O Chefe da minha esposa destruiu minha vida - 11

Um conto erótico de Mais Um Autor
Categoria: Heterossexual
Contém 1320 palavras
Data: 05/07/2025 21:53:53

Observei atentamente o momento exato em que os olhos de Cassiano encontraram Carla no meio da multidão.

Ele parou por um breve segundo e lambeu os lábios. Aquilo me arrepiou até a alma — embora eu não soubesse dizer se era apenas o tique de velho com a boca seca ou o instinto involuntário de um predador.

Não veio direto até nós. Era impossível. Estava cercado por convidados famintos, como paparazzi ao redor de uma celebridade. Todos disputavam sua atenção com sorrisos forçados, taças erguidas e uma sede patética por aprovação.

— Acho melhor eu ir lá cumprimentar o Cassiano... — disse Carla, ajeitando o cabelo, como uma atriz prestes a entrar em cena.

Temi, sinceramente, que Cassiano fosse ter um infarto ali mesmo quando ela se aproximou.

Seus olhos se arregalaram por um segundo — breve demais para ser notado por qualquer um que não estivesse observando com atenção obsessiva. Mas eu vi. E vi também o tempo que ele passou fixado na transparência do decote da minha esposa, como se estivesse calculando mentalmente o contorno de cada curva.

Quando finalmente se moveu, não foi com a polidez de um magnata acostumado aos holofotes. Ele a puxou pela cintura com uma firmeza excessiva e a envolveu num abraço longo demais, colando seus corpos como se fossem amigos íntimos.

Eu fiquei ao lado da minha esposa, esperando para cumprimentar seu chefe. Mas, Cassiano ignorou completamente a minha presença. Nem um olhar, nem um gesto de reconhecimento. Era apenas parte do cenário, uma sombra discreta ao lado de Carla com quem ele conversava segurando as mãos, com a desculpa de sentir a textura da luva.

Instintivamente, passei o braço em volta da cintura de Carla. Um gesto primitivo, como se, ao tocá-la, eu pudesse lembrar a todos que ela era minha.

Quando se tornou impossível me ignorar, Cassiano virou-se lentamente, ainda com aquela expressão ensaiada de superioridade, e estendeu a mão na minha direção.

— Você que é o famoso Aurélio? — disse, mostrando todos os dentes, mas sem esboçar o menor traço de um sorriso genuíno. — A Carla vive falando de você.

Ele riu. Minha esposa riu. Eu fiquei olhando para o nada, esperando que a conversa dos dois sobre pessoas e coisas que eu não conhecia finalmente terminasse.

Cassiano puxou o celular do bolso. E entregou para mim, dizendo:

— Você pode tirar uma foto nossa? Precisamos registrar a primeira festa da empresa da Carlinha.

Disfarçando o meu desgosto, peguei o celular, me afastei dos dois e esperei eles estarem prontos para a foto.

A pose que o chefe da minha esposa escolheu foi o escárnio. Os dois de frente um para o outro, fazendo biquinho, como se estivessem prestes a se beijar. Riram alto da própria palhaçada e emendaram uma sequência de outras fotos, como dois adolescentes animados numa festa de formatura.

Cassiano aproveitava cada clique para tocar mais um pouco, segurar na cintura de Carla com mais firmeza do que o necessário, como se tudo aquilo fosse absolutamente natural. E eu ali, com um sorriso congelado no rosto e um turbilhão fervendo dentro do peito, brincando de fotógrafo para o sujeito que, claramente, estava tentando comer minha mulher.

Sorrateira, a esposa de Cassiano apareceu do nada. Cassiano e Carla se sobressaltaram — como crianças pegas no flagra, fazendo algo proibido.

— Amor, você pode pegar uma taça de espumante pra mim? — disse a esposa de Cassiano com uma cara de poucos amigos.

Eu, sinceramente, agradeci à intervenção divina por mandar alguém que estava tão incomodado quanto eu com o espetáculo ridículo que os dois protagonizavam.

Ainda bem que, mesmo Cassiano, com todo o seu dinheiro e prestígio, ainda respondia a uma força superior: sua esposa. A mulher que, caso decidisse ir embora, levaria consigo metade do império que ele levou a vida inteira para construir.

