✦ PARTE 1
Luiza abriu a mala sobre a cama, ainda sem se preocupar em arrumar nada. Apenas puxou uma camiseta larga, um shortinho confortável e uma calcinha nova — rosinha, de algodão, com um pequeno desenho de gatinho.
Foi até o banheiro.
O vapor começou a subir assim que ligou o chuveiro. A água quente desceu por suas costas enquanto fechava os olhos e mergulhava nos próprios pensamentos. A imagem de Júlia passando com Aline veio à mente — o jeito como elas se tratavam. A liberdade. O toque. A cumplicidade.
Mas logo, a imagem de Roberto se sobrepôs. Imaginou-se sendo chamada de “minha fêmea” enquanto o corpo másculo dele a tomava por trás. Suas mãos grandes a segurando pela cintura, a respiração quente em sua nuca. Sentiu-se exposta, submissa, desejada. Um suspiro escapou sem que percebesse.
“Se um homem como ele me quisesse todos os dias... será que eu conseguiria dizer não?”
Saiu do banho com o rosto levemente corado.
Vestiu a calcinha com cuidado, ajeitando o elástico na cintura. Em seguida, colocou a camiseta e o shortinho. Olhou as horas. Ainda tinha uns minutos antes do jantar.
Andou pelo apartamento. Abriu a porta da varanda. A vista era bonita, calma, cheia de janelas distantes iluminadas. Por um momento, se imaginou ali… com Roberto. Abraçados, em silêncio. Ela — feminina, plena. Ele — dominante, seguro.
Respirou fundo e fechou a porta de vidro.
Pegou o celular, viu que faltava pouco para as oito. Calçou chinelos havaianas e desceu.
---
No sexto andar, bateu levemente na porta. Ela se abriu com rapidez.
Júlia estava ali.
E Luiza… congelou.
Era a mesma pessoa que ajudara com a mala horas antes. Mas agora, diante dela, havia uma mulher linda, delicada e absurdamente feminina.
O rabo de cavalo alto balançava levemente quando Júlia inclinava a cabeça. Os cabelos brilhavam, presos com uma presilha discreta. A maquiagem era leve — um delineado suave nos olhos, um batom rosa nos lábios. Unhas dos pés pintadas em tom rosa claro. Um par de brincos pequenos de pérola. Salto médio. E o mais impressionante: seios.
Médios, arredondados, balançando sob a blusinha fina de cetim, sem sutiã. A saia preta justa valorizava ainda mais o quadril. O andar de Júlia… era um convite. Quadris firmes, rebolado natural, quase hipnotizante.
Luiza piscou devagar, sem saber se disfarçava ou apenas aceitava o impacto.
— Chegou na hora certa — disse Júlia com um sorriso doce. — O jantar está pronto, já vou servir. Entra, entre amigas.
Luiza entrou.
Ainda estava assimilando tudo quando Aline surgiu do corredor.
E então, parou o ar.
Aline vestia um robe de tecido branco acetinado, amarrado apenas na cintura, frouxo. A cada passo, o tecido se abria levemente. Os cabelos estavam soltos, e ela descalça. Sedutora sem esforço, como se estivesse em casa — e, de fato, estava.
— Boa noite, Luiza... — disse, sorrindo. — Se ajeita aí, já vamos sentar à mesa.
Luiza tentou manter o olhar nos olhos de Aline… mas falhou. Seus olhos caíram nos seios da mulher — insinuantes, escondidos e revelados ao mesmo tempo sob o tecido leve.
Aline reparou.
Mas não comentou nada.
Quem percebeu tudo foi Aline, enquanto Júlia arrumava a mesa. E foi ela quem soltou, com um sorrisinho debochado:
— Que foi? Já sei. Tá se perguntando como a Júlia conseguiu esconder esses seios lindos, né?
Luiza ficou sem saber o que responder.
Aline se aproximou e explicou, com tom doce:
— Isso se chama binder, querida. Um colete de compressão que homens trans usam pra esconder os seios enquanto estão em transição. Júlia usa o dela quando precisa sair como Júlio. Mas aqui… — olhou para Júlia com carinho — aqui ela é só minha mulher.
— E funciona mesmo… — murmurou Luiza, ainda impressionada.
Aline se posicionou bem em sua frente, abrindo lentamente o robe.
Sem pudor.
Sem vergonha.
