Parte 1#
Trabalho com produção, marketing e publicidade, com foco em construção de imagem e marketing pessoal. Se você quer vender um produto ou criar uma presença marcante nas redes, é comigo que deve falar — e meus amigos sabem bem disso. Vira e mexe, algum conhecido me procura pedindo dicas, estratégias ou ajuda pra começar um projeto online.
Já estive por trás de canais no YouTube, campanhas políticas nas redes sociais e reposicionamentos completos de imagem. Quando o assunto é vender uma ideia, uma marca ou uma pessoa, eu sei como conduzir.
Mas tem um detalhe que pesa: muita gente próxima acha que esse trabalho é simples, quase um favor informal. E quando eu cobro pelo que faço, sempre tem quem torça o nariz, ache caro ou diga que estou de má vontade. Com o tempo, fui notando um certo afastamento de alguns. A verdade é que nem todo mundo entende o valor de construir uma imagem forte. E tudo bem — não é pra todo mundo.
Essa história começa com uma dessas mensagens. Um amigo de longa data me mandou dizendo que a filha queria conversar comigo. Ela estava querendo começar um canal, se lançar como influencer, ou algo nessa linha. E ele pediu, com aquele tom de pai esperançoso: “vê se dá umas dicas pra ela”.
Na hora pensei: “lá vem mais uma querendo ser famosa sem saber o trabalho que isso dá”. Respondi com educação, claro, e disse pra ele mandar a filha ao meu escritório. E esperei. Era o meu teste: se fosse só fogo de palha, ela nem apareceria.
Tentei puxar pela memória o rosto dela. Não era mais criança, com certeza. O pai dela tinha sido meu colega de faculdade, e lembro que a mulher engravidou bem nova, então a filha devia ter uns vinte anos agora. Uma mulher feita. Marquei para uma sexta-feira à tarde, no fim do expediente, quando o escritório já estava mais calmo, sem movimento. Juro, até ali, minha cabeça era só profissional. Nenhuma intenção além do que tinha sido combinado.
E foi então, numa tarde de sexta, que a campainha tocou. Fui atender a porta.
Quando abri, levei um susto.
Na minha frente estava uma garota linda. Bem arrumada, maquiagem impecável, roupa justa na medida certa: chamava atenção sem parecer forçada. Ela tinha claramente se preparado pra aquele encontro. Investiu na imagem, e isso me pegou de surpresa.
Na mesma hora, meu olhar técnico pensou: “Temos aqui um bom produto.”
Sorri, abrindo a porta com gentileza.
— Oi, você chegou certinho no horário. Tudo bem? Pode entrar, por favor.
Ela entrou com um sorriso contido, falando apenas o necessário, enquanto os olhos varriam o ambiente, atentos, avaliando tudo com calma.
— Meu pai mandou eu te procurar. O senhor está com tempo?
— Tô sim. E por favor, não me chama de senhor. Vem, vamos lá pro escritório.
Ela andava com uma elegância sutil, como quem já tinha feito algum curso de postura, ou convivia com ambientes mais exigentes. Havia algo ali que eu ainda não entendia — mas com certeza não era só vaidade.
No escritório, a luz do fim do dia já não bastava, e a lâmpada suave sobre a mesa criava um ambiente mais íntimo, quase aconchegante. Ofereci algo pra beber, ela recusou com um aceno gentil. E então fomos direto ao ponto.
— E aí, no que posso te ajudar?
— Eu não sei o que o meu pai te falou… mas eu vou ser direta, tudo bem?
— Claro, sem problema — respondi com a voz firme, mas por dentro já em alerta. “Lá vem bomba.”
— Eu quero ser do job.
— Do job de marketing, você quer dizer?
Era comum ouvirmos termos em inglês no nosso meio, então achei que fosse isso. Mas o olhar dela não mudava. Firme. Focado.
— Não.
— Então… não entendi.
Ela inspirou devagar, sem desviar os olhos.
— Prostituta. Acompanhante. Puta… sabe? Do job.
Senti o ar entrar mais fundo do que o normal nos meus pulmões. Por instinto, tentei não reagir, mas por dentro tudo gritava. “Como assim? Será que o pai dela sabe disso?”
