Laços Proibidos: As Relações Secretas na Empresa e na Família ( parte 19) continuação !

Um conto erótico de Carlos
Categoria: Heterossexual
Contém 5287 palavras
Data: 21/07/2025 18:56:02
Última revisão: 21/07/2025 20:01:07
Assuntos: Heterossexual

Eu estava na minha. Não estava bebendo, mas depois da transa com a Vanessa, resolvi tomar alguma coisa. De longe, via a Andressa e o Zeca ainda ao lado do carro, conversando empolgados — pareciam num mundo só deles.

Mayara estava me encarando desde a hora em que voltei. Depois de um tempo, veio e sentou do meu lado.

— Você e a Andressa se conheceram praticamente hoje e já estão assim, tão amiguinhos, hein? — disse com um sorriso enviesado. — Que tanto vocês conversaram lá na varanda?

— Nada demais.

— Sei... — respondeu com um olhar desconfiado. — Não é ciúmes nem nada, mas é que eu nunca vi ela de papo com rapazes. A Andressa é quieta, toda travadinha... E hoje, olha ali: se soltou toda do lado do Zeca.

Fiquei em silêncio.

— Você que armou aquilo, né? — insistiu. — Porque eu conheço ela. Desde a escola ela é gamada no Zeca, mas nunca teve coragem de dizer um “oi”. Aí hoje, do nada, do nada mesmo, ela toma coragem?

— Eu não fiz nada demais. Só dei um empurrãozinho — falei, com um sorriso leve.

Ela continuou me encarando por um momento, depois mudou o tom:

— Sumiu também, né? Onde é que você estava?

— Ué... só fui dar uma deitada, tava muito cheio aqui.

— Ah é? Eu fui lá no quarto buscar meu gloss e... não vi você lá.

— Deve ter sido antes de eu chegar — respondi rápido, tentando parecer natural.

Ela não disse nada por alguns segundos. Depois falou, como quem joga isca:

— Engraçado... reparei que a Vanessa também sumiu mais ou menos na mesma hora que você.

Balancei a cabeça, negando, com um meio sorriso, como se achasse graça da insinuação.

— Coincidência — murmurei, desviando os olhos para o fogo da fogueira.

Mas ela continuou, sem dar trégua.

— E sabe o que mais? Quando você foi buscar a gente na cidade, lembra que a Vanessa pediu pra parar na farmácia?

— Lembro — falei, ainda olhando pro fogo, mas com o maxilar travado.

— Pois é. Eu vi o que ela comprou. A sacola ficou meio aberta. Pílula do dia seguinte. Camisinhas.

Não respondi na hora. Tentei engolir seco sem parecer nervoso. Ela se aproximou só um pouco mais, o tom agora mais baixo:

— Quando entrei no carro, senti o cheiro. Aquele cheiro... inconfundível. Você acha mesmo que eu sou boba?

Virei pra ela, fingindo surpresa, mas sentia meu rosto esquentar.

— Você tá viajando…

Ela arqueou uma sobrancelha, com aquele ar de quem já sabe a resposta.

— Vocês chegaram suados, ofegantes... sendo que o carro tem ar-condicionado. Vai dizer que era só calor?

Suspirei, cansado daquilo, e encarei os olhos dela.

— Não foi nada disso, Mayara. Tá viajando.

Ela me olhou firme, vi que já sabia de tudo — e só queria ver se eu ia mentir.

— Olha, eu não tô cobrando nada, viu? — disse ela, com a voz mais leve, quase desinteressada. — Só achei curioso mesmo...

— Curioso o quê?

— Ah, sei lá — respondeu, dando de ombros. — É que, se eu fosse homem... e tivesse uma Vanessa dando mole, toda linda daquele jeito, num lugar isolado, com clima, silêncio, festa rolando ... eu, sinceramente, não perdia a chance, não.

— Mayara...

— Mas relaxa — interrompeu, me olhando com aquele sorrisinho de canto de boca. — Você disse que não rolou nada, né? Então tá. Vou acreditar em você.

Ela tomou um gole da cerveja sem pressa, os olhos ainda em mim. Depois, girou a latinha lentamente entre os dedos, com aquele ar de quem está só jogando, testando. O sorriso dela permanecia no canto da boca, mas agora mais afiado, como se soubesse exatamente o que estava fazendo — e estivesse se divertindo com a minha tentativa de escapar. A prima dela já tinha me avisado: Mayara gostava de brincar com as pessoas.

