A Pensão da Orgia

Um conto erótico de Raskcs
Categoria: Heterossexual
Contém 5140 palavras
Data: 10/07/2025 09:33:14

As madeiras maciças da pensão asseguravam que os hóspedes se protegessem do frio de julho. Marisa gostava do frio — sentia que as pessoas ficavam mais elegantes. Prestava atenção em cada vestimenta, em cada hóspede. Seu instinto estava ativo novamente. Seu fetiche precisava ser satisfeito outra vez. Ela precisava espiar um casal. Gostava da adrenalina. Gostava do que era errado.

Um casal chamou sua atenção: dois rapazes. Um homem alto, por volta dos cinquenta anos, com a barba por fazer, e um jovem de cerca de dezenove, que parecia deslocado, como se estivesse ali por obrigação. Marisa conhecia bem esse tipo de casal — muitos já haviam passado por sua pensão. Um garoto de programa e seu cliente. Um casal que ela gostaria de assistir pelas câmeras.

Mais adiante, Marisa notou outro casal: duas mulheres. Uma gordinha, de cabelo curto e óculos redondos; a outra, magrinha, com cabelos rosa e alguns piercings no rosto. Outro tipo de casal que Marisa também conhecia muito bem. Com certeza, estavam aproveitando as férias para fazer tudo o que podiam entre quatro paredes.

"Esse final de semana promete", pensou Marisa.

Juliana, sua jovem funcionária, apareceu com uma bandeja e alguns copos de vinho quente para distribuir entre os hóspedes. Um homem solitário reparou em suas grandes nádegas e sorriu discretamente. Marisa percebia tudo o que acontecia em sua pensão — e adorava assistir aos flertes dos clientes com sua funcionária. Aquilo a excitava.

Marisa estava recostada discretamente no balcão de madeira escura, observando tudo com olhos treinados e atentos. O vinho quente começava a fazer efeito em alguns dos hóspedes, e a noite ainda nem tinha começado de verdade.

Seus olhos se fixaram novamente no casal de mulheres. A gordinha de cabelo curto, antes contida, agora ria alto, os olhos semicerrados pelo álcool e as bochechas ruborizadas. Marisa percebeu o momento exato em que ela virou o rosto na direção da dupla masculina — mais especificamente, na direção do rapaz jovem, aquele com ar desconfortável ao lado do homem mais velho.

Ela o olhou por alguns segundos a mais do que o socialmente aceitável. Um olhar demorado, curioso... e talvez algo mais. Marisa sorriu de canto, interessada. O mais surpreendente, porém, foi a reação do garoto. Ele a encarou de volta.

Primeiro, pareceu surpreso, mas não desviou. Seus olhos encontraram os dela, e por um breve instante, os dois ficaram presos naquele jogo silencioso. Ele chegou até a esboçar um leve sorriso — tímido, mas genuíno. Um sorriso de quem não via aquele tipo de atenção feminina com maus olhos. Um sorriso que acendeu em Marisa uma nova suspeita.

Ela franziu levemente a testa.

"Será que ele não é gay, afinal?"

A imagem do garoto como acompanhante profissional parecia agora incompleta, talvez até errada. Marisa sabia identificar bem os papéis, os desejos ocultos. Mas ali havia nuances. Talvez fosse bissexual. Talvez estivesse apenas confuso. Talvez... estivesse apenas carente.

Enquanto observava, percebeu também outro detalhe: a garota magrinha, de cabelos rosa e piercings no rosto, notou o flerte da parceira. Seu corpo enrijeceu. Ela apertou os lábios, cruzou os braços e desviou o olhar, como quem tenta esconder um incômodo que já não podia ser disfarçado. Seus dedos tamborilaram impacientes sobre o braço da cadeira, enquanto seus olhos escaneavam o ambiente com uma irritação contida.

"Ciúmes," pensou Marisa, com um leve arrepio percorrendo sua espinha.

Adorava aquele tipo de tensão. Silenciosa, latente, prestes a explodir.

O clima na sala havia mudado. Pequenos fios invisíveis de desejo, dúvida e ciúmes começavam a se cruzar pelo ar. E Marisa estava exatamente onde gostava de estar: no centro do tabuleiro, assistindo cada movimento com olhos famintos.

