Olá a todos. Eu me chamo Rogério. Atualmente, estou com 28 anos e sou casado há quatro anos com a Jéssica. Esta série conta nossas desventuras no prédio onde moramos, onde alguns vizinhos e vizinhas (e os nossos melhores amigos) parecem querer testar nosso amor. Quem puder ler os primeiros capítulos, só procurar pela série.
A Jéssica tem 26 anos, é médica e tem o corpo esculpido por horas de academia e uma disciplina invejável. Ela tem 1,71, pele amendoada e lindos cabelos castanho-claro. Barriga tanquinho, seios e bundinha pequenos, mas bem proporcionais ao seu corpo escultural. Não temos filhos ainda, mas isso está no nosso radar depois que os dois trintarem.
A minha melhor amiga, Lorena, acabou de se mudar para o apartamento ao lado do nosso. A Lorena tinha 27 anos e era minha amiga desde o primeiro período da faculdade. Éramos tão próximos que ela havia sido madrinha do meu casamento com a Jéssica. Ela tinha se tornado sócia da empresa da minha família depois de formada e, com isso, trabalhávamos juntos no mesmo ambiente. Ela era morena de praia, magra, seios pequenos e bundinha redondinha e empinadinha, além de um belo par de coxas. Estava solteira e, segundo ela, muito bem assim.
No capítulo anterior, eu e a Jéssica passamos duas semanas trepando como se não houvesse amanhã no apartamento da Lorena. Este capítulo retoma algumas coisas que também aconteceram naquela semana.
Naquela noite, o Carlos e a Odete nos chamaram para jantar. Por causa do pequeno spoiler da Jéssica, já sabíamos que vinha bomba por aí. Mas era curioso que eles só esperaram a Odete voltar de São Luís. Nos arrumamos como sempre fazemos quando vamos jantar na casa deles. Calça bege, camisa polo azul-marinho, barba feita. A Jéssica colocou aquele vestidinho floral leve que sempre me deixa um pouco hipnotizado. Tecido solto, quase curto, parecia conspirar com o vento para me provocar. Os seios pequenos dela ficavam suavemente delineados na frente, e as coxas bronzeadas exibiam aquele brilho de quem cuida do corpo e da pele com rigor. Não era só eu quem notava: peguei a Odete olhando com aquele sorrisinho quase imperceptível de apreciação.
Já na mesa, o vinho foi servido, elogiamos a massa como sempre fazíamos, e a conversa seguiu leve. Até que a Odete largou os talheres, bateu palminhas e soltou:
— Agora sim! Chegou o momento da fofoca da noite!
Arqueei uma sobrancelha, curioso. Conhecendo a Odete, aquilo prometia.
— Lá vem, hein? — disse Jéssica, animada.
A Odete olhou pro Carlos com aquele brilho debochado no olhar, pedindo silenciosamente permissão para a travessura. Ele suspirou e deu de ombros.
— Nós vamos nos divorciar! — anunciou ela, como quem ganhou um sorteio.
Fiquei em silêncio por alguns segundos. Olhei para ela, depois para o Carlos. Algo na leveza deles me chamou a atenção. Não era um casal em colapso. Era mais como se estivessem encerrando esse ciclo como bons amigos. Assenti levemente, tentando passar a tranquilidade que sentia.
— Bom... Se é algo em que vocês dois concordam, desejo sorte aos dois — falei, com sinceridade.
— Obrigado, Rogério — respondeu Carlos.
A Odete sorriu de canto, satisfeita.
Já a Jéssica surtou. Arregalou os olhos, soltou um gritinho e se levantou como se a Odete estivesse prestes a desabar. Foi até ela e a puxou para um abraço dramático.
— Ai, meu Deus, Odete! Você não precisa passar por isso sozinha! Ele não vai te deixar, não vai te abandonar na rua! Nessa cidade cruel! Nós vamos dar um jeito de você passar por essa!
— Jéssica... — tentou Carlos.
— Não, Carlos! — Ela cortou com o dedo em riste. — Eu te admirava! Te achava um homem sensível, sério! Mas é isso mesmo? Vai largar a mulher da sua vida? Tá trocando ela por outra, é?
A Odete riu e levantou a mão como quem pede a palavra no plenário.
— Jéssica, minha flor, na real, eu provavelmente transei mais nessa última viagem ao Maranhão do que o Carlos transou no ano inteiro. Inclusive, o motorista da van do aeroporto ainda me manda áudio querendo mais.
Quase engasguei com o vinho. Olhei pro Carlos, que parecia aceitar aquilo como um dado da realidade.
— Isso não me ajuda muito, Odete — resmungou ele.
— Mas ajuda a esclarecer — rebateu ela. — Eu tô ótima. Ganhando bem. E vou continuar morando aqui por alguns meses. No outro quarto. A gente já combinou. Quando vagar outro apê no prédio, eu me mudo. Pronto.
A Jéssica franziu a testa, confusa.
— Mas e a solidão? E o luto do fim do casamento?
— Jéssica, eu tô cercada de gente. Meus amantes, minhas amigas, o seu Geraldo, o seu Zé Maria, o Luciano... A minha libido tá tinindo. Luto? Eu tô é celebrando.
— Espera um pouco... Você está bem com esse divórcio?
— Francamente? Até demorou.
O silêncio durou apenas dois segundos, mas foi o suficiente para congelar a expressão da Jéssica no ar.
— Mas e o emocional de vocês?
— A gente já tá separado emocionalmente faz uns bons anos, Jéssica — explicou Odete. — Só estamos oficializando agora. E sem drama.
Jéssica olhou para mim, buscando algum tipo de sustentação para seu espanto. Dei de ombros, com um meio sorriso.
— Acho que eles sabem o que estão fazendo. Desde que ninguém precise se mudar pro nosso apartamento desta vez... vocês têm meu apoio total.
— Um brinde à lucidez emocional — disse Odete, erguendo a taça.
Jéssica se jogou na cadeira, rendida.
— Vocês são doidos. Mas pelo menos são doidos em paz.
Ela ainda parecia meio sem chão, tentando reorganizar seu mundo mental. Fiquei na dúvida entre consolá-la ou deixá-la digerir tudo no tempo dela.
Horas depois do jantar, voltamos pro apartamento em silêncio. A Jéssica andava na minha frente, de ombros tensos e passos firmes, como se o piso fosse feito de vidro e ela estivesse testando cada centímetro. Quando entramos, ela foi direto pro quarto sem tirar as sandálias. Sentei no braço do sofá, soltei um suspiro e fiquei ouvindo o barulho das coisas que ela tirava do corpo com mais força que o necessário: o fecho da sandália, o zíper do vestido, os brincos sendo jogados no criado-mudo.
Fui até o quarto. Ela estava sentada na beira da cama, vestida apenas com a camisola, esfregando os braços como se quisesse acordar de um pesadelo leve demais pra ser descartado.
— Amor... — comecei, indo até ela.
Ela não me respondeu logo. Me olhou como se estivesse tentando encontrar no meu rosto uma confirmação de que o mundo ainda fazia sentido.
— Rogério... eu achava que o Carlos e a Odete eram... inquebráveis. Sério. Eles tinham uma cumplicidade, uma leveza. Como assim vai cada um pro seu canto e acabou?
