17 – Download Proibido
- Prefiro te mostrar primeiro. Depois você repassa pra ela — disse, com naturalidade, mas com um brilho malicioso no olhar. — O projeto está lá em casa. Não vai se arrepender se subir comigo… posso te mostrar agora, se quiser. Vou te mostrar tudo ... tudinho mesmo. Você vai gostar do que vai ver!
A forma como ela dizia, o tom, o olhar — tudo carregava algo por trás.
O elevador subiu em silêncio, e o som leve da ventilação era tudo que preenchia o espaço entre nós. Camila estava serena. Já de minha parte, o coração batia um pouco mais acelerado — e não era por causa da caminhada no bosque.
Assim que entramos no apartamento dela, notei o ambiente silencioso, organizado e com aquela luz baixa e amarelada que deixava tudo com um clima... íntimo. Camila trancou a porta com um clique calmo e comentou, sem nem se virar:
— Eduardo tá viajando. Só volta amanhã no fim da tarde.
Assenti em silêncio, disfarçando o incômodo que senti com a informação. Ela seguiu em direção ao corredor e falou por cima do ombro:
— Senta ali no sofá, vou pegar o projeto rapidinho.
Fiz o que ela disse. Sentei no sofá, e enquanto esperava, meus olhos vagavam pelo ambiente. Tudo ali refletia um bom gosto sutil — tons neutros, plantas bem cuidadas, quadros com um ar moderno.
Camila voltou com uma pasta em mãos, vestindo o mesmo top justo de antes, agora ainda mais evidente sob a luz interna. Sentou-se ao meu lado, perto. Perto demais. Abriu os papéis, espalhando algumas folhas com esboços e anotações.
— Aqui tá o plano da área comum, uma proposta de revitalização do paisagismo e uma nova estrutura para a academia. — Ela falava devagar, com um tom de voz macio, quase sussurrado. — Tudo pensado pra tornar o ambiente mais... convidativo.
Observei os documentos, mas mal conseguia prestar atenção nos desenhos. Ela se inclinava sobre mim a cada mudança de página, o decote do top surgindo no meu campo de visão quase como uma provocação calculada.
E então começaram as frases que me fizeram arquear uma sobrancelha internamente:
- Esse espaço aqui atrás é versátil, pode ser usado de várias formas... — ela disse, apontando para um dos desenhos — depende do que você prefere.
- É um espaço amplo?
- Bem amplo. Eu gosto de fazer tudo com cuidado, sabe? Entregar algo... que satisfaça de verdade.
Eu fingia que não percebia. Mas percebia. Cada palavra, cada gesto, cada aproximação.
- Eu gosto de propor soluções que envolvem contato próximo, sou a favor que os moradores se conectem mais.
Ela me tocou suavemente e prosseguiu:
- O segredo está em saber fazer um bom encaixe, para que tudo se complemente perfeitamente.
No final, ela começou a falar sobre uma estrutura nova que pretende implantar no condomínio, ela colocou a mão na minha perna e disse:
- Aqui, a gente precisa garantir que tudo fique bem firme
E então, sem mais rodeios, ela se virou de frente para mim, ficando próxima, as mãos apoiadas na minha perna, e o decote do top agora bem diante dos meus olhos. Seu rosto estava a poucos centímetros do meu.
— E aí, Anderson… está gostando do que vê?
Sabia que ela não estava falando só dos projetos.
— Gostei… — respondi, com a voz um pouco mais baixa do que o normal. — Tá tudo... muito bem apresentado.
Ela sorriu, como se esperasse exatamente essa resposta.
- Se quiser sugerir alguma coisa, é só falar — disse, com um brilho intenso no olhar. — Eu faço qualquer ajuste. Qualquer pedido seu... eu atendo.
Por um instante, fiquei sem reação.
- Acho que... não tem nada a ser melhorado — disse, tentando manter a voz firme.
Camila se aproximou um pouco mais, com um olhar de sedução.
