A Viajante

Da série Sci-fi
Um conto erótico de Jean
Categoria: Heterossexual
Contém 2621 palavras
Data: 09/06/2025 16:16:36

Era um sábado qualquer de 1995. Adrian, 23 anos, universitário. A noite de bebedeira com os colegas da arquitetura precisava chegar ao fim, simplesmente porque gastar mais dinheiro com bebida significava não ter como voltar para casa de táxi.

Adrian caminhava até o balcão com a carteira na mão, o corpo ainda leve da cerveja, mas o olhar já pesado de cansaço. Usava jeans gasto, tênis sujos e uma camisa xadrez desabotoada por cima da camiseta do Nirvana — visual de universitário quebrado que não fazia esforço para parecer nada além do que era.

Os cabelos castanho-escuros caíam em ondas desajeitadas sobre a testa, que ele empurrava de volta com os dedos numa repetição inconsciente. Havia algo no olhar dele — algo entre distraído e faminto — que fazia certas mulheres o encarar por um segundo a mais do que pretendiam.

Ele não sabia disso.

Ou sabia, mas fingia que não.

Foi enquanto esperava o troco, com o braço apoiado no balcão e os olhos presos ao fundo do copo, que ele a viu.

Não entrando — mas já ali, como se o mundo tivesse dado um leve giro para enquadrá-la.

Ela estava de pé, encostada no canto mais escuro do bar, uma perna cruzada sobre a outra, e os braços ao longo do corpo, como quem não precisava se defender de nada. O vestido justo e preto, sem mangas, parecia costurado por silhueta e silêncio, e o tecido tinha um brilho sutil, quase metálico — como algo vindo do futuro. Ou de um sonho.

Os cabelos curtos e negros emolduravam um rosto perfeitamente desenhado, com lábios entreabertos e um olhar que parecia saber exatamente o que viria a seguir. Parecia pouco mais velha que ele — uns 28, talvez.

Ela não olhava ao redor. Ela escolhia o momento de olhar.

E naquele momento, olhou para ele.

Adrian tentou a sorte da noite.

— Você sabia que eu consigo prever o futuro? — disse, com um meio sorriso.

Ela sorriu.

— Que bom. Porque, de onde eu vim, a gente sabe como ele é.

Adrian sorriu de volta.

— Como é seu nome? — perguntou, mais alto que o som da música.

— Noys. E você?

“Que mulher gata, mas que nome é esse?”, pensou Adrian.

— Sou Adrian. E, de onde eu venho, adivinho que teremos um fim de noite maravilhoso.

Noys sorriu, e seus olhos brilharam. Ela sabia que podia continuar aquele jogo de palavras. Mas também sabia que puxá-lo para o beijo seria mais eficiente. Era a hora — e a época certa — para aquilo escalar rápido.

Adrian usou o resto da grana para pagar o táxi até o motel mais barato nas redondezas. O tesão entre os dois era tão palpável que o taxista sentiu o clima no ar e apertou o passo — desconfortável, talvez até um pouco excitado com a urgência no banco de trás.

Pegaram a chave na recepção. A porta se abriu. A explosão começou.

Adrian arrancou as próprias roupas; Noys, as dela. Em segundos, estavam nus na cama, envolvidos em beijos e toques ardentes, como se o tempo — o próprio tempo — estivesse contra eles.

Noys se abaixou, segurou o pau dele com firmeza e começou a chupá-lo com vontade, profunda e faminta. Adrian, quase em transe, deslizou os dedos até a buceta dela, e logo estavam no 69, se devorando com fúria.

Adrian a virou de quatro e começou a foder com força, segurando firme seus quadris, enquanto o corpo dela se entregava. Gozou como se estivesse sendo consumido.

Mas era apenas o começo.

Exaustos e suados, caíram de lado. Noys passou a mão no peito dele, e só de olhar seu rosto, Adrian ficou duro de novo.

Ela se montou sobre ele — sem pressa — e começou a cavalgá-lo. Ele a segurava pelos quadris, assistindo àquela mulher tão linda e tão impossível o levar de volta ao clímax.

Passaram a noite assim. Um dentro do outro. A língua do outro. O cheiro do outro.

Se comunicavam com os olhos, com os gemidos, com os corpos que ainda não sabiam que era a primeira — e talvez a última — noite.