Me sentei ao lado dela e peguei sua mão. Não queria ser cruel, mas também não podia alimentar uma ilusão. Então escolhi minhas palavras com o máximo de carinho que consegui.
— Jéssica, eu sei que parece chocante. Mas você lembra que a Odete já teve e ainda tem amantes. Vários. Aqui no prédio, nos prédios vizinhos, no trabalho. Ela nunca fez questão de esconder, né?
Ela me olhou de lado, como quem não queria ouvir, mas ouvia.
— E o Carlos... Bem, você lembra que anos atrás ele tinha um grupo de WhatsApp que literalmente um harém, né?
A Jéssica puxou a mão devagar e cruzou os braços. Estava digerindo, mas ainda teimosa.
— Isso não quer dizer que o amor deles não era real. Talvez fosse aberto, bagunçado, mas... sei lá. Tinha amor.
Assenti, com calma.
— Sim. Mas também tinha muita autonomia, Muita permissividade. Convenhamos, a Odete já tentou dar em cima de nós dois. Várias vezes. Ao longo de anos.
— Aquilo era brincadeira. Provocação.
— Ela queria vir com a gente pra cá depois do jantar pra um ménage de “comemoração do divórcio”!
Ela fez um muxoxo, tentando esconder um sorrisinho. Mas seu olhar ainda estava melancólico.
— Eu não gosto de divórcio, Rogério.
A voz dela saiu baixa, sem firmeza, quase como se tivesse escorregado por entre os dentes. Ela estava olhando para o vazio, mas eu via o tremor nos lábios. O tipo de memória que a gente guarda trancada por muito tempo, e que quando escapa, ainda vem com veneno.
— Me lembra do divórcio dos meus pais. — Ela virou o rosto ligeiramente, como se estivesse tentando se esconder de mim e de si mesma. — Tudo pareceu desabar. Foi horrível. Eles ficaram se odiando. Me odiando. Culpavam todo mundo. Minha mãe entrou em depressão, meu pai sumiu...
A voz dela falhou. Ela apertou as mãos entre os joelhos, o olhar fixo no piso, como se aquilo a puxasse de volta praquela época. Eu não disse nada. Apenas respirei com ela.
— Eles disseram que tudo era minha culpa. Que tudo degringolou quando eu nasci. Eu não... Não queria. Não queria.
Eu já tinha ouvido essa história antes. Mas naquele contexto, com a sombra do Carlos e Odete no ar, doeu mais nela. E por extensão, doeu em mim. Vi no rosto dela algo cru, antigo, que talvez ela mesma tivesse esquecido como doía.
— E se todos os casais acabarem? — ela continuou, agora com a voz quase trêmula. — Se o amor for só uma fase bonita, e depois vem o término? Hoje, foram eles. Amanhã, vai acontecer com a gente também?
Segurei o rosto dela com as duas mãos e a fiz me olhar nos olhos. Quis que ela sentisse que nada mais no mundo importava, só a gente ali.
— Jéssica, olha pra mim. Cada casal é um casal. Cada história tem sua própria lógica, seu próprio ritmo. A gente não é a Odete e o Carlos. A gente é a gente. Eu sou seu. Desde o dia em que você sorriu pra mim naquela festa, meio com vergonha, meio debochada. Desde aquele dia eu sou seu.
Ela sorriu fraco, os olhos já marejando.
— E eu sou seu. Quando você acorda descabelada e resmungando porque o café tá fraco. Quando você se irrita na reunião do condomínio. Quando você sai do banho dançando com a toalha. Quando você fala com os pacientes como se fossem parentes. Eu te amo em todas essas formas. E em todas as que ainda vou descobrir.
As lágrimas rolaram. Ela me abraçou forte, colando o rosto no meu pescoço, e ficamos assim por um tempo.
O que a gente ainda não sabia era que aquilo ainda era só o começo. Muito em breve, três amigas próximas da Jéssica também se divorciariam. Mas naquela noite, tudo que eu queria era ser o abrigo dela.
No dia seguinte, ela acordou mais calma. Por sorte, logo encontrou outra missão para ocupar sua mente. Mais especificamente, ir bater na porta do apartamento do síndico para resolver um problema. Três batidas e o seu Alberto apareceu com aquele ar hesitante e encantado, o bigode desalinhado tremendo sutilmente com o sorriso nervoso.
— Dona Jéssica! Que honra... por favor, entre. Fique à vontade, é... é sempre um prazer recebê-la.
A Jéssica sorriu, um tanto desconcertada com o excesso de deferência. Estava vestida com roupas simples do dia a dia: uma calça jeans, uma camiseta branca de algodão. Nem maquiagem usava. Mesmo assim, aos olhos do síndico, ela era como uma deusa solar que havia decidido pisar em solo comum.
Entrou no apartamento, agradecendo com um aceno breve. O lugar estava razoavelmente bagunçado. O chão tinha marcas de sujeira acumulada nos cantos, a mesa da sala de jantar parecia mais um armário de tralhas do que um móvel funcional. Apesar da bagunça, a Jéssica manteve a postura profissional.
— Vim falar sobre a reunião do condomínio. A gente está esperando por ela há semanas, seu Alberto. Preciso apresentar o dossiê das melhorias estruturais que precisam ser feitas.
O síndico passou a mão suada pelo bigode, visivelmente desconfortável, como se estar na presença dela fosse um privilégio solene.
— É, então... eu... eu tava esperando o melhor momento. Têm surgido umas... complicações. Nada grave! Mas que precisam ser resolvidas com cuidado.
— Complicações? Que tipo de complicações?
Ele hesitou, o olhar fugindo do dela, pousando em tudo menos em seus olhos. Como sempre fazia: olhar diretamente para Jéssica exigia dele um esforço quase hercúleo.
— É que... bem... tem um grupo... um grupo de moradores que tá querendo pautar umas coisas que... que talvez gerem atrito. Coisa pequena, dona Jéssica, coisa pequena.
— Que tipo de pauta? — insistiu, cruzando os braços.
Ele suspirou, derrotado pela firmeza dela.
— A dona Marieta e um grupo de moradoras têm feito pressão... Elas querem proibir o uso de biquíni e maiôs na piscina. Acham imoral. Querem estabelecer um código de trajes. Disse que é ofensivo, indecente...
A Jéssica quase riu, mas sua expressão foi ficando séria. Ela conhecia a fama da Marieta. Apesar de rígida, ortodoxa e conservadora até o osso, a mulher era habilidosa nos bastidores. Dona Marieta tinha um estranho carisma que unia católicos conservadores, evangélicos ortodoxos e moralistas silenciosos. O tipo de pessoa que não apenas falava com convicção, mas também colocava medo nos indecisos.
Lembrou-se de uma noite na academia em que a Rebecca, sempre doce e discreta, tentou defender a Marieta. Mas as palavras dela soaram ocas, cautelosas, e a hesitação em sua voz gritava o que o discurso tentava esconder: “ela passou dos limites há anos, eu tenho medo dela”. A Jéssica nunca esqueceu a expressão desconfortável no rosto da amiga, como se temesse que desagradar a dona Marieta fosse punível com a expulsão da igreja.