— Que bom saber. Porque, Anderson… — disse, em tom suave — eu faço qualquer coisa pelo seu voto.
- Eu acho que você vai ganhar essa eleição.
- Eu também acho, (rindo baixinho, brincando com a ponta da pasta de papéis): — E eu sei exatamente quando e como agir para conquistar o que quero.
Ela tirou o top, revelando seus seios fartos, redondos, muito brancos. Os biquinhos delicados e duros.
- Sabe Anderson, eu vi você comendo a Simone na sacada! Que inveja que eu fiquei dela. Um homem viril como você, metendo gostoso!
- Inveja?
- Muita inveja, você comendo gostoso, ela gemendo de prazer. E eu aqui em cima só olhando.
- Você também é casada!
- Eu amo meu marido. Você pode não acreditar, mas eu amo. Só que ele não tem essa potência que você tem ... na verdade ele faz um tratamento para impotência ... e eu sinto falta de um pau gostoso dentro de mim.
Falou isso e me beijou na boca. Um beijo delicioso ... minha mão foi de forma automática, para sentir seu par de seios perfeitos.
Senti sua mão invadindo minha calça e agarrando meu pau. Começou a me masturbar, com o mesmo movimento de quem ordenha uma vaca.
Comecei a sentir seus beijos no meu pescoço, descendo pelo meu peito, abdômen, até que chegou aonde eu mais queria ... senti sua boca engolindo meu pau!
Coloquei uma das minhas mãos na sua cabeça, e com a outra comecei a retirar sua calça!
Seu corpo inteiro era perfeito, inclusive sua bela bundinha: branca e durinha.
Enquanto ela continuava a sugar minha vara, fui explorando seu corpo com minha mão. Meus dedos chegaram até a sua boceta.
Não estava molhadinha, do jeito que eu esperava. Tentei estimulá-la penetrando com os dedos, mas sem muito efeito.
Por outro lado, eu estava de pau duro, pronto para foder gostoso!
Ela percebeu isso, e se preparou para subir em mim, e encaixar sua boceta.
Com o último fiapo de lógica que me restava, ainda me lembrei da camisinha.
- Não precisa – disse ela sensualmente – tô louca de desejo, me fode agora.
Consegui resistir, e insisti:
- Sem camisinha não dá!
- Ta bém! Vou pegar lá no quarto!
Essa pausa para pegar a camisinha quebrou um pouco o clima, mas fui recompensado com uma bela visão. Camila indo até o quarto, rebolando aquela bunda deliciosa.
E depois ela voltando do quarto, carregando seus seios fartos e durinhos.
- Vou te mostrar o jeito mais gostoso de encapar uma piroca!
Ela colocou a camisinha na boca, se ajoelhou na minha frente, e usou a boca para colocar a camisinha no meu pau! E que habilidade!
Ela subiu no sofá, um pé de cada lado do meu corpo. A bocetinha rosa ficou na minha linha de visão.
Em pé no sofá, ela chupou os próprios dedos com vontade, cobrindo-os de saliva antes de levar a mão à xoxotinha.
Em seguida foi se agachando, até que sua vagina encontrou o meu pau! Ela encaixou direitinho e se sentou na minha vara.
Sua xavasca é uma delícia, sem dúvida. Mas esperava que estivesse mais úmida.
Ela ficou sentada na minha vara, de frente para mim. Nossos rostos muito próximos e seus seios roçando no meu peito. Enquanto nos movimentávamos para baixo e para cima, numa excitante sintonia!
Ela me envolveu com seus braços e me beijou novamente.
Deixei tudo fluir, e gozei muito!
Camila gemeu junto comigo. Mas logo em seguida saiu de cima de mim, um movimento meio robótico.
Tirou a camisinha do meu pau. Deu um nó e a jogou no vaso sanitário.
