PARINTINS - O AMOR ESTÁ NO AR - 6 - CARNAILHA

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 3025 palavras
Data: 07/07/2025 01:48:36

Naquele domingo, a Avenida Paraíba, em Parintins, estava com uma energia única. O sol se debruçava sobre a Ilha Tupinambarana, e cada batida de tambor parecia vibrar direto no peito dos brincantes, os foliões incansáveis do Boi-Bumbá. Era tempo de Carnailha — o Carnaval de Parintins — e as cores, os sorrisos e o suor dançavam juntos, num espetáculo onde a alegria era soberana.

Dentro de uma van estacionada próxima à concentração, Milena apertava os dedos no tecido do figurino, tentando conter o nervosismo. Estava prestes a se apresentar, e o frio na barriga só aumentava à medida que a voz potente de Sérgio Queiroz, o Levantador de Toadas do Caprichoso, ecoava do trio elétrico. A multidão pulava, cantava, vibrava. Era impossível ficar indiferente.

Do outro lado da avenida, entre os foliões vestidos de vermelho e branco, Cauê ajeitava a camisa oficial do Garantido. Estava ali para acompanhar a apresentação da mãe, mas seu olhar vagava inquieto, não apenas pela ansiedade do momento. Havia algo — ou alguém — lhe roubando a atenção.

Jonas Benevides.

Lá estava ele, encharcado de suor, com uma camiseta do Caprichoso que colava ao peito como segunda pele. O short curto deixava as pernas torneadas à mostra, enquanto ele ajudava os colegas a organizar os carros de apoio. Jonas passou uma vez ao lado de Cauê, e depois outra. Em ambas, lançou um olhar rápido — e na segunda, uma piscadela sutil, com aquele sorriso torto que parecia brincar com o perigo.

Cauê engoliu em seco.

Era estranho como uma piscadela podia bagunçar tanto alguém. Mas ali, no meio do som dos tambores, das luzes e do suor, havia algo mais fervilhando do que apenas os corações dos brincantes. Havia tensão. Desejo. E um jogo que mal começara.

— E aí, garoto? — Perguntou Joaquim, um dos músicos veteranos da banda oficial do Garantido, ajeitando a aba do chapéu e sorrindo com os dentes manchados de tacacá. — Preparado pra maratona?

Cauê limpou a testa com o antebraço, os olhos varrendo o trio elétrico lotado, as luzes piscando, os sons se confundindo com a vibração da multidão.

— Mais ou menos, tem muita gente aqui. — Confessou, a voz vacilante. O estômago revirava. Não era só o calor da noite amazônica — era a responsabilidade. Não queria decepcionar os pais, muito menos o boi.

— Nós ensaiamos por semanas. Vai dar tudo certo. — Respondeu Joaquim com firmeza, dando dois tapinhas no ombro do rapaz. — Só tua mãe no gogó já arrasaria.

A energia do Carnailha explodia ao redor deles. Bandeiras vermelhas tremulavam, gritos se misturavam ao rufar de tambores, e o trio vibrava com o movimento da massa empolgada. Mas tudo silenciou por um instante, ao menos no coração de Cauê, quando Milena Alencar surgiu.

Milena subiu ao palco com passos firmes, mas o coração acelerado. Vestia um macacão vermelho cintilante, justo no corpo, com franjas douradas que balançavam com cada movimento, lembrando o brilho do sol refletido no rio Amazonas. O decote profundo em V e os ombros à mostra davam um toque ousado, equilibrado pelo cinto de couro com detalhes de sementes regionais. Era um figurino pensado para impactar — e conseguiu.

Apesar de acostumada a grandes palcos, ali, sobre o trio elétrico em Parintins, a emoção bateu diferente. O peso da ancestralidade, da terra natal, do povo que a viu crescer, se misturava à ansiedade. Mas ela respirou fundo. A banda, ao seu lado, afinava os últimos detalhes. A assessoria do Garantido se posicionava, celulares em punho. Repórteres da TV local e rádios comunitárias se espremiam para captar cada segundo. A grande estreia estava prestes a começar.

