na minha bochecha.
- Aposta é aposta, amor: capricha no meu mano aí. - Foi a resposta dele.
“Vai plantar coquinho, Léo!”, pensei. Em seguida, punhetei mais um pouco o Fernando e abocanhei o seu pau, repetindo com ele tudo o que Léo havia me ensinado. Apenas senti quando o Léo me ajeitou de quatro sobre o sofá e me penetrou. Eu estava sendo comida como uma cadela e ainda chupando o outro pau, totalmente submissa:
- Agora inverte... - Disse o Léo.
- Oi!?
- É, uai! Quero gozar na sua boca, amor.
Fiz o que me mandou e passei a chupá-lo, enquanto o Fernando passou a me comer de quatro. A única diferença é que o filho da puta, ao invés de enfiar na minha xoxotinha, enfiou no meu cu, após uma simples cusparada e algumas dedadas. Eu já vinha me acostumando a dar a bunda para o Léo, afinal, lá não engravidava, mas sentir outro e ainda por cima mais grosso, era novo e um pouco doloroso. Terminei essa noite com a bunda e a boca cheias de leite, o sonho de várias mulheres, o martírio para outras, inclusive para mim.
Com o tempo, o que era medo virou hábito, e o que era hábito virou uma culpa que pesava mais do que eu podia carregar. Sempre que íamos para a casa do Fernando, ou eu trepava com o Léo, ou com o Fernando, mas quase sempre com os dois. Inclusive, foi ali que fiz a minha primeira dupla penetração, na xoxota e no cu. Também foi ali que fiz a minha primeira dupla penetração vaginal que doeu, mas acabou sendo até que gostosa, pois recebi o leite dos dois. Eles tentaram a anal também, mas essa eu não consegui.
No apartamento da tia Valdete, houve noites em que eu me pegava olhando para o teto, depois do que acontecia, tentando lembrar quem eu era, da Emilinha de Passa-Vinte, a que namorava o Paulinho e que... Aliás, que falta o Paulinho me fazia... O que estaria ele fazendo naquele momento? Estaria também aprendendo que a vida não é feliz como nos contos de fadas? Há! Que pergunta besta... Essa lição quem lhe deu, fui eu. Leonardo, com suas promessas e suas intenções nebulosas me guiavam para o abismo, havia tomado o seu lugar. E eu, covarde, deixei.
Mas nem tudo era escuridão. Havia momentos, raros, em que eu encontrava um fiapo de força. Uma tarde, enquanto lavava a louça na cozinha de tia Valdete, ouvi o rádio tocar uma música que minha mãe cantava em casa. Fechei os olhos, e por um instante, eu era de novo a menina que brincava e corria pela pracinha de Passa-Vinte, que ria sem medo. Foi aí que tia Valdete entrou na cozinha, o lenço cobrindo os cabelos ralos, e me olhou de um jeito que parecia enxergar tudo, o mesmo olhar de mamãe:
- Emilinha, tu tá diferente. - Disse ela, a voz suave, mas ainda firme: - O que tá acontecendo? Você quer conversar comigo, querida?
Eu quis contar, quis despejar tudo, mas as palavras travaram na garganta. Acho que no fundo, eu sabia que a vida na cidade grande que o Léo me apresentou e insistia em dizer que era normal, era tudo, menos normal. Como dizer que eu me sentia uma marionete nas mãos do filho dela? Como explicar que eu me odiava por isso, mas não sabia como parar? Como contar que, de certa forma, aquilo também me agradava?
- Não, tia. - Murmurei, os olhos fixos na espuma do sabão: - Tá tudo bem. Só tô cansada.
Ela não acreditou, eu sabia, mas não insistiu. Apenas me abraçou, e aquele abraço, tão simples, foi como um raio de luz na escuridão. Por um momento, eu senti que talvez alguma parte minha bem pequenininha podia ser salva.
Mas a salvação, se é que existia, carecia de encontrar o meu caminho. Leonardo não desistia. Ele me levava a lugares cada vez mais estranhos, onde as pessoas falavam baixo e os olhares eram pesados, lugares onde se bebia muito, fumava demais e alguns ainda cheiravam um negócio que parecia talco. Vi até uns que se aplicavam injeções, parecendo morrer depois. Esses dois últimos eu nunca experimentei e não foi por falta de convite...
Uma noite, na casa de Fernando, ele me apresentou a um homem chamado Antônio, um negro enorme, alto e forte, que tinha olhos de falcão e um jeito de quem sempre conseguia o que queria:
- Esse é o Toninho, Emilinha. - Disse Leonardo, com aquele sorriso que me fazia tremer: - Ele é gente boa, vai gostar de você.