Ela parecia fria, como se estivesse cumprindo uma rotina. Estava mais indiferente que as prostitutas que já tinha contratado ao longo da vida, que eu sabia que estavam comigo por dinheiro.
Ela voltou e me perguntou:
- Gostou Anderson? Conquistei seu voto?
Neste momento o som seco de uma notificação no meu celular vibrou no bolso da calça, que estava no chão perto de mim.
Era uma mensagem da Simone.
"Oi, amor. Terminei mais cedo do que esperava. Tô indo pra casa agora. Mal posso esperar pra te ver. ❤️"
Olhei para Camila, que agora me observava em silêncio. Ela notou a mudança no meu semblante.
— É ela, né? — perguntou, sem demonstrar surpresa.
— Ela tá vindo pra casa.
Camila respirou fundo e disse com uma doçura:
— Você devia ir, Anderson.
Fiquei ali parado, com o celular ainda na mão, a mensagem de Simone brilhando na tela como uma lembrança do que eu tinha, do que era certo — e do que eu estava prestes a colocar em risco. Mas o gosto do beijo de Camila ainda estava na minha boca. O calor do toque dela ainda vibrava na minha pele.
Camila estava nua na minha frente. Decidi que não ia sair dali sem comer o seu cu!
Meus dedos hesitaram por um segundo… e então comecei a digitar.
"Amor, que bom! Faz um favor? Passa no La Cantina e pega meu prato preferido? Tô morrendo de fome e com saudade da comida de lá. Te espero aqui ❤️"
Enviei a mensagem antes que minha consciência me impedisse.
Camila me observava em silêncio, braços cruzados, expressão indecifrável. Quando viu que eu havia mandado algo, arqueou uma sobrancelha.
— Pedi pra ela passar no restaurante. A gente ganha ... uns vinte minutos — disse eu, sem disfarçar.
— Vinte minutos? Então a gente não deve perder tempo.
Eu me levantei, e fui até ela, abracei seu lindo corpo nu, e comecei a passar meus dedos na entradinha de seu cu.
- Ah, você quer cuzinho, seu safado!
- Quero, sim! Quero muito! É que falta para você conquistar meu voto!
Ela se inclinou na mesa, e olhou para mim, de uma forma convidativa!
- Eu quero de quatro! - Falei de forma firme.
- Você que manda!
Ela se colocou de quatro, no meio da sala. A visão de seu corpo perfeito, totalmente disponível para mim era excitante.
Ela estava totalmente entregue e montei em cima e soquei por vários minutos. Matando minha vontade daquele cu maravilhoso!
Ela gemia, mas parecia forçado. A sua falta de naturalidade, tratando aquilo como algo corriqueiro me tirava um pouco o tesão.
Mas mesmo assim, tirei o pau para fora e gozei na sua bunda!
- Terminou? Perguntou parecendo meio indiferente.
Antes que eu respondesse, ela olhou para o relógio e disse que eu devia me apressar.
Olhei para o relógio. Tinha algum tempo ainda.
Mas Camila já falava em tom de despedida, enquanto começava a se vestir.
Me aproximei para um beijo final, mas ela estendeu a mão entregando a minha roupa para que eu me vestisse e fosse embora.
Me vesti, e me despedi com um ‘boa noite”
- Boa noite – respondeu ela em um tom monótono – espero que tenha gostado.
Sai da cobertura despreocupado, só havia um apartamento por andar, ninguém circulava ali. Desci um lance de escada até o apartamento de Simone e entrei.
Tomei um banho e fiquei aguardando Simone chegar.
Minutos depois, ouvi a porta se abrindo.
— Amor? — a voz doce de Simone encheu o apartamento. Ela entrou carregando duas sacolas, o rosto iluminado por um sorriso que me atingiu como um soco no estômago. — Trouxe parmegiana pra você, e aquele peixe grelhado que eu adoro. Pensei que a gente podia jantar juntos hoje… conversar, ficar um tempinho só nós dois. Que tal?