Eron e César apareceram logo atrás dela, ambos de camiseta vermelha do Garantido, estampadas com a imagem do touro altivo. Subiram para apoiar, mesmo que em silêncio. Eron sorria de canto, César filmava tudo com os olhos marejados.

Alguém da produção estendeu o microfone à Milena. Suas mãos o apertaram com leve tremor. Então a voz potente do apresentador Anderson Durval cortou o ar.

— Aí, nação Garantido! O Carnailha tá chibata?! — A galera gritou em resposta, uma onda vermelha de energia. — Égua, até me assustei com tanta força! — Disse entre risos. — Este ano, o Garantido vem com diversas novidades! Entre elas, a presença de Milena Alencar no nosso time! Milena, filha da terra, encontrou na cultura amazônica seu nicho musical! E hoje, retorna a Parintins pra defender com unhas e dentes o nosso touro branco!

A plateia explodiu em gritos e palmas.

— Galera do Garantido! Recebam Milena Alencar, o raio de sol da Amazônia!

Os primeiros acordes de "Nasci pra ser Garantido" ecoaram dos instrumentos. A banda começou com força total. Cauê, no violão, comandava o ritmo com precisão e entrega. Seu corpo suava sob a camisa branca colada no peito. A concentração no rosto, a firmeza dos dedos nas cordas, o leve balançar de quadris — era impossível não notar sua entrega.

Milena cantou com o coração. A voz potente e suave enchia os ares, carregando as notas com emoção verdadeira. Em poucos segundos, conquistou os brincantes. A multidão pulava, dançava, respondia aos seus gestos. Até alguns torcedores do Caprichoso, disfarçados no meio do povo, balançaram a cabeça em aprovação.

De longe, entre os curiosos, Jonas observava. O canto de Milena o impressionava, mas o que realmente capturou sua atenção foi o rapaz no violão. Seus olhos cravaram em Cauê, no brilho do suor escorrendo pela têmpora, no movimento fluido das mãos sobre as cordas, na postura firme e sedutora. Um arrepio percorreu sua espinha.

— Mas olha já. — murmurou Otaviano, ao lado dele, semicerrando os olhos. — Essa cantora enxirida!

— Calma, pai. Olha a pressão. — Respondeu Jonas, apertando o ombro do pai com um sorriso contido. — O Garantido tá com uma cantora zero bala.

Mas seus olhos, fixos em Cauê, diziam outra coisa. O coração batia mais rápido — e não era pelo som dos tambores.

— Vamos, curumim! — Bradou Otaviano, com a voz firme e a mão erguida. — Ainda temos um trio pra colocar na Avenida!

O sol já mergulhava atrás das palmeiras, tingindo de dourado o céu sobre o Bumbódromo. No lado azul, os brincantes se agitavam, ansiosos pela próxima atração. Enquanto esperavam, deixavam-se encantar pela apresentação de Milena Alencar, que dominava o palco do Garantido com uma presença arrebatadora. Jonas, observando à distância, sabia que o pai, Otaviano, enfim havia encontrado um desafio à altura. O Caprichoso buscava o bicampeonato — e depois de duas noites impecáveis, a torcida não admitiria nada menos que a perfeição.

Pai e filho seguiram em direção à concentração, onde os músicos do Caprichoso descansavam, encostados em caixas de som e instrumentos. O ar cheirava a suor, madeira e tinta azul. Sérgio Queiroz, o Levantador de Toadas do boi negro, foi ao encontro de Otaviano. Sua expressão era fechada, o semblante carregado de responsabilidade. Ele também sabia o tamanho da missão que era enfrentar Milena Alencar na arena.

— Não se preocupe, Sérgio — Pediu Otaviano, pousando a mão firme no ombro do cantor. — Este ano, as toadas do Caprichoso estão melhores. Temos um time unido e sangue no olho. Nada vai parar a gente.

Aquelas palavras, ditas com convicção, quebraram a tensão no rosto do Levantador.

— Agora se anime, cabra! — Continuou Otaviano, rindo. — Tu precisa colocar um sorriso na cara e fazer a apresentação da tua vida.