— Como você disse... eu devo estar viajando mesmo. Ela deve ter comprado aquelas coisas por causa do ex-marido.

— Como assim?

— Não, é que ela comentou à tarde comigo e com a Karina que o ex tá querendo voltar... e que amanhã ele vai vir trazer as filhas e passar o Natal aqui.

Fingi indiferença, mas a verdade é que a notícia bateu forte. Por dentro, algo travou. Um peso no estômago, daqueles que chegam sem aviso. O ex-marido dela. Aqui. No Natal. O nome dele ecoava na minha cabeça como uma ameaça. Talvez fosse ciúme. Ou só medo de perder o que, no fundo, eu nunca tive direito.

— Olha... — falei, sem conseguir mais disfarçar o incômodo. — Eu não sei o que você quer com isso.

Ela sorriu, ainda girando a latinha entre os dedos, sem pressa.

— Nada. Só conversando.

— Não parece. Parece provocação.

— Só tô comentando... — disse, dando um gole. — Mas se incomodou tanto assim, talvez tenha motivo, né?

Suspirei pesado, olhando direto pra ela dessa vez. Sem máscara.

— Mayara... você sabe muito bem o que a gente tem. Ou melhor, o que a gente não tem.

Ela parou, o sorriso começando a vacilar.

— Eu não te devo explicação de nada. E você também não me deve. Certo?

Ela assentiu, devagar, meio sem graça.

— Então não força. — continuei, mais calmo, mas firme. — Não tenta entender onde não precisa. Porque eu não tô no teu caminho, e você não tá no meu.

Mayara ficou olhando a fogueira. Pela primeira vez, sem resposta pronta.

— E outra... — completei. — Se você gosta de brincar, procura outra pessoa. Porque comigo, Mayara... não vai conseguir me fazer de brinquedo.

Ela mordeu o lábio, pensativa, e demorou a falar.

— Eu só achei que a gente se entendia melhor do que isso.

— A gente se entende. Justamente por isso que eu tô te deixando claro: entre a gente é só sexo. Só isso.

Ficamos em silêncio. Mas, dessa vez, o silêncio foi dela — pesado, constrangedor. Eu só observei.

Só ficou ali, girando a latinha sem graça, enquanto eu encarava o fogo.

Mas já era. Na minha cabeça, só passava o que ela tinha me falado. Ela queria me deixar mal — e tinha conseguido isso.

Fiquei ali, encarando o fogo, mas nem enxergava mais as chamas. O nome dele martelando. A imagem dele chegando amanhã, trazendo as filhas. Entrando naquela casa como se fosse o lugar dele. E talvez fosse. E eu... eu era o quê? Só um erro conveniente. Um consolo temporário entre a separação e o retorno dela pra ele. E o pior... é que pra mim, ela sempre foi o sonho. Mas eu? Eu nunca passei de um alívio momentâneo.

Engoli seco. Tentei me convencer de que não era nada. Que nunca foi. Que eu sabia qual era meu lugar nessa história. Mas não adiantava. Doía. Mais do que eu queria admitir.

A verdade é que a Mayara podia ter dito o que fosse. Mas ela só me lembrou do que eu já sabia. Que, no final, a Vanessa nunca foi minha. E nunca seria.

Mas eu não queria que ela percebesse o quanto aquilo tinha me desmontado, então só olhei pra ela e falei...

— Daqui 10 minutos, naquele barracão que ficamos de tarde, passa por dentro da casa, sai pela porta do fundo, mas entra dessa vez. Vou estar te esperando lá dentro.

Ela me olhou, sabia que era arriscado, pois tinha muita gente ali que conhecia o noivo dela, inclusive o Zeca, mas não resistiu. Acenou positivamente com a cabeça. Então passei por dentro da casa e fui na frente. Quando cheguei lá, fiquei esperando ela, que não demorou muito. Logo chegou, estava com tanto tesão e tanta ansiedade que, na verdade, não esperou nem cinco minutos.

Ela abriu a porta e me viu em um canto, com o celular na mão iluminando para ela, encostado no velho freezer onde eram guardadas as carnes. Quando ela chegou perto de mim, sem pensar duas vezes, num impulso, peguei-a pela cintura e coloquei em cima do freezer.

