A real? Nem era pra gente estar ali. E quando eu digo “a gente”, tô falando do meu pai. Porque eu, bom... eu venho no pacote.
O marido abriu a porta com aquele olhar clássico de quem leva um soco no estômago, mas disfarça.
— E aí, cunhado! — Meu pai largou, passando direto por ele como se fosse dono da casa. — Bora ver teu time apanhar hoje.
O cara fez aquele sorriso falso que não engana nem criança.
— É... pode entrar — respondeu, quase engolindo as palavras. O tom dizia: “Eu não te chamei, mas fazer o quê.”
— Chamei o Miguel também, né — completou meu pai, como se precisasse justificar a minha presença... não a própria.
E ali estava a cena: TV ligada, sofá arrastado pra frente, cerveja gelando e o desconforto se espalhando no ar, mais denso que a fumaça de um churrasco mal feito.
E, como se não bastasse, Patrícia.
Meu Deus, Patrícia. Ela surgiu no corredor, andando com aquele rebolado que não se aprende, se nasce. Vestido que pareciam ter sido desenhado diretamente na pele. Justo. Sem sutiã. E aquele cabelo meio preso, meio caído, que grita "faço de conta que não percebo o efeito que causo".
— Olha quem tá aqui... — sorriu, olhando primeiro pro meu pai, depois pra mim. Depois, pro marido.
Meu pai não perdeu tempo. Caminhou até Patrícia, que tinha parado no meio do corredor, e deu aquele abraço longo, quase possessivo, daqueles que não deixam espaço pra dúvida. Deu um tapinha no quadril dela, num gesto de dono do pedaço, com o sorriso de quem sabe que tá pisando na linha, mas não se importa.
O marido, ali do lado, ficou meio imóvel, os olhos grudados nos dois, tentando captar algum sinal, qualquer reação que pudesse usar pra segurar o pouco de dignidade que ainda lhe restava. Mas meu pai? Ele ignorou solenemente a presença dele. Foi uma declaração clara: “Esse é meu território, seu otário.”
Eu fiquei mais na minha. Me aproximei devagar, puxei minha tia pra um abraço que, apesar de parecer mais recatado, tinha uma carga toda sua — um misto de cumplicidade e provocação contida.
— Quanto tempo, tia — disse, com um sorriso torto. — Você tá linda.
Ela soltou uma risada curta, meio nervosa, meio satisfeita, e ficou ali, colada, os braços envolvendo minha cintura por um instante que pareceu mais longo do que devia.
Meu pai deu uma risada baixa, seca, que soou como um aviso.
— Vai com calma aí, filho. Ainda tem gente na sala.
Eu ergui uma sobrancelha, meio desafiador, meio cúmplice. Minha tia deu um olhar rápido pro marido, que desviou o olhar, olhando pro chão, como se aquilo não fosse com ele — ou melhor, como se ele quisesse convencer a si mesmo disso.
O meu pai se esparramou no sofá como quem toma posse da casa. Perna aberta, braço jogado no encosto, aquele jeito espaçoso, dominador, que não precisava de palavra nenhuma pra deixar claro quem mandava ali.
— Ô, Patrícia... — estalou os dedos, batendo duas vezes na própria coxa — Traz uma cerveja, vai.
Ela soltou uma risadinha nervosa, olhando rápido pro marido, como quem procura um limite que, sinceramente, já nem existia mais.
— Claro, já trago... — respondeu, ajeitando a alça do vestido que parecia insistir em escorregar.
O jogo rolava na TV, mas a verdadeira partida tava ali, no sofá, no tapinha na coxa, no olhar que minha tia lançava por cima do ombro quando se abaixava pra abrir a geladeira.
— O problema desse time aí... — começou meu pai, dando um gole na cerveja e olhando de lado — ...é igual o de uns caras que eu conheço. Não sabem segurar o que é deles.
O marido riu. Aquele riso travado, sem graça, que morre na garganta. Eu fingi estar distraído no celular, mas a tensão no ar dava pra cortar com uma faca de pão.
— Se não marca direito... — ele continuou, cruzando as pernas, chutando leve o chão como quem dá ritmo às próprias palavras — ...qualquer um entra.
Silêncio.
Só o som do narrador na TV enchendo o espaço vazio da dignidade do cara sentado do outro lado da sala.
O jogo seguia. Minha tia se ajeitava no sofá, cruzava as pernas, descruzava, ajeitava o decote, passava a mão no cabelo, olhava demais pra quem não devia, e cada gesto parecia ter um destinatário muito claro — e não era o marido.
De vez em quando, ela se inclinava pra frente, e o meu pai não perdia a chance de soltar um comentário atravessado, um toque bobo na cintura, aquele roçar de mão que dura meio segundo, mas fala mais que qualquer discurso.
O cara fingia vibrar com o gol que acabava de sair. Bateu palma, gritou um "VAMOOOOO", que soou mais como pedido de socorro do que comemoração.
O marido... coitado. A cada tapinha na coxa dela, a cada risadinha fora de hora, ele aperta mais forte a lata de cerveja, esmaga, estala os dedos, rói a unha — tudo, menos encarar de verdade o que tá acontecendo na frente dele.
Até que meu pai solta mais uma:
— Eita... olha a defesa aberta desse time. Tá fácil, hein. Tá pedindo pra levar.