— Elas querem regular como a gente se veste na ÁREA DE LAZER do próprio prédio? — Ela balbuciou, incrédula. — Isso é um absurdo. Você tá adiando a reunião pra não deixar isso entrar na pauta?
Ele assentiu lentamente.
— Essa pauta delas não é de agora. Estão tentando há mais de um ano, mas nunca conseguiram o quórum mínimo nem pra pautar. Sempre faltava gente ou não tinha maioria.
Na hora, Jéssica entendeu. Não era por acaso. Aquele tempo todo, quem segurava as asinhas da Marieta era o Lucério. Ele e seus dossiês sempre arrumavam um jeito de mantê-la sob controle. Não que a Jéssica acreditasse que o Lucério fosse bonzinho, longe disso. Mas agora parecia evidente que ele já gostava de “admirá-la” de biquíni há bem mais tempo do que ela supunha. Enquanto era conveniente para ele, mantinha alguns do grupo da Marieta em xeque.
Agora, com a Jéssica obrigando o Lucério a se comportar como um “bom moço” por um mês inteiro, ele lavou as mãos e deixou a bomba estourar no colo do síndico.
— Se fizer uma reunião comum, daquelas em que só meia dúzia aparece, elas se vão organizar para conseguir o quórum mínimo e aprovar. Tô tentando ganhar tempo até... até alguma coisa mudar, sabe?
Seu Alberto falava como um avestruz que enfia a cabeça no buraco, esperando que algum milagre resolva os problemas por ele.
— Mas por que não avisou pra gente antes? A gente podia ter se preparado, falado com os vizinhos...
Ele engoliu em seco, os ombros se curvando um pouco.
— Eu não sabia como dizer isso pra... pra você. E pras suas amigas. Sem parecer... sem parecer que eu tô querendo ver vocês de biquíni. Que eu sou um tarado. Eu... eu não queria que pensassem mal de mim. Que você pensasse mal de mim.
A sinceridade atabalhoada dele era quase constrangedora. Ela respirou fundo.
— Seu Alberto, você pode relaxar. Eu sei que você não é desses. Você devia ter falado. Isso não é só sobre a gente querer se bronzear na piscina. É sobre liberdade, sobre respeitar o corpo dos outros. Não tem nada de imoral nisso.
Ela se levantou, determinada.
— Eu vou resolver isso. Vou avisar o pessoal. A gente vai pra próxima reunião com gente suficiente pra impedir esse retrocesso. Pode marcar sem medo.
Ele assentiu, quase com um sorriso de alívio, como se tivesse recebido uma bênção da sua deusa pessoal.
— Obrigado... obrigado mesmo, dona Jéssica.
Ela já ia sair quando parou perto da porta, olhando em volta. Estava pronta pra fazer um comentário mais direto, mas resolveu suavizar.
— Seu apartamento tá um pouquinho descuidado.
Ele corou instantaneamente.
— Ah, sim! Sim... é que eu trabalho muito, sabe? Só tenho tempo de limpar direito aos domingos. E hoje é sábado...
— Entendo. Mas já pensou em contratar uma diarista?
Seu Alberto arregalou os olhos como se ela tivesse sugerido trazer uma fada madrinha.
— Diarista?
— Eu te indico a minha. Lisandra. A Melhor e mais confiável que você vai encontrar. Juro que não vai tentar contratar outra depois.
— Lisandra... certo. Se a senhora confia nela, então já confio também.
— Amanhã, peço mando ela te mandar mensagem. Mas ó, ela não faz milagre.
Ele riu, meio sem jeito. Enquanto ela saía. Esse novo emprego da Lisandra ainda iria nos salvar de algumas belas enrascadas.
Na segunda, cheguei em casa mais tarde do que o normal, ainda com a cabeça cheia das reuniões no escritório. Coloquei a chave na porta, empurrei e estranhei o silêncio.
Foi quando olhei para a sala e vi a Lisandra vestida como uma odalisca.
Senti meu pau dar um tranco. Ela estava absurdamente gostosa naquela fantasia. Um sutiã dourado, cravejado de lantejoulas, que deixava os seios bem apertados e projetados pra cima de forma indecente. O decote profundo era enfeitado com pequenos brilhos.
Um véu transparente cobrindo o rosto de leve, mas não escondendo aquele olhar sacana. A cintura dela estava nua, com uma corrente dourada rebolando junto com os quadris. A saia era leve, esvoaçante, mas dividida ao meio. De cada passo saía uma perna bronzeada, torneada, brilhante. No umbigo, uma pedrinha brilhava em meio àquela barriga chapada e bronzeada, tão lisa que dava vontade de passar a mão para ter certeza de que era real.
O olhar safado, provocador, brilhando sob o cabelo loiro bagunçado que caía pelos ombros. Ela sabia o que estava fazendo. Cada gesto era ensaiado, cada rebolado, cada mordida de lábio.
Ela esperou que eu fechasse a porta e, antes que eu pudesse dizer algo ou reagir, começou a dançar. Devagar. Sensual. O quadril fazia pequenos círculos, e os seios balançavam junto no ritmo. Me senti paralisado. Queria olhar pra outro canto, fugir, mas era como se o chão tivesse desaparecido. Ela avançava dançando.
— Sou sua odalisca, meu sheik Rogério... — disse com a voz baixa, melosa. — Vim servir e obedecer. Faça de mim o que quiser...
— Lisandra, p-pelo amor de Deus...
Ela sorriu.
— Tudo o que meu senhor mandar... — E deslizou os dedos pelas coxas, os olhos cravados nos meus. — Posso massagear seus pés...
— Lisandra, para com isso. Eu sou casado. C-A-S-A-D-O.
— Eu sei. Com a Jéssica. Eu adoro vocês dois... — Ela se aproximou ainda mais, a barriga quase encostando em mim. — Mas toda odalisca de um harém sonha em ser a favorita...
— Isso tá passando dos limites. A gente é amigo, você é amiga da Jéssica. Que brincadeira é essa? Isso não tem cabimento!
Coloquei firmeza na voz. Vi os olhos dela vacilarem por um segundo, mas ela riu de um jeito debochado, e então me empurrou com força no peito.
Eu caí no sofá, de costas, surpreso. E antes que pudesse levantar, ela subiu em mim. Montou mesmo.
O véu caiu. Os olhos dela estavam a centímetros dos meus. O quadril dela pressionado contra o meu. Eu mal respirava.
— Passar dos limites seria te beijar agora. Mas isso... — Ela roçou o nariz no meu. — ...isso não está no acordo.
— Quê?
— Não tá no acordo. — Ela sorriu, se afastando um pouco. — Espera.
Foi aí que a porta do quarto se abriu e a minha respiração parou de novo. Do corredor, surgiu a Jéssica de roupão branco.
O cabelo solto, ondulado. A pele amendoada com aquele brilho de pós-banho. Mas foi quando ela puxou o cinto do roupão e deixou o tecido escorregar pelos ombros que eu perdi qualquer capacidade de formar frases.
A minha esposa também estava vestida de odalisca.