Começamos a nos beijar com urgência, até ela ficar sem fôlego. Foi aí que parei. Desci com a boca pelo pescoço dela, passando a língua sem delicadeza, só para sentir a pele quente e ouvir o som da respiração descompassada. Com uma mão, fui abrindo os botões da camisa sem pressa, mas também sem carinho — era só parte do jogo. A outra mão explorava aquele corpo como se me pertencesse, apertando sua cintura até alcançar a bunda.

Quando a blusa caiu, desabotoei o sutiã e me afundei nos seios dela, chupando mais forte do que o necessário, mordendo o suficiente para deixar marca. E era exatamente isso que eu queria.

— Não faz isso... vai me marcar, caralho! — reclamou, ofegante, com aquele misto de preocupação e tesão estampado no rosto.

Mas eu não estava nem aí. Se ela sabia brincar com sentimentos, eu também sabia brincar com limites. Ela tinha algo a perder. Eu, não.

Parei só um instante, olhei nos olhos dela e perguntei, seco:

— Quer que eu pare?

— Seu filho da puta... — Ela mordeu o lábio, hesitando por um segundo. — Não. Continua. Amanhã eu invento uma desculpa qualquer.

Sorri. Não pelo prazer. Pelo resultado.

Parei de chupar. Afastei a boca dos seios antes que a marca ficasse evidente. Não precisava ir além. Já tinha o que queria.

— Você só queria saber até onde eu estava disposta, né, seu safado... — ela disse, com um meio sorriso, enquanto enfiava a mão dentro da minha calça e apertava meu pau.

Eu tirei o short dela, depois a calcinha, deixando-a completamente nua ali, sentada no freezer gelado. O contraste com o calor do corpo dela era quase cruel. A pele arrepiada, sua buceta brilhando de tanto desejo, escorrendo sem vergonha, implorava pelo toque. Ela estava entregue, completamente.

Sem hesitar, ajoelhei entre suas coxas abertas e passei a língua devagar pela abertura quente, sentindo o gosto intenso dela me invadir. Um gemido grave escapou da garganta dela. O corpo se arqueou, as mãos afundaram no meu cabelo, forçando minha boca contra ela.

Lambi cada centímetro, circulando o clitóris inchado, descendo até a entrada, onde a língua mergulhava fundo, me embriagando com aquele gosto doce, misturado ao suor. Ela tremia inteira, gemendo sem disfarçar mais.

— Porra... assim... — sussurrou, quase sem ar, as coxas fechando em volta do meu rosto.

Eu sentia o gozo dela se acumulando, o corpo todo contraindo, implorando pra gozar. Mas não deixei. Subi sem pressa, a boca ainda molhada do prazer dela, passeando pelo seu corpo até chegar em seu pescoço. Encarei seus olhos vidrados.

Ela me puxou pela nuca com força, beijou-me desesperada, sentindo o próprio gosto nos meus lábios.

— Me fode. Agora. — A ordem veio baixa, rouca, quase como um aviso.

— Estou sem camisinha.

— Foda-se — respondeu, com uma urgência no olhar que só o tesão explica.

— Certeza?

— Sim. Agora.

Tirei minha calça sem pressa, e a cueca também, o pau já tão duro que latejava, a ponta brilhando com o líquido que escapava. Me posicionei, devagar, encostando só a cabeça entre os lábios molhados dela. Ela sentiu. E sabia. Sabia que eu estava fazendo aquilo de propósito, provocando, brincando com o desejo dela.

O corpo dela se enrijeceu. As mãos subiram, firmes, agarrando minha cintura. E antes que eu continuasse o jogo, ela me puxou com força, fazendo meu pau deslizar pra dentro, inteiro, de uma vez, até o fundo. Um gemido escapou da garganta dela, abafado, enquanto sentia tudo sendo preenchido.

Fiquei ali, enterrado, sentindo o aperto quente e úmido da carne dela me engolindo, pulsando ao meu redor. O corpo dela tremia leve, numa mistura de alívio e desespero, como se precisasse daquilo mais do que do próprio ar.

— Isso... — ela sussurrou, arfando.

Só então comecei a me mover.

Mas bem devagar eu tirava o meu pau de dentro dela, deslizando, enquanto roçava levemente no clitóris, só para sentir o arrepio que percorria seu corpo inteiro. Ela arfava alto, o quadril se movendo involuntariamente, tentando buscar mais contato, mais fricção. E eu, aproveitando o controle que tinha, ia brincando com aquele desejo quase desesperado.

