Na manhã seguinte, a tensão estava insuportável.
Caio, meu marido, me observava em silêncio. Os olhos denunciavam o que a boca ainda não dizia. Ele sabia. Talvez não tudo… mas o suficiente para não ser mais cego.
O café da manhã foi servido em clima gelado. Os talheres batiam nos pratos com um som seco, e os olhares de Felipe e Henrique vinham carregados. Não com medo — mas com desafio. Eles estavam prontos. Eu também.
Depois da refeição, Caio me chamou pra uma caminhada pelos fundos da fazenda. O caminho que levava até o rio.
— “Você acha que eu sou burro?” — ele disse, parando de repente. O tom não era de dúvida. Era afirmação.
— “Fala pra mim. É com o Felipe? Ou com o Henrique? Ou com os dois?”
Fiquei em silêncio. O sangue corria mais rápido nas veias.
— “Eu vi vocês sumindo. Ouvi você voltando tarde da noite. Até a vaca mais mansa da fazenda percebe.”
Ele estava tremendo. De raiva. De dor. De choque.
— “Você ainda me ama?” — ele perguntou.
Respirei fundo. Não menti. Não confirmei. Só disse:
— “Eu me sinto viva com eles.”
Caio ficou mudo. Depois virou as costas e saiu sem dizer mais nada.
Aquilo foi o fim — ou o início da minha libertação.
Naquela mesma noite, sozinha no quarto, fui chamada com um bilhete deixado debaixo do travesseiro:
“Última vez. Você escolhe como quer ser lembrada.”
Henrique.
Levantei sem hesitar.
O antigo estábulo estava vazio. A luz baixa, o ar pesado, cheiro de madeira, couro e decisão. Felipe me esperava sentado sobre uma sela. Henrique, de pé, com as mãos nos bolsos. O clima era puro domínio.
— “Seu marido sabe. E você escolheu estar aqui.” — Henrique disse, sem se mover.
— “Então hoje… você vai nos pertencer de verdade.”
Felipe me puxou pela cintura, beijando com força. As mãos dele invadiam meu corpo como se estivessem mapeando território.
Henrique veio por trás, firme, pegando meu cabelo e puxando devagar, forçando minha cabeça pra trás.
— “De joelhos. Agora.”
Obedeci. O chão era frio, mas meu corpo queimava.
O controle estava com eles. Total. Me viraram, me moveram, me posicionaram como queriam. Um atrás, outro à frente. Me fizeram curvar, abrir, ficar exposta. Cada gesto vinha com um comando, uma mão firme, um olhar que dizia: você é nossa.
Eles se alternavam em mim, trocavam posições como se meu corpo fosse parte de um pacto silencioso. Henrique me segurava com força pelos quadris, enquanto Felipe me puxava pela nuca, exigindo que eu mantivesse os olhos nele.
Gemidos abafados, ordens curtas, mãos marcando minha pele — e no meio de tudo, a certeza: nunca estive tão viva.
O auge veio como uma explosão em três corpos. Ofegantes, desfeitos, grudados em suor, poeira e desejo. Eles de pé, me observando ali, ajoelhada entre os dois, com o vestido amassado e o cabelo emaranhado.
Henrique foi o primeiro a falar:
— “Você sabe que não tem mais volta, né?”
E eu, com a voz rouca e firme, respondi:
— “Eu não quero voltar.”