Silêncio.
Minha tia morde o lábio. Finge ajeitar o decote, que já tá mais pra fora do que deveria. E eu percebo. Percebo tudo. O marido percebe também, mas faz aquele esforço sobre-humano pra se agarrar ao jogo, como se gritar "GOOOOOL" fosse salvar a dignidade que já escorreu pelo tapete da sala faz tempo.
Ficamos assim. Fingindo. Fingindo que o jogo importa. Fingindo que a vida não virou isso: uma partida onde ele nunca foi titular, só reserva... de luxo.
O marido força mais um gole na cerveja.
— Eita... mais um pro meu time! — grita, vibrando, olhando pra TV, como se aquilo fosse algum tipo de consolo.
Meu pai não perdoa:
— Pelo menos no campo você tá se dando bem, né? — Soltou, olhando pra mim e piscando, como se eu fosse cúmplice desse massacre psicológico.
Eu mordo o lábio, abaixo a cabeça, seguro o riso. Porque, se eu soltar, não volto mais.
E é nesse clima — azedo, sujo, delicioso — que a partida acaba. Pelo menos na TV. Porque a nossa... essa tá só começando.
O marido ainda falava do resultado como se isso mudasse alguma coisa no placar que realmente importava. A TV ficou ligada, os comentaristas enchendo linguiça, enquanto o clima na sala parecia... outro.
E foi então que, do nada, minha tia levantou, ajeitou o cabelo, deu aquela esticada no vestido que nem precisava ser ajeitado e soltou:
— Amor... tava pensando... quer que eu faça aquele petisquinho de carne que você gosta? Aquele... com queijo derretido...
O marido, já todo animado, até estufou o peito. Coitado.
— Sério? Pô, faz sim! — respondeu, sorrindo, achando que tava ganhando alguma coisa naquele dia.
Ela andou até ele, deslizando os dedos no ombro dele, meio carícia, meio coleira invisível, e mandou:
— Então... mas falta a carne. Vai ali no mercado rapidinho pra mim?
Ele até ensaiou reclamar. Fez aquela cara de "agora?", mas ela foi mais rápida, passou a mão no queixo dele, beijou de leve e completou:
— Também preciso que compre absorvente interno pra mim. Sabe?
O silêncio que se fez na sala foi tão desconfortável que até os comentaristas da TV pareceram calar.
O marido travou. Claramente não queria ir, muito menos comprar aquilo.
— Ah... agora? Não tem outro... outro negócio aí que dá pra usar...?
Ela riu. Aquela risada que não é bem risada — é provocação líquida, em estado puro.
— Não, amor... tem que ser esse. Prometo que enquanto você vai, eu deixo tudo pronto aqui. — E piscou. Aquela piscada que, se ele não fosse tão burro, teria feito ele sair correndo dali... e não pro mercado.
— Vai lá, rapaz... rapidinho. — Meu pai lança, com aquele tom que nem finge ser inocente —
O marido baixa a cabeça, bufando. Sabe. Todo mundo sabe. E, mesmo sabendo, ele obedece. Porque é isso ou encarar a verdade de frente — e, pra isso, ele não tem peito.
A porta da frente bate. O silêncio que fica depois dela é quase pornográfico.
Meu pai nem esperou o eco sumir. Olhou pra minha tia, cruzou os braços, inclinou o tronco pra frente e, sem conseguir segurar a cara de deboche, disparou:
— Uai... cê tá menstruada?
Minha tia, com aquele sorrisinho de canto que deveria ser ilegal, girou nos calcanhares e respondeu, andando na direção do corredor:
— Não... — virou só o rosto, lançando aquele olhar que atravessava qualquer resistência — é que a embalagem desse absorvente é pequena. Ele nunca vai achar. E, na hora que ele me ligar perguntando... — deu uma risadinha curta — ...eu vou saber exatamente quanto tempo a gente tem.
Ela sumiu no corredor. Meu pai levantou devagar, ajeitou a bermuda como quem se prepara pra um serviço pesado, e olhou pra mim daquele jeito que não precisava de palavra nenhuma.
Meu pai não precisou dizer nada. Só caminhou pelo corredor, daquele jeito espaçoso dele, abrindo caminho como quem tem direito, como quem sabe exatamente o que veio buscar — e quem. Eu segui. Sem nem saber se era por vontade, por medo, ou por algum tipo de fraqueza genética que eu devia carregar no sangue.
Minha tia tava de pé, já tirando o vestido, como quem nem se dá o trabalho de fingir resistência. Como se se despir no quarto onde o marido dorme fosse só mais uma terça-feira qualquer.
Já virou de costas, puxando a calcinha pra baixo no meio do caminho até a cama. A bunda — aquela bunda — balançando com o peso do absurdo que a gente tava prestes a fazer.
— Na cama dele, hein… — ela soltou, com aquele sorriso torto, meio cruel, meio excitado. — Faz tempo que não uso pra coisa boa.
Meu pai riu. Aquele riso sujo, sem nenhum pingo de arrependimento. Desabotoou o cinto, abriu a bermuda, e antes mesmo de baixar tudo já tava com a mão espalmada na bunda dela, apertando como se fosse dele. E, sinceramente? Era. Era dele. Nossa. De todo mundo, menos do dono da cama.