Então, olhando o rosto dela, os olhos fechados, a boca entreaberta, dei um sorriso curto e safado. E decidi parar de torturá-la.

Comecei a bombar forte. Cada estocada era profunda, ritmada, arrancando dela gemidos mais altos, mais soltos. As mãos dela apertavam meus ombros com força, como se precisassem daquele apoio pra continuar erguida, como se o prazer fosse tanto que a qualquer momento ela desabaria.

— Vai... mais... não para... — ela implorava agora, a voz embargada, os olhos perdendo o foco, revirando.

Senti as paredes dela apertando meu pau a cada movimento, o corpo dela inteiro vibrando em ondas quentes. Acelerei. Minhas investidas se tornaram mais violentas, mais urgentes. O som do vai e vem abafado se misturava aos gemidos cada vez mais altos, mais descontrolados.

De repente, ela me travou. As pernas se apertaram na minha cintura, me prendendo ali, fundo dentro dela. Então eu senti. A buceta dela começou a pulsar, latejando em volta de mim. Ela gozou forte, cravando as unhas na minha pele e mordendo o meu ombro, como se tentasse conter um grito, mas o corpo dela entregava tudo.

Continuei, metendo com força, o som do meu corpo batendo no dela ecoando pelo barracão vazio. Ela percebeu que eu estava perto. E foi aí que veio o pedido.

— Goza... dentro... agora... eu quero sentir você... — implorou, a voz falhada, quase num choro, mordendo mais forte o meu ombro.

— Não. — respondi. Frio.

— Eu tomo remédio. Por favor... vai... só dessa vez... — insistiu, quase suplicando.

Mas eu já tinha decidido.

Parei. Saí de dentro dela devagar, sentindo o corpo dela tentar me reter, em vão.

Olhei pra ela. Frio. Sem pressa. Como quem olha algo que já perdeu a importância.

Ela, nua, ofegante, em cima do freezer, o corpo ainda tremendo, os espasmos do orgasmo atravessando ela inteira. Sem forças nem pra descer dali.

Sorri de canto. Não disse nada.

E simplesmente me afastei.

Deixei ela lá. Nua. Sozinha. Sentindo o prazer escorrer junto com a humilhação.

E saí.

Frio.

Do jeito que ela merecia.

Foi de propósito.

Eu quis usar ela.

Quis machucar... do mesmo jeito que ela tentou me machucar.

Quando me provocou falando da Vanessa... eu entendi o jogo. E aceitei.

Achei que, fodendo ela daquele jeito, eu apagaria a mágoa. Que o desprezo me traria algum alívio. Que, talvez, o gosto amargo dela brincando comigo sumisse.

Mas não sumiu.

Cada passo de volta... só deixava isso mais claro.

A verdade?

Mayara nunca foi o problema.

E mesmo sabendo disso... eu continuei.

Carregando o peso da mágoa. E o gosto amargo dela... ainda preso na minha garganta.

Voltei pra casa com a cabeça a mil. Resolvi não voltar pro luau. Tomei um banho — precisava tirar os vestígios do sexo e o cheiro de fumaça — e fui direto pro quarto. Vesti uma bermuda e me joguei no colchão. Fiquei no celular, navegando pelas redes sociais e trocando mensagem com a Rafa. Depois tentei dormir... mas não conseguia.

Até que a porta abriu. Era a Karina.

— Ei, tonto... tô te procurando faz tempo. Achei que você tava se pegando por aí com a Vanessa ou com a Mayara, mas depois vi elas lá.

— Já peguei — falei, com a cara vazia, quase sem expressão. Só queria encerrar o assunto.

— Qual?

Levantei a mão e mostrei dois dedos, sem dizer nada.

— As duas? Nossa! — Karina riu, surpresa. — Você é um safado mesmo! Se tava se divertindo tanto, por que veio pra cá?

— Sei lá… cansei.

— Bom, tem que cansar mesmo, hihihi… mas levanta daí, vai! Para de ser velho. Até meu pai e minha mãe tão lá ainda, e você aqui.

— Não... já são duas horas. Vou dormir.

— Tá bom, tonto. Você que sabe. Vou voltar lá.

Antes que ela saísse, falei.

— Ah! Não fala pra nenhuma das duas que eu tô aqui, viu?

— Tá bom, garanhão. Vou deixar você descansar.