Na manhã seguinte, o motel serviu um café da manhã simples, composto de pão, queijo, café com leite… Adrian estava interessado em saber mais de Noys; não parecia ser recíproco — talvez porque ela já soubesse o suficiente sobre ele.

— O que você faz da vida, Noys?

— Sou uma viajante do tempo.

Adrian caiu na gargalhada.

— Eu sou estudante de arquitetura — disse Adrian, para constar. — O que faz uma viajante do tempo por aqui?

— Minha organização tem assuntos para resolver aqui.

— Aqui em São Paulo?

— Aqui, em 1995.

Adrian deu outra gargalhada. Noys não parecia estar muito à vontade para abrir sua vida.

Adrian ligou para a recepção e eles chamaram outro táxi. Ele ia pagar sei lá como, quando chegasse em casa. Noys pediu para descer próximo a uma rodoviária.

— Tchau, Noys. Nos veremos de novo?

— Provavelmente — respondeu, sorrindo docemente.

Adrian riu. Não trocaram telefones, não teria como marcar com ela novamente. Ele olhou para trás para pelo menos vê-la pela última vez… e ela tinha sumido no meio da multidão que entrava e saía da rodoviária.

Aquela noite ficou na lembrança de Adrian. Ele se perguntava de onde ela veio, se era casada e por isso não revelou muito sobre si. Virou uma história deliciosa e engraçada que Adrian contou por anos nas mesas de bar. Os amigos sempre pediam de novo:

— Conta de novo aquela da viajante do tempo. Acho que o fulano ainda não ouviu.

Era um domingo à noite qualquer de 2015.

Adrian, 43 anos, arquiteto divorciado. Acabara de deixar Felipe e Andreia, seus dois filhos adolescentes, na casa da mãe. Preparava-se para voltar pra casa e ter um resto de domingo solitário, aguardando o início de mais uma semana.

Já tinha o hábito de, no caminho, parar naquele mesmo restaurante à beira da estrada, pedir hambúrguer, batata frita e uma Coca. E contemplar, olhando os carros passarem, o fim do fim de semana.

— Olá, Adrian. — ela disse, pegando-o completamente desprevenido.

Adrian arregalou os olhos. Era ela. Era Noys. Vinte anos depois. Com um vestido muito parecido, talvez um pouco mais dourado. Mas com o mesmo rosto, o mesmo corpo, até o mesmo cheiro… Ela parecia ter uns 28 anos — mais nova que ele, agora.

— É você? — disse, absolutamente surpreso. — Noys?! — nunca esquecera o nome dela.

— Sim. — ela deu o sorriso mais lindo do mundo.

— O que faz aqui? — perguntou Adrian.

— Minha organização tem assuntos aqui.

— Aqui?! Num restaurante de beira de estrada?

— Não. Aqui, em 2015. — respondeu, com olhos sinceros. — Eu não estava brincando, nem menti pra você naquele dia… eu sou realmente uma viajante do tempo. Pra você foi há vinte anos, pra mim foi meio que… semana passada.

Adrian relutava com a mente. Mas não tinha como explicar racionalmente aquela mulher aparecer novamente, com exatamente a mesma aparência, tanto tempo depois. Algumas pessoas conservam a juventude por muito tempo, podia ser o caso? Podia ser uma brincadeira… mas ela era algo gostoso do seu passado. E por que não entrar na história e repetir? Por que não jogar esse jogo?

— E por que depois de tanto tempo? Uma semana… — ele riu. — Você veio me ver de novo?

— Adrian — começou a se explicar —, na minha organização, no trabalho que fazemos para manter as linhas do tempo intactas, não podemos nos casar nem ter envolvimento profundo com ninguém — nem na nossa época, nem em outra. Mas precisamos de um alívio de vez em quando. Cálculos foram feitos, e foi comprovado: me envolver sexualmente com você a cada vinte anos não altera nenhuma linha do tempo. Você é seguro. Para mim e para a eternidade. E não vou mentir: eu ainda te acho gostoso. Como era há vinte anos. Como é agora.

Adrian sorriu, constrangido, lisonjeado. E, depois de vinte anos para ele — e uma semana para ela — se beijaram.

Adrian não era mais o jovem impulsivo. Por isso, não puxou Noys para o carro nem para um motel. Ao invés disso, pediu outro lanche. Jantaram juntos.