— Cama tá arrumada demais, cunhada… — ele soltou, a voz grave, rouca, arrastada — Bora bagunçar isso aqui.
E, antes que eu respirasse, ele já tava ajoelhado atrás dela. Enfiou a cara no meio da bunda dela como quem cava um tesouro — e achou. O som era indecente. A boca dele sugando, lambendo, mordendo, como se quisesse deixar marca, estampar ali a assinatura de quem ela realmente pertencia.
Meu pai puxou Patrícia pela cintura, fez ela se apoiar na beirada da cama. O cheiro dela subiu na hora, forte, quente, molhado, indecente. Aquele cheiro que não deixava dúvida de que ela tava pronta. Que ela tava querendo. Que ela tava precisando.
— Abre mais — ele mandou, dando um tapinha rápido na parte interna da coxa dela.
Cuspiu na mão, passou no pau e se ajeitou atrás dela.
— Abre… — ele rosnou, empurrando com força.
O gemido dela foi abafado no travesseiro. As mãos apertaram o lençol, os joelhos afundaram na cama, e quando ele entrou — entrou mesmo, daquele jeito que não pede licença, só invade — eu juro que o mundo parou por dois segundos. A respiração dela falhou. Meu próprio corpo estremeceu. Não tinha mais volta.
Minha tia arqueou as costas, olhou pra trás por cima do ombro — direto pra mim. Aquele olhar… puta merda, aquele olhar.
— E você, vai ficar só olhando?
— Bora, moleque… — meu pai virou pra mim, os quadris batendo no dela, cada estocada ecoando. — Não fica só olhando, não. Aqui é serviço em família.
Ela mordeu o lábio, estendeu uma mão trêmula na minha direção, e soltou… quase num sussurro:
— Vem… vem você também.
Engoli seco. Nem sei se pelo nervoso, pela excitação... ou pelos dois misturados, aquele coquetel indecente que já me entorpecia antes mesmo de tocar nela. Meu corpo foi sozinho. Meu cérebro… esse já tinha ido embora faz tempo.
Meu pai riu. Riu daquele jeito que só ele sabe, entre deboche e triunfo, estocando forte, tão forte, que dava pra ouvir o barulho da carne batendo. Cada vez que ele entrava, Patrícia arfava, tremia, mas nem por um segundo parava de puxar minha bermuda, até finalmente baixar tudo, libertar meu pau… Assim. Sem mais nem menos. Como se aquele quarto não tivesse teto. Como se aquele teto não tivesse limite pro nível de sacanagem que a gente tava escrevendo na história daquela casa.
Enquanto meu pai a segurava pelos quadris, encaixando, dominando, abrindo espaço como só ele fazia, eu me abaixei na frente dela. Segurei aquele rosto, puxei pelos cabelos, e enfiei minha boca na dela. A língua dela entrou na minha como faca na manteiga — sem resistência, sem pudor, sem vergonha nenhuma.
— Porra... — ele rosnou, apertando mais forte a cintura dela. — Isso aqui… isso aqui é que é jogo bom.
E eu, entre uma chupada e outra na boca dela, soltei, quase sem perceber:
— E o melhor… é que aqui a gente nunca perde.
Ela arfava, ofegante, com os cabelos desgrenhados caindo no rosto, e olhou pra mim como quem pede... ou como quem manda. A boca meio aberta, aquele olhar sujo, malicioso, rendido — e cúmplice. Porque, no fundo, tava tão no controle quanto qualquer um ali. Segurou meu pau com as duas mãos, massageando com aquele jeito indecente que só ela sabia fazer, enquanto meu pai seguia metendo nela por trás, pesado, ritmado, com aquele som molhado e sujo de carne batendo em carne, que preenchia o quarto mais do que qualquer narração de jogo.
Agarrei os cabelos dela, puxei de leve, guiando aquele rosto lindo na direção do meu quadril. Ela sorriu. Sabe aquele sorriso de mulher que já sabe exatamente o que vai fazer, e exatamente o efeito que isso vai ter em você? Era esse.
— Abre a boca, tia... — soltei, rouco, quase sem reconhecer minha própria voz.
E ela abriu. Sem hesitar. Sem pestanejar. Sem um pingo de pudor.
A língua dela tocou meu pau como se já fosse dela desde sempre. Molhada, quente, macia. Sugou devagar primeiro, como quem degusta, pra depois engolir tudo que podia, olhando pra mim de baixo, aquele olhar que estraçalhava qualquer resquício de bom senso que eu achava que tinha.
— Olha pra mim… — mandei, meio sem reconhecer minha própria voz. Baixa, rouca, rasgando. — Olha… e abre bem essa boca.
Ela obedeceu na hora, com aquele olhar de mulher que sabia que não tinha mais volta, que não precisava mais disfarçar absolutamente nada pra ninguém — nem pra si mesma. Enfiei sem cerimônia. Até a garganta. Ela engasgou, lagrimejou, e não recuou nem um centímetro.
Minha tia segurou meu pau com aquela fome desavergonhada, esfregando na própria boca, na bochecha, lambendo como se fosse a coisa mais natural do mundo.
O calor da boca dela me arrancou um gemido baixo. Automaticamente, minha mão foi pro cabelo dela, segurando, puxando de leve, sentindo aquela língua girando, aquela sucção apertada, desesperada, como se tivesse fome — não de comida, mas de erro. Meu erro. Nosso erro.
