Romantismo...
Durante muito tempo, me martirizei pela ausência de romantismo em mim. Não só com a Júlia, mas em qualquer relacionamento que eu tenha vivido até hoje. Sempre fui aquela pessoa prática demais, direta demais e, para muitos, fria demais. Por isso, já ouvi inúmeras críticas, alfinetadas e brincadeiras. Mas, no fundo, a verdade é que eu simplesmente nunca liguei.
Quer dizer... nunca liguei até encontrá-la!
Júlia... logo ela, a mulher mais romântica que já passou pela minha vida. Do tipo que ama bilhetes deixados no espelho, que sorri com flores simples e que se emociona com músicas que a fazem lembrar de nós. O mais impressionante é que ela nunca me cobrou nada disso e nunca exigiu que eu fosse quem eu não era. Ela apenas amava do jeitinho dela e, sem perceber, me ensinou a amar do meu também.
E, quando eu menos percebi, mudei. Não por pressão e nem por obrigação, mas por um desejo genuíno de vê-la sorrir daquele jeitinho lindo. Por entender, enfim, que não se tratava apenas de clichê, e sim de atenção, de cuidado, de presença. Passei a me importar porque amar alguém como Juh faz com que eu queira ser melhor. Não para ser aceita, mas porque ela merece todo o meu esforço, toda a minha paciência e tudo que há de mais bonito em mim.
Diversas vezes eu já disse para ela que deveria ter me dedicado mais no início do nosso relacionamento. A gatinha merecia ser cortejada, levada a jantares e um flerte decente, mas aconteceu do jeito que aconteceu. Nós entramos em seu apartamento e, após um beijo avassalador, cheio de desejo contido, nos entregamos.
Foi tudo muito rápido, não tivemos conversas profundas antes. Era uma mulher linda à minha frente e seria mais uma de tantas outras ficadas... foi assim que pensei inicialmente. Mas, ao sair de sua casa... eu tinha plena certeza de que não, não havia sido só sexo. Algo tocou forte na minha alma.
Então, foi sem magia, sem encanto. E eu me arrependo? De forma alguma! Eu jamais me arrependeria de trilhar um caminho que me levou até o amor da minha vida. E a magia está justamente em eu me perder naquele olhar, me encantar com o jeitinho inocente de quem tinha um mundo para desbravar. E, quando menos percebi, já estava apaixonada. Eu não queria ficar longe, eu a queria o tempo todo, e sentia saudade ainda me despedindo.
Isso ficou ainda mais forte quando Juh expôs que era recíproco e disse, com todas as letras, que não queria que estivéssemos abertas a outras pessoas. E culminou no pedido de namoro. Tudo bem que, à noite, consegui me redimir e fiz algo decente, porém a gatinha merecia mais.
Nunca faltou sentimento, nunca faltou amor. Porém, comecei a sempre tentar demonstrar. E lembro a primeira vez que coloquei esse desconforto para fora. Foi em um jantar à beira-mar no Dia dos Namorados. Juh riu de mim e, acariciando meu rosto, me deu um beijo.
— Você se esforçar para me agradar já é, por si só, uma das formas mais lindas de romantismo.
Foi o que ela disse e repete sempre que eu preciso ouvir novamente.
Mas como ser romântica em um ano como 2020? Doze de junho de 2020, para ser mais específica... eu precisei chamar reforços!
Milena e Kaique estavam reclamando de tédio o tempo inteiro, e eu precisava de ideias para comemorar o amor com a minha gatinha. Então, juntei o útil ao agradável.
— Preciso que vocês me ajudem com uma coisa — sussurrei enquanto estávamos a sós na sala.
— Com o quê? — Mih perguntou, animada.
— O que faço para a mamãe no Dia dos Namorados? — perguntei, e os dois quase pularam em cima de mim.
— Geralmente vocês fazem o quê? — Kaique questionou, muito empolgado.
— Ah... Itaparica, restaurante, trocamos presentes e... — comecei a falar despretensiosamente e os encarei — rola uma namoradinha... — finalizei, rindo com eles.
— E esse ano não pode sair — Mih comentou, pensativa.
— Pede delivery do restaurante que vocês vão! — Kaká disse, e eu achei uma ótima ideia.