Juliana cruzava o salão com passos firmes, equilibrando a bandeja de madeira com destreza. Era uma morena de curvas generosas, pele quente e firme como um bronzeado de verão eterno. Os cabelos lisos e escuros caíam em ondas até o meio das costas, e seus quadris — largos, fartos, desenhados com uma precisão quase exagerada — pareciam hipnotizar os olhares por onde passava. Os seios volumosos se moviam levemente sob a camisa justa do uniforme da pensão, que teimava em marcar cada linha do seu corpo. A saia, embora comportada, não escondia o rebolado natural que vinha desde os joelhos até o brilho sutil nos olhos.

Ela distribuía os copos de vinho quente com um sorriso gentil, mas alheia — ou fingindo estar — aos olhares que se grudavam em sua silhueta como se fossem mãos invisíveis.

Marisa, da sua posição, via tudo.

Um homem sentado próximo à lareira fingia estar entretido com um livro, mas seus olhos passavam lentamente pelas coxas de Juliana cada vez que ela se abaixava ligeiramente para servir. Um casal hétero trocava cochichos, com a mulher visivelmente irritada com a atenção que o marido dava à funcionária. E, claro, havia o velho barbudo — o mesmo homem de cinquenta anos, sentado ao lado do rapaz mais novo. Ele não escondia o interesse. Seus olhos seguiam Juliana com a lentidão de um predador satisfeito, talvez até nostálgico. Um olhar que misturava desejo com uma espécie de melancolia, como se soubesse que ela era inalcançável.

Mas foi a reação do jovem ao lado dele que mais chamou a atenção de Marisa. Ele não olhava para Juliana com o mesmo tipo de cobiça dos outros. Seu olhar era... curioso. Como se estivesse descobrindo, naquele momento, o magnetismo feminino. Ou relembrando.

A curiosidade de Marisa se acendeu com força total. Era como montar um quebra-cabeça com peças que não se encaixavam perfeitamente, mas que ainda assim formavam uma imagem intrigante. O garoto parecia deslocado. Não pertencia ao velho ao seu lado, mas tampouco se encaixava no papel que ela imaginava. Não era submisso. Nem era apenas um acompanhante.

Quem era ele?

E o que fazia ali?

Marisa decidiu que não podia apenas assistir daquela vez. Aquilo exigia participação.

Ela se levantou do balcão, alisando o vestido de lã colado ao corpo, que desenhava com elegância suas próprias curvas — menos exuberantes que as de Juliana, mas firmes, maduras, sedutoras de outra forma. Puxou os cabelos negros para trás, ajeitou o colar de prata no pescoço e respirou fundo.

Caminhou até os dois rapazes com um sorriso acolhedor, os saltos discretos batendo no chão de madeira com um som suave, porém marcante.

— Boa noite, senhores — disse, com a voz doce, mas firme. — Espero que estejam sendo bem atendidos. Sou Marisa, proprietária da pensão. Qualquer coisa que precisarem... estou por aqui.

O velho barbudo ergueu os olhos com um sorriso educado, levemente cínico. Mas foi o jovem quem respondeu, com uma voz baixa, quase tímida:

— Obrigado... Sim, tudo bem até agora.

Ele hesitou, depois acrescentou:

— Sou Caio... e esse é... Rafael.

Marisa sorriu. Agora tinha nomes. E uma ponta do véu havia sido levantada.

— Muito prazer, Caio... Rafael — respondeu, prolongando levemente os nomes. — Fico feliz que tenham escolhido passar o fim de semana aqui. Nosso inverno costuma ser... interessante.

Ela os encarou por um instante a mais do que o necessário. Caio baixou os olhos, desconcertado. Rafael ergueu uma sobrancelha, intrigado. Marisa sabia que havia acendido algo. Marisa parecia inofensiva, ela sabia esconder o seu lado perverso, o seu lado sombrio, ninguém enxergava a não ser que ela quisesse.

Rafael — o homem de cinquenta anos, barba por fazer e olhar experiente — ergueu o copo de vinho quente e sorriu para Marisa com um charme estudado, típico de quem já havia feito aquilo muitas vezes.

