Quando fomos para a natação, na semana seguinte, levamos um belo puxão de orelhas do professor. O Gabriel nos disse que mentimos para ele, quando falamos apenas que já havíamos nadado na infância. Ele pesquisou nossos nomes na internet e viu que a Manú já havia sido campeã brasileira de natação quando era criança e falou que ninguém é campeão brasileiro de graça. E ele disse que achou meus tempos do nado peito da época da faculdade, e que eram mais de um segundo melhores que o do atleta da cidade que participava dos campeonatos regionais. Ele falou que eu e a Manú deveríamos nos dedicar mais à natação, pois, além de rápidos, nós éramos altos, longilíneos e tínhamos porte atlético de nadador, que era um diferencial, principalmente quando se comparava os nadadores brasileiros com os estrangeiros. Falou da supremacia de nadadores altos. E, por fim, ele disse que o Tênis Clube de São José era associado com um grande clube da capital e que, se quiséssemos treinar lá, poderíamos participar de uma das melhores equipes da natação nacional.
Garanti para ele que aquilo tudo era coisa de outra vida, falei que eu nem tinha mais tempo para treinar. Acabei recusando mesmo, dizendo que estava sem tempo e motivação para voltar à vida de atleta e que, se ele soubesse motivar, a Manú compraria a ideia dele. Mas, mesmo assim, ele nos colocou para treinar nas raias em que estavam os melhores nadadores.
Fizemos nossa viagem pela Europa em agosto. Curtimos muito e até transamos em nossa cabine, dentro de um trem. A Manú botou um vestidinho só para isso. Montou na minha pica, comigo sentado na poltrona do trem, e só saiu depois que eu gozei. As belas imagens da paisagem que víamos pela janela do trem e o medo de sermos pegos apimentou deliciosamente o nosso sexo.
Depois disso ainda fizemos mais duas viagens para o exterior: uma para a Disney, na qual passamos 12 dias maravilhosos e cansativos, indo de um parque para o outro. E o meu aniversário de 31 anos passamos visitando Machu Picchu, no Peru, com direito a quatro dias em Lima onde, entre outras coisas, visitamos as “Linhas de Nazca”. Ainda fizemos várias viagens nacionais, para destinos como Caldas Novas, Fortaleza, lençóis maranhenses, Curitiba e chapada dos Veadeiros.
Fizemos várias corridas de rua e a Manú inventou de participar de uma prova de biathlon, na cidade de Ubatuba, com dois quilômetros de natação no mar e dez quilômetros de corrida. Acabei indo com ela, praticamente para ser seu acompanhante. Larguei um pouco atrás dela e fiquei como sua sombra no mar e corremos juntos. E ela foi ótima, terminou na oitava colocação no geral e foi a quinta colocada da sua categoria.
Para o aniversário da Manú tivemos a visita da sua irmã, a Fernanda, que trouxe o seu novo namorado, o Celso, que trabalhava no escritório de advocacia com ela. Eles vieram a São Paulo para fazer um concurso público e veio a calhar de coincidir com o aniversário. Eu gostei do Celso, um cara muito de boa e alegre. Só faltava saber quanto tempo esse namoro iria durar.
No final do ano participamos da corrida de São Silvestre. Os pais da Manú vieram passar esse final de ano conosco e depois do natal o Flavio, o irmão caçula da Manú, se juntou a eles. E ele trouxe a namorada, a Natália, uma loirinha linda e gostosa, com uns peitos enormes, que deixariam qualquer marmanjo babando. A Natália cursava medicina em uma turma acima da do Flávio, porém ela perdeu algumas matérias por motivo de doença e as estava fazendo na turma do meu cunhado.
Meus pais também estiveram em casa nesse final de ano. Eles estavam indo passar o réveillon no Rio de Janeiro, juntos com o Zé Renato (o meu irmão) e a família dele, e dormiram em casa do dia 27 para o dia 28 de dezembro. Foi a primeira vez que ficamos com a casa lotada. Ocupamos as quatro suítes do andar superior e o Flávio com a namorada dormiram no quarto que deixamos montado nos fundos da casa.
Acho que, até aquela data a Manú havia recebido visitas de amigos e parentes e em praticamente todos os meses, só que eles se alternavam e para a nossa casa ficar cheia mesmo (e olha que a casa era grande) foi só daquela vez.
Quando voltamos da nossa aventura no Peru a Manú recebeu a noticia que havia sido aprovada para fazer uma pós-graduação, em direito ambiental e direitos difusos e coletivos, que era algo que ela queria muito.