— Ou nós três podemos fazer — disse minha filha.
— Isso, a mamãe ia gostar mais se a gente fizesse — concordou meu filho.
— A senhora vai trabalhar no dia? — Mih perguntou.
— Não pretendo... — respondi.
— Vai dar certo, vamos, por favoooor! — suplicou Milena.
— Como a mamãe não vai ver a gente cozinhando? — Kaká perguntou, novamente pensativo.
— Não precisa ser segredo, acredito que ela já esteja esperando por algo — respondi.
— Aaaaaah, sem surpresas? — Mih lamentou.
— Sem surpresas! — exclamei, rindo.
A gatinha retornou com pipoca para acompanhar o filme que assistíamos e as crianças não conseguiram disfarçar que falávamos algo envolvendo-a.
— Silêncio, o assunto chegou — eu brinquei.
— O que vocês estão fofocando, hein? — Juh brincou de volta, rindo.
— Segredooooooo — Mih disse, indo para o colo dela.
— Segredinho, depois a gente te conta — disse e depositei vários beijinhos em seu rosto.
— Mas eu sou curiosa — Júlia falou, dramaticamente.
— Eu queria contar — Kaká confessou.
— Mas vai comer pipoca — Milena disse e enfiou algumas na boca dele.
Assistimos a um filme de terror, porém com eles, vira facilmente uma comédia. Tudo é engraçado.
Nesse mesmo dia, à noite, Milena me chamou.
— Mãe, tem que ter surpresa... — ela falou.
— Huuuum, vou pensar em alguma coisa — garanti.
— Arruma o quarto inteiro com balões, escreve alguma coisa na cama com pétalas de rosas, jantem no quarto, compra velinhas de bateria, coloca uma playlist pra tocar... — Mih foi dizendo empolgada. Quando me dei conta, ela já estava de pé na cama.
— Minha filha, você não tá sabendo demais, não? — perguntei, rindo.
— Mãe, faz surpresa!!! — sabiamente, ela pediu, sem me responder.
— Vou fazer, amor. Obrigada pelas ideias... Agora vá dormir! — e dei um beijo de boa noite.
— Vou te enviar uma foto da inspiração e a senhora compra tudinho — Mih disse, se sacudindo freneticamente embaixo do lençol.
— Tá bom, linda — confirmei, me despedindo.
Cheguei no quarto rindo daquele diálogo, e isso despertou a curiosidade da minha muié.
— O que foi? — ela perguntou, sorrindo.
— Sua filha... acho que vai me dar dor de cabeça ceeeedo em relação a namoro... — falei, me encaixando em seus braços.
— Eu também tenho essa sensação. Comece a se preparar — Juh disse, rindo de mim.
— Fazer que nem meu avô dizia, matar o primeiro pra fama se espalhar — brinquei.
— Amoooor! — ela me deu um tapinha.
— Brincadeira, sendo no tempo certo, eu não vou implicar — falei.
— Duvido, amor. Acredito que você vai arranjar mil defeitos... seja lá quem for! — Júlia desdenhou, sentando sobre mim e rindo.
— Pior que eu também duvido — falei, rindo.
Ficamos alguns segundos em silêncio. Eu admirava o corpo dela seminu à minha frente. Não me canso nunca de observá-la, de senti-la.
Mirando seus olhos, subi lentamente minhas mãos das suas coxas para a cintura e a apertei contra mim. Com um belo sorriso nos lábios, a gatinha curvou seu corpo para me dar um beijo.
Depois se direcionou para a curva do meu pescoço, onde repousou.
— O que vocês estão escondendo de mim? — Juh perguntou.
— Me seduzindo para sanar sua curiosidade, Júlia Oliver... Olhe que eu caio facinho, viu?! — brinquei, apertando o abraço e sentindo seu sorriso contra a minha pele.
— Nada disso, só te beijei. Não posso mais? — ela perguntou, cinicamente.
— Sei bem... quase pelada e em cima de mim — brinquei.
— Já que você tá reclamando, eu vou sair — ironizou, mas eu a segurei firmemente, rindo.
— Não é uma reclamação, longe disso... — sussurrei, dando um tapa de leve em sua bunda.
— O que vocês estão tramando? — Juh questionou novamente.