— A pensão é acolhedora... assim como sua dona, pelo visto — disse, inclinando-se levemente na cadeira para encará-la nos olhos. — Caio é meu sobrinho. Trouxe ele pra respirar um pouco de ar puro. Cidade grande corrói a cabeça dos jovens, sabe como é...

Marisa sustentou o sorriso, mas sua mente já trabalhava em ritmo acelerado. Sobrinho. Quase riu com a palavra. Ela conhecia aquele teatro de longe. Já ouvira "primo", "afilhado", "filho de um amigo". E sabia exatamente o que procurar.

Seus olhos deslizaram discretamente até Caio. O garoto estava com as mãos entrelaçadas no colo, os ombros ligeiramente curvados, como se buscasse ocupar o menor espaço possível. Não falava, não interrompia. Apenas escutava, com a cabeça levemente abaixada, num gesto que Marisa já havia visto antes — um gesto de obediência silenciosa. De espera por permissão.

Submisso.

Ela sentiu um calor subir por dentro. Não era exatamente o desejo por Rafael que a mexia, mas o dinamismo oculto entre os dois. Aquela relação velada, os papéis não declarados. Caio parecia preso por vontade própria, e aquilo a excitava profundamente.

— Claro... — disse Marisa, voltando os olhos para Rafael. — Sempre bom tirar os jovens da selva de concreto. E espero que ele se sinta à vontade aqui. Gostamos de fazer todos se sentirem... em casa.

Rafael sorriu, como quem entendia a camada por trás das palavras. Caio apenas assentiu discretamente, sem erguer os olhos.

Nesse momento, um som abafado chamou a atenção de Marisa. Ela virou o rosto e avistou a garota magrinha de cabelo rosa se levantando com brusquidão da poltrona perto da lareira. Seus olhos estavam úmidos, o maxilar contraído. A gordinha de óculos ainda estava sentada, com uma expressão dividida entre surpresa e irritação.

As duas pareciam ter discutido algo ali, no meio dos olhares alheios. Talvez por ciúmes. Talvez por insegurança. Marisa observou quando a menina de cabelo rosa saiu rapidamente em direção ao corredor e, em seguida, empurrou a porta que dava para o jardim dos fundos, sumindo na penumbra da noite.

Drama à vista, pensou Marisa, saboreando o caos silencioso que se espalhava pela sua pensão como um perfume indecente.

Ela respirou fundo. O frio do inverno se misturava com o calor de tantas tensões não resolvidas. Nada ali era simples. Nenhum hóspede era exatamente o que parecia ser. E para Marisa, era isso que tornava tudo tão irresistível.

— Com licença, senhores — disse ela, tocando o ombro de Rafael por um instante. — Aproveitem o vinho. Ainda temos uma longa noite pela frente.

Se afastou lentamente, o olhar agora dividido entre Caio, ainda calado como um cão bem treinado, e a garota de cabelo rosa que desaparecia no escuro.

Marisa estava certa de uma coisa: ninguém dormiria cedo naquela noite.

O ar frio do jardim parecia mais intenso do que dentro da pensão. Yasmin sentia o rosto gelado, mas não se importava. Precisava sair. Precisava respirar.

Ela se encostou em uma das colunas do alpendre, os braços cruzados e o olhar perdido entre as luzes amareladas e as sombras das árvores. A briga com Isabela tinha sido silenciosa, mas brutal. Bastaram alguns olhares trocados, uma frase atravessada, o vinho quente... e o flerte desnecessário com aquele garoto estranho.

Yasmin passou a mão pelo rosto, respirando fundo. As mãos estavam frias, mas o peito queimava.

Foi então que ela ouviu o barulho de água sendo mexida, algum equipamento ligado. Virou o rosto devagar, ainda sem intenção de voltar para dentro, e viu alguém na área da piscina.

Um rapaz.

Estava de costas, agachado, mexendo no motor do filtro. A camisa sem mangas deixava os braços musculosos à mostra o frio não o incomodava. Os ombros largos, a pele morena, o corpo visivelmente trabalhado. Quando ele se levantou e virou para desligar o equipamento, Yasmin viu o rosto dele — sério, bonito, com um quê de calma que contrastava com a bagunça dentro dela.

Ele notou a presença dela e deu um leve sorriso, tímido, mas sincero.

