4— O Limiar

Da série A Chama Ardente
Um conto erótico de Mr Caveira
Categoria: Heterossexual
Contém 894 palavras
Data: 08/06/2025 08:11:28

O apartamento dela tinha cheiro de incenso e vinho seco naquela noite. Eu tinha a chave, mas fazia semanas que só entrava com convite. Naquela terça, não avisei. Precisava vê-la. Entender onde estávamos.

Chave girando na fechadura, o som abafado de música vinha da sala. Um piano lento, melancólico. Chopin, talvez. Era a trilha dela nos dias mais intensos.

— Pri? — chamei baixo.

Nada.

Deixei as chaves na mesa, caminhei até o corredor.

A porta do quarto estava semiaberta.

A princípio, pensei que estivesse sozinha, dançando talvez, do jeito que às vezes fazia nua. Mas então vi as silhuetas. Dois corpos, um contra o outro. O dela por cima, em movimento lento, rebolando, deliberado. Os cabelos caindo como cortinas escuras sobre o rosto. Os gemidos — abafados, mas inconfundíveis.

Meu coração disparou. Mas não me mexi.

Eles não sabiam que eu estava ali.

Fiquei parado, imóvel como uma sombra, observando. O jeito como ela se mexia suavemente em cima dele, o modo como ele segurava suas ancas com firmeza, como se ainda fosse o único que conhecia cada segredo do corpo dela. Podia ver tudo do lado de fora, o membro dele todo ensopado, Priscila estava muito molhada.

Não era raiva o que me dominava. Era algo mais... sujo. Uma dor quente, que se confundia com desejo. Algo que me dizia que ela nunca seria só minha. E que talvez, inconscientemente, eu soubesse disso desde o começo.

Saí sem fazer barulho. Na rua, respirei como se voltasse à vida.

Naquela mesma noite, fui até o bar onde Clara trabalhava. Ela era amiga de Priscila — ou já tinha sido. Priscila me apresentou a ela em uma noite que saímos. Nunca esqueci o comentário que ela fez. "Então esse é sua mais nova vítima". Na época encarei como uma piada despretensiosa. Mas havia um certo tom de reprovação, crítica, não dirigido a mim, mas a Priscila. — As vezes passava lá pra dar um oi, beber alguma coisa, entre nós sempre houve uma tensão não dita. Um flerte tímido. Um sorriso que durava um segundo a mais.

Bebi. Rimos. Ela notou meu olhar perdido.

— Aconteceu alguma coisa com a Pri?

Não respondi com palavras. Só toquei a mão dela, firme, e deixei o gesto dizer o resto. Clara entendeu. Ou escolheu entender.

Horas depois, nós estávamos transando em seu sofá, cada estocada era uma tentativa de esquecer Priscila. Havia raiva em mim, socava com força, e desejo nela, se entregava, me acariciava. Um tipo de consolo mútuo. Clara era diferente. Mais direta, menos carregada de passado. Mas também menos... magnética.

Foi bom. Mas foi como soprar fogo em uma floresta seca.

Dois dias depois, Priscila soube. Talvez Clara tenha contado. Talvez ela já soubesse antes de eu decidir me sentir culpado.

Ela me chamou para ir até seu apartamento.

Entrei.

Gabriel estava lá.

Ela não disse nada. Apenas me olhou com um sorriso que misturava desprezo e tesão. Caminhou até Gabriel, tirou a blusa devagar, os olhos cravados em mim.

— Agora estamos quites?

Ele não entendeu de imediato. Mas seguiu o jogo.

Ela o beijou na minha frente. E não foi um beijo qualquer. Foi uma declaração de guerra. Uma dança de domínio. Gabriel olhou de relance para mim, depois para ela. Segurou a cintura dela com as duas mãos e a puxou com força, possessivo, quase teatral. Transaram ali mesmo, em pé, como se eu não existisse.

Assisti tudo. Sentado. Imóvel. Queria ir embora mas o corpo não obedecia.

Ela queria me ferir. E conseguiu.

Mas quando terminou, veio até mim nua, suada, os cabelos colados ao rosto, e se ajoelhou entre minhas pernas.

— Você quis guerra, Luiz. E eu não sou de perder.

Dormi mal naquela noite.

No dia seguinte, liguei para ela. Disse o que vinha fervendo há dias.

— Talvez... talvez a gente esteja lutando contra algo que não vai mudar.

— E o que sugere?

— Um pacto. Sem mentiras. Sem esconder o que somos.

Silêncio.

— Luiz...

— Você não quer escolher. E eu cansei de perder. Se você precisa de nós dois... então sejamos os três.

Ela riu. Um riso tenso, nervoso. Mas havia algo de alívio ali também.

— Você teria coragem?

— Já passei do ponto de volta.

O primeiro jantar foi estranho. Evitamos falar disso diretamente. Gabriel fez piadas. Priscila bebia mais do que o normal. Eu mal tocava na comida. Mas quando ela colocou a trilha certa, o apartamento se tornou outro.

Apagamos as luzes.

Ela nos guiou.

Primeiro beijou Gabriel, depois veio até mim. O toque entre eles era familiar. Comigo, era ainda descobrimento. Mas dessa vez me chupou, como nunca antes havia feito, depois Gabriel. Em seguida fomos para o quarto. Eu a chupava enquanto Gabriel beijava e apalpava com força os seios dela. Depois trocamos. Quando os três corpos se tocaram ao mesmo tempo, houve hesitação. Mas Priscila tinha o poder de fazer tudo parecer natural. Me perguntei se era a primeira vez dela com dois homens. Provavelmente não, mas decidi ignorar esse pensamento.

A primeira noite foi desajeitada em alguns momentos, mas carregada de uma tensão que beirava o êxtase. O olhar de Gabriel cruzando o meu, o toque simultâneo, os gemidos abafados. Priscila parecia em transe. Um altar entre dois opostos. A deusa do fogo que não queria ser domada, apenas adorada.

Dormimos os três juntos, corpos emaranhados, respirações descompassadas.

E quando amanheceu... eu soube que nada mais seria simples.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Mr Caveira a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de nudy

💋 😈 💕 Veja cada detalhe do corpo de qualquer uma, sem roupa ➤ Ilink.im/nudos

0 0