— Não é nada demais. Eu só... estava sem ideias para o Dia dos Namorados e resolvi pedir ajuda para nossos filhotes — falei.
— Aaaaaaaaaah, sério, amor? Que lindo!!!! — Júlia falou, me enchendo de beijos.
— Sim, sim... faremos um jantar! — revelei.
— Certo, eu faço a sobremesa! — disse-me, me abraçando empolgada.
— Mas você é minha sobremesa — brinquei e a beijei, sentindo seu riso contra minha boca.
No dia seguinte, fui para a filial e, na volta, fiquei pensando onde arranjar tudo que estava na referência que Milena me passou. Os shoppings estavam fechados por decreto municipal, e eu só tinha duas opções: arriscar pela internet, sem saber se chegaria na data, ou procurar em lojinhas menores... Como não era algo estritamente importante, digo, caso de vida ou morte, procurei as lojas de Salvador no Instagram para que entregassem na clínica.
Eu me empolguei um pouco e acabei comprando mais coisas do que minha filha solicitou, mas ia ficar legal e achei importante ter o meu toque nas escolhas.
Acabou dando tudo certo. Tudo entregue um dia antes, para o desespero de Mih e o meu alívio. Um dia antes para mim estava ótimo. Para ela, estava em cima da hora, rs!
Do início ao fim do dia, foi tudo muito especial de viver. Nós quatro passamos a tarde na cozinha, rindo, brincando, conversando, jogando farinha uns nos outros e realmente nos divertimos.
— A gente pode servir? — Mih perguntou.
— Claro, o restaurante é de vocês — respondi.
— Agora nós vamos para outra surpresa que a mamãe não pode saber — Kaká informou.
— O que é???? — Juh questionou.
— É no quarto — Mih falou, já subindo as escadas.
— Também preciso do quarto para organizar algo — ela disse, convencida.
— Passa pra gente então — Mih respondeu, mais convencida ainda.
— Espertinhos... — Juh rebateu, e nós rimos.
Enchemos os balões de corações vermelhos com canudos e eu colei no teto. Depois disso, eles também me expulsaram do quarto, para que fosse uma surpresa para mim também.
— Trouxe nossas roupas. Me colocaram pra fora — falei, rindo.
— Vou levar o que preciso e já me junto a você, só não sei se eles vão conseguir fazer funcionar — a gatinha me disse.
Iniciei o banho e logo já estávamos juntas.
— Você teve a melhor ideia de todas, amor — ela falou, cruzando os braços no meu pescoço.
— Queria eu, tudo ideia deles — respondi, me aproximando ainda mais.
— Mas foi ótimo pedir ajuda para os dois e incluí-los no preparo. Foi simplesmente um dia perfeito — Juh disse, e nos beijamos.
- Eles estão ocupados... Que tal eu saborear um pouquinho da minha sobremesa antes do jantar? – Falei, descendo a mão por sua barriga até chegar em sua pepeca.
— Só se eu também puder experimentar... — Juh respondeu, repetindo o gesto em mim.
Com um sorriso safado, fui nos aproximando, invadi sua boca com minha língua, iniciando um beijo intenso. Foi quente, nossas respirações desesperadas se misturavam e enquanto uma das minhas mãos procurava abrigo em sua nuca a outra a penetrava firmemente. Sentia o calor do seu corpo se fundindo ao meu, o meu coração estava acelerado e meu corpo completamente arrepiado sentindo os toques de seus dedos dentro de mim e sua mão apalpando o meu seio.
— Continua, amor... — Pedi, direcionando minha boca para o seu pescoço, que ela fez questão de deixar livre para mim.
E ali, pertinho do ouvido dela, pequenos gemidos escapavam entre suspiros e mordidas. O ritmo foi aumentando naturalmente e eu comecei a sentir os sintomas do prazer pedindo passagem para o meu ápice.
— Isso… Por favor… Não para… — implorei, quase sem voz, percebendo o meu quadril indo involuntariamente, cada vez mais ao seu encontro.
A gatinha me olhou nos olhos, mantendo o toque firme e ritmado, e foi ali, envolvida no calor da água e no calor dela, que eu gozei. Tremendo nos braços da mulher que eu amo.