Ela saiu, e eu continuei lá. Coloquei uma série no celular pra tentar distrair, mas... Vanessa não saía da minha cabeça.

Eram quase três da manhã quando a porta abriu de novo. Fingi que tava dormindo, mas logo percebi que era a Andressa, toda feliz, entrando. Abri os olhos.

— Ei...

— Ai, que susto, garoto! Achei que você tava dormindo.

— Não, eu só tava fingindo. Achei que era sua prima.

— O que houve? Por que você já entrou?

— Nada... só cansei.

— Ah, tá. Achei que tinha acontecido alguma coisa. A Mayara tava com uma cara... Quando fui falar com ela agora.

— Eu só mostrei pra ela que os joguinhos dela não vão funcionar comigo.

— Bom... eu te avisei.

— É... mas às vezes eu tenho esse problema de pagar pra ver.

Ela saiu, foi ao banheiro, trocou de roupa. Colocou um moletom largo e deitou na cama.

— E você? Já entrou por quê? — perguntei.

— Pra mim já deu. Fiquei até demais.

— E o Zeca?

— Ele já foi. Esse horário ele tira leite.

— E aí? Como foi?

— Nossa... a gente ficou conversando. Eu nem sabia que tínhamos tanta coisa em comum. Ele falou que sempre quis puxar papo comigo, mas como eu sou muito tímida, ele ficou com receio que eu desse um fora nele. Aí, antes de ir embora, a gente se beijou... um pouquinho — disse, olhando pra baixo, toda tímida.

— Aí sim, hein! Legal.

— E como você sabia que, se a gente fosse até o carro, ele ia lá? — perguntou ela, meio tímida.

Dei um sorriso de canto.

— Coisa de homem. Quem tem carro desses não resiste quando vê outro cara parado admirando. Achei que ele ia vir... e veio.

Ela riu baixinho, olhando pra baixo.

— E funcionou mesmo.

— Sempre funciona — respondi, dando de ombros, como quem revela um truque simples demais pra não usar.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, olhando as próprias mãos, sem saber muito bem o que dizer. E eu não forcei nada. Só fiquei ali, deitado no colchão, ouvindo o silêncio.

— Obrigada — ela disse de repente, baixinho, como quem precisava tirar aquilo do peito.

— Pelo quê?

— Por… me ajudar. — Ela olhou de lado, meio envergonhada. — Acho que eu nunca teria coragem de chegar nele sozinha.

Eu dei um sorriso discreto, olhando pro teto.

— Às vezes a gente só precisa de alguém pra dar o primeiro empurrão.

— E eu precisava mesmo — disse ela, ajeitando a cabeça no travesseiro, como quem tenta se esconder.

Por uns segundos, o silêncio voltou. Mas era um silêncio tranquilo, como se pela primeira vez a gente estivesse confortável ali, juntos.

— Sempre que eu via ele, parecia que o mundo sumia, sabe? Eu me fechava... acho que era medo. Medo de tentar e não ser o suficiente. Ou só porque sempre tinha alguém ao redor dele.

Ela deu um sorriso pequeno, mas com brilho nos olhos.

— Mas hoje... sei lá. Fiquei feliz. Foi mais do que eu esperava. Mesmo que não vire nada... já valeu.

Eu continuei quieto. Porque entendi. E, talvez, um pouco, desejei sentir o mesmo. Depois falei.

— Fico muito feliz por você — falei com um leve sorriso mas verdadeiro

Ela virou o rosto na minha direção. Com aquele olhar de ternura

— E você? Tá bem?

Demorei pra responder.

— Não sei.

Ela ficou olhando pra mim, como quem queria entender .

— Achei que sim. Mas agora… não sei — completei.

— Parece que você tá mais triste do que antes. O que houve?

— Deixa pra lá. Você tá feliz... não quero te incomodar com isso — falei, forçando um sorriso daqueles meio tortos, meio tristes. — Já te incomodei demais hoje com meus dramas. Primeira vez que a gente conversa de verdade e eu já despejo tudo em você assim...

Ela continuou me olhando. Aquele olhar terno, calmo.

— Você não me incomoda. Já te falei. Eu sinto que posso confiar em você. E você pode confiar em mim — disse, a voz tranquila. — É... é a primeira vez que a gente conversa, mas sei lá... senti uma conexão entre a gente.