Meu pai olhou, arqueou uma sobrancelha, e soltou com aquela voz suja:
— Isso… chupa direitinho, cunhadinha … — e estocou mais fundo — Aqui é assim… família unida faz tudo junto.
E teve uma risada seca, canalha, impiedosa.
Minha tia tirava a boca só pra respirar, pra gemer, e pra soltar umas pérolas que, se eu não tivesse ouvido, eu juraria que ninguém seria capaz de dizer na própria cama, na própria casa, enquanto o marido... bom, o marido caçava absorvente no mercado sem saber que o verdadeiro vazamento tava era aqui, na dignidade dele.
— Gosta, né? — ela sussurrou, olhando pra mim, a mão subindo pra massagear meus testículos — Você gosta de ver… de participar… de me dividir com teu pai. — E lambeu, lenta, suja, indecente.
O barulho das estocadas ficou mais ritmado. Meu pai segurou ela pela cintura, inclinou, e disparou:
— Tá tão apertadinha… — deu um tapa forte na bunda dela — Tá querendo segurar, é? Perde tempo não…
O ritmo apertou. Meu pai começou a gemer mais alto, o corpo dele pesando nas costas dela, os movimentos ficando mais curtos, mais fundos, mais precisos. Eu senti minhas pernas tremerem quando ela apertou meu pau com a garganta, como se quisesse sugar minha alma pra dentro dela.
— Vai… vai… engole tudo, vadia… — meu pai rosnou, estocando até sumir.
A boca dela sugou mais forte. Eu senti subir. Arder. Meu corpo inteiro travou.
— Porra… — eu grunhi, segurando na cabeça dela, afundando até onde dava — Porra!
Joguei tudo ali. Na boca. Na garganta. No peito. No queixo. No que ela quisesse. Enquanto meu pai tremia atrás, derramando tudo dentro dela, segurando firme na cintura, gemendo grosso, rouco, como quem comemorava não um gol — mas um título inteiro.
O celular vibrou.
Patrícia olhou pra mim, depois pra meu pai. Sorrimos. Ela esticou o braço, pegou sem pressa.
Atendeu, ajeitando o tom de voz, doce, impecável. Falsa até o osso.
— Oi, amor...
— Amor… eu não tô achando esse negócio, não… — a voz do marido soava tensa, meio abafada, meio perdida.
— Aff, amor… você foi no corredor certo?
Do outro lado, a voz do corno já veio misturada de raiva e frustração.
— Patrícia... eu rodei esse mercado inteiro. Isso não tem aqui.
Troquei olhares com meu pai, que só fez um gesto sutil com a cabeça. Entendi na hora. Segurei mais firme o quadril dela e enfiei de uma vez, sem aviso.
— Pooorr... — Ela deixou escapar, mordendo os lábios na sequência pra conter. — …ra você, amor... você nunca acha nada.
Meu pai segurou o riso, balançando a cabeça, satisfeito.
— Mas onde que fica, caramba? — O tom dele já beirava o desespero.
— Fica na parte de cuidados... íntimos femininos. É uma caixinha pequena, rosa, com a escrita branca. — E virou, sorrindo, enquanto eu segurava o riso e o quadril dela.— às vezes fica ali... bem apertadinho... num cantinho que nem todo mundo percebe...caber na gôndola.
— Eu já passei por tudo aqui. — Ele bufava. — Isso não tem.
— Ah, amor... — Ela deu uma risada curta. — Você tá muito afobado. Tem que ir com calma... vasculhar... não adianta passar de qualquer jeito.
Meu pai gargalhou. Se divertindo como quem assiste uma velha comédia, sabendo o final de cor.
A voz do marido veio aflita.
— Patrícia... cê tá de sacanagem. Já dei três voltas nesse mercado. Isso nem deve vender aqui, não.
Meu pai riu. Eu segurei o quadril dela, encaixei de novo, fundo. Ela mordeu o lábio, disfarçando.
— Claro que vende, amor... — A voz doce, fingida. — Tem que procurar direito. Lá no fundo... bem no fundo do corredor. Não tem erro.
Ela virou pra mim. Sorriso de canto. Maldita.
— Lá no fundo... — repetiu ele, do outro lado.
— Isso. Vai... lá no finalzinho. Às vezes tá meio escondido. Mas se você procurar direitinho, acha.
Meu pai gargalhou. Eu tive que fechar os olhos e respirar fundo. Não por autocontrole. Mas pra não rir. Ou não gozar.
— Às vezes fica no meio... você vai ter que mexer bem, olhar direito... — A bunda dela empinava como se me desafiasse. — Fuça no fundo... sem medo, tá?
— Porra, Patrícia... — o tom dele já misturava raiva e derrota. — Isso é sacanagem.
Ela segurou o riso. Olhou pra meu pai, depois pra mim, e respondeu, lenta, cruel:
— Sacanagem nada... é só saber procurar no lugar certo...
O silêncio do outro lado foi de pura rendição.
— Ai, amor… procura mais um pouco, vai. — A voz dela, doce, carinhosa.
— Tá... vou olhar de novo. — A voz veio mais baixa, mais mole.
— Você sabe que eu gosto quando você se esforça... — Ela mordeu o lábio. — Se não achar, me liga de novo, tá?