Eu já havia recebido duas sondagens para iniciar o doutorado no ITA, uma de um professor/pesquisador muito amigo meu e a outra de outro pesquisador, que me ajudou em alguns ensaios para o sistema de comunicação com o foguete. Eu recusei as duas sondagens, pois queria postergar para mais tarde essa pós-graduação. O doutorado era algo para me envolver por, no mínimo, quatro anos, e eu já tinha outros planos a curto prazo.
Eu não falei muito sobre isso, mas desde que conheci o John Nielson, em um simpósio que participei nos Estados Unidos, nunca mais perdemos o contato. Vivíamos nos correspondendo, ele me mandou o seu livro sobre criptografia, muito bom por sinal, além de sempre me mandar artigos e orientações. E eu contava para ele as minhas peripécias e invenções. Certa vez eu o questionei sobre os artigos interessantes que ele me enviava e ele respondeu que uma das suas funções era despertar a curiosidade nas melhores mentes. E toda vez ele me falava que a minha bolsa de estudos estava reservada e mandava um: tic tac, tic tac... falando que o ano de 2026 estava chegando (existe uma previsão de que as chances são de 15% para que protocolo RSA, que é o sistema de criptografia mais utilizado para transmissão segura de dados, seja quebrado até nesse ano, isso se já não foi). E, claro que me mudar para Los Angeles e viver fora do país, mesmo sendo para estudar na famosa CALTECH (California Institute of Technology), também não estavam nos meus planos de curto prazo.
Como os desfiles das escolas de samba do carnaval de 2021 foram cancelados e em 2022 estávamos totalmente envolvidos com os preparativos do nosso casamento, aceitamos o convite da Millene, a esposa do meu irmão, e fomos desfilar no carnaval de 2023.
E teve um desafio extra. Desfilamos pela Escola de Samba Mocidade Alegre, em São Paulo e, terminado o desfile, já partimos para o Rio de Janeiro, onde desfilamos novamente pela Unidos do Viradouro. A Manú arrasou, mostrou que tinha samba no pé e deu um espetáculo, pelo menos para mim, que fiquei o tempo todo babando pela minha mulher. E minha esposa tinha um jeito especial de cativar e naturalmente fazer as pessoas gostarem dela. Da Millene eu nem preciso falar, ela sambava muito e ficava deliciosa nas fantasias minúsculas que costuma usar como passista.
E fomos muito pé quente, pois ganhamos em São Paulo e fomos vice campeões no Rio de Janeiro.
Em Niterói, ainda fomos para uma festa, em uma comunidade, que ficava bem próxima de onde a família da Millene morava. Nesse dia um funkeiro famoso iria tocar no local. Era um enorme galpão e o cheiro de bebida só era menor do que o da erva queimada. Estava incrivelmente quente e a Manú foi com um shortinho jeans bem curtinho e com uma regatinha bem justinha (roupas emprestadas pela sua concunhada). Já a Millene foi bem ousada, trajando um body preto e sem sutiã por baixo (os bicos pontudos do peito dela estavam suculentos, marcando muito o tecido), uma sainha curtinha e rodada e meias arrastão.
Eu e a Manú nunca havíamos ido a um baile funk. A música era alta e rapidamente a Millene ensinou os passos básico para a minha esposa. Inicialmente ficamos dançando, afastados da muvuca, só que quando foi se aproximando do horário da atração principal o ambiente foi lotando.
A minha cunhada então nos falou que conhecia o pessoal da organização e que seria mais seguro para ela e a Manú ficarem atrás do palco, junto com o pessoal da produção. Todos concordamos.
O Zé Renato então foi para o bar e eu escoltei as duas até a entrada do palco, onde uma meia dúzia de seguranças estava posicionado. A Millene acenou para alguém no palco, ele desceu, conversaram um pouco e logo as duas receberam uma pulseira VIP e tiveram acesso à área reservada. E eu me afastei do palco e das periguetes que estavam em volta, rebolando e gritando sem parar.
Entre ir para o bar com o meu irmão e ficar ali, de olho nas duas, eu preferi essa última opção. Fiquei meio de lado, em um local em que dava para ver as duas atrás do palco, e que ainda dava para ver o Zé Renato, que parecia que nem ligava para onde a Millene ia e ficou sozinho, num canto e bebendo cerveja (ou será que ele já estava acostumado dela fazer aquilo).
