Parte 1
A clínica era moderna, com tons claros e detalhes em madeira. O ambiente era tranquilo, aromatizado por lavanda suave. Aline e Luiza se sentaram lado a lado na recepção, trocando olhares discretos. Luiza, vestida de forma simples — calça jeans escura, tênis branco, blusa neutra — sentia-se pequena diante da elegância espontânea de Aline, com um vestido midi claro, salto baixo e blazer leve.
Em silêncio, Luiza folheava sua ficha recém-preenchida enquanto Aline sorria para o celular. Poucos minutos depois, a porta do consultório se abriu. Saiu uma jovem belíssima, pele acetinada, postura graciosa, saltos finos e cabelo castanho-claro liso caindo sobre os ombros. Ela sorria para a mulher que a acompanhava — uma senhora elegante — e trocou um beijo demorado no rosto com a médica que aparecera à porta.
— Obrigada, doutora Helena. A gente se vê na próxima consulta — disse a jovem com voz suave, completamente feminina.
Luiza arregalou os olhos. Aquela menina era trans? Ela parecia... perfeita.
— Aline — chamou a médica, ao ver as duas —, que prazer!
Trocaram dois beijinhos no rosto. A médica segurou Aline pelos braços, carinhosa.
— E a Júlia, está bem?
— Ótima! Vai adorar saber que vim com uma paciente novinha.
Dra. Helena olhou diretamente para Luiza. Sorriu, estendeu a mão.
— Prazer, querida. Vamos?
O coração de Luiza disparou. Aline sussurrou:
— Vai tranquila, ela é maravilhosa.
Luiza seguiu a doutora pelo corredor. O consultório era espaçoso, decorado com quadros modernos e uma luz suave. A mesa com notebook à esquerda, maca ao fundo, e ao lado um banco acolchoado. A médica sentou-se na poltrona e fez um gesto delicado para Luiza.
— Pode se sentar, Luiza. E fique à vontade. Aqui ninguém julga. Estou aqui para te conhecer... por dentro e por fora, literalmente — disse com um sorriso leve, olhando sobre os óculos.
Luiza engoliu seco.
— Primeira vez com um endócrino nesse contexto, né?
Ela assentiu, baixando os olhos.
Dra. Helena abriu o prontuário digital e cruzou as pernas. O decote da blusa branca realçava seus seios discretos, mas firmes. Luiza tentou não olhar... tentou.
— Me diz, Luiza: quando começou a se perceber assim? Essa sua versão... feminina. Ela sempre existiu?
— Desde novo. Mas eu só... deixava sair quando estava sozinho.
— E quando está sozinha... o que mais gosta de vestir?
— Calcinha. Algumas vezes sutiã. Mas... nunca saí assim. Só em casa.
— E quando se toca? — A médica não desvia o olhar.
— Se imagina como?
Luiza ficou vermelha.
— Como... uma mulher.
— Já se imaginou com seios?
Ela assentiu.
— Em que situações?
— Quando estou excitada... às vezes me imagino sendo tocada neles. Sendo... apertada. Desejada.
Dra. Helena fez uma breve anotação.
— E sente prazer no toque anal?
— Sim. Já usei objetos pequenos. Mas... nunca fui com alguém.
— Te excita ser vista como mulher? Mesmo sem ter feito nada no corpo?
— Muito.
— E já pensou em esconder o pênis completamente? Ou em removê-lo?
Luiza hesitou.
— Esconder, sim. Remover... não sei ainda.
— Já se imaginou grávida?
— Já. Mas... como fantasia.
A médica sorriu de forma doce.
— E se fosse possível... você engravidaria?
— Acho que sim. Se fosse... de alguém especial.
— Você sente vergonha ou excitação ao usar calcinhas?
— As duas coisas — confessou, mordendo o lábio inferior.
— E... prefere manter sua função erétil ou aceitar que ela atrofiará com os hormônios?
— Me assusta... mas me excita também.
Dra. Helena fechou o tablet e cruzou as mãos.
— Podemos começar os exames?
Luiza assentiu.
— Tira a blusa, querida. E afasta a calcinha pro lado quando eu pedir. Vou examinar abdômen, testículos, sensibilidade e... fazer o toque retal pra avaliar sua próstata, tudo bem?
Luiza hesitou.
— É... preciso mesmo?
— É importante. E te prometo que farei com todo cuidado. Fique de pé.
Luiza retirou a blusa, revelando o peito ainda liso. Dra. Helena observou o formato dos ombros, cintura.
— Seu corpo já tem uma base muito favorável. Quadris levemente marcados. A gordura vai se redistribuir bem. Os seios, com hormônio, devem ganhar forma nas primeiras seis a oito semanas. O bico vai ficar mais sensível. Você vai notar.
A médica pediu para que ela deitasse na maca.
Luiza se posicionou.
— Afasta a calcinha, isso... mais um pouco.
Luiza obedeceu. A médica calçou luvas, passou lubrificante.
— Vai sentir um pouco de pressão... respira fundo.
O dedo penetrou com firmeza. Luiza soltou um gemido baixo.
— Tá tudo bem. Só mais um pouquinho... ah, senti aqui. Sua próstata está saudável. Bastante sensível, aliás.
Ela pressionou devagar e, de repente, Luiza gemeu alto.
Seus olhos se reviraram, o pênis — pequeno — endureceu um pouco.
— Isso... é normal? — perguntou, envergonhada.
— Completamente. Mulheres trans com sua sensibilidade costumam gozar assim. Você está dentro do padrão que a gente adora ver — sorriu a médica.
Ela retirou o dedo com cuidado.
— Pode se vestir.
Luiza, ainda um pouco trêmula, vestiu-se e sentou-se.
— Dra... — perguntou tímida — o que vai mudar primeiro?
— Sua pele, provavelmente. Mais macia. Depois os mamilos, aumento da sensibilidade e volume nos seios. Mais gordura nos quadris. E... menos ereção.
— Vou deixar de gozar como homem?
— Aos poucos, sim. E se encolher, vai parecer um grelinho. Você vai entender o prazer de outro jeito.
— Como foi com a Júlia?
— Lindo. Ela floresceu. E teve fases de dúvida também. Mas quando viu os seios... a reação foi de amor puro por si mesma.
— Eu vou... sentir mais vontade de ser penetrada?
A médica se aproximou com delicadeza.
— É provável. E vai ser delicioso quando você estiver pronta pra isso.
Luiza engoliu seco.
— Isso vai me deixar mais... mulherzinha?
— Não, Luiza. Vai te deixar... mais você.
A doutora pegou uma pequena ampola, encheu a seringa.
— Vou aplicar aqui, na lateral do bumbum. Vira um pouco.
Luiza sentiu a picada. Depois, uma leve ardência.
— Essa é a primeira dose. Início suave, mas suficiente pra começar a mudança.
Ao final, trocaram dois beijinhos.
— Você foi muito corajosa hoje. Estou orgulhosa — disse Dra. Helena.
Luiza saiu da sala com a mente em redemoinho. Passou na recepção e agendou o retorno. Aline a esperava de pé, sorrindo como se soubesse de tudo.
— E então, mulherzinha? — provocou.
Luiza sorriu, baixando os olhos.
[ CONTINUA...]
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