— Boa noite... — disse ele, limpando as mãos na calça jeans. — Tá tudo certo aí?

Yasmin hesitou por um momento. Depois assentiu, disfarçando o tom emburrado.

— Mais ou menos.

— Entendo... — disse ele, se aproximando um pouco, ainda mantendo uma distância respeitosa. — Briga de casal?

Ela arqueou a sobrancelha, surpresa.

— Como você sabe?

— Acontece direto aqui — respondeu, dando de ombros. — A pensão é linda, mas parece que o ar frio faz as verdades escorrerem pelas frestas.

Yasmin sorriu pela primeira vez desde que saiu da sala. Observou melhor o rapaz. Bonito, sim. Mas havia algo mais. Um tipo de simplicidade que não se via nos hóspedes.

— Você trabalha aqui?

— Sim, sou Flávio. Cuido da piscina, da manutenção, dos quartos... dessas coisas que ninguém vê, mas que fazem tudo funcionar.

— Ah... Eu sou Yasmin. Vim com a minha namorada... Isabela.

Ele assentiu com um sorriso discreto.

— A gordinha dos óculos redondos, né?

Yasmin assentiu, rindo. Era bom ouvir alguém dizer isso sem nenhum julgamento na voz.

— É... ela mesma.

Ele já havia visto as duas desde a chegada e Yasmin tinha chamado a sua atenção, ela era o tipo de garota que o faz tudo gostava, magrinha, jovem, seios pequenos, ele gostava de dominar garotas assim, de segurá-las com força. Flávio cruzou os braços, o músculo do antebraço se tensionando sem esforço. Yasmin notou. E, por um segundo, esqueceu da discussão. Ele era diferente do tipo de pessoa com quem costumava conversar. Era pé no chão, direto, e tinha aquele olhar calmo de quem não se assusta fácil com os outros.

— Você é nova aqui? — perguntou ele, mantendo o tom leve.

— Primeira vez na pensão. Isabela já tinha vindo antes... com outra namorada, inclusive.

Ela falou isso de propósito, olhando para ver a reação dele. Flávio apenas riu, sem desconforto.

— Bom saber. Acho que a Marisa gosta de hóspedes que voltam... e que variam.

Yasmin riu de novo, agora um pouco mais relaxada. Os olhos dela se demoraram no corpo dele, mais do que deviam. E não era só curiosidade — havia ali desejo, instinto, necessidade de distrair o coração ferido.

Flávio notou. Mas não se apressou. Apenas deixou que ela o olhasse. Depois, disse:

— Se quiser esfriar a cabeça... a piscina tá vazia. E aquecida.

Yasmin mordeu o canto do lábio, entre surpresa e provocação.

— Isso é um convite?

— É uma sugestão — respondeu ele, já voltando a caminhar para a área técnica. — Mas se você quiser posso te apresentar o meu quarto – O garoto disse sem vergonha nenhuma na voz.

Ela o seguiu com os olhos, intrigada e, agora, visivelmente interessada. Yasmin se levantou fechando a sua blusa de frio. Olhando para Flávio que se distanciava.

Yasmin se encontrava no quarto do jovem faz tudo, um lugar pequeno com algumas coisas jogadas no chão.

Os dois não conversaram, Flávio sabia muito bem o que Yasmin queria, se vingar de sua namorada que estava dando showzinho na frente de todos, ele a segurou com força pelo cabelo a jogando contra a parede, fazia tempo que Yasmin não ficava com um homem ainda mais com aquela força, ela gostou do modo que ele a jogou contra a parede do modo que ele a segurou.

Não demorou para que ela tivesse em cima da cômoda enquanto ele fodia forte com ela, o arrependimento não passava pela sua cabeça nesse momento, apenas tesão, apenas prazer. Um dos pés dela junto ao chão e o outro para o ar, a madeira raspando no chão, Yasmin começou gemendo baixo mas foi aumentando o volume do gemido de acordo com as estocadas que Flávio dava em sua vagina.

Lá fora, Isabela vagava pelos corredores, braços cruzados e os olhos cheios de mágoa. Já havia vasculhado o jardim e os arredores. Sabia que Yasmin era impulsiva, mas não queria acreditar que ela faria isso ali... de novo.