Mas diferente da Lisandra, o conjunto da Jéssica era de um roxo profundo, quase vinho, com fios prateados que caíam do sutiã até a barriga. Um cinto de moedas tilintava a cada passo que ela dava, deixando suas curvas perfeitas ainda mais evidentes. As coxas dela, torneadas da academia, pareciam esculturais. O véu era de tule fino, e caía da tiara sobre os olhos, dando um ar misterioso e absurdamente sexy. Os olhos castanhos estavam sorrindo por trás dele. Sorrindo de verdade.
— Jéssica... Você... que...
— Desde aquela piada do “sheik Rogério” — ela disse, andando até mim com calma —, eu fiquei com isso na cabeça. Fiquei pensando se você merecia mesmo uma odalisca.
— Isso tudo foi um teste? — perguntei, ainda sem conseguir tirar os olhos do corpo dela.
— Claro. Queria ver se meu sheik era digno da sua odalisca favorita. Se ele resistia à tentação de outra odalisca atrevida... — Ela parou diante de mim e Lisandra, e tocou o ombro da amiga com carinho. — E ele passou.
— Você me pregou uma peça?
— Um teste. E você foi incrível. Fez exatamente o que devia. E agora... — Ela se aproximou mais. — Agora, você vai ter a odalisca Jéssica pra você. A noite inteira. Porque o meu sheik merece.
A Lisandra riu e saiu do meu colo, dançando de lado até encostar na parede.
A Jéssica pegou a amiga pela mão, deu um passo para trás e puxou o som pelo celular. Uma música instrumental, cheia de tambores e melodias orientais, começou a ecoar pela sala. Era algo entre dança do ventre e trilha sonora de harém barato. Meu pau pulsando ao ritmo.
As duas começaram a dançar sensualmente juntas.
Jéssica e Lisandra.
Giravam os quadris em sincronia, uma de frente pra outra, e depois espelhando os movimentos com perfeição. As correntes dos cintos tilintavam, os panos esvoaçavam, e os olhos delas se alternavam entre me mirar e se mirarem. Eu me vi ali, parado, com o pau duro demais pra tentar disfarçar. Ainda assim, mantive as mãos nas pernas, firmes, sem tocar em nenhuma das duas.
Não foi fácil.
A Jéssica, com sua sensualidade elegante, brincava com os cabelos, rebolava com propriedade, olhava pra mim como se soubesse exatamente o que causava. A Lisandra, mais provocante, mordia os lábios, arqueava as costas, deslizava as mãos pelas próprias coxas. As duas dançando pra mim.
Engoli em seco e fiquei parado.
— Meu sheik pode tudo hoje... — disse Jéssica, se aproximando devagar. — Se quiser, pode ter as duas esta noite. Juntas.
Meu coração disparou. E meu pau também. Mas minha voz saiu firme:
— Jéssica, você sabe que eu nunca faria nada com outra pessoa. Mesmo com sua permissão. Nunca.
Ela parou de dançar. A Lisandra também.
As duas se olharam e sorriram. Um sorriso de aprovação.
— Ele passou — disse Lisandra, num tom leve.
— No verdadeiro teste — completou Jéssica.
— Esse era o teste?
— Claro — disse Jéssica, sorrindo, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Sorri de volta. Sem ironia, nem raiva.
Mas bastou um olhar rápido pra Lisandra e percebi que a Lisandra tinha uma pontinha de esperança que acabou de ser arruinada.
Havia uma sombra em seus olhos, mesmo por trás do sorriso forçado. Ela desviava o olhar da Jéssica. Seus movimentos estavam mais contidos. Os olhos, antes provocadores, agora estavam vazios. Isso disse tudo.
Ela queria.
Talvez tivesse aceitado participar como amiga, mas no fundo, tinha esperança. Que eu caísse em tentação. Que a Jéssica deixasse rolar. Que acontecesse algo.
Mas não aconteceu. E ela sabia que não ia acontecer.
— Eu vou tomar um banho e me trocar — disse Lisandra, com um sorriso educado.
— Usa meu banheiro — disse Jéssica. — Tem um roupão limpo no armário.
— Obrigada. — E saiu sem drama. Mas o olhar ficou comigo.
Assim que a porta do banheiro fechou, Jéssica voltou pra mim. Sentou no meu colo, de frente, com a saia ainda aberta sobre as coxas, e os seios quase roçando na minha camisa. Olhou nos meus olhos.
— Agora que você passou, minha missão é cumprir a promessa. A odalisca é sua. Exclusiva.
Sorri. Mas internamente, uma parte minha quis responder: “Então, vá pedir desculpas à Lisandra.”. Mas permaneci calado e a Jéssica me beijou.
Primeiro leve. Depois fundo. As línguas se encontraram, e minha mão foi parar na cintura dela. Ela rebolou sobre mim, com a bunda pressionando minhas coxas, fazendo meu pau pressionar entre nossas roupas, e o cheirinho doce da pele dela acabou com qualquer resquício de climão.
A odalisca era minha. E eu era completamente dela.
Já entregue ao que iríamos fazer, comecei a comecei a beijar o pescoço da minha amada e a minha mão já foi descendo pela saia entreaberta da fantasia, encontrando sua bucetinha por baixo do shortinho. Estava sem calcinha. Logo, comecei a esfregar os meus dedos na buceta dela e a Jéssica, louca de tesão, começou a gemer baixinho.
Pelos minutos seguintes, ficamos os dois perdidos na paixão, nos beijamos com volúpia, devorando nossas bocas. Ela segurava o meu rosto com uma mão e rebolava em cima do meu pau, ainda preso pela calça, enquanto eu esfregava meus dedos na buceta dela por cima do shortinho. Como um truque de prestidigitação, isso servia para me distrair enquanto a Lisandra se arrumava e saía. Se eu não a visse, não pensaria nela. Com a Jéssica rebolando no meu colo, funcionou.
— Vamos pro quarto — sugeriu ela, entre beijos, após ouvir o clique da porta fechando.
— Quarto nada. Vou te comer é aqui mesmo, minha odalisca.
Ela respondeu com um sorriso de aprovação.
— Tire a minha roupa — ordenei.
Com um sorriso maior do que imaginava, assisti a Jéssica tirando a minha roupa e aproveitando para me beijar todinho. Começou pela camisa, passando pela calça e deixou a cueca por último, sabendo que o meu cacete iria pular duro na frente dela.
Eu me levantei e, sem perder tempo, a Jéssica entendeu o que era para fazer. Ela se ajoelhou e começou a chupar deliciosamente o meu caralho. Ela chupava chupou cada centímetro do meu caralho, dando uma atenção especial à cabeça, enquanto massageava as bolas. E me olhava com aquele olhar safado que só eu conhecia.
Logo, a Jéssica abocanhou o meu pau, o engolindo inteiro. Sentia ele na garganta dela. Essa gargantinha profunda, foi algo que ela aprendeu com o tempo enquanto íamos testando variações de sexo na época do noivado. Ela sabia que eu amava isso. Gemi alto e já fui agarrando ela pela cabeça.
