O relógio marcava oito da noite quando Jenifer desligou a televisão da sala. O clima do apartamento parecia suspenso, imóvel, como se o tempo estivesse trêmulo, hesitante diante da paz artificial que envolvia a jovem Dayane.
No sofá, ela piscava devagar, com as pupilas ligeiramente dilatadas, um sorriso quase infantil nos lábios. Vestia um robe grosso de lã bordô que arrastava pelo chão como se fosse pesado demais para seus ombros frágeis. O cabelo, agora preso num coque frouxo, deixava escapar algumas mechas que moldavam seu rosto com doçura envelhecida. Nas mãos, segurava uma xícara fumegante de chá de camomila com jasmim — a infusão preferida que Jenifer dizia “acalmar a alma”.
— Mais um golinho, minha flor… depois vamos para a caminha, sussurrou Jenifer, agachando-se ao lado da garota, suas mãos delicadas ajeitando a manta sobre as pernas de Dayane.
Ela obedeceu, como sempre. Com um movimento lento, levou a xícara à boca e sorveu o chá que carregava, entre os sabores doces e florais, o perfume do creme que Jenifer agora usava toda noite — um aroma adocicado e sutil que se tornava cada vez mais presente, cada vez mais inevitável. E o cheiro... fazia a mente de Dayane vagar.
Depois, as luzes foram diminuídas. Jenifer pegou o controle da televisão e colocou uma nova gravação: sons brancos entrelaçados com sussurros quase inaudíveis, imagens suaves de campos, cortinas esvoaçantes, palavras que surgiam e sumiam lentamente na tela: obediência, segurança, calma.
Dayane assistia com olhos semicerrados, as pernas ligeiramente abertas sob a manta, o corpo amolecido.
No quarto, minutos depois, Jenifer conduziu a menina com doçura. A iluminação era escura, apenas a luz de um abajur avermelhado preenchia o espaço. Ela a fez sentar na beira da cama e começou a trocar sua roupa, cuidadosamente, como uma mãe paciente com sua filha sonolenta. A camisola longa de algodão tinha babados nos ombros e um laço velho no peito. Dayane parecia aceitar tudo sem reação — o corpo cedia, os braços erguiam-se quando pedidos, os olhos pareciam entender menos do que viam.
Jenifer, de pé diante dela, a observava com orgulho estranho. Ajoelhou-se. Tocou-lhe as pernas, os joelhos, os quadris. Foi abrindo espaço, lentamente, como quem planta algo com precisão.
— Você está ficando cada dia mais perfeita pra mim, sabia? Tão comportada… tão bonitinha, disse, enquanto os dedos subiam pela pele quente da garota.
Dayane não respondeu. Respirava fundo, lentamente, como se estivesse em outro lugar. A hipnose sutil já fazia seu trabalho.
Jenifer lambeu o interior das coxas de Dayane com prazer doentio, subindo devagar, sentindo o cheiro do sabonete neutro que ela mesma escolhera. A menina estremeceu. Um gemido confuso escapou.
— Só sinta, meu bem. Você confia em mim, não confia?
Ela assentiu com a cabeça.
Jenifer subiu por cima dela, deitando seu corpo mais pesado sobre o da menina. As mãos firmes envolveram os pulsos da garota, erguendo-os acima da cabeça. Os quadris se encaixaram com uma calma quase litúrgica. As bocas se encontraram, e Dayane abriu os lábios como se não houvesse mais alternativa — apenas um instinto morno de pertencimento.
O sexo foi lento, abafado, quase silencioso. Como um rito noturno e secreto. O corpo de Dayane respondeu em tremores tímidos, submissos. Ela não parecia estar inteiramente ali — e, mesmo assim, aceitava tudo. O toque, a pressão, a penetração com dedos que sabiam exatamente o ritmo entre prazer e perda de controle.
Mas naquele momento, o toque mudou.
Jenifer ergueu-se sobre ela, os olhos escurecidos por uma fome mais densa. Os dedos desceram, dessa vez frios e impacientes. A outra mão segurou Dayane pelos cabelos, puxando sua cabeça para o lado. O sussurro que veio agora era mais grave, mais firme.
— Você é minha. Não é só amor, Dayane. É destino. E o destino não se discute.
Ela enfiou dois dedos na boca da menina, molhando-os com saliva antes de penetrar novamente, com mais força. Dayane soltou um gemido curto, assustado, mas não resistiu. A respiração ficou mais curta, o corpo mais rígido.
Jenifer inclinou-se e mordeu-lhe o pescoço com força, deixando a marca roxa e definitiva. O prazer veio misturado ao medo, e o medo já não tinha nome.
A camisola estava empapada. A cama cheirava a flores, creme e algo mais… algo quase podre de tão doce.
Quando terminou, Jenifer a puxou para o peito, embalando seu corpo quente como se fosse um bebê. Acariciava-lhe o couro cabeludo em círculos lentos, sussurrando palavras em uma língua que Dayane não reconhecia. Lá fora, a cidade dormia.
Ali dentro, a menina começava a esquecer quem era.
E o dia seguinte… já tinha dono.