Então ouviu. Primeiro baixo. Depois mais forte. Um gemido nítido, feminino, entrecortado por risos abafados e respirações pesadas.

Seu coração congelou. Os passos ficaram mais pesados, apressados, até ela parar em frente à porta de Flávio. O som vinha dali. Inconfundível.

Sem pensar muito, bateu na madeira com força.

TOC, TOC, TOC.

O barulho do quarto cessou de imediato. Silêncio. Em seguida, passos. A porta se abriu devagar, revelando Flávio, suado, ainda sem camisa, o jeans desabotoado, com os olhos arregalados de surpresa.

— Oi... — disse ele, confuso.

Isabela olhou por cima do ombro dele, e lá estava Yasmin, sentada na beirada da cama, o rosto corado, os cabelos bagunçados, a camisa aberta.

— Você tá fazendo isso de novo, Yasmin? — perguntou Isabela, a voz tremendo. — Você prometeu...

Yasmin não disse nada. Apenas abaixou a cabeça por um momento. Mas havia algo no seu olhar que não era só arrependimento. Era desafio. Desejo ainda vivo.

— Você sabe o quanto isso me machuca — continuou Isabela, engolindo o choro. — Mas se é isso que você quer... então me deixa ver.

O silêncio ficou espesso, como uma névoa dentro do quarto. Flávio franziu a testa, sem entender.

— Como assim? — perguntou ele, encarando Isabela.

Ela respirou fundo, os olhos fixos em Yasmin.

— Se você vai me trair... então que seja na minha frente. Quero ver se o que você sente é mais forte do que o que eu sinto por você.

Yasmin levantou os olhos, surpresa, e por um instante vacilou. Havia dor nos olhos de Isabela, sim — mas também desejo. Curiosidade. Uma necessidade doentia de entender, de participar, mesmo que em pedaços.

Flávio olhou de uma para outra, sentindo a tensão entre elas como eletricidade. Estava no meio de um dilema que não havia pedido, mas que o tentava profundamente. Ele era um homem simples... mas não era cego.

— Eu não sei se isso é certo — murmurou ele.

Isabela deu um passo à frente.

— Nada aqui é. Nem eu. Nem ela. Nem você.

Yasmin mordeu o lábio. O quarto parecia menor agora. Mais quente. E o dilema era real.

Continuar... com Isabela ali?

Parar... e deixar tudo desmoronar?

Ela olhou para Flávio. Depois para Isabela. E então disse, com a voz rouca:

— Decide você, Flávio.

E o ar ficou suspenso, à espera da resposta do homem que, até poucos minutos atrás, era só o rapaz da manutenção.

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Ele não era um rapaz de frescura, ele olhou para a garota de cabelo rosa e passou a beijá-la, Isabela assistia a tudo encostada na parede enquanto os dois estavam na cama, começaram com beijos não tão conectados como a minutos atrás talvez pelo nervosismo, Yasmin abria os seus olhos durante os beijos tentando analisar o comportamento da sua companheira que assistia tudo passivamente.

O garoto então começou a passar os dedos na vagina de Yasmin que fechou os olhos se entregando a sensação de prazer. Os gemidos que no começo incomodaram Isabela e a deixaram cheia de ciúmes começaram a deixar excitada e logo uma de suas mãos já estava em sua bucetona por cima de sua calça jeans.

Flávio deixou a pequena mulher de quatro em sua cama e mandou ver na frente da namorada dela, sem dó, quanto mais ele olhava para Isabela que agora se masturbava, mais o seu pau ficava ereto e acabava com a pequena garota que agora gemia sem parar pedindo por mais.

Flávio então chamou Isabela com o dedo, no começo a gordinha resistiu, mas logo as duas já estavam na cama dele, ele no meio das duas enquanto as duas trocavam beijos e chupavam a sua rola ao mesmo tempo. Elas deixaram a rola dele completamente melada, a baba escorria pela lateral de seu pau. Nele olhava para uma, depois para outra enquanto as duas mantinham o olhar fixo em seu pênis que balançava, suas veias pulsavam.

O salão da pensão agora estava aquecido não só pela lareira central, Rafael, o homem de cinquenta anos, já havia passado da conta. A taça de vinho era constantemente preenchida por ele mesmo, sem cerimônia. Seus olhos estavam vermelhos, e o tom de sua voz havia mudado — mais alto, mais displicente. Já não controlava o que dizia.

