Na primeira sexta-feira do mês de dezembro (me lembro bem dessa data, pois foi o dia do almoço de noivado do Nunes com a Carmem, e a Manú não foi para esse almoço), fizemos uma festinha no escritório, comemorando por termos fechado um grande negócio com a Prefeitura de uma cidade próxima.
Como já disse, a Manú, apesar de ser muito amiga da Carmem e uma das maiores incentivadoras daquele casamento, há uns dez dias atrás comunicou para os noivos que não seria mais madrinha deles (ela seria o meu par como uma das madrinhas desse casamento). Ela sequer apareceu no almoço e eu tive que dar várias explicações para aqueles que não sabiam da decisão da minha esposa.
A Carmem havia convidado, para substituir a Manú como madrinha, a Sueli, que trabalhava em uma empresa de representação que ficava no andar abaixo do que ficava a nossa empresa. Essa Sueli era bonitinha, novinha e ainda tinha cara cheia de espinhas. Ela havia saído algumas vezes com o Marquinhos e o meu amigo me confidenciou que ela lhe pagou o melhor boquete da vida dele. Ele falou que a menina devia ter pós-doutorado na matéria (e olha que esse elogio, vindo de alguém que já devia ter sido chupado por bem mais de quinhentas putas, é algo a ser considerado). Depois que o Marquinhos me contou essa história eu não conseguia ver a Sueli sem imaginar qual era a sua técnica especial.
Por conta do almoço do noivado não trabalhamos na parte da tarde e eu cheguei em casa por volta das 15 horas. Então resolvi lavar a parte de baixo da casa.
Apesar de termos uma diarista que limpava a casa uma vez por semana, a Manú fazia essa lavagem do piso inferior da casa a cada três ou quatro semanas. Ela dizia que o piso era lindo, porém que depois de alguns dias, só parecia limpo e brilhante se fosse lavado. E, desde antes do aniversário da Manú esse piso não era lavado.
Eu não fiz aquilo esperando como retorno algum gesto simpático da minha esposa e muito menos um sorriso de gratidão. Eu fiz isso porque eu queria e me sentiria bem com o resultado.
Recolhi os tapetes, coloquei as cadeiras encima da mesa e, com água e sabão fui lavando. Quando já estava secando o piso percebi que a Manú estava me olhando, toda encolhidinha no alto da escada. Essa era uma situação atípica, já que ela fazia de tudo para ficar longe de mim. E, apesar de ainda estar muito chateado, resolvi falar com ela:
— Oi amor, não sabia que você estava em casa! Seu carro não está La fora! Não foi trabalhar hoje à tarde?
Ela estava séria e fez que não com a cabeça. Percebi que, como estava ocorrendo nas últimas semanas, ela não estava para conversas. Resolvi não insistir e continuei com o meu serviço.
Passado mais alguns minutos ouço ela me chamando:
— Beto, eu precisava falar contigo...
Parei o que estava fazendo e respondi:
— Sim, claro.
— É que... não sei se você... aí, deixa pra lá...
— Pode falar.
— É... que você está trabalhando tanto que nem está cortando mais o cabelo...
E, após falar isso, ela se levantou, ainda me encarou, lá do alto da escada, mas não disse nada, só voltou para o quarto. Ela aparentava estar mais triste ainda e isso cortava o meu coração, pois eu não sabia como agir naquela situação. Ver a Manú se afastar, desanimada e melancólica era realmente muito triste.
Achei estranho, pois, pela sua expressão, ela queria falar de algum assunto mais sério... E realmente o meu cabelo estava grande.
Pensei que ela queria falar sobre as suas redes sociais. Como faziam mais de dois meses que ela não postava nada e havia muita gente perguntando o motivo disso, eu coloquei um aviso dizendo que ela estava passando por uns problemas de saúde, que estava bem e que voltaria em breve.
No sábado, como sempre, ela foi para sua consulta em São Paulo e dessa vez voltou na noite do mesmo dia, só que bem mudada. Assim que chegou veio conversar comigo, perguntou do noivado do Nunes com a Carmem, se desculpou por não ter ido ao almoço, e ainda disse que conversaria com a Carmem durante a semana. E até me convidou para irmos ao cinema no domingo.
Achei aquilo muito estranho. Me questionei se aquilo realmente era real e não um sonho. E tive a esperança de que a iminência de se encontrar com sua família tivesse feito ela repensar suas atitudes. Ou quem sabe o tratamento finalmente estava surtindo efeito. Falei para ela que o casamento do Nunes com a Carmem já estava marcado para o mês de maio. Ainda conversamos mais um pouco naquele dia e, no domingo, fui com ela para o cinema e vimos o filme Napoleão, do Ridley Scott, como se fossemos dois amigos. Ela havia melhorado, mais nem tanto, pois sequer consegui pegar em sua mão. E, que filme ela foi escolher, afinal eu cresci ouvindo que Napoleão foi um grande general e um conquistador, mas no filme ele é retratado como um corno manso.