— Pode deixar, capitão! — Respondeu Sérgio, batendo continência num gesto brincalhão. A risada foi geral, e por um instante, a pressão pareceu menor.

Enquanto os preparativos avançavam, Jonas sentiu um puxão discreto na camisa.

— Ei, cara! — Sussurrou Vlavlau, puxando-o para um canto mais afastado. Ele tinha o celular em mãos, o olhar arregalado. — Que diabo é isso? — Perguntou, mostrando uma foto de Cauê, vestindo uma blusa vermelha do Garantido.

Jonas olhou a imagem, depois deu de ombros com uma expressão resignada.

— Pois é.

— Pois é? — Vlavlau arregalou os olhos. — A gente saiu com o filho da Milena Alencar, bicho! — Olhou pros lados, quase suando frio. — "Pois é" não cobre nem um terço do que eu quero dizer! Nem com nojo que eu vou levar essa culpa sozinho e...

— Ei. — Jonas interrompeu, colocando o dedo indicador nos lábios de Vlavlau, que congelou como se o tempo tivesse parado. — Sim, ele é o filho da Milena. Mas é gente boa. Não quer confusão. Então deixa essa leseira de lado.

Ainda com o dedo na boca do amigo, Jonas arqueou uma sobrancelha. Vlavlau fazia uma careta tão engraçada que Jonas quase riu.

— E anda de contar pro meu pai, viu.

Vlavlau concordou com a cabeça, devagar, e Jonas finalmente tirou o dedo.

— Tu é leso, Jonas. Só se mete em roubada. — Reclamou o amigo, já se afastando de novo com um resmungo.

Jonas ficou ali parado por um instante, olhando para o céu que escurecia. A batida dos tambores do Caprichoso já começava a ecoar, como o anúncio de uma tempestade. Mas, no peito dele, era outra batida que soava mais forte — a de um coração dividido entre a paixão pelo boi e por alguém do outro lado da arena.

***

No dia seguinte ao show, o nome de Milena Alencar explodia pelas manchetes dos jornais, pelos sites de entretenimento e dominava as redes sociais. Foram apenas quarenta minutos de apresentação, mas tempo mais que suficiente para a artista provar que estava pronta para brilhar no Bumbódromo de Parintins. Contudo, como já era de se esperar, o exigente Ribeiro Fonseca, presidente do Garantido, não deixou de aparecer com uma lista quase interminável de observações e sugestões para "melhorar a performance" de sua vocalista.

Com o fim da agitação carnavalesca, a vida da família Alencar começava a se ajustar aos ritmos da ilha. César iniciava o ensino médio em uma das escolas da cidade, enquanto Eron assumia uma vaga como professor no Campus Universitário Dorval Varela Moura. O cotidiano, antes caótico, começava a ganhar contornos de rotina.

Nesse compasso mais sereno, Cauê encontrou em Jonas uma inesperada companhia. Os dois, que começaram apenas como conhecidos, passaram a dividir conversas, confidências e, por vezes, beijos tímidos, trocados longe dos olhares alheios. Um laço de cumplicidade se formava ali, discreto, mas forte.

O refúgio favorito da dupla era uma antiga casa pertencente à família Benevides, um lugar meio esquecido, mas com o charme de quem já teve dias gloriosos. Havia uma piscina nos fundos, meio encardida nas bordas, mas ainda refrescante o bastante para que passassem as noites nadando, trocando ideias, memórias e beijos. O problema era que apenas beijos já não estavam sendo o suficiente para Cauê.

Numa dessas noites, sob a luz das estrelas e os cantos dos sapos da mata, Cauê resolveu tentar algo a mais. Entre uma risada e outra, ele se aproximou com intenção clara. Tocou o braço de Jonas com suavidade, desceu a mão para sua cintura e, com delicadeza, o puxou para perto. Jonas riu nervoso, mas quando Cauê se inclinou para mais, tentando explorar além do beijo, recebeu uma joelhada sem querer bem no estômago.

— Ai! — Gemeu Cauê, se encolhendo como um camarão na água.