Assim, com a minha mão conduzindo o ritmo, fui fodendo a boca da Jéssica até que ela sentiu ele ficar mais grosso. Não aguentei mais, e comecei a esporrar vários jatos de esperma quente na boquinha dela. Como uma boa e obediente odalisca, a Jéssica foi engolindo toda a minha porra. Sorvendo tudo.
Agora, seria a minha vez. Tão logo, ela se levantou, já fui a jogando no sofá e baixando o shortinho e a saia da fantasia de odalisca, revelando para mim a bucetinha pequenina e de pelinhos ralinhos da minha querida esposa. Abri as suas pernas e me aninhei entre elas. Comecei a beijar, lamber e morder a sua bucetinha com todo o tesão que estava. A Jéssica se contorcia toda no sofá de tanto tesão que sentia. Eu sabia muito bem o jeito que ela gostava de ser chupada e quando queria variar um pouco.
Em um momento, ela tentou tirar a parte de cima da fantasia, para liberar seus seios pequenos para minha visão.
— Não — ordenei. — Quero que mantenha parte da fantasia para lembrar quem é a odalisca e quem é seu sheik.
Ela sorriu com mais vontade do que imaginei que faria. Continuei a beijar e chupar aquela bucetinha que tanto amava, explorando cada pedacinho dela. Suguei, lambi, mordi. Enfiei a minha língua o mais fundo que pude. O resultado era inevitável. Com um urro de prazer e o corpo todo contorcido, a Jéssica gozou na minha boca.
Aproveitei enquanto ela estava extasiada e fui descendo a minha língua até o seu desejado cuzinho virgem. Sabia que ela provavelmente não ia querer liberar ele hoje, mas não queria evitar de tentar. Comecei a lamber o cuzinho, o que a fazia gemer de prazer e talvez apreensão.
Não queria perder o ritmo, mas os dois precisavam de uns minutos para se recuperar. Pensei em algo para nos manter ocupado.
— Vamos para o quarto — ordenei.
Como imaginei, o caminho até a cama foi longo com beijos trocados contra as paredes por quase todo o corredor. Eles não pararam nem quando deitamos na cama, nossas mãos passeando pelo corpo do outro.
Quando estávamos acesos novamente e o meu pau dava sinal de vida, fui pegar uma camisinha na gaveta e encapei o meu pau. Ela me olhou sorrindo e abriu suas pernas, deixando a visão da sua bucetinha livre para mim.
Me ajeitei entre as suas pernas e, com a ajuda da Jéssica que levantou seu quadril, coloquei as pernas dela sobre os meus ombros. O meu caralho pulsando não demorou muito para encontrar o caminho da bucetinha. Pincelei um pouquinho e fui enfiando o meu pau aos poucos, até entrar todo e sentir minha bolas batendo na entradinha. Ela soltou um suspiro.
Esperei alguns segundos, uma mão segurando seu tronco e a outra nas suas coxas. Então, comecei a bombar com vontade. Comecei lento, sentindo o terreno e logo passei a dar as estocadas fortes.
Eu metia com ímpeto mesmo. De fazer barulho. Aposto que a Lorena ouvia muito o choque dos nossos corpos enquanto estava hospedada conosco. Ela gemia, me agarrava, me arranhava ao ritmo das estocadas.
Esse feedback dela, enlouquecida, me alimentava com mais vontade e tensão e eu metia mais pressão, mais estocadas, mais forte. Isso a fazia levantar ainda mais seu quadril. Estávamos frenéticos e as minhas estocadas estavam cada vez mais fortes. Se continuasse assim, não iria durar muito. Então, tirei o cacete de dentro dela.
— De quatro! — ordenei.
Ela obedeceu com um sorriso no rosto. Rebolando e me dando uma visão da sua bundinha linda, pequena e arrebitada. Não resisti em abrir as nádegas e chupar o seu cuzinho por um momento.
Enfiei o meu cacete novamente na bucetinha dela e voltei a dar estocadas com vontade. Mas não esquecia daquele buraquinho virgem na minha frente. Aos poucos, coloquei um dedo lambido no cuzinho. Tentava entrar o máximo que conseguia, mas era bem apertadinho. Fiz alguns vaivéns, tentando começar a alarga-lo.
A Jéssica gemia e rebolava, mas me olhou com um pouco de apreensão.
— Hoje não, por favor...
— Hoje é só dedo e língua — a acalmei.
Depois que ela relaxou mais, continuei estocando com força em sua bucetinha. Percebia que o meu organismo estava chegando e aumentava a velocidade das minhas investidas. No auge da empolgação, me permiti dar um tapinha na bundinha da Jéssica.
Quando senti que não ia ter mais segurar, acelerei um pouco mais e meti o caralho todo dentro dela. Os jatos explodindo dentro da camisinha, enquanto eu urrava num gozo triunfante. Logo, desabamos na cama. Exaustos com dois orgasmos em tão pouco tempo.
Continuamos agarradinhos, ela deitada sobre o meu peito, o suor secando devagar. A Jéssica traçava círculos invisíveis na minha barriga com a ponta do dedo, o olhar calmo, satisfeito. Um sorriso nos lábios.
— E então, meu sheik... — sussurrou. — Gosta da sua odalisca obediente? Sua odalisca toda submissa, prontinha pra fazer tudo o que o dono mandar?
Havia um brilho malicioso nos olhos dela. Talvez esperando que eu desse algum comando. Mas não fiz isso.
— Não.
Ela ergueu o rosto, surpresa, e depois se sentou na cama, apoiando o lençol no colo, como se minha resposta tivesse sido uma bofetada.
— Como assim, “não”? Achei que você tivesse adorado...
Suspirei.
— Eu adorei! Se dependesse de mim, a gente fazia isso pelo menos uma vez por mês. Mas não consigo fingir que tá tudo bem. Eu tô me sentindo mal pela Lisandra.
— Não, Rogério. Eu não vou aceitar um ménage!
— É justamente o oposto.
Ela calou.
— Ela é nossa amiga. Uma amiga leal. E essa paixonite dela por mim é passageira. Mas quanto mais ela se envolve assim com a gente, mais ela se prende nessa esperança. E não tem conversa que resolva isso. Uma hora, um de nós três vai passar da linha. Um de nós três vai se empolgar demais. E então? Como seria o dia seguinte ao ménage? Você ia continuar olhando para ela como sua amiga?
Ela demorou para responder.
— Eu não sei — disse ela, sincera. — Achei que você estivesse lidando bem com essas brincadeiras de deixar ela assistir, de odalisca.
Balancei a cabeça.
— Depois daquela noite que ela nos assistiu, a gente combinou de ajudar a Lisandra a arrumar um namorado. Um cara legal. Que goste dela pelo que ela é. Por ela ser inteligente, esforçada, divertida, e não só porque ela parece uma supermodelo. E no lugar disso, você ficou alimentando as esperanças dela. Deixou ela me mandar nudes. Por mais que eu deva admitir que ela realmente tem uma bela de uma raba para uma loira branquinha. Agora, faz ela brincar de odalisca. Tudo pra ser dispensada sempre que cumpre o papel de me provocar.
O rosto da Jéssica endureceu.
— Não foi assim. Eu nunca prometi nada pra ela. Ela topou porque quis. Você acha que ela é tão frágil assim?