Nossos lábios se encontraram lentamente, nossas línguas se procuravam com desejo. Minhas mãos começaram a deslizar pelas costas dela, sentindo cada centímetro de sua pele, cada arrepio, e Juh me puxava ainda mais para si.
Aos poucos, fui descendo os beijos pelo seu maxilar, seu pescoço, passei pela clavícula, mordiscando de leve, e senti suas mãos se apoiarem no meu ombro. Continuei minha trilha pelo seu corpo, descendo sem pressa. Beijei seus seios, brinquei com a ponta da língua em um mamilo enrijecido, depois no outro, enquanto ela soltava suspiros pesados e pressionava minhas costas para que eu descesse mais um pouco.
Segurei firmemente em suas coxas e puxei sua perna direita, apoiando sobre meu ombro. Comecei com um beijo suave na parte interna de sua coxa, um carinho quente e úmido, e senti seu corpo estremecer, subi lentamente com a língua, até encontrar o seu clitóris e eu comecei a movimentar em círculos rápidos. Júlia gemeu contra a sua própria mão, tentando abafar o som, tentando manter algum controle... Mas controle era justamente o que eu queria que ela perdesse.
Juh afundava cada vez mais meu rosto entre suas pernas, sua respiração ficou errática, os gemidos mais frequentes, e quando senti sua mão se apertando desesperada na minha nuca, soube que ela estava quase lá. Aumentei o ritmo, chupando com mais força e a penetrei, tocando onde ela mais queria, e a gatinha explodiu. Com um gemido rouco e baixinho, ela gozou na minha boca e eu fiz questão de sentir cada gotinha do prazer dela.
Fiquei ali mais um instante, dando beijos suaves em sua pepeca sensível, enquanto a gente tentava se recuperar.
Depois de alguns minutos ainda grudadas sob a água quente, resolvemos sair do banho.
O vapor tomou conta do espelho e ela desenhou vários corações nele.
— Se depender de mim, a gente nem se veste mais — brinquei, piscando pra ela.
— Ei! Nós temos um jantar fofinho ainda! — Júlia me lembrou, rindo, e eu roubei um beijinho.
Fui até a penteadeira secar o meu cabelo, e ela me acompanhou, sentando-se na bancada com uma escova na mão.
Enquanto o secador fazia seu trabalho, Juh ficava só me observando, e de vez em quando eu não resistia e ia ao encontro de seus irresistíveis lábios.
— Pronto, amor — falei, desligando o secador e entregando para ela.
— Seca o meu? — pediu, me dando a escova e fazendo biquinho.
— Só porque você se comportou muito bem no banho… — sussurrei próximo ao seu ouvido, e a carreguei.
— E porque você me ama — Ela disse, rindo e logo após me deu um beijo.
Coloquei uma toalha sobre seus ombros e me posicionei atrás dela, enquanto começava a secar delicadamente seus cabelos.
Juh fechou os olhos e, a cada mecha que eu secava, deixava um beijo leve em sua nuca, na orelha, no ombro. Ela mantinha um sorrisinho bobo, e vez ou outra virava de frente para mim, para me dar diversos selinhos.
~ Atrapalhando meu trabalho de cabeleireira 😌🤣
Fomos até o quarto. Júlia passou na frente e, quando abriu a porta, ficou parada. Dei uma espiadinha e o quarto estava completamente transformado, com um odor familiar muito gostoso, ainda não identificado.
No teto, dezenas de balões vermelhos em formato de coração, presos com fitas penduradas. No centro da cama, as pétalas de rosas formavam a frase “Eu te amo”, rodeada por duas caixas de bombons, uma de cada lado. E em cima da colcha, dois buquês de flores estavam apoiados. Um eu tinha escolhido, o outro só podia ser da gatinha para mim.
Eles pegaram todos os ursinhos de pelúcia e espalharam pelo quarto: apoiados nas mesinhas de cabeceira, no encosto da poltrona, até em cima da minha mesa... Todo canto que eu olhava, havia um.
A luz principal estava apagada, mas o ambiente brilhava por conta das velas elétricas em tom quente, espalhadas por toda parte no chão, nas prateleiras, ao redor da janela.