— MEU DEUS, ME DESCULPA! — Exclamou Jonas, desesperado, nadando até ele. — Foi reflexo, foi reflexo!

Cauê, ainda ofegante, soltou uma risada entre a dor e o espanto.

— Cara... tu me bateu... quando eu só queria... te beijar mais forte...

— É que... — Jonas hesitou, desviando o olhar. — É complicado.

— Complicado como? — Perguntou Cauê, com as sobrancelhas franzidas. — Eu sou tão estranho assim?

— Eu que sou. — Respondeu Jonas, agora boiando ao lado dele, com o olhar perdido no céu escuro. — Eu sou estranho, né?

— Todos nós somos, Jonas. Eu também tenho a minha bagagem de estranheza.

Jonas ficou em silêncio por um tempo. Depois, falou, quase num sussurro:

— Tu é o cara mais bonito que eu conheci. Eu sinto atração por você, mas quando tu me toca, não sei. É estranho, sabe? Parece que estou traindo o Rafael.

O nome caiu como uma pedra no fundo da piscina. Cauê já ouvira falar do ex, mas agora, tudo fazia mais sentido.

— Ele te marcou muito, né?

— O Rafael foi meu primeiro namorado. Minha primeira transa. Meu melhor amigo. Ele morreu num acidente de carro. Deixou um buraco, uma dor que não foi só minha. Foi de todo mundo que conhecia ele.

Jonas parecia emocionado, mas nenhuma lágrima caiu. Estava além do choro. Era uma dor assentada.

— Eu sempre sonhei em ter um amor intenso assim. — Confidenciou Cauê, após um silêncio confortável. — Ter alguém 100% apaixonado por mim. Mas, assim como você, eu era "o estranho". Focava nos estudos, não ia a festas, e usava a máscara de amigo de todos. Nunca fui isolado, mas era como se me colocasse nessa redoma.

— Pois é. — Disse Jonas, com um meio sorriso. — Tu é um cara cheio de assunto, de papos legais. Imagina quantos caras não tiveram vontade de ficar contigo...

Cauê suspirou, olhando para o amigo.

— Olha, Jonas. A gente não precisa começar com amor eterno, mas eu gosto de ti e quero mais. Quero te tocar, quero te sentir.

Inspirado, ele citou uma canção do Garantido, com a voz embargada de sinceridade:

— Os teus lábios, teu corpo, um desejo... só me ensinam a te querer muito mais.

Jonas fez uma careta teatral.

— Credo. Essa música do Garantido é podre.

— Ei! — protestou Cauê, fingindo estar ofendido, antes de lançar um jato de água no rosto de Jonas.

Rindo, Jonas se aproximou.

— O amor nasce no peito e invade toda a lama... — Disse, com a voz quase grave. — Traz uma alegria infinita, que não passa e faz sentir um fogo intenso... que se espalha no coração... O olhar ganha um tom mais colorido... O amor é o calor de uma paixão.

Cauê sentiu um frio na barriga. Jonas agora estava muito perto. Perto demais.

Então, Jonas o beijou. Um beijo cheio de incertezas, mas também de entrega. Cauê passou os braços em volta do pescoço dele, desejando que aquele momento pudesse durar mais do que apenas uma noite.

O momento que poderia ter sido mágico foi abruptamente interrompido pelo ranger do pesado portão de ferro. O som metálico cortou o ar como um trovão, fazendo o coração de Jonas quase saltar pela boca. Em segundos, o clima sereno da piscina foi invadido por passos apressados e vozes graves. Otaviano, acompanhado de alguns diretores do Caprichoso, adentrava o terreno com a autoridade de quem sabia que era dono de tudo ali — inclusive do tempo dos outros.

Num ato de puro desespero, Jonas empurrou a cabeça de Cauê para dentro da água, como se isso pudesse apagá-lo da realidade.

Lá embaixo, com os olhos arregalados e o coração acelerado, Cauê compreendeu que a situação era crítica. Confiou na própria resistência e prendeu a respiração.

— Jonas, o que tu tá fazendo aqui, pirralho? — Perguntou Otaviano, com aquela voz carregada de desconfiança paternal.