Ela olhou para o meu pai, depois pra mim, e arrematou, seca:
— Mas não demora... senão quando você chegar... já vou estar... toda molecada.
Silêncio.
— Tá. — Foi tudo que ele conseguiu responder. — Vou tentar de novo.
Ela desligou sem nem se despedir, jogou o celular na cama e se apoiou no colchão, sorrindo.
Meu pai cruzou os braços, recostou na parede e lançou, com aquele tom cruel que só ele sabe fazer:
— Agora mete, moleque. Enquanto ele procura lá... a gente acha aqui.
E eu meti.
O celular vibrou de novo. Ela nem pensou. Pegou, atendeu, uma mão segurando o aparelho, a outra agarrando o lençol, porque eu já tava socando com mais vontade, sentindo o corpo dela ceder e se ajustar às minhas investidas.
— Oi... achou, amor? — fingiu surpresa, soltando aquele gemido sussurrado, quase imperceptível, quase.
— Não... porra, Patrícia... não tem! Tô rodando igual um idiota aqui! — A voz dele já era puro desespero.
Ela riu, mordeu o lábio e olhou pra trás, pra mim, como se dissesse "olha isso".
— Ah, amor... — ela puxou o tom mais doce, venenoso e debochado possível — você não consegue fazer nads sozinho, né? Sempre precisa de ajuda...
Meu pai gargalhou, cruzou os braços, balançando a cabeça, satisfeito com a crueldade dela.
Ela respirou fundo, segurando um gemido que quase escapou quando enfiei mais fundo, e completou, venenosa:
— Faz assim, amor... pergunta pra outro funcionário... quem sabe... ele consegue... te ajudar a resolver... meu problema.
Soltou, olhando pra mim, sorriso torto, puro deboche.
— Que funcionário? Tá vazio isso aqui! — O coitado do outro lado já tava quase chorando.
— Ah, amor... — ela fingiu manha — sempre aparece um... disposto... a ajudar.
A mão dela apertou meu braço quando meti mais forte, como quem marca território. Porque se ela precisava de ajuda... bom... a gente já tava resolvendo.
— Achei! — ele respondeu, ofegante, como quem tinha vencido uma guerra. — Uma moça aqui me ajudou... tava num canto que nem dava pra ver.
Ela mordeu o lábio, segurando um risinho cínico, e soltou:
— Tá vendo? Te falei que você precisava de uma mãozinha... sozinho, você nunca dá conta, né, amor?
Eu continuei socando, olhando aquela cena como quem assiste uma obra de arte se desenrolando.
— Tá... tá — ele bufou —, mas ainda tenho que pegar a carne.
Ela arqueou as sobrancelhas, fez biquinho, e perguntou, venenosa:
— Já tá voltando, então?
— Não, né? Ainda tem a carne... e a fila tá grande.
Ela desligou na cara, rindo. Jogou o celular no colchão e, olhando pra mim e pro meu pai, falou, como quem acabava de ganhar na loteria:
— Temos tempo. Fila da carne sempre demora. Ainda tem tempo.
Meu pai não pensou duas vezes. Se levantou, pegou ela pelo queixo e puxou, olhando nos olhos dela com aquele sorriso torto, cruel.
— Então não perde tempo, Patrícia... — ele tirou o pau pra fora e encostou nos lábios dela — e ocupa essa boca do jeito que você gosta.
Ela riu, piscou, e simplesmente abriu, sugando ele como quem já sabia exatamente o papel que tinha ali.
Eu segui metendo, segurando na cintura dela, vendo as mãos dela apertarem as coxas, o lençol, e o pau do meu pai, tudo ao mesmo tempo, gemendo abafado, quase engasgando.
Ele olhou pra mim, balançando a cabeça, satisfeito:
— Moleque... isso aqui é que é vida, viu?
E eu? Bom... eu só concordei. Sem palavras.
A ligação vibrou de novo bem na hora que eu tava socando ela mais fundo, segurando firme na coxa, fazendo aquele barulho molhado ecoar pelo quarto.
— Porra... mas que cara chato — resmungou meu pai, revirando os olhos, enquanto puxava o pau da boca dela, só o suficiente pra ela conseguir atender. — Atende essa desgraça logo.
Ela limpou a boca com as costas da mão, rindo, e atendeu como se nada estivesse acontecendo.
— Oi, amor... — a voz já meio falhada, tentando parecer natural, mas escapava aquele gemidinho no meio.
— Patrícia... tô aqui no açougue. Qual carne você quer? — perguntou ele, meio perdido, no viva-voz, porque dava pra ouvir o barulho de gente no fundo.
Ela mordeu o lábio, olhou pra mim, depois pra meu pai, e sorriu torto, maliciosa. Guiou a mão dele até o próprio seio e apertou, enquanto dizia, olhando direto nos olhos dele:
— Hmm... pode ser maminha, né? — apertou mais forte, gemendo baixinho, e arqueou as costas quando eu meti mais fundo, segurando na coxa dela.
— Tá... maminha... mais alguma coisa? — o corno respondeu, todo prestativo.
Ela riu, fechou os olhos e guiou minha mão pra coxa dela, como se reforçasse a piada que só a gente entendia.
— Pode trazer coxinha também... todo mundo gosta de uma boa coxa, né amor? — falei, apertando a dela com tanta força que ela soltou um gemido abafado, fingindo que era só tosse.