Ela veio me dar um beijo leve. Eu retribuí, mas meio automático.
— A nova unidade do hospital tá quase pronta — ela disse, animada, enquanto começava a tirar as coisas das sacolas. —Tá ficando linda, Anderson. Meus pais estão radiantes. Acho que em janeiro a gente consegue inaugurar.
Eu a observei em silêncio, sentindo uma fisgada no peito. A alegria dela era pura...
Sentei-me à mesa. Simone veio até mim, beijou minha bochecha com carinho e puxou a cadeira ao meu lado. Seus olhos brilhavam de ternura, e sua presença era confortável. Familiar. Quente.
— É bom jantar juntos assim, né? — disse ela, sorrindo. — Eu tava com saudade.
Assenti, forçando um sorriso. Peguei os talheres, mas o apetite havia sumido.
A culpa batia à porta da minha consciência. Mas, mesmo ali, com a mulher que me amava sentada ao meu lado, algo dentro de mim sussurrava outra verdade: Camila.
Camila, com seu jeito insinuante, com aquele olhar que não pedia — exigia. E eu havia cedido. Não porque amava menos Simone, mas porque havia algo em Camila que me tirava do eixo. Ela é linda demais... qualquer homem teria feito o mesmo, pensei, tentando me justificar. Ela não me deu escolha.
Mas no fundo, eu sabia: sempre há escolha.
Sorri de volta para Simone, toquei sua mão sobre a mesa e tentei ouvir o que ela dizia.
— A gente precisa conversar — ela disse, com uma calma firme. — E eu não quero adiar mais.
Me virei pra ela. Fiquei em silêncio por uns segundos, olhando aquele rosto que eu conhecia tão bem, mas que ultimamente parecia tão estranho.
— Eu sei — respondi. — A gente precisa mesmo.
Ela puxou uma cadeira, sentou-se à minha frente e me olhou nos olhos. Era aquele tipo de olhar que ela só usava quando queria ser levada a sério — sem rodeios, sem defesas. Eu já sabia que vinha bomba, mas não esperava que fosse direto assim.
— Quero começar falando do dia em que você apareceu no hospital — ela disse. A voz saiu firme, mas não agressiva. — Eu sei que você me viu com o Dr. Fernando, trancados no consultório.
Ela fez uma pausa. O nome dele já bastava pra mexer comigo. Fernando. Alto, loiro, simpático, com aquele sorrisinho fácil. O tipo de cara que Simone elogia mais do que deveria. Bonito, carismático… e médico, como ela.
— Aquele dia, ele veio falar comigo sobre o Eduardo — ela continuou. — Nosso vizinho. Está com um quadro cardíaco complicado, e o Fernando é quem está acompanhando o caso.
Ela apoiou os cotovelos na mesa e entrelaçou os dedos.
— A consulta foi sobre isso, só isso. Eu tranquei a porta porque era um assunto delicado.
Fiquei calado. Por fora, tentei manter a compostura. Por dentro, meu estômago já tinha dado dois nós.
— Não tem motivo pra ciúme, Anderson — ela disse, mais suave agora. — Eu sei que ele é bonito, que eu já falei disso, mas você me conhece.
Simone se inclinou um pouco pra frente.
— E se você tá inseguro, a gente precisa falar sobre isso. Mas não coloca em mim uma traição que não existe. Eu quero resolver o que há entre a gente, mas pra isso você tem que confiar em mim também.
Fiquei olhando pra embalagem da parmegiana, agora fria na mesa. Ela respirou fundo antes de continuar. Parecia pesar as palavras com muito cuidado.
— Eu não te contei antes por que era um assunto sigiloso, Anderson. Profissional. E também… constrangedor. O Eduardo está fazendo um tratamento pra disfunção erétil e infertilidade. Isso pode interferir diretamente no tratamento cardíaco que o Fernando está conduzindo.
Ela disse aquilo com firmeza, mas com um tom de quem entende que não é fácil ouvir.