Também tinha um projetor apontado para a parede e um vídeo pronto para ser reproduzido. E ali, no cantinho perto da varanda, uma mesa estava posta com todo capricho. As porções já divididas, uma toalha branca com detalhes dourados, talheres alinhados, taças bem posicionadas. No centro, um arranjo feito com flores dos dois buquês da cama e duas velas de verdade iluminavam a mesa.
~ Eu nem sei onde ficam essas toalhas de mesa, môpai 🤣
— Meu Deus… — Juh sussurrou, com a mão tapando a boca.
— Eu também tô em choque, vocês arrasaram! — falei, sorrindo para nossos filhos.
— Vocês gostaram?? — Milena perguntou, vestida com um avental de cozinha por cima da roupa, toda empolgada.
— Claro que sim, está incrível!!! — disse, apontando para tudo que eu conseguia.
— Eu amei... — falou a gatinha.
— Eu também achei muito bonito — Kaká disse, admirado.
— Eu quero muito namorar pra poder fazer essas coisas — Milena soltou. Acredito firmemente que foi sem querer, devido à sua expressão logo depois.
— É o quê? — perguntei.
— Não vai nada! — Kaká disse, num tom bravo.
— Nada, eu estava brincando — ela disse, sem graça.
— Calma, calma... No tempo certo... — Juh falou, rindo.
— Aiai, tô de olho... — tentei brincar, mas eu estava era assustada.
— Vamos, Kaká — Mih o chamou, pela mão.
— Tá tão lindinho, a gente pode vir depois? — ele perguntou.
— Não, porque elas vão namorar — Milena falou, rindo.
Nesse momento, Juh me encarou assustada, como se não acreditasse nas palavras que ouviu.
— Exatamente! — exclamei, rindo. — Mas amanhã vocês podem vir — respondi, e ele comemorou.
— Antes de irem... muito obrigada, meus amores, ficou perfeito! — Júlia agradeceu.
— E qual o cronograma de vocês mesmo? — perguntei, só pra confirmar.
— Jantar, brincar e usar o celular um pouquinho mais — Kaká respondeu.
— Só um pouquinho mais, não é? — Juh reforçou, e eles confirmaram.
Quando iam fechando a porta, resolvi tirar uma dúvida.
— Por um acaso esse cheirinho do ambiente é um perfume meu? — questionei, inspirando profundamente para ter certeza.
— Tchaaaaaaau — eles se despediram, rindo.
— Ainda bem que foi o seu e não o meu — a gatinha disse.
O aroma da comida, somado ao orgulho que sentíamos de Milena e Kaique, nos fez iniciar o jantar.
— Eu tô apaixonada por esses dois — murmurei, ainda apreciando.
— Apaixonada é pouco... Eles são tão dedicados, tão carinhosos... — Juh completou.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, só nos observando. Ela então largou o garfo e veio sentar no meu colo. Eu a agarrei em agradecimento — amo quando Juh faz isso.
— Sabia que às vezes eu nem acredito? A vida que a gente tem… o nosso amor... Mesmo quando tudo tá um caos, parece que esse nosso amor sempre dá um jeito de deixar tudo leve... — Júlia sussurrou, com os braços ao redor do meu pescoço.
— E vai ser sempre assim, meu amô — falei, beijando a pontinha do nariz dela.
— Eu sou muito grata por tudo. Por você, por nossos filhos, por nós... — Juh disse, encostando a testa na minha.
Nos beijamos suavemente, com muito carinho.
Depois de um tempo, voltamos a comer e conversamos mais sobre Mih dizendo que queria namorar e Kaká com ciúmes.
Quando terminamos a sobremesa, olhamos para a cama com dó de desarrumar tudo.
— Ai, tá tão linda… — Júlia disse, em sofrimento.
— Mas eu quero deitar com você aqui, e isso é mais importante — falei, puxando-a pela mão.
Deitamos no meio das pétalas e dos ursinhos e, segundos depois, a luz da parede foi tomada por imagens. Juh apertou o play e a projeção começou.
— Você quem fez? — perguntei.
— Sim, tentei fazer na ordem, mas me atrapalhei... Não repara nessa parte — ela respondeu.
As primeiras imagens eram minhas, grávida.
— Como encontrou??? — questionei.
— Sogrinha — Juh respondeu, rindo.
— Olha a Mih pequenininha! — exclamei.