Seios à mostra. Lindos, firmes, naturais. Os mamilos levemente rijos. Luiza tentou virar o rosto, mas não conseguia. Sentia-se queimada por dentro.
— Em breve, quem sabe… você possa até tocá-los. — Aline sorriu. — Mas antes, vamos ter que fazer uns ajustes em você, Luiza.
Nesse momento, Júlia revirou os olhos de forma cômica. Luiza e Aline notaram.
— Não faz essa cara, Júlia — disse Aline, divertida. — A Luiza também vai ter que passar pelo que você passou.
— Coitada dela, amor… — respondeu Júlia com falsa piedade.
Ambas caíram na gargalhada. Luiza, corada, apenas sorriu sem entender.
Mas por dentro…
Uma pergunta começava a crescer.
“O que, exatamente, será que eu vou ter que passar?”
✦ PARTE 2
A mesa estava posta com perfeição. A luz suave das luminárias refletia em tons quentes sobre a toalha bege e os pratos fundos de porcelana clara. Ao fundo, uma música clássica — discreta, envolvente — preenchia o ambiente como um véu invisível. O aroma da comida quente dançava no ar.
Júlia colocou o último prato sobre a mesa com leveza, o salto tocando o chão com ritmo sensual. Estava com um sorriso calmo no rosto, como se aquele momento fosse apenas mais um entre tantos. Aline já estava sentada, com o robe agora amarrado, embora os contornos do corpo ainda fossem visíveis demais para que Luiza conseguisse ignorar.
— Senta, fofa — disse Aline. — Aproveita enquanto tá quente.
Luiza se sentou entre elas. O calor do corpo ainda lutava com a sensação fria da taça que segurava. Júlia serviu vinho nas três taças, depois se sentou também.
Aline olhou o prato e soltou um gemido de prazer.
— Júlia é uma excelente cozinheira. Juro que esse foi um dos motivos pra eu me apaixonar. Mulher que sabe usar a boca, as mãos... já começa vencendo.
Júlia riu de leve. Luiza sorriu tímida, levou o garfo à boca e suspirou.
— Nossa... tá realmente uma delícia. Eu... sei fazer umas coisinhas também. Gosto de cozinhar de vez em quando.
Aline ergueu uma sobrancelha.
— Você vai ter que aprender de verdade, Luiza. Nós, mulheres, temos que ser boas nisso.
Silêncio.
Aline tomou um gole do vinho. Então, sem aviso, falou quase num sussurro:
— E no sexo também.
A taça de Luiza parou no ar. Por um instante, seu corpo congelou. O rosto, ruborizado. A mão tremeu levemente ao voltar com a taça aos lábios. Bebeu. Engoliu com força. Não ousou responder de imediato.
Júlia seguiu comendo, com o rosto sereno. Aquilo não parecia chocar ninguém — exceto Luiza.
“Ela falou isso... como se fosse a coisa mais natural do mundo.”
Quando finalmente conseguiu falar, sua voz saiu baixa, quase um pedido de desculpas:
— Eu... nunca imaginei ouvir isso vindo de você, Aline.
Aline deu um leve sorriso de canto.
— Você ainda vai se surpreender muito comigo, fofa.
Júlia, com os olhos fixos em Luiza, que tentava recompor a respiração, fez a primeira pergunta da noite:
— Você acha que tem algo de homem em você?
Luiza arregalou os olhos.
— E-eu...
— Porque pra mim — completou Júlia, calmamente — não tem. Nem pelo modo como senta, nem como fala. Muito menos como olha pra gente.
Luiza abaixou o olhar.
“Será que... até ela já me enxerga diferente?”
Aline interveio:
— Você já se imaginou com seios, Luiza?
Silêncio. Luiza respondeu apenas com um olhar assustado, depois uma frase sussurrada:
— Às vezes... sem querer.
— Se eu te mandar abrir as pernas... você abre? — perguntou Aline com voz lenta, firme.
Luiza, corada, levou a taça à boca. Não respondeu.
— Você se acha passiva?
— ...Sim — disse, após um longo instante. — Ou pelo menos... acho que estou deixando de fingir que não sou.
Júlia olhou com mais doçura.
— Você tem medo de perder alguma coisa se mudar demais?
Luiza mordeu o lábio.
— Tenho medo de não conseguir voltar. De cruzar uma linha... e não saber mais quem sou.
Aline apoiou o cotovelo na mesa e disse, sem tirar os olhos de Luiza:
— E se for esse o ponto? E se você nunca tiver sido quem achava que era?
