14 de Fevereiro (Sexta-Feira)
Pensei numa semana de cão, puta que pariu, trabalhei feito um corno só pro meu pai parar de encher a porra do saco, abri o restaurante todos os dias dessa semana. O almoço é nosso horário de maior fluxo, tudo tem que sair perfeito e tem trezentas coisas acontecendo ao mesmo tempo — enfim uma loucura que acaba com qualquer um que não tenha o costume.
Mesmo meu pai querendo me “dar um lição” me fazendo trabalhar bastante essa semana não desanimei, o Rick vai chegar hoje e pra mim isso já basta para melhorar meu humor. Rick e eu somos melhores amigos desde que nos conhecemos, não sei explicar só que ele e eu temos muito em comum e também foi o Rick quem ficou do meu lado no momento mais confuso da minha relação com Dan. Meu namorado não aprova essa amizade, ele tem ciúmes do Rick e tipo no início ele até tentou ficar numa boa, os dois já tiveram meio que um passado, não perguntei muito sobre o que eles conversaram na última vez em que se viram, só sei que o Dan e ele não são mais amigos, eles até interagem quando estamos todos juntos, mas a amizade nunca mais foi a mesma.
Desde que o Dan foi fazer o mestrado fora tenho me sentindo muito sozinho, Rick em outro estado, meu namorado em outro país, Raylan e Guigo já eram fechados dentro do mundo deles, depois do falecimento do pai do Guigo ficou ainda mais complicado conseguir combinar qualquer coisa com eles — esse aniversário já vai ser um milagre — sinto falta da turma, até pensei em me mudar para Natal e ficar mais perto do Rick, só que pensei melhor e o Dan podia se chatear com isso, afinal se for para mudar por alguém tinha que ser por ele, que é meu namorado. Sendo justo, já cogitei mil vezes a ideia de ir para Itália, mas não tenho o que fazer lá, sendo honesto acredito que mais atrapalha o Dan do que qualquer outra coisa. Não sou tão independente como ele é meio que isso me breca também na ideia de ir para Natal, tipo não vou morar com o Rick e o Chico. Não sei se consigo viver sem a comida da Claudia e sem a maquina lava e seca da minha mãe.
Sei que parece que sou mimado — e o Dan faz questão de dizer que sim — mas é que minha vida é confortável aqui, gosto de ter minha liberdade de poder fazer o que eu quiser, meus pais falam muita coisa, mas no fim não faz diferença para eles se estudo ou não, se trabalho ou qualquer merda dessa, eles não ligam, meu pai pode até falar que um dia a mesada do vovô vai acabar, mais sou herdeiro por parte do vô e por parte dos meus pais, minha mãe tem uma salão de estética bem sucedido, meu pai tem um restaurante a mais de vinte anos com uma clientela fiel, meu avô tem uma construtora nos Estados Unidos, quer dizer não vou ser milionário, porém será necessário um grande esforço para torrar todo meu dinheiro sem fazer nada de produtivo com ele, ainda mais tendo um contador perfeito e particular — o Dan é um génio dos números.
— Cicinho não beba no sábado, vou precisar de você para abrir o almoço no domingo — ele só pode está me testando, meu pai tem dessas.
— Amanhã é aniversário do meu amigo pai, o senhor espera que eu fique sóbrio sério?
— Eu vou sair com sua mãe, não estou pedindo Cicinho, estou lhe avisando.
— Pai não dá, até eu preciso ter uma folga, trabalhei a semana toda aqui e até cheguei no horário.
— Você quer um prêmio por fazer o mínimo que é cuidar do seu sustento, Cícero? — Odeio quando ele começa com os sermões, já estou arrependido de ter começado — eu trabalhei mais de vnte anos de segunda a segunda filho, para que você hoje possa ter essa marra de garoto mimado que sempre teve tudo e não sabe dar valor ao suor da gente.
— Eu venho tá legal!
— Você precisa criar responsabilidade Cicinho, pegar o exemplo do Dan.
— O que o Dan tem haver com a conversa pai? — Estou cansado dele me comparando ao meu namorado, parece até que ele ama mais o Dan do que eu que sou filho dele.
Porra também sinto falta do meu namorado, não dormir com ele foi uma tortura nas primeiras semanas e até hoje me pego acordando de madrugada procurando por ele. Tenho muito orgulho do mestrado que ele conseguiu, sou seu maior apoiador e vou fazer tudo que estiver em meu alcance para garantir que ele tenha tudo do bom e do melhor para focar em sua paixão que é estudar e lecionar, mas tenho interesses diferentes do meu namorado e não acho justo que nós compare. Se meu velho quer se mostrar orgulhoso pelo seu genro, ele pode ficar à vontade.
— Ele é um menino bom, você tem que se espelhar nele.