— De pouco em pouco, uma hora um dos três ia se empolgar demais. Ela sabia disso. Você também.
Ela cruzou os braços.
— Uma coisa foi você deixar ela dar em cima de mim, provocar, o tempo todo, na aposta de saber que eu ia dizer não. Mas ao trazer ela para nossa vida sexual, você coloca um pouco de esperança ali.
Ela me olhou firme.
— Sobre esses testes de fidelidade, Rogério. Essas provocações incessantes. Depois do décimo quinto “não’, não parecia chato e invasivo? Às vezes, você tinha que se esforçar pra lembrar das qualidades dela pra não se irritar?
— Sim.
Ela riu, sem humor.
— Isso é uns 10% do que eu passo com o Enéias. Todos os dias. E você sabe que eu nunca vou te trair com ele. Então, agora você sabe como eu me sinto.
Suspirei.
— Eu sei. Nunca duvidei de você. E, principalmente, se dependesse de mim, amarrava o Enéias e o Lucério num míssil em direção ao sol.
Ela me olhou, a raiva suavizando aos poucos.
— Talvez eu tenha me empolgado. Só tinha pensado em fazer uma noite especial pra você.
Puxei ela pra perto.
— Minhas noites já são especiais. Por que ela são ao seu lado.
Demos um beijo.
— Como seu sheik, ordeno que converse com a Lisandra e pare de dar essas falsas esperanças, minha odalisca.
— Eu ouço e obedeço, meu senhor — respondeu ela brincando.
Demos outro beijo.
— E a Lisandra é totalmente diferente do Enéias. Ela é uma boa amiga. Quando não tá me provocando, é uma das pessoas mais legais que eu conheço.
Ela riu, com leve ironia:
— Você só diz isso porque ela consegue ser mais nerd de cultura pop do que a Lorena.
Depois completou:
— E o Enéias também é um cara legal. Quer dizer, ele tem um lado bom. Só tá soterrado por quilômetros de imaturidade e excesso de autoestima.
— Mas ele e a Lisandra são diferentes. Ela sempre torceu por nós dois. Pela nossa felicidade. Sempre.
— O Enéias também. Ele torce pela nossa felicidade. Ele só quer me comer primeiro — falou meio brincando, com um sorriso de lado. — Depois que ele me comer e me dispensar, ele vai virar nosso maior apoiador, você vai ver.
Dei uma risadinha, entendendo o tom.
— Prefiro evitar esse tipo de torcida, sinceramente.
Beijei a sua boca mais uma vez, voltando à paz e encerrando esse problema da Lisandra.
— Mas não esqueça um detalhe — interrompi o beijo. — A noite ainda não acabou.
No relógio, ainda não devia ser nem 21h direito.
— Esta noite, você pertence a mim, minha odalisca — sentenciei. — Vamos jantar e assistir uma série para nos recuperarmos porque, mais tarde, você vai ser minha odalisca de novo.
Por um momento, hesitei. Lembrando do conselho da Lorena, talvez tivesse passado um pouco da linha. Mas a Jéssica aparentemente gostou da ideia, me olhando com um brilho de realização no olhar.
— Sou sua odalisca, meu sheik Rogério... — disse com a voz baixa, melosa. — Estou aqui para servir e obedecer. Faça de mim o que quiser...
Na quarta seguinte, rolou uma noite em que as três mulheres que cercavam a minha vida (Jéssica, Lorena e Lisandra) saíram juntas para um pub enquanto eu fiquei em casa assistindo futebol com o Carlos e o Érico. Digamos que o jogo estava bem ruim e, mesmo eu não estando lá, as cenas do pub se revelaram mais importantes para nossa história.
O pub estava movimentado, era daqueles com paredes de tijolos aparentes e nos espelhos emoldurados com madeira escura. Havia um cheiro misturado de cerveja artesanal, hambúrgueres suculentos e perfume amadeirado. Uma banda cover tocava discretamente clássicos do rock dos anos 80-90 ao fundo, e o bar estava iluminado por letreiros de neon em tons azulados e alaranjados. Era o tipo de lugar onde eu costumava ir com a Lorena na época da faculdade e, depois de me tornar um rapaz compromissado, passei a frequentar menos.
As três amigas haviam conseguido uma mesa mais reservada, com sofás de couro puído e uma mesa baixa cheia de copos já meio vazios. A Jéssica usava um vestido justo preto, sem mangas, com decote discreto mas justo o bastante para realçar suas curvas. A Lorena, sempre com seu estilo mais casual e sexy, vestia uma calça jeans clara rasgada nos joelhos e uma regata verde-musgo. A Lisandra, mais simples, mas nem por isso apagada, estava com uma saia jeans escura, blusinha branca de alcinha e jaqueta jeans amarrada na cintura, com maquiagem leve que valorizava seus olhos claros e seus lábios rosados.
— Ainda acho que a gente devia ter ido praquele café novo que eu falei — reclamou Jéssica, mexendo distraidamente no canudo do drink vermelho que mal havia provado.
— Voto vencido, gata. Democracia. — Lorena sorriu maliciosa, tomando um gole de seu gim-tônica. — Duas contra uma. E cê precisava relaxar, não tomar espresso.
— Eu teria topado o café, mas esse lugar aqui é bonitinho, vai — disse Lisandra.
A conversa seguiu leve por um tempo. Falaram sobre o plantão exaustivo que Jéssica teve na semana anterior, sobre uma paciente que tentou fugir do hospital pelada. Depois, o assunto migrou para Lisandra e a faculdade. Ela contou de forma empolgada, mas sobre as provas e as dificuldades.
Depois de uma hora, a Lorena, com aquele sorriso maroto que precedia suas provocações, olhou diretamente pra Jéssica.
— Agora, vamos falar de sexo!
— Ah não, começou — suspirou Jéssica, rindo.
— Você não vai fugir dessa — emendou Lorena, se inclinando pra frente. — Quero saber o que você curte. De verdade. Não vale clichê.
A Lisandra ficou atenta, os olhos arregalados de empolgação.
— E não adianta enrolar, Jéssica. Todo mundo tem aquele fetichezinho que não conta pra ninguém.
A Jéssica sorriu, mas evitou o olhar de ambas.
— Eu gosto do Rogério. Meu fetiche é o Rogério. Sou rogeriossexual.
— E ele é jessicassexual... — suspirou Lisandra.
— Blé. Resposta de miss. Não cola — disse Lorena.
— Sério, fala a verdade. Alguma fantasia? Alguma coisa que ainda não rolou? — insistiu Lisandra.
— Olha, Lorena, você é a melhor amiga do Rogério. Contar pra você é o mesmo que contar pra ele.
A Lorena arregalou os olhos.
— Quê? Você acha que eu vou contar pra ele? Nunca!
— Seria eu falando de um lado e você mandando as dicas por WhatsApp do outro — Jéssica apontou o dedo.
— Talvez eu fizesse isso mesmo. — Lorena riu. — Mas olha que vantagem: ele realizaria!
— Não entendi ainda qual é exatamente o problema dele saber — perguntou Lisandra, franzindo a testa. — Ele é teu marido. Se tem alguém pra quem você devia ser 100% aberta, é ele. Isso é a coisa mais natural do mundo!