— O Fernando me procurou porque precisava discutir possíveis interações dos medicamentos— continuou. — E sim, ele estava preocupado. O Eduardo está mais frágil do que parece. A saúde dele inspira cuidados reais.
Eu me recostei na cadeira.
— Eu entendo que tenha parecido estranho — ela disse, mais tranquila agora. — E talvez eu devesse ter te falado depois, mesmo sem entrar em detalhes. Mas, naquele dia, eu simplesmente segui meu lado profissional. Fiz o que achei certo. Não escondi, só preservei.
Eu olhei pra ela. Havia uma honestidade dura, que exigia confiança. E, por mais que o ciúme ainda estivesse ali, arranhando por dentro, algo em mim começou a baixar a guarda.
— E você… elogia ele demais, Simone — deixei escapar, meio num tom quase infantil. — Isso também pesa.
Ela sorriu de leve, pela primeira vez. Um sorriso curto, mas sincero.
— Eu falo porque ele é bom no que faz. E, sim, talvez eu devesse repensar como digo certas coisas. Mas Anderson, se eu quisesse estar com o Fernando… eu não teria voltado com você, não estaria aqui, sentada na sua frente.
Fiquei em silêncio por alguns segundos, olhando pra ela. A sinceridade no jeito que ela falava… era quase impossível ignorar. Mas mesmo assim, aquela dúvida ainda coçava no fundo da cabeça, insistente.
- Simone, e o fato de você querer sair do consultório rapidamente?
- Eu saí rápido, porque eu estava morrendo de fome, querendo tomar um café, Dr. Fernando chegou de surpresa, e ficou muito tempo no meu escritório.
- Tão rápido que eu tive de usar o banheiro do corredor!
- Anderson, eu te expliquei que o banheiro estava entupido. E é verdade! Eu não queria nem que você entrasse no quarto anexo porque eu não tinha conseguido nem dar a descarga ... tava uma coisa nojenta .. eu nem vou entrar em detalhes, né? Ainda mais que estamos jantando!
— Simone… — disse, mais calmo agora — você nunca teve nada com o Dr. Fernando?
Ela me encarou com uma expressão firme, direta.
— Nunca tive nada com o Dr. Fernando, Anderson — ela disse, olhando firme pra mim.
— Jura pela sua mãe?
Ela não hesitou nem um segundo.
— Juro pela minha mãe. Nunca aconteceu nada, nunca vai acontecer. Ele é meu colega, meu amigo, e só. Nada além disso.
A firmeza dela era convincente. Não era só o juramento — era o jeito como ela falava, como olhava. Eu a conheço. E senti, ali, que ela estava dizendo a verdade.
Simone baixou um pouco o tom, como quem muda de marcha.
— Tem uma coisa que eu não queria dizer, mas acho que vai te ajudar a entender de vez.
Ela olhou em volta, como se pudesse ter alguém escutando, mesmo dentro do nosso próprio apartamento.
— O Dr. Fernando estava noivo da Cristiane. Mas durante uma viajem de carro eles sofreram um acidente. Ele estava dirigindo, saiu ileso, mas a noiva morreu. Ele nunca se perdoou. Ele se trancou, nunca mais se relacionou com ninguém. Faz terapia.
Eu fiquei quieto por alguns segundos, meio sem saber o que dizer. Aquilo explicava muita coisa. E, ao mesmo tempo, me fez sentir um pouco idiota por ter alimentado tanta desconfiança.
— Tá seguro comigo — foi tudo o que consegui responder. — Fica entre nós.
Ela assentiu, aliviada, e então a gente finalmente começou a comer. A parmegiana já estava fria, mas eu comia sem reclamar. De certa forma, o peso no estômago tinha diminuído.
Além do mais, se Simone quisesse ter alguma coisa com ele, por que teria voltado comigo?
Os dois eram solteiros desimpedidos, se tivessem algum sentimento um pelo outro, Simone teria terminado com Alex para ficar com ele, e não comigo.