O marido respondeu meio disperso, anotando mentalmente.
— Beleza... e... mais?
Meu pai puxou ela pela nuca, fez ela se inclinar e socou o pau de novo na boca dela, enquanto ela ria, lambendo com gosto, e respondeu, com a voz toda arrastada entre um boquete e outro:
— Ah... e linguiça, né... não pode faltar linguiça aqui em casa... — passou a língua no pau do meu pai como quem assinava o pedido.
Eu quase perdi o ritmo, rindo baixo, segurando mais forte na cintura dela, enterrando até o talo, enquanto ela tentava falar com a boca cheia.
Do outro lado, o corno, alheio à humilhação explícita, ainda perguntou, inocente:
— Tá... linguiça... dessas fininhas ou daquelas mais grossas?
Meu pai não segurou e soltou uma gargalhada. Eu precisei morder o ombro dela pra não rir alto.
Patrícia, com um fio de saliva escorrendo do canto da boca, olhou para o meu pai, piscou, e respondeu:
— Hmm... pode ser da... bem grossa, amor... você sabe... aquela que enche a boca.
O silêncio do outro lado durou uns três segundos, e ele respondeu, meio sem jeito:
— Tá... beleza... mais alguma coisa?
Ela fingiu pensar, enquanto dava uma lambida lenta na cabeça do pau de Pedro, e completou:
— Ah... traz também uns ovos, né? Nunca é demais ter ovos por aqui... — e passou a mão nas bolas do meu pai, olhando pra ele e sorrindo.
Meu pai quase engasgou de tanto rir, bateu na bunda dela, e me olhou, balançando a cabeça como quem não acreditava na própria vida.
O marido, alheio, respondeu:
— Tá... acho que é isso... vou pegar e tô indo.
Ela, olhando pra mim e mordendo o lábio, respondeu, fingindo aquela voz doce:
— Tá bom, amor... te espero... — e desligou, jogando o celular pro lado.
Quando ela desligou, virou-se pra gente com aquele olhar de fogo.
— Pronto. Temos mais uns dez, quinze minutos. — E deu aquele sorriso torto, indecente. — Bora?
Meu pai segurou ela pelo cabelo, puxou de volta pro pau dele e falou:
— Bora... que a fila lá pode tá parada, mas a nossa aqui não para.
Eu só segui socando mais forte, segurando nas coxas, vendo ela se perder entre gemidos, risadas e cuspe.
— Isso... — ela arfou, entre uma sugada e outra — mete... mete mais... que ainda dá tempo...
E dava.
Meu pai segurou mais firme o cabelo dela, guiando a cabeça pra frente e pra trás, fazendo aquele barulho molhado ecoar junto dos meus estalos na bunda dela. Eu enterrava com força, segurando nas coxas, sentindo ela tremendo inteira, gemendo mesmo com a boca cheia.
— Isso, porra... — rosnou meu pai — me mostra como você é boa de boca... enquanto o otário escolhe carne, você degusta outra coisa aqui.
Ela soltou um gemido abafado, quase engasgando, e eu senti quando ela apertou minha rola lá dentro, toda quente, molhada, pulsando.
— Caralho, que tesão... — murmurei, segurando na cintura dela e socando cada vez mais fundo.
Meu pai tirou da boca dela, segurando pela mandíbula, e fez ela olhar pra mim.
— Vira, olha pra ele. Olha como ele tá metendo em você, sua safada.
Ela obedeceu, com aquele sorriso torto, o olhar vidrado, a maquiagem toda borrada e a boca brilhando de saliva.
— Vai, Miguel... — arfou, mordendo o lábio — mete... mete tudo... me enche... antes que aquele corno volte...
Eu senti a espiral subindo, aquele calor arranhando as costas, o estômago contraindo, o corpo inteiro querendo explodir.
Meu pai não deixou barato. Segurou a cabeça dela, esfregou na rola dele e forçou de volta na boca, socando até bater na garganta.
Ela gemeu, apertou mais, e começou a tremer.
— Goza... vai... goza, sua vadia — meu pai rosnou, socando na boca dela — goza como a puta que você é.
— Caralho... — grunhi, segurando forte na cintura dela — porra... porra... — e disparei lá dentro. Senti cada jato quente invadir ela, e ela tremendo, gemendo, me apertando, como se quisesse sugar tudo até a última gota.
Ela se contorceu, abriu a boca, deixou escapar um gemido longo, sufocado pela rola do meu pai. O corpo dela tremeu inteiro, espasmos, coxas bambas, as mãos agarrando qualquer coisa que encontrava. Gozo escorrendo, pingando pelas coxas, molhando a cama.
Meu pai segurou mais forte, estufou o peito, e com um estalo mais fundo enfiou até a garganta, segurando lá, os olhos fechados, a mandíbula travada.
— Puta que pariu... — rosnou, sentindo o pau pulsar — toma... toma essa porra toda... — e despejou na boca dela, segurando, não deixando escapar uma gota.
Ela engoliu tudo, tremendo, arfando, limpando o canto da boca com a língua, rindo, completamente destruída e satisfeita.
Ficamos os três ali, ofegantes, suados, cada um largado de um jeito, olhando pra cama, pro chão, pra situação, com aquele silêncio carregado, meio cúmplice, meio absurdo.