A noite caiu devagar, enquanto o carro deslizava de volta pelas ruas escuras. Adrian dirigia com uma mão no volante e a outra entrelaçada aos dedos de Noys, repousando sobre a perna dela — nua, quente, viva.

Chegaram ao apartamento dele. Não houve pressa — nem necessidade de palavras.

Ele a levou pela mão até o quarto e, pela primeira vez naquela noite, parou para olhá-la de verdade. Não como miragem ou memória, mas como algo real, tangível, impossível.

Noys sorriu como se já soubesse o que ele faria.

Adrian a despiu com delicadeza. Deslizou os dedos pelo tecido metálico do vestido, que caiu com a fluidez de um segredo revelado. Depois, acariciou os ombros dela, o pescoço, os seios — como quem lê um poema de trás pra frente, tentando descobrir onde começa o encantamento.

Ela retribuiu com um beijo longo, profundo, silencioso. E ali, no centro do quarto, ele se despiu também, sem esforço. Estava ereto — não só de desejo, mas de lembrança. Como se o corpo também tivesse memória.

Deitada na cama, Noys parecia a mesma. Mas havia algo novo nos olhos dela. Um brilho curioso, como se quisesse saber o que vinte anos haviam feito com aquele garoto.

Adrian a tocava devagar. Passou a boca por seus seios, seus flancos, sua barriga. Depois, deslizou os lábios por entre suas coxas até ouvir o primeiro suspiro mais forte, até sentir os dedos dela se enroscarem em seu cabelo. A língua dele a explorou com ritmo calmo, firme, sem a pressa juvenil de dois corpos colidindo — agora era diferente.

Ela gozou pela boca dele, com a cabeça jogada para trás.

Quando ele a penetrou, foi com um movimento preciso, contínuo — como se encaixassem de um jeito mais maduro. O sexo entre eles era lento, profundo, com olhos abertos, respiração quente, gemidos contidos.

Ele gozou pela primeira vez com ela por cima, sentindo seu corpo se mover com aquela naturalidade instintiva que só o tempo e o desejo cultivado explicam. Ficaram assim um tempo, suados, ofegantes, sem se soltar.

— Vinte anos. — ele disse.

Ela respondeu com um beijo.

Depois de alguns minutos, Adrian se virou para o lado e a puxou junto. Ficaram abraçados, nus, a pele de um contra o outro. Ele beijou o ombro dela, o pescoço. Acariciou seu ventre — e ela gemeu baixinho ao sentir o pau dele endurecendo de novo.

Dessa vez, ele a tomou por trás. Corpos colados, ele entrando fundo, devagar. A mão dela entrelaçada à dele. Ele gozou pela segunda vez como se dissolvesse. Como se não fosse mais só Adrian — mas parte de algo maior. Ela o acolheu em silêncio, com os olhos fechados e um leve sorriso nos lábios.

Depois, deitados, cobertos por um lençol, ela disse:

— Está melhor do que há vinte anos.

— Você também.

Ele olhou pra ela e completou:

— Ou talvez eu só esteja vendo melhor agora.

Na manhã seguinte, no café da manhã, Adrian e Noys trocaram beijos e carícias. Adrian entendia agora que Noys não fora arrogante com ele em 1995 — apenas sincera. Seguiu sua jornada. E agora ele também teria que seguir a sua. Sentou-a no colo e a beijou longamente.

— Que assunto você veio resolver aqui? Em 2015? — perguntou Adrian.

— Se eu te disser o que vim corrigir na linha do tempo, pode afetar a linha do tempo mais ainda. — ela respondeu, sorrindo.

— Fica um pouco mais. Fica mais um dia.

— Eu adoraria, mas não posso. Tudo é calculado para ser seguro pra linha temporal.

— Quer dizer que nos veremos de novo? Em 2035?

— Provavelmente, sim. — ela confirmou.

Deram um beijo de despedida. Noys se levantou e foi até a porta, fechando-a em seguida. Adrian se levantou e foi até a janela para vê-la de novo — mas ela já tinha sumido. De novo.

Era uma sexta-feira à tarde, ensolarada, comum, em 2035.