— Essa geração de vocês não aguenta mais nada — dizia ele, rindo, meio sem foco, para um casal sentado no sofá próximo. — Tudo é sensível, tudo é... trauma! Trauma, trauma... Quando eu era da idade dele... — apontou para Caio, com um gesto largo e desajeitado — ... eu já fazia de tudo. E fazia bem feito!

O rapaz, constrangido, abaixou os olhos. Estava visivelmente incomodado, mas se mantinha quieto, como se já conhecesse aquela versão etílica de Rafael. Ele não queria explodir ali, não queria ser o centro de mais um espetáculo embaraçoso.

Foi quando dois rapazes entraram no salão. Jovens, de aparência bem cuidada, roupas estilosas, mas casuais. Carregavam o ar típico de estudantes bem nascidos: seguros, atentos e com aquele brilho nos olhos de quem ainda se diverte com o mistério das pessoas.

— Boa noite — disse um deles, ao se aproximar do balcão, sorrindo para Juliana, que estava de volta com uma garrafa nova de vinho. — Somos de São Paulo. Estudamos medicina. Viemos com um grupo maior, mas... nos perderam.

— Acontece muito por aqui — respondeu Juliana com simpatia. — Essa pensão adora separar casais e grupos. Vocês querem vinho?

— Com certeza. — O outro rapaz, negro , sorriu. — E, se possível, alguma boa conversa.

Marisa, que havia retornado discretamente ao seu posto no balcão, observava tudo com a precisão de uma diretora de teatro. Seu olhar pousou em Caio, que ainda tentava se manter discreto, enquanto Rafael falava sozinho, os cotovelos apoiados numa mesinha, os olhos meio fechados.

Ela notou o momento exato em que um dos rapazes — De olhos verdes e cabelo bem cortado — lançou um olhar curioso para Caio. Depois, o outro o acompanhou com os olhos.

Flávia, percebendo o clima, serviu três taças e disse:

— Por que vocês não se juntam ali? O vinho fica mais gostoso com companhia.

Caio hesitou por um momento. Olhou para Rafael, que agora murmurava para si mesmo e ria de algo que ninguém mais entendia. Depois, ergueu os olhos e encontrou os dois rapazes encarando-o — não com julgamento, mas com convite. Uma chance de conhecer rapazes de sua idade.

Marisa interveio com a doçura de quem sabe manipular sem parecer que está fazendo isso.

— Caio, querido... por que não socializa um pouco? Deixa o seu... tio descansar um pouco. A noite está só começando.

Caio sentiu um arrepio na espinha. Ela sabia. Ela sempre soube.

Ele se levantou devagar, pegou a taça e atravessou o salão até a mesa onde os dois estudantes estavam. O loiro esticou a mão com um sorriso caloroso.

— Yago. Esse aqui é o Henrique.

— Caio — disse ele, sentando-se.

— Vinho? — Pedro ofereceu, já servindo mais nas taças.

— Claro.

A conversa começou leve, com as perguntas típicas de estranhos tentando encontrar afinidades: de onde você é, o que faz, como veio parar aqui. Mas, aos poucos, o assunto foi ficando mais solto, mais íntimo. Yago era direto, observador. Henrique tinha um jeito mais brincalhão, mas o que ele dizia vinha sempre com segundas intenções.

— A gente sempre vem aqui em julho — disse Henrique. — Mas é a primeira vez que vemos alguém como você aqui.

— Como assim, "alguém como eu"? — perguntou Caio, desconfiado, mas sem agressividade.

— Alguém... quieto. Que parece estar aqui e em outro lugar ao mesmo tempo. — Yago respondeu, sem tirar os olhos dele.

Caio não soube o que dizer. Sentia o calor subir ao rosto, mas não era vergonha — era vinho, talvez. Ou o olhar insistente de dois rapazes que não o tratavam como um segredo ou um fardo.

Marisa, ao fundo, assistia. E sorria.

Rafael havia praticamente adormecido sobre a mesa, a cabeça tombada de lado, a taça escorregando pela borda dos dedos.