O quarto ficou cheio do cheiro. Daquele cheiro. De sexo. De derrota. De humilhação.
Minha tinha me olhou, destruída, com um sorriso no rosto. Um sorriso de quem sabia que, no placar que realmente importava… o marido tinha tomado de goleada.
E pior: nem sonhava o quanto.
Ou… sonhava.
O silêncio que veio depois foi quase ensurdecedor. Só dava pra ouvir nossa respiração descompassada, os pingos da torneira no banheiro lá no fundo, e aquele cheiro... forte, ácido, indecente. Cheiro de tudo o que tinha acabado de acontecer — e que, tecnicamente, não deveria ter acontecido.
O barulho da fechadura girando foi a única coisa capaz de nos arrancar daquele torpor preguiçoso de pós-gozo. Meu pai foi o primeiro a se levantar, calmo, quase entediado.
A porta do quarto abriu com aquele estalo seco, alto, estridente. Alto o suficiente pra parecer mais barulhento que deveria. Alto o suficiente pra ser ouvido lá da sala.
Eu ajeitava a bermuda às pressas, puxando o zíper com uma mão, tentando, inutilmente, domar aquele pau que ainda latejava, meio sujo, meio melado, meio... orgulhoso demais do que tinha acabado de fazer. Meu pai veio logo atrás, mais tranquilo, mais displicente, ajeitando o cinto, passando a mão nos cabelos, como se tivesse acabado de dar uma cochilada — e não de meter na mulher do outro.
E, claro, Patrícia… Patrícia vinha no meio. O vestido amarrotado, descomposto, uma alça caída no ombro, o batom meio apagado, o cabelo todo bagunçado daquele jeito que não engana nem o mais idiota dos idiotas. E sabe o que ela fez? Sorriu. Simples assim. Sorriso largo, malicioso, descarado. O tipo de sorriso que ou destrói um homem... ou obriga ele a fingir que não viu.
E foi aí que…
Ele. O marido. O corno. Chegando com as sacolas na mão, segurando um fardo de cerveja embaixo do braço, com aquela cara de quem tava prestes a dizer: “Gente, vocês não vão acreditar no trabalho que deu pra achar esse negócio…”
Mas ele não disse. Ele não conseguiu.
O que ele conseguiu... foi travar. Congelar no meio do batente, com aquele olhar que eu juro que nunca mais vou esquecer. A boca semiaberta, sem som. O maxilar tremendo. O olhar indo do meu pai... pra mim... e depois... pra minha tia.
E ela? Ela simplesmente ajeitou a alça do vestido, passou a mão nos cabelos, cruzou os braços debaixo dos seios, empinou um pouco mais o corpo e soltou, com aquele tom doce que era mais veneno que mel:
— Nossa... cê demorou, hein, amor... Achei que tinha se perdido no mercado.
Silêncio. Silêncio absoluto. Só o barulho das latas de cerveja batendo umas nas outras quando ele apertou o fardo com mais força do que devia. A mão tremendo. A respiração dele curta, pesada. A testa começando a suar.
— Uai... — meu pai quebrou o silêncio, aquele sorriso cínico rasgando o rosto —... foi mal aí, cunhado... é que sua patroa aqui pediu uma ajudinha pra ajeitar umas coisas no quarto... né, Patrícia?
Ela não respondeu. Só mordeu o lábio inferior, segurando aquele riso de quem sabe exatamente o tamanho da humilhação que tava plantando ali.
— Porra, Patrícia... — a voz dele já não tinha mais força, era quase um lamento rasgado no meio da vergonha —... até na nossa cama?
Ela nem piscou. Ajeitou o cabelo com a ponta dos dedos e soltou, seca, firme, cortante:
— Uai... cê acha mesmo que essa foi a primeira vez? — riu de canto — Faz tempo que essa cama aqui... não é só nossa, não.
O marido apertou os punhos, o rosto tremendo de raiva e de impotência.
— Sua... sua vagabunda... — rosnou, cuspindo as palavras como se isso fosse, de alguma forma, recuperar a masculinidade que ele nem lembrava mais como era.
Não deu nem tempo do som morrer no quarto.
PÁ!
O som seco do soco estalou no queixo dele. Alto, limpo, sem piedade. O corpo do marido foi pro chão sem resistência, meio torto, as mãos se apoiando no carpete pra não bater a cara de vez.
Meu pai ficou ali, parado, com o punho ainda meio fechado, olhando de cima pra ele, como quem olha pra um cachorro que cismou de latir errado.
— Já te falei... — respirou fundo, aquela voz grave e perigosa —... pra não falar com ela desse jeito.
Minha tia... riu. Uma risada gostosa, leve, debochada. Aquela risada que não combinava em nada com a cena pesada, mas que, de algum jeito, deixava tudo ainda mais cruel.
O marido limpou a boca, trincando os dentes, e soltou:
— Que se foda... — cuspiu no chão, trêmulo —... eu vou contar... vou contar pra toda a família... pra todo mundo... essa putaria que tá acontecendo aqui!
Meu pai, calmíssimo, se abaixou. Um joelho no chão, o outro flexionado. Chegou pertinho. O rosto a menos de um palmo do dele. E quando falou, foi mais baixo, mais arrastado, mais cruel:
— Não... vai não, corninho. — deu dois tapinhas no rosto dele — Ou você... esqueceu do que a gente combinou... aquele dia... quando eu trouxe ela de volta?