De onde eu estava dava para ver as duas dançando e se divertindo lá em cima. Logo chegaram novas bailarinas, esbanjando sensualidade, anunciando a atração principal e levando a platéia ao êxtase. Foi aí que lotou mesmo. Se eu não tivesse mais de um metro e noventa de altura tinha perdido as duas de vista.
De onde eu estava só ficava puto com os caras chegando para trocar ideia com as meninas e oferecendo bebida, que minha gatona sempre recusava. Realmente elas fizeram bem de ir para lá, pois no meio do show principal já não tinha como botar mais gente no salão. Teve uma hora que o MC chamou algumas meninas para rebolar no palco e eu vi quando a Millene, após conversar com o rapaz que havia liberado a entrada delas no palco, puxou a Manú para o meio delas. Como a Manú pega muito fácil qualquer tipo de dança, logo ela e a Millene estavam dançando juntas, rebolando a bunda, sob os meus olhares e das quase cinco mil pessoas que estavam lá vendo o show. Dava para ver que estavam curtindo bastante, elas riam divertidamente apesar da sensualidade da dança. Quem estava nas primeiras filas certamente tinha até a visão privilegiada da calcinha da Millene e de umas outras três dançarinas, que subiram no palco com vestidos bem curtos. A Minha cunhada rebolava igual a uma cachorra e a Manú foi a primeira a voltar para a parte de trás do palco, seguida pouco depois pela Millene. As outras meninas ficaram até o final da apresentação. Terminado o show principal elas ainda ficaram por mais de uma hora lá por trás do palco, antes de voltarem para onde os maridos estavam.
Elas chegaram abraçadas e com um sorriso de cumplicidade no rosto até onde eu estava. E a Millene, toda alegrinha, já veio me sacanear:
— Olha a carinha de ciúmes do Betão!
Aproveitei a deixa para perguntar quem era o negão que a toda hora ia conversar com elas e aparentemente oferecer bebidas. E a Millene, toda animada, disse que era o Joel. Então elas se olharam, riram e completaram, falando juntas: “— O Joelzão do Bengalão!”. — E caíram na gargalhada.
Não devo ter feito uma cara de quem gostou da brincadeira e a Millene foi logo tratando de explicar:
— Cunhado, não liga pra brincadeira. Assim que a Manú passou pela porta de entrada já caiu no radar de metade dos homens aqui de dentro. Foi bom levar ela lá pra cima. Eu falei que essa gostosa — ela falou isso apontando pra Manú — estava comigo, que o pai dela era da pesada e se alguém mexesse com ela iria se dar mal. Até apontei para você e disse que aquele gigante, másculo, gostoso, com os ombros largos e imponente era o guarda costas dela. Acho que o másculo e gostoso eu não falei, só ficou no meu pensamento... e a Manú é uma artista e pegou a minha deixa e só melhorou a história... não foi, sua safadinha...
A Millene foi até a Manú, que estava um pouco trás dela, a abraçou pela cintura e a trouxe, ficando as duas de frente para mim. E continuou a falar:
— Eu contei a história para afastar os caras, só que o Joel parece que não tem medo. Se, para comer uma bocetinha, ele tiver que levar um tiro na cara depois, ele morre feliz!
— Ele até me convidou para um tour pela comunidade — disse a Manú, com um sorriso no rosto.
— Nem pensa em ir amiga! — Falou a Millene após uma gargalhada. — Beto, o apelido de “Joelzão do Bengalão” é porque dizem que ele tem a pica maior que a do ator que só tem “bengala” no nome. E devido esse negócio de música e de comunidade, circula muita gente aqui e ele aproveita para arregaçar as turistas. Ele já me contou que tem uns 20 filhos espalhados pelo mundo todo... Mas não fica com ciúmes que ele atira pra todo lado. Cai quem quer!
A Manú então veio me abraçar, me deu um beijo e ficou na ponta dos pés para me falar no pé do ouvido:
— Eu sou só sua... cada vez que um homem vem me cantar eu percebo o quanto eu te amo, que fiz a escolha certa e que só quero você... Mais tarde eu vou te recompensar por ficarmos distantes em grande parte do show.
E então fomos encontrar o meu irmão no bar. Ao nos ver chegando o Zé Renato já perguntou para sua esposa:
— O Joel te cantou muito hoje?
A Millene o abraçou, lhe deu um beijo na boca bem demorado, antes de responder de uma forma que todos pudemos ouvir:
— Ele me convidou para ir amanhã para a mansão dele em Búzios. Disse que o helicóptero sai ao meio dia.