Eu não queria gostar dele, nem queria que ele gostasse de mim. Mas Leonardo tinha um jeito de fazer as coisas acontecerem, de transformar o “não” em “sim” sem que eu percebesse. E, naquela noite, quando a bebida e fumaça já inundavam o ambiente, Antônio me puxou para um canto e prensando na parede, com beijos e abraços, mãos e insinuações indizíveis, mas que eu conhecia muito bem. Logo, Fernando se aproximou e contou para ele que eu era uma “boqueteira de primeira!”:
- Ah é!? Então vamos ver... - Ele respondeu.
Suas mãos fortes e seu olhar intenso me venceram e logo eu estava a seus pés. Ele abriu o zíper e puxou um pau tão grande que me assustou, talvez maior que o meu antebraço. Ele me “bateu” com ele por alguns segundos e enfiou sua cabeça preta e grande na minha boca, apenas dizendo com uma voz rouca, grossa e seca:
- Mama ou apanha!
Amedrontada, mamei, lambi, chupei. Fiz tudo o que sabia e caprichado para ver se ele gozava logo, antes de ter a maldita ideia de fazer amor comigo. Não adiantou. Pouco depois, ele me virou de frente para a parede e alojou aquele monstro dentro de mim. Pelo menos, foi na minha xoxota, porque atrás, ele me rasgaria. Busquei algum alento em Leonardo, mas ele apenas assistia a tudo como se fosse um espetáculo, alisando o seu próprio pau, e eu senti algo se partir dentro de mim novamente. Não era mais só a culpa, era a certeza de que eu não era mais eu.
Os dias se arrastavam. O apartamento de tia Valdete, antes um lar para mim, agora parecia uma prisão de portas abertas, e eu me tornava uma prisioneira da minha própria vida. Leonardo decidia o que eu vestia, com quem eu falava, onde eu ia. Ele me chamava de “sua”, e eu, tola, acreditava que aquilo era amor. Mas, no fundo, eu sabia que não era. Amor não faz a gente se sentir pequena, não faz a gente temer o próximo passo.
Uma noite, porém, algo mudou. Estávamos no Eclipse, e Leonardo, como sempre, me puxava para dançar. Mas havia algo diferente em seu olhar, uma urgência que eu não reconhecia. Ele me levou para o canto escuro, como fazia tantas vezes, mas dessa vez, havia um homem com ele, um estranho que eu nunca vira antes. Ele não disse seu nome, apenas me olhou de um jeito que fez meu estômago revirar:
- Vamos brincar um pouco, Emilinha. - Disse Léo, a voz mais fria do que o usual: - Ele é amigo meu, vai ser legal.
Eu balancei a cabeça, negando, o coração disparado com o olhar daquele homem, o mais frio e assustador que eu vi na minha vida:
- Não, Léo! - Falei, minha voz tremendo, mas firme: - Não quero.
O homem riu de uma forma que fez o meu sangue congelar, como se o que eu tivesse dito fosse algo engraçado, mas mórbido:
- Já tá sabendo, Léo: sem grana ou "essa aí", não leva o produto.
- Porra, Carlão! Já tá no esquema. Aguenta aí. - Disse Léo para ele, se virando para mim depois: - Para de frescura, Emilinha. Você, no fundo, sempre quer. Você sabe...
Mas eu não queria. Não daquela vez. Algo dentro de mim, talvez aquele fiapo de força que a música da minha mãe tinha despertado, se recusava a ceder. Eu me afastei, ignorando o olhar de surpresa de Leonardo e a irritação do tal Carlão. Saí da boate, o ar da noite fria contra minha pele, e caminhei pelas ruas sem saber direito para onde ia. Meu coração batia tão forte que parecia querer sair do peito, mas, pela primeira vez em meses, eu senti que era eu quem decidia.
Senti que alguém me seguia e, pela primeira vez, temi pela minha vida. Só que, dessa vez, o destino parecia estar do meu lado. Encontrei uma patrulha numa esquina próxima e pedi ajuda. Eles se apiedaram de mim e me levaram até o apartamento da tia Valdete. Cheguei quase ao amanhecer, sozinha. Ela já estava acordada, sentada à mesa da cozinha, o rádio desligado, os olhos, então fixos numa xícara de chá, se voltaram para mim:
- Emilinha!? Por que... Cadê o Léo? - Perguntou, a voz cheia de preocupação.
Eu não respondi. Apenas me joguei em seus braços e chorei, chorei como não chorava desde que era criança pequena em Passa-Vinte. E, naquele choro, havia um pouco de alívio, um pouco de esperança. Talvez eu ainda pudesse encontrar algo da Emilinha do passado que pudesse ser salvo. Talvez, apesar de tudo, eu pudesse ser mais do que a sombra de Leonardo.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, E OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL SÃO MERA COINCIDÊNCIA.
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