“Será que vou virar… como elas?”
“E por que isso tudo me excita tanto?”
Júlia brincou com o vinho na taça e perguntou:
— Você acha que o Roberto vai gostar de te ver de quatro?
Luiza prendeu a respiração, sem saber se respondia, se bebia, ou se apenas desaparecia. O ar parecia mais denso agora. E mesmo assim... ela não queria sair dali.
Aline então estendeu a mão, tocando de leve no pulso de Luiza.
— Você perguntou o que eu espero de você?
Espero que vire minha fêmea preferida.
E que, com o tempo, aprenda a gemer com o nome dele na boca.
Luiza fechou os olhos por um instante.
Engoliu em seco.
E desejou que aquela noite não terminasse.
✦ PARTE 3
O jantar seguia em silêncio por alguns instantes. Apenas o som da música clássica preenchia o espaço, junto ao tilintar das taças e o perfume do vinho suave.
Luiza sentia o corpo quente, o rosto levemente corado — não só pelo vinho, mas pelo que ouvira. Estava cada vez mais solta, mais exposta. E, estranhamente, mais... viva.
Júlia, com um ar calmo, respondeu à pergunta que Luiza fez logo após um gole generoso de vinho:
— Meus amigos? Alguns desconfiam... mas só Aline me conhece inteira. O resto, vê o que eu deixo ver.
Luiza assentiu, ainda corada.
— E você... já sentiu desejo por homens também?
Júlia olhou para Aline. Sorriu. Depois respondeu:
— Não antes da Aline. Mas depois dela... comecei a desejar tudo que ela quisesse que eu desejasse.
Luiza engoliu em seco. Aline aproveitou:
— Isso é uma fêmea, Luiza. Quem ama... aprende a desejar o que a dona manda.
A frase fez a espinha de Luiza arrepiar.
Ela, então, perguntou baixinho:
— Aline... o que você acha que define uma mulher?
Aline apoiou a taça de vinho na mesa, entrelaçou os dedos e respondeu com a voz baixa e afiada como lâmina:
— Coragem pra servir. Submissão sem vergonha. Boca quente. Perna aberta. E saber engolir o que vier, até mesmo a dor.
Luiza baixou os olhos.
— Você acha... que qualquer homem pode virar... fêmea?
— Não. Só os que foram feitos pra isso e passaram a vida toda fingindo que eram machos. Tipo você.
Luiza ficou em silêncio. Sentia o coração bater no pescoço. As mãos trêmulas seguravam a taça.
— E... o que eu preciso fazer... pra ser do jeito que você quer?
Aline não respondeu de imediato. Tomou um gole lento do vinho. Então disse:
— Vai ter que aprender a andar com salto, a gemer baixo, a chupar de olhos fechados. Vai ter que ser mulher no gesto... e puta na cama. Porque pra segurar um macho como o Roberto, Luiza... você vai ter que ser muito mais do que fofa.
Luiza quase derrubou a taça.
— Eu... — hesitou — ...não sei se consigo.
— Vai conseguir sim. Ou vai ser só mais uma que ele come uma vez... e esquece no dia seguinte.
O silêncio se alongou até Júlia tentar suavizar.
— Ela ainda tá começando, amor...
Mas Aline virou os olhos pra Júlia e disparou:
— E você? Já esqueceu como foi?
Conta pra Luiza, vai. Conta do pau enorme que você aguentou naquele fim de semana em SP. O pau grosso que quase te fez desmaiar quando entrou de uma vez.
Júlia ficou pálida.
— Amor... — sussurrou.
Aline ignorou.
— Conta como você gemia alto, como gozou quando ele meteu tudo enquanto eu te segurava pelos cabelos.
Conta como você chupou a porra dele depois,
E depois, quando ele gozou em mim... você lambeu tudo da minha buceta, suja com o gozo dele. Cinto ainda preso. Três semanas sem gozar, lembra?
Luiza estava estática. A respiração presa.
Sentia a calcinha colada entre as pernas. Umidade evidente. Tentou cruzar as pernas, disfarçar, beber mais vinho.
Mas Aline viu. E Júlia também.
— Olha só... — murmurou Aline com um sorriso torto. — Só de ouvir isso... já ficou molhadinha?
Luiza olhou para baixo, sem saber onde enfiar o rosto.
Respirou fundo. Quase murmurando:
— Desculpa... eu não consigo parar de ouvir.