Apesar disso, essa ida ao cinema já foi um avanço considerável. Só que no dia seguinte ela já voltou ao que era antes, triste, distante e me evitando. Na segunda-feira ela chegou até a virar o rosto quando fui lhe desejar um bom dia.
Apesar de estarmos passando por aquela fase difícil eu estava tentando de todas as formas resolver as coisas para encaminhar o nosso relacionamento para a direção certa. Não era fácil ser tratado daquele jeito pela pessoa com quem eu mais me importava nesse mundo todo.
Durante a semana teve um dia que eu estava procurando o carregador do meu telefone celular. Já havia olhado em todos os lugares possíveis e resolvi dar uma geral no quarto. Abri a terceira gaveta do criado mudo e um vibrador branco rolou dentro da gaveta. Demorei uns cinco segundos para me lembrar em como ele poderia ter aparecido lá.
A recordação foi muito prazerosa. Foi no dia que envernizei a penteadeira da Manú, que ficava em nosso quarto, isso há uns seis meses atrás. Esse móvel era de madeira de lei, lindamente trabalhado, muito pesado (vi quatro caboclos penando para subir esse móvel até o quarto) e que sofreu muito na mudança, chegando em casa muito arranhado. Lixei toda essa penteadeira e a pintei no nosso quarto mesmo.
Naquela noite a Manú não quis dormir no nosso quarto, por causa do cheiro da tinta e fomos dormir nesse quarto de hospedes que eu estava usando.
Naquela época fazíamos amor em quase todos os dias e, quando a Manú saiu do banho, enrolada somente em uma toalha, ela esperou que eu prestasse a atenção nela e então deixou a toalha cair no chão. Com seu sorriso mais malicioso ela só disse:
— Ops!
Nessa hora o meu mundo parou! Ela estava deliciosa, com marquinhas de biquíni maravilhosas em seu corpo. Ela parecia uma daquelas modelos fitness, com a barriga chapada e aquelas coxas musculosas. Fora aqueles seios que eu amava tanto e aqueles fiozinhos de cabelo, em forma de uma chama de vela, sobre a xoxotinha.
Ela me lançou um sorriso malicioso, seus lindos olhos verdes brilharam e ela deu uma voltinha graciosa, quando eu pude conferir aquela bunda perfeita que ela tem, e a sua deliciosa silhueta.
Me aproximei da Manú e ela jogou as duas mãos por trás do meu pescoço e entrelaçou as pernas na minha cintura antes de me beijar. Coloquei uma das minhas mãos por baixo da sua bunda, como apoio, e a outra mão coloquei nas costas dela e colei o seu corpo ao meu.
A levei para a cama e me deliciei com aquela mulher linda. Ela estava pegando fogo e então peguei a mão da Manú e a direcionei para a sua bocetinha e pedi para ela se tocar. A Manú me olhou com a carinha meio assustada, pois eu nunca havia pedido aquilo para ela, mas logo ela entrou no jogo, quando eu me ajoelhei ao lado dela e enfiei o meu pau em sua boca.
A brincadeira estava deliciosa e logo tive outra ideia. A Manú estava na sua fase mais exibicionista, sempre querendo filmar as nossas transas. Então corri para o nosso quarto, entrei no closet e peguei o primeiro vibrador que encontrei (que foi aquele branco que acabei de achar na gaveta), desci para o escritório e peguei a câmera e o tripé que usávamos nas gravações que a Manú fazia para as suas redes sociais e voltei para o quarto onde a Manú estava.
Montei a câmera aos pés da cama, coloquei para gravar e dei o vibrador para a Manú. A carinha de putinha que ela fez foi impagável. Ela começou a se tocar, a princípio bem tímida e em pouco tempo ela já estava gemendo enquanto usava o vibrador.
Aproveitei e novamente me ajoelhei ao lado de sua cabeça e a coloquei para mamar o meu cacete. E ficamos assim até ela gozar, gemendo muito. A Manú estava ofegante, mesmo assim ela disse que me amava e depois falou que eu não havia gozado ainda. Assim, ela pegou o meu cacete e começou a apunhetar, só que eu tinha outra ideia na minha mente.
Botei a câmera do lado da cama e fui me deitar nas costas da Manú, de conchinha. Ela continuava ofegante e com os pelinhos da nuca arrepiados.