E Caio, ali na outra ponta do salão, se permitia rir. Se permitia olhar. Se permitia... ser.

O tabuleiro da pensão se movia. E Marisa, como sempre, acompanhava cada jogada com fome de próxima cena.

Caio não sabia exatamente em que momento a conversa havia deixado de ser casual. Talvez quando Henrique tocou levemente em seu braço ao rir de uma piada. Talvez quando Yago passou os olhos pelo seu pescoço com um olhar que durou tempo demais. Ou talvez quando ele mesmo começou a se inclinar para mais perto deles, a rir mais baixo, a encarar com mais intensidade.

O vinho fluía, mas não era ele o único responsável pelo calor que subia lentamente pelo corpo de Caio. Havia algo nos dois rapazes — um jogo entre eles, como se soubessem exatamente o que estavam fazendo. Como se já tivessem feito aquilo outras vezes.

— Tá tarde — comentou Henrique, depois de um tempo, olhando discretamente para o relógio. — A gente vai subir.

— Quer vir com a gente? — completou Yago, direto, mas com um sorriso que não pedia permissão. — Não precisa responder. Só levantar.

Caio hesitou por um segundo. Olhou para o canto da sala. Rafael ainda dormia, afundado na poltrona, a respiração lenta e irregular, alheio a tudo.

Era a chance perfeita.

E, talvez, a escolha mais arriscada que já fizera na vida.

Levantou-se.

Os três subiram pelas escadas antigas de madeira, em silêncio. Os degraus estalavam sob os pés, como se a própria casa soubesse o que estava prestes a acontecer. O corredor estava quase escuro, apenas uma luz âmbar vinha do fim, criando sombras nas paredes. Yago abriu a porta do quarto deles.

Era espaçoso, com uma janela entreaberta deixando o frio entrar devagar. Mas o calor entre os três era muito mais forte do que o vento.

Henrique trancou a porta sem dizer nada.

Caio ficou parado por um momento, o coração batendo rápido no peito. Não sabia o que era aquilo ainda — uma experiência, uma fuga, uma provocação ao próprio passado. Mas sabia que já não havia mais volta.

Yago se aproximou primeiro, devagar. Encostou a mão em seu peito, sobre a blusa, e olhou fundo em seus olhos.

— Você pode sair a qualquer momento — disse. — Mas se ficar... a gente cuida de você.

Henrique veio por trás, encostando o corpo ao dele. As mãos quentes deslizaram até sua cintura, puxando-o levemente.

Caio fechou os olhos.

E ficou.

Os beijos começaram suaves. Lentamente, os dois se revezavam nele, tocando, explorando, fazendo perguntas com os olhos e respostas com os dedos. Havia algo coreografado entre eles — como se cada movimento tivesse sido ensaiado. Mas o que deixava Caio mais fora de si era o modo como ele estava no centro. Como eles pareciam mais interessados em deixá-lo sentir do que em se satisfazer.

A camisa foi retirada com calma. Depois os sapatos. Depois as palavras sumiram, e ficaram só os toques, os arrepios, os suspiros contidos.

Yago encostou a boca em seu ouvido.

— Você já quis se sentir desejado de verdade?

Caio assentiu com os olhos fechados.

— Então deixa a gente mostrar.

O quarto ficou cheio de calor, de corpos que se descobriam com curiosidade e sem pressa. Os gemidos abafados não eram de dor ou vergonha, mas de entrega. No meio dos dois rapazes, Caio se dividia entre os amigos. Procurando realizar todos seus desejos e fantasias, com ambas as mãos Caio segurou nos pênis de ambos os massageando.

Não como acompanhante. Não como "sobrinho". Não como uma sombra ao lado de alguém mais velho que o controlava.

Ali, ele era o centro da atenção. E do desejo.

Pela primeira vez ele não sentia culpa, sentia a sensação de liberdade.

A manhã seguinte foi fria, cinzenta, com o céu pesado como se o próprio tempo soubesse que havia algo fora do lugar.

Flávia estranhou primeiro: Caio não desceu para o café da manhã.

Rafael, de olhos fundos, com a barba ainda mais desgrenhada do que de costume, desceu sozinho por volta das nove da manhã. Olhou em volta, com expressão confusa.