— Vim tomar um banho, pai. Estava muito quente e...

— Tá, tá. — Cortou o homem, sem muito interesse nas explicações. — Eu não quero baderna, viu? Vou mostrar a casa para uns diretores novos do Caprichoso. Não se preocupa que não vou trazer ninguém aqui na piscina. — Otaviano já se afastava, mas lançou uma última observação por cima do ombro: — Pelo amor de Deus, pede pro rapaz sair debaixo da água.

Jonas esperou até que o pai estivesse longe o suficiente e, aliviado, soltou um palavrão.

— Puta que pariu.

Em seguida, puxou Cauê de volta à superfície.

— Meu Deus... — Arfou Cauê, com os olhos arregalados e a respiração entrecortada. — Foram os minutos mais desesperadores da minha vida. Cadê o teu pai?

— Já foi. Não se preocupa. A barra tá limpa. — Afirmou Jonas, tentando tranquilizá-lo com um sorriso travesso.

Antes que o alívio se firmasse, uma nova voz invadiu o cenário:

— Então, até banho de piscina tão tomando juntos, hein?

Cauê se virou abruptamente. Sua espinha congelou ao reconhecer a voz de Vlavlau. O impacto foi tanto que ele chegou a dar um passo para trás dentro da água.

— O que tá fazendo aqui? — Perguntou Jonas, jogando água no recém-chegado.

— Ajudando teu pai, coisa que tu não sabe fazer, seu leso! — Respondeu Vlavlau, já tirando a camisa e pulando na piscina com naturalidade. Ao emergir, virou para Cauê com um olhar inquisidor. — E tu?

— Eu?

— Se o povo do outro lado descobrir, tu tá é lascado. — Afirmou Vlavlau, sacudindo a cabeça e espalhando água pra todo lado.

— Não, não estamos fazendo nada demais, né? — Disse Cauê, olhando para Jonas em busca de apoio.

— Sim. Só uns beijinhos e...

— Ei! — Gritou Cauê, levando a mão à boca como se o pai de Jonas ainda estivesse por perto.

— Relaxa, o coroa quando tá com os puxa-saco fica todo entretido. — Jonas riu, tentando aliviar a tensão.

— Vamos tirar uma selfie? — Sugeriu, mudando o foco da conversa.

Os três se juntaram, ombro a ombro. Cauê notou, com certo calor no peito, que era a primeira vez que tirava uma foto ao lado de Jonas. Tudo bem que Vlavlau estava ali como um figurante barulhento, mas ainda assim, era um momento. Um laço. Algo que, mesmo confuso, o deixava feliz.

— Pronto, Vlau. — disse Jonas ao ver a foto. — Agora tenho uma prova que tu era cúmplice. Se o papai descobrir minha amizade com o Cauê, tu vai tá tão lascado quanto eu.

— Ei, eu não tenho nada a ver com isso! — Protestou Vlavlau, desesperado, tentando pegar o celular. — Me dá, seu abestado! Apaga essa foto. Apaga!

— Não grita, o papai pode vir aqui. — Zombou Jonas, achando graça no pânico do amigo.

— Eu vou é capar o gato. — Resmungou Vlavlau, saindo da piscina e passando as mãos pelo corpo, tentando se secar de qualquer jeito. Parou por um instante, olhou para os dois garotos dentro da água e falou, mais sério. — Ei, mas de verdade, fico feliz que esteja tentando recomeçar.

Pegou a camisa e começou a caminhar em direção à casa.

— Recomeçar o quê? — Perguntou Jonas, franzindo a testa. — Ei, seu zé ruela!

— Deixa ele. — Disse Cauê, não contendo o sorriso.

— Por que você tá sorrindo?

— Nada.

— Me fala. — Jonas se aproximou e tocou de leve o rosto de Cauê.

— Sai, Jonas. — Respondeu, tentando parecer difícil, mas cedeu ao impulso e lhe roubou um beijo.

E por um instante, o mundo voltou a ser só deles — água morna, segredos submersos e o gosto de algo que, talvez, fosse o início de um novo capítulo.

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