— Certo pai, já conferi o caixa e tá tudo certo, estou indo nessa tchau! — Melhor ignorar porque não quero me estressar mais.
— Amanhã você pode descansar e ir para festa do seu amigo, mas no domingo você vai ter que está aqui, porque eu não venho, tá ouvindo?
— Estou pai, pode deixar que vou está aqui na hora nem que seja as quedas de bêbado.
Ele fecha a cara e não rir nem um pouco da minha piada — pois é uma piada, pelo menos espero não ficar muito louco de cachaça. — Meu pai assumiu seu posto no restaurante e eu sigo de volta para minha casa, preciso tomar um banho e trocar de roupa para ir buscar o Rick na rodoviária. Hoje tem nosso racha semanal, acredito que o Ricardo vai está cansado para jogar, mesmo assim ele já falou que quer ver a galera então vou buscá-lo e depois vamos para o society, sendo assim para não perder tempo já vou vestido para jogar, estou com uma camisa toda branca com o brasão do Vozão e um calção branco também.
Sou um cara forte e até bonito, estou acostumado a ter gente me secando nos lugares que vou, uma coisa que sempre gostei no Dan é que ele nunca se importou com isso, ele quase não tem neura com isso, tirando minha amizade com Ricardo. Vestindo minha roupa de jogar bola então faço ainda mais sucesso, arrancando olhares de mulheres e até alguns caras enquanto espero meu amigo.
Ricardo finalmente aparece em meu campo de visão, ele está bonitão, usando uma calça jeans e uma camisa polo preta, com a mochila nas costas e uma cara de cansado — ele tem trabalhado e estudado bastante ultimamente — vou até ele e o abraço com toda a força, que saudades que eu tava desse moleque, cheguei a erguê-lo do chão e ainda dou um cheiro no cangote dele — o caba é cheiroso — ele me abraça com força também retribuindo meu carinho.
— Seu Ricardo como foi a viagem?
— Foi tudo bem Seu Cícero, só cansativa mesmo — temos uma piada interna nossa de nos tratarmos como se fossemos dois idosos.
— Eita nem vai querer ir pro jogo então? — Digo já tentando pensar em outra coisa para gente fazer.
— Tá com medo de levar uma taca minha de novo é Ciço? — Ele diz rindo.
— Até parece.
— Pois vamos logo que eu ainda vou ter que me trocar quando chegarmos lá — adoro isso, Rick é tão apaixonado por futebol quanto eu, jogamos juntos toda semana antes dele se mudar, até onde sei ele ainda joga por lá, mas bem menos agora, deve está se “coçando” para entrar no campo.
Nem parece que ele se foi, a galera toda recebe ele com toda a animação que ele merece e te contar que moleque especial, ele joga como se fosse a coisa mais fácil do mundo, até parece que a bola faz exatamente o que ele quer. Sou um bom jogador, mas o meu amigo é ótimo, o moleque dribla e brinca com a galera na maior facilidade, só eu é que coloco um pouco de pressão nele, mas até para mim é complicado acompanhar seu ritmo.
— Tem certeza que você não está jogando lá? — Um dos moleques o questiona.
— Vocês são ruins, eu tô parado a mais de mês e ainda vim de ônibus para cá — se tem uma coisa que ele não é, é modesto.
— Esse moleque não perde essa mania feia de se achar — mesmo irritado por perder, estou gostando de poder jogar com ele de novo.
O jogo termina e os caras querem sair para beber, mas o cansaço finalmente alcançou meu amigo então decidi voltar para casa com ele e pedir algo para comermos, afinal faz parte de ser adulto saber tratar bem as visitas. É bom ver o Ricardo com a galera, sei que ele anda sozinho lá em Natal, tirando o Chico ele não tem muitos amigos por lá, entretanto tenho que dizer que estava louco para ficarmos sozinhos e colocar os papos em dias.
Ele me contou sobre como está sendo seu último período na faculdade, sobre o quanto o bar está prosperando e também fala sobre o Chico, pelo tempo em que conheço ele nunca o vi tão apaixonado, me faz pensar no Dan, queria que ele estivesse aqui, mas não posso pedir que ele desista do mestrado por mim — mesmo que às vezes seja o que mais quero fazer — no fundo tenho medo que esse mestrado vire um doutorado e daí ele passa mais quatro anos fora, de repente ele é chamado para lecionar fora do país em uma boa instituição e eu como vou conseguir competir com isso? Uma das poucas certezas que eu tenho na minha vida é que não quero de forma alguma morar fora do pais e nem longe dos meus pais.