Ele se afastou de nós para pegar a bebida, e a festa continuou. Bebi e comi sem muita vontade, só para passar o tempo, enquanto Carla me apresentava aos colegas de trabalho.

Começou a tocar funk, e ela foi animada para a pista com as amigas. Eu fiquei sentado. Mesmo se não estivesse sentido dor, dançar na pista não era algo de que eu gostava. Esse tipo de festa sempre me fazia lembrar a diferença de idade que existia entre mim e minha esposa.

Observei Carla dançar por alguns minutos, ciente de que não era o único fazendo isso. O sono começou a pesar e, antes que eu dormisse na mesa, resolvi sair. Fui até a área externa e acendi um cigarro.

Renato apareceu com uma das meninas que Carla tinha me apresentado mais cedo. Não me viram. Estavam ocupados demais procurando um canto, onde logo começaram a se beijar contra a parede, com uma urgência quase constrangedora.

Eu observei. Depois de tudo que ele fez, era de se esperar que eu desejasse o pior. Mas não foi o que senti. Talvez pela bebida, ou pela depressão, fiquei apenas olhando, tomado por uma estranha nostalgia. Pensei em como as coisas poderiam ter sido, se nossa sociedade tivesse seguido outro caminho.

Não tive muito tempo para digerir o que sentia. Cassiano apareceu na área externa, tirou um vape do bolso do paletó e começou a fumar.

Era estranho vê-lo assim. Primeiro, pelo vape — algo inventado quando ele já tinha passado da metade da vida.

Depois, era quase melancólico ver aquele homem sozinho. Pela primeira vez na noite, Cassiano não estava cercado dos abutres, rindo alto ou disputando sua atenção.

E o mais estranho de tudo, a ansiedade que eu sentia. Mesmo sem nenhum sinal de que ele sequer tinha me notado, senti uma forte vontade de me esconder atrás de uma lixeira, só para evitar qualquer chance de contato.

Depois de algumas tragadas, ele percebeu que eu o encarava e veio na minha direção. Parou ao meu lado sem dizer nada, medindo o tempo, escolhendo com cuidado seu próximo passo. Então estendeu o vape em minha direção.

— Quer?

Eu não queria. mas aceitei. O corpo se moveu antes do meu cérebro processar o que estava fazendo. Dei uma tragada daquela porcaria, sem saber exatamente por quê.

Só agora, após perder tudo, começava a entender o peso real do sucesso. Gente como Cassiano carregava uma presença que dobrava os outros, fazendo-os obedecer sem precisar de fato pedir. Meu corpo parecia entender isso melhor do que eu.

Cassiano pegou de volta seu vape e tragou devagar, saboreando o momento, antes de falar:

— Você não faz ideia de como é sua mulher no trabalho.

— Sei bem… ela trabalhava comigo.

— Ah, então você sabe… — ele disse, rindo sozinho e balançando a cabeça. — É o dia inteiro, os caras puxando papo, tentando comer ela. Te juro, é até engraçado de ver.

Fiquei em silêncio. Com certeza, aquilo não era engraçado para mim. Cassiano então me olhou, procurando alguma rachadura na minha expressão. Eu me segurei firme.

— Mas ela é bem comportada, né? — completou, como se quisesse me tranquilizar. — Até agora, pelo menos.

Minha única reação foi lançar um olhar fulminante para a sua nuca, já que, sem nem esperar a minha resposta, ele me deu as costas e voltou para a festa.

Eu também voltei. Sentei-me numa mesa no canto, sem saber o que fazer com o que tinha acabado de ouvir. Considerei tudo: levantar e acertar um soco na cara dele, pedir para Carla largar o trabalho, ou simplesmente sumir.

Mas não fiz nada. Desde que havia perdido a empresa, era como se algo tivesse quebrado dentro de mim — e a força para reagir tivesse ido junto.

Fiquei ali, olhando para a pista. Cassiano já estava de volta, rindo com os outros, naturalmente integrado àquele mundo. Ele se aproximou do grupo da Carla, parou atrás dela, e ficou por ali enquanto ela dançava, empolgada, descendo até o chão.

Dançando com seu novo CEO.

<Continua>

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