Ela se manteve absolutamente tranquila. Sem nenhum traço de constrangimento. E isso, mais do que tudo, me deixou intrigado. Porque não era só o que ela dizia — era como dizia. Como quem já tinha decidido. Como quem sabia exatamente quem era e o que queria.
“E eu aqui achando que ia só dar umas dicas de conteúdo…”
— Entendi — respondi, apenas pra ganhar tempo, pra tentar reorganizar os pensamentos. — Você tem alguma experiência nisso?
— Não exatamente. Eu tive um coroa que bancava tudo pra mim. Sugar daddy, sabe? Então eu pensei que talvez… desse pra transformar isso em renda.
— Entendo… — hesitei. — Desculpa ser direto, mas… seu pai sabe disso? Porque, honestamente, ele não parecia nem um pouco ciente.
Ela riu pela primeira vez. Um riso abafado, um tanto nervoso. Levou a mão ao rosto, como quem tenta esconder algo que já escapou.
— Pelo amor de Deus, nem pode saber. Ele ficou no meu pé porque achou que eu queria ser digital influencer. E eu até faço uns vídeos, sabe? Mas eu não quero essa vida. Não é isso que eu tô buscando.
— Só pra checar… você é maior de idade, certo?
— Sim. Pode ficar tranquilo, eu sou maior de idade.
E foi nesse momento que algo em mim desandou. O profissionalismo, que até então segurava firme, começou a desmoronar. Era como se, de repente, eu realmente a visse.
“Como eu não reparei antes?”
Ela era alta, postura impecável, os seios médios empinados sob uma blusa branca que parecia feita pra provocar dúvida — não dava pra saber se havia um sutiã por baixo, e isso era claramente intencional.
Os cabelos, castanho-escuros com luzes loiras, tinham a raiz propositalmente à mostra, criando aquele visual desleixado de salão caro. Era um contraste cuidadosamente estudado.
O rosto? Impecável. A maquiagem era de qualidade — nada de exagero, tudo na medida pra realçar o que já era perfeito: olhos que hipnotizavam e uma boca moldada pro pecado.
“Ela não tá aqui só pra pedir ajuda. Ela quer ser vista.” pensei. E eu, que sempre soube separar o pessoal do profissional, me vi num terreno escorregadio. A pergunta agora não era se ela sabia o que queria — era se eu sabia até onde ia conseguir me manter no controle.
— Então, você quer entrar para o ramo de acompanhantes?
— Sim, exatamente — respondeu com uma serenidade que parecia ensaiada, mas não forçada. Era o tipo de resposta que vinha de alguém que já tinha se convencido da própria decisão.
Naquele instante, decidi testar os limites dela. Queria saber se aquilo era só discurso ou se havia mesmo substância por trás.
— Bem… vejo que está decidida. E não vou ser eu a tentar te convencer do contrário. Imagino que já tenha pensado bastante no assunto. Mas preciso ser honesto com você — disse, com um ar mais sério, escolhendo as palavras como quem monta uma armadilha com delicadeza. — Não adianta investir nesse caminho se você nunca testou se é realmente capaz de atender um cliente. Porque, te digo: nem todo cliente é bonito ou desejável.
Respirei fundo.
“É agora.”
— Tirando o seu sugar daddy… você já chegou a atender algum cliente de verdade?
— Não, nunca — respondeu, com um ar pensativo. — Mas… acho que seria capaz.
Havia convicção na voz dela, mas também uma pontinha de dúvida. Aquela hesitação que revela mais do que o discurso.
— Então deixa eu te perguntar… — disse, recostando ligeiramente na cadeira, com o olhar firme no dela. — Se eu tivesse te chamado aqui hoje… com a intenção de sexo. Você estaria pronta pra transar comigo por dinheiro?
Ela não respondeu de imediato. Seus olhos percorreram o ambiente mais uma vez, como se estivesse revendo tudo sob uma nova luz. Parecia pesar cada palavra antes de soltá-la. E então me encarou de novo, direto nos olhos, com uma calma impressionante.
— Sim. Acho que sim.
Um sorriso escapou dos meus lábios, involuntário, sacana. Levei a mão à barba, disfarçando. “Porra…” pensei. O que eu estava prestes a dizer era, sem dúvida, a maior canalhice que já havia passado pela minha cabeça — e mesmo assim, eu estava disposto a dizer.