Meu avô até hoje tenta me convencer a me mudar para lá, mas não consigo, gosto da minha cidade e até da vida que tenho aqui, meu lugar não é em outro país, tenho certeza de que serei infeliz longe de casa, então só me resta ter esperanças de que o Dan volte para casa. Claro que se ele precisar mudar para outro estado vou acabar indo junto, porém espero que não precise chegar a esse ponto, ele pode ter uma boa vida aqui, com a inteligência dele consegue passar fácil em um concurso para professor universitário na federal, ainda mais com o currículo que ele vem construindo.
— No que você está pensando seu Cicero?
— No Dan, sinto falta dele — digo pensativo.
— Você deveria ter ido com ele.
— Eu sei que deveria, mas não ia ser bom para gente, não quero atrapalhar ele — não deixa de ser uma verdade, lá só iria atrasá-lo.
— Ele iria gostar de lhe ver.
— Estamos com planos de eu ir no meio do ano, ou então dele vir — ainda estamos vendo nossas opções.
— Cicero posso ser franco com você?
— Claro que pode Ricardo — não tem como eu ficar com raiva dele.
— Estou preocupado com você Ciço — sabia que ele entraria nesse assunto mais cedo ou mais tarde — você andou usando drogas, tem bebido muito e não está fazendo nada para o seu futuro.
— Foi só um baseado e já tem tempo que não fumo, não gosto de como ele me deixa quando bate — só fumei umas três vezes, mas não é para mim e só o Ricardo sabe, nem pro Dan eu contei — e vou começar a faculdade, não vou desistir eu prometo.
Me sento no sofá ao lado dele e deito minha cabeça em seu ombro, Ricardo é uma das únicas pessoas no mundo com quem me sinto à vontade, sempre fui cercado de amigos e gente querendo minha atenção — menos é claro quem eu queria que me desse — lutei pela aprovação dos meus pais por tanto tempo e até para conquistar o Dan foi um corre, mas com o Ricardo não, com ele não precisei me esforçar nem um pouco, foi fácil e natural.
— Eu te amo Cicero e me desculpa por te encher com isso, só que estou preocupado.
— Acho que estou meio perdido Ricardo, sinto tanta falta do Dan, ele sempre sabe o que dizer ou fazer e com ele me sinto uma pessoa melhor, quando ele estava aqui até minha relação com meus pais era melhor, mas parece que ele longe minha vida fica meio sem norte de novo.
— Eu sei que você gosta de viver o momento, mas precisa tomar mais cuidado, mesmo longe tenho certeza que o Dan não pensa em mais nada além de você — Ricardo tem razão, evito contar muitas coisas para o meu namorado para não preocupá-lo.
— Obrigado Ricardo — ele apoia a cabeça na minha e ficamos por uns instantes.
— Só me promete que vai se cuidar e que vai realmente dar uma chance para esse curso.
— Prometo — quero fazer isso, sinto que preciso de um rumo para minha vida, odeio quando meus pais falam isso, mas sei que estão certos.
— Ótimo, assim posso ficar mais tranquilo — Ricardo diz agora dando atenção ao celular para ver o que vamos comer.
— Você falou para o Mauro que estava vindo? — Mauro é seu ex e eu sei que até hoje ainda o procura, deve ter se arrependido de ter deixado o Ricardo ir embora e não ter feito nada.
— Não, achei melhor não contar, não quero dar falsar esperanças para ele.
— Ele ainda está com a mulher dele? — Eu gosto do Chico, odiaria que o Ricardo tivesse uma recaída.
— Está, o Mauro se acostumou com a vida que tem e não quer mudar, nem por mim e nem por ninguém, no fundo foi melhor assim, eu conheci o Chico e estou feliz com minha vida da forma que está, sem segredos, sem medo, sem me sentir o errado só por amar um homem.
— Isso é muito louco, tipo para mim nunca vi problema em demonstrar o amor que sinto pelo Dan, mas ele durante muito tempo quis ser discreto, achei que ele fosse quebrar quando fomos expostos pela Izabel, mas no fim ele lidou muito bem com a situação.
— Você conhece o Dan ele é naturalmente discreto e tímido — Ricardo tem toda razão, Dan é muito acanhado, embora tenha se soltado mais hoje em dia.
A gente jantou pizza mesmo e até escolhemos um filme para assistir, só que o Rick apagou no início, deve está mesmo cansado. Liguei o ar do quarto e desliguei a tv, já nem me lembro a última vez em que dormi e o dia ainda não tinha amanhecido. Sigo o exemplo do Rick e deito para dormir também, entre a gente não rola nada, mesmo que a tenhamos muito afeto e toque na nossa relação, me acostumei a dormir com alguém do lado e durmo muito melhor assim, isso me lembrou do Dan a ao ponto de sonhar com ele.