Ela estão deu um sorriso cínico para a Manú, que completou de forma teatral:
— Estou chocada! Ele te convidou também? Ele te falou da banheira cheia de chocolate...
Então as duas gargalharam novamente e deu para ver que a Millene já sabia da pergunta que o Zé Renato iria fazer e que haviam até ensaiado a resposta.
Eu só dei um sorriso sem graça, de aceitação para aquilo.
Depois descobri que o Zé Renato tinha ciúmes desse Joel, que além do envolvimento com a música, também era um dos chefes da comunidade.
Assim que voltamos para casa a Manú realmente me recompensou. Ela usou uma roupinha muito sexy, fez uma dança bem sensual, correndo suas mãos pelo corpo, rindo, me provocando e finalmente tivemos dois dias de sexo intenso (até hoje não sei como minha pica não ficou com calo depois daqueles dias, de tanto que fizemos amor).
A Manú havia desenvolvido uma técnica nova de cavalgar na minha pica que me deixava louco. Ela botava o meu cacete todo para dentro e cavalgava fazendo movimentos curtos e rápidos, jogando o quadril para frente a para trás. Era torturante! Acredito que nunca consegui ficar mais de um minuto sem gozar, com ela me cavalgando daquela forma.
Ainda em março desse ano a Fabíola voltou a nos visitar e, por incrível que pareça, ainda estava namorando o Celso. Foi na época que eu e a Manú comemoramos o nosso aniversário de um ano de casados (as nossas bodas de papel).
A Fabíola veio à São Paulo para fazer o processo de aquisição da sua cidadania americana. A Manú e o Flavio já haviam feito e a minha esposa já tinha até o passaporte norte americano. Só que quando os seus irmãos fizeram a Fabíola estava doente e não foi com eles. E depois ela ficou enrolando por anos, até finalmente decidir dar entrada na papelada.
Conversando com elas vi que haviam vários requisitos, como o da mãe dela (a mãe dela, a Renate, é cidadã americana de nascimento) ter morado por “X” anos nos Estados Unidos, entre outras. E deu para ver que a Fabíola era desligadona quanto a isso. Sua carteira de identidade era de quando ela tinha apenas seis anos de idade, tanto que a Manú botou uma pressão nela para que tirasse uma nova identidade e elas correram para fazer esse documento. Por sorte, pelo menos a versão digital dessa identidade ficou pronta antes de ela ir para a entrevista no Consulado Americano. E a Manú ficou de pegar o documento físico quando ficasse pronto e enviar para a sua irmã.
Dois dias após a Fabíola voltar para Belém, fomos a uma corrida de rua, em uma cidade relativamente próxima. A Manú estava deliciosa e me provocando a toda hora. Depois que terminamos a corrida a arrastei para um motel. E foi nesse motel, com os dedos e rosto melados com os fluidos vaginais da Manú, após fazê-la gozar loucamente, com ela retribuindo o carinho e pagando um delicioso boquete para mim, e a vendo, pelo espelho do teto, maravilhosa, ajoelhada entre minhas pernas e só vestindo uma calcinha vermelha (essa era a mesma imagem que estava sendo capitada pelo telefone celular da Manú, que estava filmando a nossa transa), que ela disse que queria ter um filho meu.
No êxtase que estava eu daria qualquer coisa para ela e me senti o homem mais sortudo do mundo, por estar com aquela mulher maravilhosa ao meu lado. E eu tinha a plena certeza que havia ganhado na loteria por estar ao lado da Manú.
E foi nessa mesma batida que vivemos o primeiro ano após a venda da minha empresa e o segundo ano em que estávamos morando juntos, na nossa casa.
Realmente foi maravilhoso!
A Manú era deliciosa e eu acho que se a conhecesse milhares de vezes me apaixonaria por ela em todas essas vezes. Independente do amor que sentia por ela, a Manú era a pessoa mais maravilhosa que já conheci. Ela era inteligente, simpática, altruísta, companheira e carinhosa. Ela realmente se preocupava com as pessoas e queria ajudar.
Porém, a ideia de que estamos no controle de nossa vida é uma piada. E todo aquele amor, aquela alegria e a sensação de que tudo aquilo duraria para sempre era só uma ilusão. A felicidade incomoda e tinha gente muito incomodada com a nossa união.
E isso será abordado na parte 7 da história. Até lá!