— Então, eu tenho uma proposta. Está pronta pra ouvir?
Ela arqueou uma sobrancelha, levemente divertida. Aquele sorrisinho nos cantos da boca me dizia mais do que mil palavras.
— Com essa cara que o senhor está fazendo… já sei mais ou menos o que esperar.
“Ela não é tão inocente assim.”
Ela se inclinou pra frente, curiosa, os olhos brilhando não de susto, mas de interesse.
— Já que você mesma disse que nunca teve um cliente de verdade… aqui vai. Faz um programa comigo. Se for capaz de me atender como cliente, se mostrar que segura essa escolha, eu te ajudo. Dou o pontapé inicial, te posiciono, crio a sua imagem e te lanço como produto.
Ela soltou uma risada curta, mas não havia vergonha no gesto. Nenhuma hesitação.
— Eu pensava que esse tal de teste do sofá era coisa da televisão…
— Talvez seja — respondi, cruzando as pernas com calma, ainda observando sua reação. — Mas nesse caso, é teste de mercado.
O silêncio que se formou foi diferente de todos os anteriores. Não era desconforto, nem hesitação óbvia — era cálculo. Ela olhava para o lado, fitando o vazio, rindo sozinha, como se estivesse testando a ideia dentro da própria cabeça. Avaliando, sentindo, saboreando as consequências. E então, como quem decide entre pular ou não da beira de um penhasco, virou o rosto devagar na minha direção e disse, simples, sem floreios:
— Tudo bem. Quando?
— Agora.
Pela primeira vez, vi surpresa no rosto dela. O riso escapou dos lábios, mas dessa vez sem confiança. Ela titubeou. A postura firme vacilou só um pouco, como uma rachadura num vidro limpo demais.
— Aqui?
— Sim — respondi, firme, com o tom mais profissional que consegui reunir naquele momento. — Você não vai poder escolher local. Você tem um espaço próprio pra atender?
— Não… — murmurou, quase num sussurro.
Ela buscava alguma resposta, alguma justificativa que adiasse aquilo, mas nada veio. Então complementei, sem espaço pra dúvida:
— Então… aqui e agora.
Ela abriu a boca, provavelmente pra argumentar, tentar negociar alguma coisa. Mas eu já sou velho de guerra na arte da negociação — e reconheço muito bem quando alguém tá tentando ganhar tempo.
Antes que ela puxasse o ar pra começar o discurso, cortei com firmeza:
— Meu horário é caro demais. Muito mais caro que a sua hora de programa… que, aliás, você nem sabe ainda se é capaz de fazer. É simples: ou me prova que dá conta, ou vai embora e não me faz perder mais tempo.
Me inclinei pra frente, devagar, os cotovelos apoiados na mesa, o olhar firme nos olhos dela. O gesto era calculado — uma forma de marcar presença, ocupar espaço. Dominar o ambiente.
Apontei pra porta, sem perder o tom calmo, direto:
— A porta tá ali. Fecha ela. Do lado de fora… se não aceitar minha proposta.
Ou do lado de dentro… e depois, tire completamente sua roupa.
O silêncio que tomou conta da sala era quase insuportável. Doía nos ouvidos. Eu conseguia ouvir a respiração dela acelerada… e, por instinto, quase podia jurar que ouvia o coração dela batendo — rápido, ansioso, perdido.
Ela mordeu o lábio inferior, tensa. O olhar distante, preso em algum pensamento que a engolía por dentro. Estava pesando tudo. O que estava em jogo, o que significava, o que podia perder… ou ganhar.
E então, sem dizer nada, ela se levantou.
Os passos até a porta foram lentos, arrastados. Cada movimento como se estivesse andando dentro de um sonho estranho. Fiquei observando em silêncio absoluto, sem mover um músculo. A tensão me prendia à cadeira como se o ar tivesse ficado mais espesso.
Ela parou diante da porta.
Tocou a maçaneta com delicadeza. Ficou ali, imóvel. Por um instante, achei que fosse sair. Tudo apontava pra isso. A hesitação, a fuga nos olhos, o medo preso nas pontas dos dedos.
“Vai embora.” — pensei — “Fecha por fora. Vai embora e esquece isso e garota.”
Mas então… ela virou a maçaneta. E fechou a porta.
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