— É... — reforçou Lorena, mais séria agora. — Se você não pode falar disso com o cara que tá contigo, vai falar com quem? Com um terapeuta?
— Eu não tô dizendo que ele não pode saber. Só não quero contar. — respondeu Jéssica, teimosa, quase defensiva. — Quero que ele descubra.
— Descubra? — Lisandra arregalou os olhos. — Como? Você vai deixar pistas pela casa?
— Eu só quero que ele tenha a iniciativa — suspirou Jéssica, cruzando os braços. — Ele já fez para mim duas vezes. Uma, eu pedi. Foi excelente, mas eu me senti uma diretora guiando ele. A segunda, dei um jeito de fazer ele pensar que foi ideia dele. Mas é complicado demais. Seria mais simples, ele querer fazer isso por ele mesmo, sem eu precisar pedir.
— É muita teimosia isso, viu. — disse Lorena, já balançando a cabeça. — Parece até orgulho besta.
— Não é orgulho! — retrucou Jéssica, irritada. — É diferente. Tenho certeza de que, se ele me entende, vai deduzir sozinho o que eu quero.
— Nossa, isso é a pior ideia do mundo. — disse Lorena. — Homem não é mágico. Você quer que ele tenha uma visão espiritual?
— Não é isso. Eu confio no Rogério e sei que, depois da última vez, ele já deve ter deduzido o que é.
— Romantismo teimoso. — Lorena revirou os olhos. — Então deve ser coisa cabeluda.
— Ménage com outro homem? — arriscou Lisandra.
Jéssica franziu o nariz, claramente incomodada.
— Não.
— Inversão com cintaralho e tudo? — chutou Lorena, bem direta.
— Credo, Lorena! — Jéssica fez uma careta de quem levou um tapa imaginário. — Não!
— Sexo em público? — sugeriu Lisandra, com um sorrisinho travesso.
Jéssica revirou os olhos e balançou a cabeça, firme.
— Também não. Vocês duas e o seu Arnaldo já foram público suficiente.
— Gravar e mandar pra outra pessoa assistir? — chutou Lorena, erguendo a sobrancelha.
— Que horror, gente! — disse Jéssica, arregalando os olhos. — Não!
— Mas se gravarem, pode me mandar uma cópia? — arriscou Lisandra.
— BDSM! Quer dar umas chicotadas nele e fingir que não ouviu a palavra de segurança? — disse Lorena, mais curiosa do que provocativa.
Jéssica deu uma risadinha nervosa e tomou um gole do drink antes de responder.
— Não, não é nada disso. Meu Deus! Eu não sou uma tirana!
Lorena bateu as mãos na mesa.
— Então conta, caramba! Se não é nenhum tabu, qual é o problema? É só falar!
Jéssica cruzou as pernas e pegou seu drink.
— É algo que só ele vai descobrir e ele chegar até isso sozinho. Sei disso porque eu o amo.
A Lorena ficou em silêncio por um momento.
— Ok. Isso foi profundo. E burro.
A Lisandra riu.
— Burrice romântica. Mas bonita. Tipo comédia romântica.
— Ou filme indie com final em aberto. — Lorena emendou.
As três riram e brindaram de leve, mas o assunto sobre os desejos secretos de Jéssica começava a esfriar, e as três voltaram a beber e rir em tons mais leves. Mas não demorou muito para Lisandra, com aquele jeito mais direto quando se sentia em casa, mudar o foco.
— Mas e você, Lorena? Tá toda investigativa com a vida sexual da Jéssica, mas a sua ninguém sabe nada!
A Lorena riu com ironia, dando um gole longo na bebida antes de responder:
— Eu não transo desde aquela vez com o seu Raimundo.
— Sério? — Jéssica ergueu as sobrancelhas. — Mas isso foi quase um mês atrás!
— Pois é. Um mês. E antes disso, seis meses de seca total.
— Seis meses?! — exclamou Lisandra, arregalando os olhos. — Lorena, você vai fossilizar!
— Cê tem que entrar no Tinder, amiga. Tirar o atraso — disse Jéssica, meio rindo, meio falando sério.
Lorena fez uma careta como se tivesse cheirado limão.
— Tinder não dá. Eu entro, vejo aqueles perfis cafonas, um monte de foto de homem na frente do espelho da academia, com legenda tipo “vem tranquila” e saio na hora. Me dá calafrio.
— Então sobrou o quê? — provocou Jéssica com um sorriso torto. — Cê vai ter que se assumir pro lado bi da Força e dar uns pegas na Lisandra.
— Ei! — Lisandra arregalou os olhos, rindo com um pouco de nervoso.
— Seria perfeito. Vocês duas já se beijaram, já tocaram na buceta da outra... Só falta finalizar com um velcro gostoso.
— Sem me usar pra resolver a seca da Lorena!
— Ah, que isso, Lisandra! — Lorena respondeu com um sorriso safado. — Nem se for pra ajudar uma amiga...
— Não sei se fico lisonjeada ou preocupada — respondeu Lisandra, rindo.
Lorena apoiou o queixo na mão, com expressão pensativa.
— Sabe o que eu tô achando?
— O quê? — perguntou Jéssica, desconfiada.
— Que o teu fetiche secreto é juntar eu e a Lisandra — disse Lorena, com um sorriso maroto nos lábios.
— Eu jurava que esse fetiche era do Rogério. — brincou Lisandra, rindo alto. — Mas pelo visto é da Jéssica também!
— Gente! — protestou Jéssica, tentando parecer séria, mas falhando miseravelmente. — Não é isso, claro que não!
— Sei... — disse Lorena, debochada. — E por que você ficou vermelha igual pimentão, então?
— É o drink! — rebateu Jéssica, rindo junto.
As três gargalharam, cada vez mais cúmplices naquele clima de brincadeira e provocação.
— Mas falando sério... — disse Lisandra, voltando ao modo direto. — Tem uma opção clássica no prédio. Seu Geraldo. Muita mulher resolve o estresse com ele.
— Ai, Lisandra, fala sério... — Lorena levou a mão à testa como se estivesse passando mal. — Eu ia me sentir transando com o meu tio avô.
— Olha que não é tão absurdo assim. — insistiu Lisandra, com um sorriso esperto. — O seu Geraldo não seria um amante fixo... ele é mais tipo um pau amigo profissional. Discreto, acessível e atende em domicílio, sabe? Ideal pra esses momentos de seca.
— Meu Deus — disse Jéssica, já rindo. — Você tá mesmo defendendo o seu Geraldo.
— Ele não enche o saco, não tem ciúmes, nunca vai espalhar nada pra ninguém — continuou Lisandra. — Você transa com ele e no dia seguinte ele te dá bom dia como se tivesse só te entregado um Sedex. Tem experiência comprovada no prédio, inclusive.
— Ah, claro. Mas aí eu teria que dar uma calcinha de presente para ele no final, né? — ironizou Lorena.
— Uma calcinha por um orgasmo bem feito? Não me parece um preço alto. — Lisandra deu de ombros.
— Eu ainda prefiro o silêncio do meu vibrador do que o bafo de café do seu Geraldo.