Não fazia o menor sentido serem amantes.
– Só mais uma pergunta – falei, agora bem mais calmo. – No dia em que voltamos... aquele pacote de camisinha... parecia novo, mas metade já tinha sido usada.
– Anderson! – ela riu, meio surpresa. – Eu tenho um vibrador e alguns acessórios no consultório. Uso camisinha por higiene, sabe? Me sinto mais confortável assim... é uma coisa minha, bem íntima.
Assenti com a cabeça, um pouco envergonhado. Estava tudo explicado.
Simone cortou um pedaço do peixe e continuou, agora com outro assunto.
— O que me preocupa no caso do Eduardo não é ele querer ser pai. É a Camila. É ela que quer ter um filho com ele — disse. — E o motivo é bem simples: dinheiro.
— Claro — eu disse — Eles se casaram em separação total de bens. Se ele morrer ou se separar, ela não leva nada. A não ser aquele Porsche branco ridículo de quase um milhão.
— Pois é — Simone respondeu. — E um milhão, perto da fortuna do Eduardo, não é nada. Ele tem imóveis, ações, empresas. Agora… se ela tiver um filho com ele, tudo muda.
Ela falou com uma calma calculada. Aquela calma de médica que lida com situações delicadas todos os dias.
— Se eles se separarem, ela fica com a guarda do filho. E o Eduardo vai pagar uma pensão generosa. Se ele morrer, o filho tem direito a herança. E sendo menor de idade, quem administra a herança?
— A mãe — eu completei.
— Exatamente — disse Simone. — E ela passa a controlar boa parte do patrimônio dele. Camila não é boba. E tá jogando pesado.
Eu fiquei ali, com o garfo suspenso no ar, digerindo mais o que Simone disse do que a comida em si.
— Você acha que o Eduardo sabe disso? — perguntei.
Ela deu de ombros, com um olhar de quem sabe que a resposta não é simples.
— Ele desconfia, talvez. Mas homens mais velhos com mulheres bem mais jovens… às vezes preferem não ver. Fingem que é amor. Ou paixão. Ou ilusão. Mas quando a saúde começa a balançar, as intenções ao redor ficam mais visíveis.
— Ele pode acabar ferrado — comentei.
— Pode — ela disse. — E talvez nem perceba até ser tarde demais.
— Então a Camila deve estar torcendo pra esse tratamento dar certo, né? Vai dormir com um terço, acender vela pra todos os santos…
Simone riu.
— Com certeza. Deve estar rezando mais que muita freira. Se o Eduardo conseguir engravidá-la, ela resolve a vida dela.
Ela pegou um gole de água e ficou me olhando por um instante, antes de completar:
— Agora… se o tratamento não der certo, sobra pra ela uma única opção.
— Qual? — perguntei, já desconfiando.
— Arrumar outro homem, engravidar, e dizer que o filho é do Eduardo.
Fiquei pasmo por um segundo.
— Ah, não… isso seria um absurdo! Ninguém seria tão cara de pau assim.
Simone arqueou uma sobrancelha e me lançou um olhar sugestivo.
— Só precisa achar um homem que seja mestiço japonês. Eduardo é meio japonês, lembra?
Aí ela me encarou com um sorriso cheio de malícia.
— Tipo você.
Dei risada alto, meio surpreso, meio indignado.
— Ah não, Simone! Para com isso!
Ela também começou a rir, balançando a cabeça como se nem ela acreditasse no que estava dizendo.
— Tô falando sério! Melhor você se cuidar. Não fica sozinho com a Camila no elevador, hein. Vai que ela resolve te arrastar pro Porsche e fazer um filho com você.
— Hahaha! Ah, pelo amor de Deus — falei, limpando as lágrimas dos olhos de tanto rir. — Essa foi demais. Já tô vendo o drama: “Anderson, pai biológico do filho de Eduardo, o milionário!”