— Vocês viram meu sobrinho? — perguntou, coçando a cabeça. – Ele não subiu para o quarto ontem.

Marisa já estava de pé atrás do balcão, arrumando as flores artificiais num vaso. Fingiu surpresa. Mas por dentro, um alarme silencioso começava a soar.

— Não o vi hoje cedo — respondeu ela. — Talvez tenha ido caminhar. O pessoal costuma ir até a trilha da serra logo cedo.

Mas algo no rosto de Rafael a incomodou. Não era preocupação. Era medo. Medo disfarçado. Um homem como ele não se permitia demonstrar pânico. Mas Marisa sabia ler entre as rachaduras do silêncio.

Na hora do almoço, Caio continuava desaparecido.

Foi Flávia quem comentou, baixinho:

— Ele não levou casaco. Nem celular. A mala dele ainda está no quarto com tudo dentro. Até a carteira.

Marisa apenas assentiu.

Aquilo não era só estranho. Era errado.

No fim da tarde, enquanto os hóspedes conversavam no salão e o vinho era servido mais uma vez, Marisa subiu discretamente para a sala de monitoramento — Ela tinha acesso a todas as câmeras da pensão. Câmeras ocultas. Em corredores, jardins... e em todos os quartos cuidadosamente instaladas.

O quarto dos estudantes de medicina era um deles.

Marisa se sentou, digitou a senha no monitor central e voltou algumas horas no histórico. O coração acelerava. Havia algo que ela temia encontrar. Mas precisava saber.

Ela viu o momento em que Caio entrou no quarto com os dois. Viu os beijos. Viu a roupa sendo tirada. O desejo nos olhos. Depois, o vídeo avançava... e o clima mudava.

Caio começou a parecer menos relaxado. Seus movimentos ficaram hesitantes. Em certo ponto, parecia tentar se levantar, mas Thiago o empurrava de volta com um sorriso frio. Henrique se aproximava com algo nas mãos — uma tira de pano, talvez. Um lenço. Ele o usava para prender os pulsos de Caio com um gesto calmo demais para a situação.

Marisa congelou.

No vídeo, Caio tentava protestar. Mas estava fraco. Algo no vinho, talvez. Algo que ela não podia provar, mas sabia que estava lá.

A câmera captava em ângulo alto, sem som. Mas os gestos, os olhos de Caio pedindo socorro... aquilo era claro.

E depois... o silêncio.

Horas se passaram em segundos no monitor. Quando a imagem retomava, o quarto estava vazio. A cama desfeita. Lençóis amassados. Nenhum sinal de Caio. Nenhum sinal dos dois rapazes.

Eles sumiram com ele. Isso agora era certo.

Marisa apoiou as mãos na mesa, sentindo o peso da escolha se aproximar.

Ela tinha a prova.

Ela podia denunciar.

Mas se fizesse isso... teria que revelar a existência das câmeras escondidas. Em áreas privadas. Nos quartos. Uma violação grave. Um crime.

E se as autoridades descobrissem o que ela fazia ali... as gravações que guardava por fetiche, por controle, por obsessão? Marisa sabia: ela seria presa. E não como cúmplice. Como predadora.

— Malditos... — sussurrou, com os dentes cerrados.

Marisa se levantou da cadeira. Na tela, o quarto vazio parecia zombar dela.

Limpou o rosto com as mãos, respirando fundo. Depois pegou um HD externo e salvou os arquivos. Guardou tudo numa caixa de metal, trancada com chave. Enterrou a caixa na parede falsa do fundo do armário — onde escondia as "coisas que não deviam existir".

Voltou para o salão com a expressão controlada. Mas por dentro, algo se partia.

Ela sabia o que tinha acontecido. E sabia que não podia fazer nada. Não sem se entregar junto.

Naquela noite, Rafael foi embora sem olhar para trás.

Marisa ficou sentada no salão vazio, com um copo de vinho nas mãos. A pensão parecia mais fria do que nunca. E, pela primeira vez, ela sentia que o jogo tinha ido longe demais.

O desaparecimento de Caio não seria esquecido tão fácil. Nem por ela. Nem pelos fantasmas que agora habitavam a velha casa de madeira, envolta por segredos e pecados que já não podiam ser enterrados.

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