Adrian, 63 anos, arquiteto aposentado. Passava o tempo lendo livros, e nos fins de semana recebia a visita dos filhos e dos netos. Conservava os mesmos olhos e a mesma boca dos 23 — agora num rosto enrugado, com movimentos mais lentos e calculados. Sabia que aquele ano ela apareceria de novo, mas não combinaram dia, data ou hora.

Por isso, foi com surpresa verdadeira que ele a viu — com um vestido mais curto, ainda com detalhes metálicos. Não sabia de que futuro ela viera, mas certamente aqueles padrões metálicos seriam a moda.

— Você veio. — disse Adrian, com um sorriso de orelha a orelha.

— Eu te disse que voltaria. Está lindo. — E trocaram um beijo intenso.

Para ele, fazia vinte anos desde o último encontro. Para ela, apenas alguns dias — tempo suficiente para deixar saudade.

Pessoas ao redor os olhavam com admiração, curiosidade e, em alguns casos, julgamento. Ela era muito mais jovem que ele — metade da idade, talvez menos. As pessoas não conheciam aquela história, mas julgavam mesmo assim.

Foram a pé até o prédio onde Adrian morava. Atravessaram a rua entre carros elétricos e estações de recarga, subiram calmamente até o quarto andar. Adrian não tirava os olhos dela. Linda, jovem e linda, exatamente como no dia em que a viu pela primeira vez, em 1995 — quando se devoraram num sexo intenso e quase sem palavras.

Adrian pediu que ela se sentasse na cama enquanto ele ia até a cozinha. Abriu o armário com certa hesitação, pegou um copo d’água e, discretamente, engoliu o comprimido de tadalafila. Sabia que o corpo já não era o mesmo — mas a vontade era. E, mais do que isso, o sentimento.

Quando voltou, ela o observava com um sorriso doce.

Adrian a despiu como quem abre uma caixa de lembranças. Tocou sua pele como quem lê o capítulo final de um livro que sempre soube que terminaria assim — com reverência e gratidão. Noys era tão gostosa quanto em 1995, mas aos olhos de Adrian, estava ainda melhor. Nem foi preciso esperar a tadalafila fazer efeito.

Noys o chupou com calma, com carinho. Queria que Adrian sentisse. Ele fechou os olhos e saboreou aquele momento — um prazer quase espiritual. Não tinha mais o vigor de 40 anos atrás, mas agora, em sua mente e no coração, tudo era mais intenso.

Ela o deitou na cama e o cavalgou com movimentos suaves e constantes. De vez em quando, esfregava os seios — jovens, firmes, lindos — no rosto daquele homem que a desejava com a ternura de quem sabe que é a última vez. O coração de Adrian batia acelerado. E então ele gozou. E foi uma única e deliciosa vez. De todos os orgasmos que tiveram, aquele foi o mais sublime.

Passaram o resto do tempo abraçados, trocando carinhos. Adrian já sabia que Noys não falaria muito sobre ela nem sobre suas tarefas em 2035. Mas ele tinha tanto a contar. Em tantos anos, tanta coisa acontece.

Adrian acordou cedo no dia seguinte. Preparou o café da manhã com frutas, queijos, dois tipos de café — muito diferente da refeição de 1995. Comeram juntos. Ele a sentou no colo, como fizera da última vez. E, como da última vez, ela o presenteou com um boquete — lento, terno — que o fez gozar em sua boca, pela última vez.

— Você é incrível — disse Adrian, sorrindo cansado, mas feliz.

— E você? O que é você? — respondeu Noys, acariciando o rosto dele. — Fez uma mulher viajar séculos no futuro, três vezes, só para te ver.

Era a hora da despedida.

Adrian a acompanhou até o elevador. A porta se abriu. Trocaram o último beijo.

— Espero você daqui a vinte anos. — disse Adrian.

Noys respondeu, com um olhar terno, mas firme:

— Não, Adrian. Esse foi nosso último encontro.

E a porta do elevador se fechou. E Noys e Adrian nunca mais se viram.

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Foto de perfil de Jean_LucJean_LucContos: 23Seguidores: 8Seguindo: 4Mensagem Escrevo contos eróticos com elementos de magia, fantasia e sedução. Meu foco é criar histórias envolventes, com personagens marcantes, jogos de poder e prazer, e um toque de surrealismo. Se você curte universos sensuais e provocantes, seja bem-vindos.

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