— Ia ser manchete no condomínio — disse ela, entre risos. — Mas, brincadeiras à parte… parece que o tratamento está dando resultado. O Fernando disse que os exames mais recentes do Eduardo são promissores. E, segundo ele, tem boas chances de que o Eduardo consiga, sim, dar um filho à Camila.
Eu ri para disfarçar. Mas naquele momento caiu a ficha. Camila me usou. Para engravidar e dizer que o filho era do Eduardo. Mas não podia da bandeira para Simone:
— Então… Camila tá quase com o bilhete premiado.
— Quase — disse Simone. — Ainda precisa da “aposta” final. Mas… conhecendo a Camila, ela vai dar um jeito de garantir esse número.
Enquanto a gente ainda ria daquela história da Camila me arrastando pro Porsche, lembrei de algo.
— Engraçado… agora que você falou dela, lembrei que a Camila está pedindo voto. Tá querendo ser síndica, acredita?
Simone levantou as sobrancelhas, surpresa por um segundo, mas logo balançou a cabeça como quem já esperava algo assim.
— Vamos votar nela — disse ela, com a naturalidade de quem fala do tempo. — Afinal, o Eduardo é paciente do hospital e também é cliente da sua empresa, né? Além do mais, foram os únicos vizinhos que bateram na nossa porta pra dar boas-vindas quando a gente se mudou.
— É… isso é verdade — admiti, relutante. — Mas o que eu não entendo é: por que ela quer tanto ser síndica? Ela tem uma vida de luxo. O que ela quer com esse tipo de função?
Simone apoiou os cotovelos na mesa, olhou pra mim e respondeu com aquela precisão cirúrgica que ela sempre usa quando vai cortar fundo:
— O salário de síndico aqui no prédio é de dez mil reais.
— Dez mil? — repeti, franzindo a testa. — Mas isso é troco de padaria comparado com que o Eduardo tem. O cara é podre de rico.
Simone sorriu. Aquele sorriso que vinha antes de uma revelação.
— É pouco pra ele, sim. Mas não pra ela.
Fez uma pausa, olhou nos meus olhos.
— O Dr. Fernando me contou uma coisa que talvez te ajude a entender: a Camila pode gastar à vontade, mas só usando um cartão de crédito que está vinculado ao do Eduardo. O cartão é dele, o nome dele na fatura. Ela só tem um adicional.
Inclinei o corpo pra frente, interessado.
— Ou seja, ele vê tudo?
— Tudo — disse Simone, firme. — O que ela comprou, onde, quanto, o dia, a hora… tudo. É como ter uma coleira digital. Ela pode gastar o que quiser, mas sem nenhuma privacidade. E convenhamos, isso dificulta muito gastar com… digamos, um amante.
Assobiei baixinho, impressionado.
— Nossa… esse cara controla tudo.
— Controla — ela confirmou. — E aí entra a jogada de mestre. Se ela for eleita síndica, aquele salário de dez mil passa a cair direto na conta dela. Dinheiro limpo, fora do radar dele. E se ela for esperta — e ela é — pode até desviar mais do que isso da conta do condomínio. A gente sabe como essas coisas funcionam…
Eu fiquei em silêncio, mastigando as informações. O riso tinha virado algo mais próximo de um assombro silencioso.
— Caramba… essa mulher tá jogando xadrez com a vida. E a gente achando que era só mais uma perua interesseira.
— Não subestime a Camila — disse Simone, cruzando os braços. — Ela é interesseira, sim. Mas boba? Nem um pouco. Ser síndica é a brecha que ela precisa pra ter autonomia, criar um fundo secreto… talvez até preparar o terreno pra uma futura separação bem planejada.
— Ou um golpe completo — completei.
“Tarde demais” – pensei. Eu já havia subestimado Camila.
E eu que achava que Suzy e Madalena eram trapaceiras. Camila era quase um estudo de caso sobre manipulação e estratégia.
Continua ...