Parte 1
Na calçada, saindo da clínica da Dra. Helena...
— Vamos comer algo rápido? — Aline sugeriu, puxando Luiza pela mão com naturalidade. — Tem um café bistrô logo na próxima esquina. Vai te fazer bem. Eu sei o que você precisa.
Luiza apenas assentiu, ainda sentindo a pele sensível e o corpo trêmulo pela consulta. Por dentro, o hormônio já começava a correr em suas veias. O ar de Curitiba estava leve e, de repente, até os ruídos da cidade pareciam distantes.
Sentaram em uma mesinha no canto. Pediram suco, e um pão de queijo — Aline nem olhou o cardápio. Sabia exatamente o que queria. Luiza tentou prestar atenção na comida, mas o olhar de Aline estava afiado, brincando com ela como uma gata que saboreia o medo da presa.
— Sabe, você está mais... suave hoje. — disse Aline, passando os dedos na borda do copo. — É o hormônio agindo? Ou é o cuzinho ainda piscando por causa do exame?
Luiza corou violentamente e mordeu o pão de queijo para não responder.
— A gente pode ir andando? — perguntou, tentando mudar de assunto, mas com a voz ainda falha. — Você disse que o lugar é perto.
— Claro. A caminhada vai te fazer bem. Vai queimar umas calorias. E depois, bom... — Aline levantou da mesa e ajeitou a blusa justa sobre o top. — Vamos deixar esse seu corpinho pronto pra tudo que vem por aí.
Foram andando lado a lado. O centro de estética ficava a apenas duas quadras, mas o percurso pareceu durar muito mais.
Aline falava sobre tipos de pele, mas logo voltava ao tom de provocação.
— Tem mulher que se depila só pra ficar bonita de calcinha. Outras, pra agradar marido. Mas tem umas... que fazem isso porque sabem que quando estão lisinhas, o macho não resiste em abrir e meter.
Luiza tropeçou levemente na calçada, como se a frase tivesse atingido direto suas pernas. Aline não parou.—
Você... já está quase lá. Só falta parar de chamar de “depilação”. O nome certo é: preparação.
Chegaram à porta do centro de estética.
Parte 2
O local parecia mais discreto do que Luiza imaginava. O letreiro minimalista, em dourado sobre fundo preto, dizia apenas “Wilma Estética Avançada”. Ao empurrar a porta de vidro ao lado de Aline, o cheiro suave de ervas e óleos essenciais envolveu ambas.
Na recepção, uma mulher cis estava de saída, visivelmente desconfortável ao cruzar com Luiza. Ela lançou um olhar enviesado, julgador, e apenas disse um “boa tarde” seco. Aline sorriu, irônica, murmurando “tem gente que acha que estética é só pra mulher padrão…” Luiza, tímida, baixou os olhos e concordou com um aceno quase imperceptível.
Antes que pudesse se recompor, a porta do fundo se abriu e surgiu Wilma. Cabelos ruivos presos num rabo de cavalo firme, corpo levemente musculoso e curvilíneo. Pele clara, braços definidos, seios fartos sob uma blusinha branca justíssima que colava no torso. A calça de moletom cinza-clara desenhava os quadris e revelava o contorno preciso de sua virilha . A maquiagem discreta e o batom nude completavam a imagem de uma mulher entre o sensual e o dominante.
Luiza prendeu a respiração. Era impossível não notar que Wilma era… diferente. A postura, o andar, o olhar firme com um toque de sadismo. Aline se aproximou e deu um beijinho no rosto da esteticista, apresentando:
— Essa é a Luiza. Cuida dela como se fosse eu, tá?
Wilma estendeu a mão com um sorriso enviesado.
— Então você é a famosa Luiza? Estava te esperando… com muuuito carinho.
Luiza engoliu seco. Sentia que aquele “carinho” vinha com uma promessa embutida.
Aline despediu-se, deixando-as a sós.
Wilma passou um braço nas costas de Luiza e a conduziu pelo corredor até a sala privativa.
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Limpeza de pele
Luiza sentou-se na maca sob a luz suave, enquanto Wilma amarrava os cabelos dela com delicadeza.
— Vamos começar pelo rosto, tá? Nada de pele áspera. — disse, pegando um algodão e passando loção de limpeza com movimentos firmes.
Aos poucos, o rosto de Luiza foi sendo higienizado. Wilma retirou cravinhos ao redor do nariz e da testa, massageando com firmeza.
— Vê se aprende, viu? Pele de mulher tem que ser tocada assim, com intenção… Não é todo macho que sabe.
Luiza apenas soltou um som baixo, entre incômodo e excitação. O modo como Wilma falava a desmontava por dentro.
Em seguida, com uma pinça precisa, Wilma retirou alguns pelinhos da sobrancelha, mas manteve a estrutura reta, sem arquear.
— Só um toquezinho. Nada que denuncie. Ainda. — murmurou.
— Aline disse que vai devagar... — respondeu Luiza, tentando justificar.
— Hmmm, mas teu rostinho foi feito pra afinar… e pra chorar, viu?
Luiza corou. A frase soou cruel e sensual ao mesmo tempo.
Wilma inclinou-se, o olhar fixo em Luiza como quem já sabia o que fazer com cada pedaço dela.
— Toma meu número, princesa — disse entregando o cartão com um toque firme nos dedos de Luiza. — Marca o que quiser… massagem modeladora, drenagem, laser. Ou só vem me ver. Pode inventar qualquer desculpa.
Luiza pegou o cartão com uma timidez que contrastava com o fogo que sentia por dentro.
Wilma se inclinou mais, baixando o tom da voz com um sorriso enviesado:
— Você geme tão bonitinho com um toque leve...
Fico imaginando o que faria se eu enfiasse a língua onde ninguém mais entrou.
Você nasceu pra isso, sabia?
Pra ser cuidada... educada... usada.
E eu adoraria ser a primeira a te mostrar o que uma fêmea de verdade sente.
Ela se aproximou do rosto de Luiza, parando no limite de um beijo, apenas deixando seu hálito quente encostar na orelha dela.
— Da próxima vez, não marca hora.
Só vem... e deixa que eu te quebro por dentro.
Luiza sentiu os pelos da nuca arrepiarem, o ventre apertar e a calcinha umedecer mais do que deveria. Deu um passo para trás, em silêncio, tentando disfarçar a respiração alterada.
— Até logo... Wilma — sussurrou, quase tropeçando na própria voz.
— Até muito mais que logo, meu bem — respondeu Wilma, lambendo os próprios lábios com gosto.
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Lá fora, o céu começava a escurecer, tingido por tons alaranjados.
Luiza apertou o cartão entre os dedos enquanto descia a calçada, o coração batendo forte.
Em pensamento:
"Ela não é só perigosa...
Ela me viu por dentro.
E o pior... parte de mim quer voltar."
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Ao chegar em casa, tomou um banho longo e silencioso.
Fez um lanche leve e, enquanto estava deitada, recebeu uma mensagem no celular:
📲 Aline:
> “Amanhã às 8h, café comigo. Vamos às compras.
E se prepara… porque sábado vai te virar do avesso, princesa 💋”
Luiza suspirou.
Era inevitável.
Aquela sexta-feira acabava com o corpo limpo…
E a alma mais suja do que nunca.
[ CONTINUA....]
Obrigada aos comentários. Se puder comentem e muito bom saber se estão gostando, isso me motiva a continuar. 💋💋💋