No sonho estamos de volta a nossa rede lá na casa dos avós da Ana, todos estão na festa e Dan está me abraçando com força. Viro meu rosto em busca do seu, nossas bocas se encontram e sinto um calor percorreu meu corpo inteiro. Dan tem o dom de me acender por inteiro, com ele quero fazer tudo, cada loucura, sua boca é carnuda e macia, ela me faz viajar em seus beijos, mais ainda quando está com meu pai dentro dela. Meu namorado me chupa com tanta devoção.
Ainda no sonho sua mão grande — e também macia — me masturba com firmeza e lacivia. Nossas bocas não se desgrudam, quando mais chupo sua língua e seus lábios grandes e carnudos mais meu pau pulsa em sua mão, estou tão duro que chega a machucar, sinto que vou explodir a qualquer momento. Com os olhos fechados me permito desfrutar da melhor mão amiga que poderia querer, Dan é tão safado quando estamos juntos, ele me chupa e me acolhe de uma maneira tão apaixonada, quase como uma devoção, meu pau é um tesouro que ele tem prazer em “guardar.”
Resultado de um sonho quente é sempre o mesmo — pau durão — o quarto está frio e escuro, levanto com cuidado para não acordar o Rick e vou até a cozinha tomar uma água e verificar o celular, por sorte acordei a tempo de falar com o Dan, ele tem muitas aulas e afazeres durante o dia, por isso aproveito nossas chamadas de bom dia — para ele é claro, pois aqui ainda é madrugada — para ver seu rosto e ouvir sua voz que tanto amo.
— Você não vai adivinhar com quem acabei de ter um sonho — deixo o celular de forma que ele consiga avistar minha ereção prendendo minha samba canção.
— Que delícia, isso é maldade amor, vou já já trabalhar — seu sorriso é maior do que qualquer coisa.
— Você quer que eu te conte como foi o sonho? — Minha voz é tomada por malícia e luxúria
— A gente estava vestido? — Ele pergunta me dando carta branca para continuar a narrar meu sonho erotico com ele.
— Bem, você estava, mas eu não.
— E o que eu estava fazendo? — Dan parece cuioso.
— Você começou me beijando, mas depois foi descendo e me chupou tão gostoso que quase gozei fora do sonho também — seus olhos estão ardendo em brasa e consigo ver seus mamilos marcando na camisa branca.
— E você meteu em mim?
— Pra caralho, você gemia meu nome bem baixinho, nosso amor queria tanto que isso realmente tivesse acontecido — que saudades que tenho dele e principalmente de seu corpo delicioso.
— E onde você gozou? — Ele continua com a brincadeira, meu pau está latejando de tão duro, coloco a mão livre dentro da cueca e aperto com força, o calor da minha mão quase me faz gozar. Fecho os olhos e penso no toque do Dan, tudo isso com ele me observando.
— De quem é aquela mochila no sofá? — Do nada sinto meu transe sendo quebrado por uma investida meio brusca do Dan.
— Ah, é do Ricardo, vamos pro aniversário do Raylan amanhã, lembra que te falei semana passada?
— Só que eu pensei que ele iria ficar na casa do Raylan — Dan está incomodado, mas mentir para ele seria muito pior.
— Amor, não tem problema, somos só amigos e ele não tem condições de ficar em um hotel.
— Desculpa por não querer meu namorado acordando de pau duro para outra pessoa!
— Dan meu pau está duro para você e por você, só de sonhar trnasando com você sinto que posso gozar sem esforço, Ricardo e eu somos amigos e nada além disso amor.
— Amigos, então vai dizer que estou ficando louco agora, que sou irracional mesmo depois de tudo?
— Não foi o que eu quiser dizer, só estou falando que não precisa se preocupar, você não confia em mim? — Ele mostra um pouco mais de calma agora.
— Confio.
— Dan você é meu mundo, sem você até a cor das coisas perde a graça meu amor, só você é dono do meu coração, Ricardo é um irmão para mim.
— Você está certo, é só que — ele se interrompe depois de pensar melhor.
—Eu te amo Daniel.
— Também te amo Ciço, olha eu confio em você cegamente, mas não me peça para gostar desse Rick, porque, eu não vou, ele não é mais o mesmo, nem o conheço mais nas fotos — Dan e Ricardo já foram grandes amigos e até um pouco mais do que isso, o que eu sei é que Ricardo foi o primeiro amor do Dan.
— Eu já o conheci assim e ficamos amigos, eu sei que você tem seus motivos e respeito isso, mas preciso que confie em mim, que nem eu confio em você ai na Europa.
— Tá certo, não vamos brigar por isso, tenho que ir trabalhar, te amo muito, até mais tarde!
— Também te amo pra caralho, bom trabalho meu amor — encerramos a ligação e aproveito que ainda é madrugada e tiro mais umas horinhas de sono.