Naquele instante, além da ternura, o olhar dela ficou mais firme. Sincero. Passava uma confiança que eu não sabia explicar. Uma segurança que eu nunca tinha sentido em ninguém.

— Mesmo que você seja meio doidinho... por ficar com minha prima — completou, rindo de um jeito leve, cúmplice. Não era deboche. Era carinho.

Ouvir aquilo... me fez sentir menos sozinho.

— Doido mesmo, viu… bem que você me avisou sobre ela. Gosta de brincar com as pessoas.

— O que aquela menina fez agora?

— Promete que não vai me julgar? Porque… entre o que eu já te contei e o que ainda falta… não duvido que você comece a pensar mal de mim.

— Claro que não vou. Pode confiar em mim… tô aqui pra isso.

Respirei fundo antes de continuar.

— Olha… quando te falei da minha chefe e da filha dela, né? De ter ficado com as duas ao mesmo tempo… aquilo parecia pesado, eu sei. Mas… sei lá. Por mais confuso que fosse, no fundo era só isso: confusão, desejo, aquele jogo de atração.

Parei um instante. Olhei pra ela. E continuei.

— Só que o que eu vou te contar agora… é diferente. Não é errado, eu sei. Não tem laço de sangue, não tem lei contra. Mas pra mim… pesa. Pesa porque… é família. Não no papel, mas no coração.

Ela me olhou sem dizer nada, só ouvindo. E eu continuei.

Ela ajeitou de novo o travesseiro. Se virando de um lado para poder me ver melhor.

— Eu fico com a Vanessa.

Falei quase sem voz. Senti o olhar da Andressa em mim, mas não consegui encará-la de imediato.

Dei um sorriso fraco.

— Ela foi meu primeiro amor. Daqueles que ficam, mesmo quando a gente tenta seguir em frente. E o pior… ela sabe. Sempre soube. Sabe o que significou — e o que ainda significa — pra mim. E mesmo assim… a gente continua.

Ela continuava em silêncio. Só ouvi o som da respiração dela, que pareceu ficar um pouco mais lenta. Não era julgamento — era atenção.

Suspirei, tentando encontrar coragem no ar que entrava.

— Mas, sabe… o que pesa de verdade… não é isso. Não é a gente. Não é o fato de estar com ela. O que pesa… é a minha tia. A irmã dela. Porque eu respeito demais aquela mulher. Demais. E a Vanessa também. Ela foi praticamente uma mãe pra Vanessa. E pra mim. Foi ela quem terminou de me criar. Quando eu vim pra cá, ainda com quinze anos… foi ela quem me acolheu. Quem segurou as pontas até eu conseguir andar sozinho.

Percebi Andressa desviando o olhar por um instante. Como se absorvesse aquilo, em silêncio. Mas ela não disse nada. Só continuou ali, presente.

Baixei o olhar.

— Toda vez que eu fico com a Vanessa… não parece errado entre nós dois. Mas parece que a gente tá traindo o carinho da minha tia. Sem querer. Sem intenção. Mas tá.

Senti o leve movimento... Talvez ela tenha mudado de posição. Talvez só estivesse desconfortável.

Olhei pra ela, com aquele peso preso no peito.

— É isso que pesa, Andressa. Não nós dois. Mas o respeito que a gente sente por ela.

Os olhos dela me encontraram, calmos. Não disseram nada. Mas, ali, o silêncio dela foi tudo o que eu precisava.

— A Mayara percebeu que eu e a Vanessa sumimos juntos... aí juntou os pontos. Veio me perguntar, e eu neguei. Mas não adiantou.

Fiquei calado um instante. Só de lembrar já doía.

— E aí? — ela perguntou, devagar.

— Não sei se foi pra me machucar... ou algum jogo dela, sei lá. Mas... me soltou, do nada, que o ex-marido da Vanessa vem amanhã.

Quando falei aquilo, senti o peso das palavras saindo da minha boca como chumbo. Eu mesmo não tinha processado ainda.

— Você... não sabia? — ela perguntou, surpresa.

Balancei a cabeça devagar.

— Não. E acho que isso foi o que mais me doeu. Ela contou pra todo mundo. Menos pra mim. — Suspirei, olhando pro nada. — Acho que ela pensou que... sei lá... que eu faria alguma coisa se soubesse.

Fiquei em silêncio, remoendo. Não era só raiva. Era aquele tipo de tristeza que esvazia por dentro.