Aline se levantou lentamente da cadeira. A luz baixa desenhou as curvas do corpo sob o robe branco. Quando virou-se para pegar mais vinho, o laço da cintura se afrouxou.
Ao se voltar novamente para a mesa... o robe se abriu.
Luiza viu.
Viu tudo.
Os seios fartos, redondos, firmes. A pele clara. Os mamilos duros. E mais abaixo, a depilação impecável. Tudo ali. Exposto.
Luiza ofegou. Não conseguiu desviar os olhos.
— Você gostaria de ter seios assim, Luiza?
A voz de Aline veio suave, mas cortante.
Luiza demorou a responder.
— Eu... talvez... maiores até...
Aline sorriu.
— Maior que os meus?
Maior que os da Lorena, a esposa do Roberto?
Luiza travou. Não respondeu.
Aline se aproximou, amarrou o robe devagar, colando o corpo ao de Luiza. Sussurrou ao seu ouvido:
— Se for pra ser fêmea... que seja inteira. Porque ele não merece menos que uma mulher completa. Entendeu?
Luiza assentiu, envergonhada e arrepiada.
✦ PARTE 4
Luiza subiu os andares em silêncio. O elevador parecia lento, pesado. O corpo ainda ardia com as imagens do jantar, as palavras, os olhares. O toque do vinho ainda estava presente — mais nos sentidos do que na língua.
Entrou no apartamento e trancou a porta. A iluminação suave da sala revelava o aconchego delicado montado por Júlia. Luiza passou os dedos pelo encosto do sofá, caminhou até o espelho do quarto.
Parou.
Estava com o shortinho preso ao corpo, colado. A camiseta larga. O rosto ainda levemente corado.
Levantou a blusa.
Sem motivo. Ou por todos eles.
Passou a palma da mão pelos próprios mamilos, pressionando levemente, os olhos fixos na imagem.
“Se eu tivesse seios... ele me olharia diferente?”
Virou de lado. Puxou o elástico do short e da calcinha. Viu a marquinha da pele levemente úmida.
Abriu a porta de vidro da varanda. A cidade estava quieta. O céu escuro. Encostou a testa no vidro.
“Será que é assim que começa? Primeiro o corpo... depois a mente... e quando vê, já tá se abrindo pra um pau enorme só pra agradar um homem como Roberto.”
Voltou pro quarto. Queria dormir. Mas o corpo… não deixava.
Deitou de lado, abraçando o travesseiro. Tentou se esquecer. Não conseguiu.
Ding-dong.
A campainha.
Assustada, olhou o relógio: quase meia-noite.
Foi até a porta.
— Quem é?
— Sou eu — a voz firme, doce, e fatalmente conhecida: Aline.
Abriu.
Ela entrou já tirando o casaco leve. Estava com uma calça justa e uma blusa branca fina sem sutiã. Os seios livres, saltando com naturalidade. O cabelo solto.
— Vim ver se você tá bem — disse, andando pela sala como se fosse sua. — E se não vai dormir com a calcinha toda melada.
Luiza engoliu em seco.
— Eu... eu ia tomar banho.
Aline se aproximou. Passou a mão nos ombros de Luiza, descendo devagar. A outra mão veio pela lateral.
Parou na virilha.
Um leve apertar.
Aline sentiu.
O “pauzinho” de Luiza duro.
Aline sorriu.
— Perfeito. Até aqui Deus te fez pequena.
Fez pra ser minha fêmea.
Você tem ideia do que é um pau de verdade, Luiza?
Do que é sentir um homem te empurrando até você não aguentar mais?
Luiza arfou.
Não respondeu.
— Grelos assim... — continuou Aline, apertando de novo — não deviam ficar soltos. Eles nascem pra obedecer. E logo, o seu vai aprender que não pode mais subir... só molhar.
Luiza arregalou os olhos, o corpo parado.
Aline se afastou devagar. Olhou Luiza inteira.
— Vai dormir.
Aline abriu a porta e saiu.
Sem olhar pra trás.
Luiza trancou. Encostou-se. Desceu lentamente até o chão.
Fechou os olhos.
“Eu devia estar assustada...”
“Mas estou... completamente molhada.”
[ CONTINUA....]
Obrigada aos comentários. É muito bom ler os comentários se se puder comentem isso me motiva muito a continuar a escrever a história. Bjsss 💋 💋 💋