Eu olhava para ela e imaginava como foi que ganhei na loteria por ter aquela mulher. Fui beijando suas costas e o seu cangote, enquanto minhas mãos se perdiam nas curvas da minha esposa. Logo eu estava fodendo a Manú naquela mesma posição que estávamos. Inclusive coloquei a Manú para se tocar novamente, enquanto eu metia sem dó na bocetinha dela. Quando ela gozou ruidosamente eu só virei a Manú, colocando ela deitada de bruços na cama, e montei naquele espetáculo de mulher. A visão daquela bunda, enquanto eu fodia sua bocetinha gulosa, sempre foi a minha kriptonita e gozei segundos depois.
Bem, isso e todas as nossas juras de amor, de uma época em que a Manú era uma excelente esposa, que além de fogosa e claramente me amar, e era também dedicada, atenciosa, respeitosa, me apoiava e somava comigo, ocorreram em um passado que eu já tinha certeza que não se repetiria.
Na quinta-feira cheguei do trabalho e a encontrei sentada no sofá, com a expressão triste. Cheguei perto dela e fui falando o quanto a amava e o quanto ela era linda. Nessa hora ela explodiu. Disse para deixá-la em paz e que ela não queria ouvir aquelas bobagens. Ela falou isso enquanto se levantava, subiu as escadas e se trancou no quarto.
Tudo isso só fazia eu me sentir mais frustrado e incapaz.
Nessa semana ela também não passou todo o final de semana em São Paulo e voltou de lá no sábado à tardinha.
Eu havia ido ao mercado e quando voltei, por volta das 17 horas, vi pelo carro estacionado na garagem, que ela já havia voltado. Entrei em casa e comecei a guardar os mantimentos na dispensa. Foi aí que ela chegou por trás de mim e falou, com aquela sua voz linda:
— Beto, precisamos conversar. Tem coisas que preciso te dizer.
Eu me virei para ela, sorrindo, acreditando que, como no sábado anterior, ela havia retornado melhor, após a consulta com a terapeuta.
Só que minha esperança logo se desfez, pois ela me olhava com a cara mais culpada e desconfiada do mundo. Pensando bem, acho que o que mais me impactou foram aqueles olhos verdes dela, que estavam nervosos. Não sei nem explicar o que senti.
E ela foi logo me entregando uns papeis.
Folheei as folhas impressas e o titulo da primeira página era algo como “terapia do espelho” (eu confesso que não me lembro com certeza qual era o título correto).
E, enquanto eu tentava descobrir o que era aquilo, ela foi falando com a voz tensa:
— Eu tenho uma coisa para te contar. Algo que está me consumindo já há um tempo.
Naquela hora um arrepio percorreu a minha espinha. Novamente era como se eu estivesse prevendo que algo ruim estava para acontecer. As palavras que ela disse fizeram com que eu me esquecesse dos papeis que estavam em minhas mãos e olhasse para ela, que continuou falado.
— Esses papéis falam de uma terapia não convencional que a Millene tem tentado me convencer a fazer já há bastante tempo... São só quatro etapas. Nós fizemos a primeira na semana passada e hoje fizemos a segunda.
Continuei olhando para ela sem entender nada e ela continuou a falar:
— Beto, só me deixa contar tudo antes de você falar alguma coisa... Essa terapia... é para cuidar de mulheres que sofreram abuso. O envolvimento com uma terapeuta do mesmo sexo faz com que as barreiras que levantamos, por causa da violência, sejam aos poucos derrubadas. Assim, na primeira seção é só o contato íntimo entre as duas mesmo. Já na segunda seção a paciente se solta mais um pouco, por causa de haver a figura de uma outra pessoa assistindo a relação entre as duas...
Ela me olhava atentamente, obviamente interessada em como eu reagiria ao que ela estava me dizendo. E eu a olhava de volta, não crendo ou não tentando entender o que estava ouvindo.
Só não devo ter cruzado os braços, pois estava com as mãos cheias de papeis
Nunca tive motivos para duvidar da fidelidade da Manú, mas o que ela estava contando levava a crer que ela estivesse fazendo sexo com a Millene, a esposa do meu irmão. Então a interrompi, perguntando meio incrédulo:
— Vocês duas transaram?!
Foram segundos angustiantes, enquanto eu aguardava a sua resposta, olhando diretamente em seus olhos.
A minha pergunta fez a expressão dela mudar totalmente. E ela fez cara de assustada, arregalou os olhos, ficou branca, perdendo toda a cor e passou a se defender:
— Você tem que entender! É parte da terapia... está escrito aí...