Ela demorou uns segundos antes de responder. Mas quando falou, foi firme.

— Ela comentou, sim. Mas... a Mayara não tinha esse direito. — Fez uma pausa. — Nossa... ela é minha prima, mas não presta.

Não respondi. Só fiquei ali, sentindo tudo pesar dentro de mim.

— Ela sempre foi assim… não pode ver ninguém bem. Às vezes nem precisa estar feliz, só… vivendo a vida. Não sei se é inveja que ela sente das pessoas — disse Andressa, com um incômodo evidente no rosto. Pelas atitudes da prima.

— De boa… coloquei ela no lugar dela — falei.

— O que você fez? — ela perguntou, surpresa.

— Mostrei que entre a gente… era só isso. Só sexo. Mais nada.

Voltamos a ficar em silêncio. Por um instante, só o som das nossas respirações preenchia o quarto. Um som calmo... quase sincronizado. Até que notei que Andressa tinha adormecido. E eu não demorei a seguir o mesmo caminho.

No fundo, talvez fosse só isso que eu precisava: alguém que escutasse.

Não que a conversa tivesse apagado o que estava dentro de mim... Mas deixou mais leve. Como se falar em voz alta aliviasse o peso, mesmo que nada tivesse mudado.

Talvez, por algumas horas, isso fosse o suficiente.

Durante a noite, senti o colchão de solteiro afundar levemente. O calor de um corpo se encostou no meu, como quem procurava espaço no pouco que havia. Não sei se foi de propósito, mas ficou bem próxima.

Nem abri os olhos. Apenas me acostumei à presença. E continuei dormindo.

Acordei quando o barulho de um carro lá fora cortou o silêncio — vozes misturadas, risadas abafadas. Cochilei de novo. Às nove, o som insistente de batidas na porta me arrancou do sono.

Estava quase caindo para fora do colchão.

Virei devagar... e entendi tudo. Era a espaçosa da Karina, toda esticada ao meu lado, como se o colchão fosse dela.

— Você é folgada, hein, tonta — murmurei, ainda sonolento.

— Bom dia pra você também, priminho — respondeu, rindo.

Não respondi. Só acenei, meio preguiçoso ainda, tentando acordar de verdade. No canto do quarto, Andressa levantou a mão, fazendo um aceno discreto. Retribui do mesmo jeito, sem muita força.

Quando virei para o lado, encontrei Mayara sentada, me observando daquele jeito dela... o sorriso provocador de sempre, como se estivesse só esperando uma chance de provocar mais.

— Bom dia, gatinho... dormiu bem? — perguntou, voz arrastada.

— Uhum...

— Sonhou comigo? Ou foi com outra? — provocou, mordendo o canto do lábio.

— Nem sonhei.

— Jura? Nem depois do chazinho que eu te dei ontem? — provocou, rindo alto, claramente se divertindo às minhas custas. Karina acompanhou, rindo junto.

Dei um sorriso vazio, balançando a cabeça.

— Caramba, Mayara... já vai começar? — reclamou Andressa, cruzando os braços, séria.

Mayara se virou direto pra ela, aproveitando a deixa para provocar.

— Ah, Andressa... fica aí com essa carinha de santa, mas eu sei que ontem você não foi tão santinha, não.

Andressa revirou os olhos e balançou a cabeça negativamente, claramente não aprovando. E saiu.

Depois que Andressa saiu, Karina e Mayara ficaram no quarto, conversando baixo e rindo entre si. Eu nem prestava atenção no que diziam. Meu pensamento estava longe... preso em outro lugar.

Não demorou muito para que elas também fossem para o banheiro. Depois delas, fui eu.

Quando voltei para o quarto, já não estavam mais lá. Deixei minha toalha sobre a cama e fui em direção à cozinha. Mas o espaço estava vazio.

Caminhei até a varanda.

Assim que pisei lá fora, meus olhos foram direto para a mesa.

Vanessa.

Sentada, cercada pelas filhas... e pelo ex-marido.

Quando me viu, não conseguiu sustentar o olhar. Abaixou os olhos de imediato, como se aquilo dissesse tudo.

Aquela cena mexeu comigo mais do que eu estava pronto pra admitir. Sabia que ia doer... mas não tanto. Era um tipo de dor que não faz barulho — só pesa. Por dentro.