— Vocês dormindo — ela comentou, baixinho, quando apareceu uma gravação onde eu, Kaique e Milena estávamos jogados no sofá.
— A gente na ilha — falei, sorrindo ao ver a gente com cara de praia, eu bem bronzeada e Juh completamente vermelha.
— Quando você me pediu em casamento… — a voz dela saiu num sussurro, com os olhos grudados na cena.
— Inclusive, hoje faz... — falei, tentando puxar na memória.
— Três anos! — Juh completou.
— O pedido mais certeiro da minha vida — sussurrei pertinho de sua boca, e ela me deu um selinho.
— Cheia de lábia... — Júlia brincou, e nós rimos.
— Foto pós-sexo, certeza — eu disse, rindo, quando apareceu uma selfie nossa com o cabelo bagunçado, as bochechas vermelhas e o olhar perdido.
— Quando Kaká chegou… — murmurei, com a voz apertada de emoção. A imagem era nós quatro no sofá, meu fiu com o cabelo bem baixinho.
— Essa eu nunca tinha visto, achei perdida — ela apontou para uma foto nossa, sorrindo no quintal de casa, molhadas de mangueira, e Milena nos meus ombros.
— Eles cresceram muito… — falei, vendo uma sequência com os dois.
— Bradddd! — a gatinha apontou, vendo nosso cachorro aparecer correndo com uma meia na boca.
E então, a imagem mudou para um vídeo em câmera lenta. Era Júlia grávida, sorrindo, com as mãos na barriga, em frente ao espelho.
Ela suspirou fundo e as lágrimas vieram.
— Eu grávida… — ela disse, com a voz trêmula.
Eu me aproximei, a envolvi num abraço e beijei seu rosto com delicadeza.
— Parece que vivi mil vidas com você, amor — Juh falou, contendo o choro.
— E ainda vamos viver tantas outras — sussurrei, acariciando suas costas devagar.
Ficamos ali, abraçadas, assistindo nossa história se desenrolar na parede.
— Foi lindo... Obrigada, gatinha... — agradeci e a abracei ainda mais forte, tomando todo seu pescoço em beijos.
— Fecha os olhos — ela pediu, e eu atendi.
— O que vai aprontar? — perguntei, rindo.
— Pode abrir! — Júlia exclamou, sentando à minha frente.
E na cama agora havia dois quadros: um menor, com foto nossa, e o maior era um mapa das estrelas do dia em que nos conhecemos.
— Aaaaaaaaaah, que coisa mais linda! — falei, erguendo o maior para olhar com mais atenção.
— Tem esse aqui também — Juh falou e colocou um tecido em minhas mãos.
Assim que percebi o que era, comecei a rir.
— Uma calcinha com fotos suas? — perguntei, e ela caiu na gargalhada.
— Esse foi só uma brincadeira — Juh falou e me beijou.
— Vou experimentar agora — disse-lhe, e assim fiz. — E aí, curtiu? — perguntei.
— Caiu bem, viu?! — ela disse, com um sorrisinho.
— Também tenho algo para você... — falei, indo até a mesa de cabeceira.
— O que, amor? — Juh perguntou.
— Olha... eu não sou tão criativa para presentes, e vamos combinar que esse seu cantorzinho só tem música pra baixo... Mas eu acho que você vai gostar — falei, abrindo uma caixinha e tirando um anel.
Jão tem uma música assim: “...pra toda letra do Cazuza que eu decorei, porque cê disse que gostava”. Então, eu pedi pra trocarem Cazuza por Jão e gravarem.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, EU NÃO ACREDITO!!!!!! — ela vibrou, ficando de pé na cama.
E de repente pulou em cima de mim, beijando todo o meu rosto.
— QUE LINDOOOOOOOO, EU AMEI! — Juh exclamou.
— Que bom, gatinha... — falei, me divertindo com a animação dela.
A deitei de volta na cama, mas suas pernas seguiam presas na minha cintura. Júlia me abraçou forte e ficamos naquele carinho por algum tempo.
Depois coloquei os buquês na mesa e deitamos... Acabamos dormindo naquele climinha apaixonante, com o romance pintado da nossa maneira.
~ A roupa de cama ganhou tons de vermelho 🌹🤣