— Se for pra escolher, eu voto no vibrador também — reforçou Jéssica. — Ainda mais que, se ele come a Lorena, vai criar coragem para se engraçar pro meu lado de novo. Esquece o seu Geraldo. — Jéssica se animou. — Tem o Carlos. Ele tá se divorciando, não tá? E vocês dois são nossos melhores amigos. Cês seriam perfeitos juntos.
— Ah não... — Lorena fez uma careta. — O Carlos é maravilhoso, mas ele é tipo feio, calvo e ainda tá um pouco gordinho. E meio que é da família. Tipo o primo sensato que a gente chama quando o carro quebra.
— Primo que beija bem, talvez? — provocou Jéssica.
— Para, Jéssica! Imagina a gente se pegando. Ia parecer cena de novela das seis, com trilha de piano e tudo.
— Mas você precisa de um homem com afeto, com maturidade... — insistiu Jéssica.
— Eu preciso é de tesão, gata. Maturidade eu já tenho — rebateu Lorena, e as três riram alto.
— E se você desse de novo pro seu Raimundo? — sugeriu Lisandra, com naturalidade quase cômica.
Lorena arregalou os olhos como se tivesse levado um tapa na alma.
— Aquilo foi um surto coletivo.
— Concordo — disse Jéssica, segurando o riso. — Não sei como você teve coragem da primeira vez.
— Nem eu sei — disse Lorena, cobrindo o rosto com as mãos.
— Mas vocês dois ainda são bons amigos. — defendeu Lisandra. — Cê diz que agora que foi o fim do mundo, mas às vezes essas recaídas têm seu valor.
— A Jéssica que é a médica e eu que sou a geriatra? — debochou Lorena.
— Sabe, lembrei de um amigo meu... Ele me parece um pouco com você... — disse Jéssica.
— Outro velho? — inquiriu Lorena.
— Acho que ele tem 30 ou 31.
— Aceitável — sentenciou Lisandra. — Como ele é?
A conversa continuou com a Jéssica descrevendo seu amigo para as duas. Até aquele dia, nunca tinha ouvido falar dele. Mas isso mudaria três dias depois, no sábado seguinte.
A Jéssica tinha saído correndo de casa mais cedo, atrasada e, claro, esqueceu o almoço que eu tinha preparado. Então, fui até o hospital para trazer para ela na hora do almoço. Estava a esperando na recepção.
Mas quem surgiu, com um sorriso escancarado e um andar despreocupado, não foi nem a Jéssica e nem o Enéias. Foi um sujeito alto, 1,80 e poucos, corpo atlético daqueles que malha mas não vive disso, moreno claro, barba bem cuidada e um sorriso torto que parecia ensaiado mas funcionava. Tava com jaleco aberto, camiseta preta por baixo e estetoscópio no pescoço como quem esqueceu de tirar.
— Rogério? — perguntou ele, como se já me conhecesse.
Assenti, levantando.
— E aí, cara! Miguel! Prazer. — Ele estendeu a mão com empolgação demais.
Apertei a mão dele, firme, avaliando. Ele falava como se fôssemos amigos de longa data, mas eu nunca tinha ouvido falar dele. No máximo, um ou outro comentário da Jéssica, mas nada marcante.
— Miguel...?
— Colega da Jéssica. Mesma ala. Plantões parecidos. — E deu um sorrisinho. — Cara, vou te falar uma coisa: pela forma como a Jéssica e o Enéias falavam de você, eu achei que fosse mais alto e, sei lá, mais bonito.
Eu congelei meio segundo.
— Hã?
Ele riu.
— Brincadeira, brincadeira. Quer dizer, mais ou menos. Mas isso é culpa da propaganda dela, né? Ela te vende como um modelo da Calvin Klein. O homem mais lindo e gostoso do Brasil. Eu te imaginava super tanquinho, com os braços daquele ator do Thor.
— Bom... não sou.
— Ah, relaxa. De perto a gente é tudo humano, né?
O cara era simpático até demais. Daquele tipo que você não sabe se quer rir e chamar pro churrasco ou socar. E eu não sou violento.
— A Jéssica me pediu pra vir aqui. Ela entrou em cirurgia agorinha há pouco. Urgência. Não teve tempo nem de te mandar mensagem. Me disse: “Miguel, vai lá buscar minha marmita com o Rogério antes que ele ache que eu esqueci dele”.
Estendi a marmita pra ele. Enquanto recebia, ele lançou um sorriso sedutor e uma piscadela para uma enfermeira bonita que estava entrando pela lateral. Ela pareceu conhecê-lo bem: acenou de volta com um sorriso provocante e seguiu seu caminho sem dizer nada. Miguel voltou os olhos pra mim como se nada tivesse acontecido.
— Nossa, cara. Valeu mesmo! Você é um santo. Chegou na hora certa. Eu tô morrendo de fome.
— Hã... mas a marmita é da Jéssica — comentei, confuso, esperando que ele fosse guardar na copa ou na geladeira.
— Sim, sim. Mas ela só vai sair da cirurgia no fim da tarde, destruída. Aí eu pago um iFood daqueles bem caprichados pra ela depois. Não vai querer arroz com frango frio depois de horas com a mão enfiada em gente. Essa aqui vai salvar o meu almoço antes que uma emergência aconteça.
Demorei um segundo pra entender que ele realmente ia comer a comida da Jéssica.
— Não sabia que vocês eram amigos.
— E como.
Aquilo não caiu bem. Senti um leve incômodo que não soube nomear. Não era exatamente ciúmes, mas alguma coisa atravessada.
— Não sabia.
— Ah, mas fica tranquilo. Ela só fala coisa boa de você. Sério. Pela forma como ela falava, eu ficava pensando: “esse Rogério deve ser o cara mais legal do mundo que eu ainda não conheci”. Agora conheci. Você existe. Não é tão alto ou tão bonito quanto eu imaginei, mas definitivamente parece tão gente boa quanto.
Eu ri. Meio sem graça. Meio sem saber o que responder.
Antes que eu pudesse formular qualquer coisa, ele me puxou pra um abraço apertado, daqueles de dois, três segundos, batendo nas minhas costas com entusiasmo. Fiquei levemente constrangido, tentando disfarçar.
— Foi um prazer, Rogério. Sério. Agora que eu te conheci e você me deu um almoço de graça, posso dizer que a Jéssica tava certa. Você é o cara! O cara!
E subiu em seguida, com a marmita da minha mulher embaixo do braço, assoviando uma música que eu não reconheci.
Fiquei ali parado, tentando entender o que diabos tinha acabado de acontecer.
Foi assim que o Miguel entrou na minha vida. E nunca mais saiu.
PRAZO PARA O FINAL DA APOSTA ENTRE JÉSSICA E LUCÉRIO: 2 meses e 2 semanas.
Pois bem, leitor. Nos próximos capítulos, vamos descobrir o grande segredo do Miguel, conhecer o primeiro pretendente da Lisandra, e a noite que o Lucério resolveu jantar lá em casa e o que ele está aprontando. Além de uma “viagem double date” e um maluco querendo comer tanto a Jéssica quanto eu (!).
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Daqui a duas semanas, teremos a continuação.