Em silêncio, me aproximei da mesa. Peguei o pão, passei manteiga devagar, só pra ter algo entre os dedos. Enchi a xícara de café e deixei o cheiro amargo ocupar o espaço que eu não conseguia preencher.

Então ouvi.

— Paulo... não sei se você lembra dele — disse Vanessa, olhando pro ex-marido, mas sem cruzar o olhar comigo.

— Lembro sim. O Carlinhos. E aí, cara? Lembro de você ainda pivete — falou ele, como se fosse qualquer coisa.

Fiquei parado.

Só ela me chamava assim.

Ouvir aquilo vindo dele... foi como se algo que era meu tivesse sido jogado no chão. Como se uma lembrança boa tivesse virado peso. E ali, na frente de todo mundo, não tinha muito o que fazer além de aceitar.

Acenei com a cabeça. Nem tentei olhar pra ele.

Engoli a dor em silêncio. Porque nem sempre dá pra reagir. E talvez, ali, o silêncio fosse tudo o que me restava.

Na hora, senti os olhares.

Karina me olhou daquele jeito de prima... meio curiosa, meio preocupada, como quem entende sem entender.

O olhar da Andressa foi diferente. Mais atento. Mais cuidadoso. Como se ela soubesse exatamente o que aquele momento estava pesando pra mim. E sabia.

— Ele continua tímido — disse minha tia, tentando justificar meu silêncio de um jeito que me soou mais como desculpa do que explicação.

— Eu lembro. Ele era bem quietão — respondeu ele, sem dar muita importância.

Havia espaço na mesa... mas fui pra cozinha. Sentei sozinho.

Não demorou muito pra Andressa vir atrás. De início, não disse nada. Só ficou ali, perto, me observando com aquele mesmo olhar atento de antes. Sem forçar conversa. Só respeitando meu silêncio.

Depois de um tempo, tocou meu braço devagar. A voz saiu baixa, quase cuidadosa.

— Você tá bem?

Eu não respondi. Só balancei a cabeça em negação, sem conseguir dizer nada. Não estava bem. E ela entendeu.

Ficamos ali. Os dois, em silêncio.

O café descia mais amargo do que realmente era. E o pão... tinha gosto de pedra.

Depois de um tempo, Vanessa entrou na cozinha. Foi até a geladeira, procurando alguma coisa. Tentou me olhar... mas dessa vez fui eu quem desviou. Não queria. Não conseguia.

Olhei para Andressa e fiz um sinal quase imperceptível. Ela entendeu sem precisar de mais nada. Levantamos juntos, colocamos as coisas na pia e saímos em silêncio.

Fomos até a área da piscina e sentamos numa das espreguiçadeiras. O sol batia leve, o calor do chão subindo devagar, mas mesmo assim eu sentia frio por dentro. Ficamos lá. Sem trocar uma palavra.

E ela respeitou isso. Andressa sabia. Sabia que era exatamente aquilo que eu precisava: só silêncio e presença.

O tempo passou sem pressa.

Até que Mayara apareceu.

— Nossa... vocês estão bem amiguinhos mesmo, hein — disse ela, o tom provocador cortando o silêncio como um incômodo.

Chegou mais perto, cruzando os braços.

— Agora vai ser assim? Vai ficar de casalzinho de luto na beira da piscina? — riu sozinha, olhando de um lado pro outro.

— Até parece que morreu alguém...

Andressa virou na hora, sem paciência.

— Mayara, sinceramente... agora não — cortou, seca.

Mas ela continuou, ignorando o clima.

— Ai, desculpa, né... achei que vocês estivessem só de drama matinal — ironizou, erguendo uma sobrancelha.

Andressa se ajeitou na cadeira, o olhar ainda mais sério.

— Some daqui, Mayara. De verdade.

Ela não foi. Mas, pelo menos, calou a boca.

Sentou ali do lado, como se nada tivesse acontecido. Pegou o celular e ficou mexendo, vendo vídeos qualquer coisa, o resto do mundo simplesmente não importava.

O silêncio, pelo menos, voltou.

Por um tempo.

Depois, ouvi o barulho de passos e vozes se aproximando. O pessoal vindo pra piscina. E, no meio deles... ela. E ele. Juntos.

Todo mundo ali... uns espalhados em volta, outros dentro da piscina, rindo, conversando, se divertindo como se nada mais existisse. Mas pra mim, cada fala, cada risada, batia no meu ouvido como um trovão. E eu só queria silêncio.

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