O marido engoliu seco. A respiração ficou curta. O olhar fugindo, feito bicho acuado.
Meu pai não tirou os olhos dele. E fez questão de forçar a humilhação até o osso:
— Bora, fala. Fala pra mim. Qual é o acordo? Hein?
Silêncio. Só o som da respiração pesada, do coração disparado.
Meu pai não se moveu. Só arqueou uma sobrancelha, esperando.
— Ela... ela fica na casa... — o marido começou, a voz falhando —... e... e eu... eu aceito... — trincou os dentes, apertando os olhos —... eu aceito... dividir ela.
— Isso. — Pedro sorriu, aquele sorriso largo, sem alma — E se não aceitar... o que acontece mesmo?
O marido engoliu em seco. A mão tremia.
— Você... você... — abaixou o tom, quase num sussurro —... você vai na empresa... contar pro meu chefe... sobre... sobre o meu esquema...
Pedro riu. Satisfeito. Debochado.
— Isso, bonitão. — piscou — E você sabe... que eu não tô blefando.
O silêncio que veio depois foi mais humilhante que qualquer soco.
Meu pai então se levantou, esticou a mão pro corno, que, depois de dois segundos de hesitação... aceitou. Apertou com os dedos trêmulos, se levantando, tropeçando nas próprias pernas.
Quando ficou de pé, meu pai não precisou nem repetir. Só apontou com o queixo.
— Vai... — a voz dele era calma, mas doía mais que grito —... pede desculpa pra sua esposinha.
O marido respirou fundo. A mão apertando tanto que os nós dos dedos ficaram brancos.
Olhou pra minha tia. A mulher que, até poucos meses atrás, ele achava que controlava. Que era dele. Só dele.
— D-desculpa... Patrícia. — a voz falhou no meio da palavra.
Ela fingiu pensar. Fez aquele biquinho de quem considera a situação. E então... sorriu.
— Tudo bem, amor. — respondeu, doce. Doce... como veneno.
Meu pai riu. Bateu palmas uma, duas vezes.
— Isso. Assim que eu gosto... — se virou pra mim, cruzando os braços —... cada um no seu lugar.
Meu pai olhou pro relógio no pulso. Suspirou, passando a mão na barba, como quem tava se preparando pra ir embora.
— Rapaz... — balançou a cabeça —... eu já tava era indo, viu?
Deu dois passos em direção à porta... e parou. Virou o rosto lentamente pro marido, que seguia ali, com o olhar baixo, mastigando a própria humilhação.
Meu psi sorriu. Aquele sorriso torto, cheio de dentes e desprezo.
— Mas... só por causa dessa sua afronta... — deu uma pausa, deixando o silêncio pesar —... eu vou ficar.
O marido levantou o rosto, arregalando os olhos.
— E vou ficar... — Meu pai ajeitou o cinto, relaxando os ombros, como quem se ajeita pra um serviço pesado —... pra comer sua esposa mais um pouquinho. Aqui mesmo. Na sua cama. Na frente da sua dignidade... — fez uma pausa, depois sorriu —... ou do que sobrou dela.
Apontou com o queixo pra cozinha.
— E enquanto isso... você vai lá. — a voz arrastada, cruel — Vai lá preparar aquele petisco que ela te prometeu... — riu —... que sua esposinha vai tá... bem... ocupada.
Meu pai nem esperou ela concordar. Simplesmente a segurou pela cintura, ergueu com facilidade e jogou minha tia no ombro, como quem carrega um saco de cimento — ou melhor, um presente valioso. Ela soltou um gritinho meio falso, meio provocante, já rindo, enquanto batia de leve nas costas dele.
— Bora, cunhadinha... — ele estapeou a bunda dela, que balançou escandalosamente — seu marido que aprontou, mas quem vai ser castigada é você.
O estalo seco da mão dele na bunda dela ecoou no quarto, e ela riu mais, sem fazer a menor questão de disfarçar o quanto estava adorando aquilo.
De onde eu estava, ainda dava pra ver perfeitamente: a cabeça dela tombada pro lado, os cabelos caindo, o sorriso largo, malicioso, olhando direto pro marido, que seguia plantado ali, com a cara de quem não sabia se enfiava a cabeça no chão ou se batia palma.
Meu pai atravessou a porta com ela no ombro, a bunda dela balançando a cada passo, e antes de sumir no quarto, virou o rosto só pra soltar aquela última flechada:
— Bora, Miguel... — disse, como quem convida pra descarregar mudança —... não enrola, não. Isso aqui é trabalho pra dois.
Senti o estômago gelar. As mãos tremendo. Mas fui. Sem nem pensar. Como se meus pés já soubessem o caminho antes de mim.
O marido tava lá. Parado. Inerte. Um cadáver em pé. Olhos fixos, sem saber se encarava o chão, a porta, ou a própria miséria.
Estiquei a mão na maçaneta. E antes de puxar, olhei pra ele, sem conseguir evitar o cinismo que escorreu na minha boca:
— Desculpa... — falei, dando um meio sorriso —... mas acho melhor eu fechar a porta, né?
Deixei a frase no ar. A porta se fechou com aquele click seco, duro, definitivo.
E aí, meu amigo... o inferno começou do lado de dentro.
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