Ela falou isso com a voz tremendo e os olhos fugindo dos meus. Então a interrompi bruscamente:
— Para Manú! — Falei sério e fui ríspido — Ouça bem! Papel aceita qualquer coisa! Como uma mulher instruída e inteligente igual a você foi cair na lábia da Millene? Ela só queria te comer! Deixa eu adivinhar, nessa segunda vez o Zé Renato ficou do lado de vocês, só assistindo vocês se pegarem. E na próxima vez você vai virar o recheio do sanduíche deles! Vai ser uma dupla penetração maravilhosa, com os dois te fodendo ao mesmo tempo...
Ela começou a chorar.
Meu coração estava disparado, um nó se formou no meu estômago e meu corpo todo tremia de raiva, enquanto eu pensava e repensava o nosso relacionamento. E busquei na memória se a culpa era minha. Poxa, eu dava total atenção para ela, saíamos juntos e lhe dava presentes. Eu cultivava o nosso relacionamento... Eu segurei as pontas enquanto ela estava mal e a coloquei acima de qualquer outra coisa!
No fundo eu estava vendo a história se repetir. Assim como a Fernanda (a minha ex-esposa), a Manú era uma menina inteligente, decidida e que tinha conhecimento. E mesmo assim as duas se deixaram levar e foram envolvidas em histórias nojentas de traição.
Totalmente aturdido com o que ela me disse, ainda vasculhei rapidamente todos os detalhes, para ver o que tinha dado errado, me questionando se eu era o problema. Poxa, eu cuidava dela, fazia jantares românticos, lhe enviava mensagens carinhosas, a priorizei acima de qualquer outra coisa... só saí do meu devaneio quando ela suplicou chorando:
— Me desculpa! Me desculpa! Eu não consegui com ele nos olhando, então ele ficou no outro quarto, acompanhando por uma câmera. Eles não gravaram, só passaram a imagem em uma TV...
Meu estômago estava revirando. Então eu explodi de vez, quando ela falou aquilo. Por mais que tentasse eu não consegui me controlar e dei um grito, que saiu do fundo do meu ser. Logo em seguida saiu da minha boca um “— Puta que o pariu Fernanda!” — seguido de vários palavrões.
Ela chegou a dar um passo para trás de tão assustada. Sua expressão era de perplexidade. Acho que ela nunca esperou essa minha reação. E deve ter percebido a minha fúria, primeiro porque eu nunca falava palavrões quando ela estava por perto e, também, porque a chamei de Fernanda, o que havia acontecido apenas no dia que a conheci.
— Meu Deus Fernanda, eu não conheço mais você. A mulher por quem me apaixonei... a minha esposa não faria uma coisa dessas...
— Beto, você tem razão por estar bravo comigo, mas me deixa explicar... o tratamento...
Na minha cabeça eu estava tentando descobrir o que fiz de errado para merecer aquilo. Talvez fosse alguma maldição! Porque Deus iria querer me castigar assim? Eu não estava confuso e nem com tesão. Eu sentia muito ódio por aquela vagabunda estar me traindo. Como eu não percebi o que estava acontecendo bem na minha frente? Eu devia ter notado alguma coisa! Minha cabeça começou a girar. Eu estava desnorteado e sem saber o que fazer.
Eu estava em choque e ela se desfazendo em soluços. Minha saúde mental tinha sido totalmente abalada. E, enquanto ela falava: “— Eu sei que você está com raiva e eu estou errada...” — Eu soltei outro grito:
— Vai se catar! Eu estou com nojo de você!
Acho que o meu rosto era puro ódio.
Por tudo o que ela passou, pelo seu sofrimento e pelo amor que eu tinha pela Manú eu toleraria quase tudo dela, menos aquilo. Como contei para vocês eu até já estava aceitando a hipótese dela me deixar, mas não queria crer que ela teria coragem de me trair, mesmo saindo sozinha com frequência para várias festas.
Respirei fundo e continuei tentando me acalmar:
— Sabe Manú, eu estou cansado de lutar. Você já me humilhou demais... Depois dessa eu desisti... não tenho mais forças...
Olhando o meu reflexo, de relance, no espelho da parede, pude ver que minha expressão de cansaço era visível. Peguei as chaves do carro e fui em direção à porta de saída da casa. Eu queria estar em qualquer lugar menos ali.
Ela ainda se colocou na minha frente e foi falando:
— Beto, eu estava assustada, com medo... eu só queria voltar a ser aquela mulher que você conheceu antes... eu estava muito confusa... perdi o controle. Por favor, fica! Vamos conversar!
Pela primeira vez ela parecia se questionar a respeito do que havia feito.
Olhei bem nos olhos dela, que pareciam duas torneiras de tantas lágrimas que escorriam, e falei bem sério:
— Nosso casamento acabou! Por isso eu vou embora.... Adeus! Só me deixa passar!
Empurrei a Manú para o lado e fui embora de casa! Saí de casa com nada além do pouco que restava da minha dignidade.