Dayane sempre foi daquelas garotas que flutuavam entre o caos da cidade e o refúgio dos livros. Aos 21 anos, dividia os dias entre a universidade e uma cafeteria pequena, onde revisava matérias, escrevia suas anotações e bebia café sem açúcar. Os olhos castanhos claros escondiam inseguranças que ela própria não sabia nomear. Era bonita, sem saber. Silenciosa, sem querer. E solitária, sem admitir.
Foi naquele semestre, entre uma entrega de projeto e outra, que ela conheceu Jenifer. A mulher parecia deslocada do mundo moderno. Morena, cabelos lisos sempre presos com delicadeza, vestidos longos e estampados que lembravam as mulheres evangélicas da infância de Dayane. Sua voz era gentil, quase uma brisa. Mas havia algo nos olhos, algo quente e silencioso, como brasa sob cinza.
Jenifer não era professora, nem aluna. Havia sido convidada por um amigo do corpo docente para palestrar sobre cuidados terapêuticos e memória corporal. Dayane estava ali apenas por horas complementares. Mas bastou uma pergunta no final da apresentação para que as duas se conectassem. A estudante perguntou algo banal, sobre rotina de cuidados com o sono. Jenifer respondeu como se estivesse diante da única alma que importava naquele auditório. E ao fim, pediu para continuarem a conversa por mensagem.
As mensagens viraram cafés. Os cafés, caminhadas. E, então, convites. Jenifer nunca foi invasiva. Sempre doce. E era isso que confundia. Suas mãos pareciam pedir permissão mesmo quando ofereciam cuidado. Ela notava detalhes que nem mesmo Dayane percebia em si. Quando elogiou as mãos da jovem pela primeira vez, foi durante um passeio em que segurava sua xícara com tremor. "Você carrega muito peso, meu bem... essas mãos querem descanso."
A cada encontro, Dayane mergulhava mais. A maneira como Jenifer falava, como tocava sua própria roupa, como a olhava em silêncio. Nada era sexual, mas tudo era íntimo. Era como se Jenifer a conhecesse desde antes de nascer. E isso assustava. Mas Dayane queria ser conhecida. Queria ser lida. Mesmo que não entendesse o idioma.
Foi numa tarde chuvosa que tudo mudou. Jenifer convidou Dayane para sua casa. "Não se preocupe, é só chá. Você parece precisar de silêncio." E era verdade. O apartamento de Jenifer era calmo, perfumado com lavanda e café passado na hora. Os móveis antigos, as cortinas pesadas, a iluminação amarelada. Tudo parecia ter sido escolhido para acolher, e prender.
Elas sentaram-se no chão, sobre uma manta macia. Jenifer ofereceu o chá. Dayane aceitou, sem hesitar. A conversa começou leve, sobre infância, sonhos, professores. Mas aos poucos, Jenifer conduziu a fala para o corpo, para a entrega, para o silêncio que grita dentro da gente quando ninguém está olhando.
"Você confia em mim, Dayane?"
A pergunta veio quando a garota já estava com a cabeça apoiada no colo de Jenifer. A sensação era estranhamente boa. Como se estivesse flutuando em um lago morno. A luz da sala parecia mais baixa. E o cheiro... o cheiro de café e algo floral doce, talvez o creme que Jenifer passara nas mãos.
"Confio."
Jenifer não sorriu, mas os olhos brilharam. Com dedos firmes e cuidadosos, ela acariciou os cabelos da jovem e falou com doçura:
"Você não precisa decidir tudo agora. Só me deixa te cuidar essa noite. Sem pressa. Sem peso."
Dayane apenas assentiu. E foi nesse espaço entre o chá e o toque que o corpo falou mais alto. Jenifer a beijou devagar, como quem sela um segredo. As mãos exploraram com calma, guiando sem invadir. A pele arrepiava a cada contato. Os gemidos vieram baixos, tímidos, quase como suspiros. Não havia pressa, nem urgência. Apenas calor e rendição.
Dayane se deixou deitar por completo, e Jenifer a acompanhou, deitando ao seu lado com o corpo quente colado ao dela. A lingerie de Dayane foi descendo aos poucos, com dedos habilidosos e carinhosos, deixando a pele à mostra sob a luz amarelada da sala. Jenifer se despiu parcialmente, expondo apenas o que bastava para que a conexão entre as duas se tornasse intensa e arrebatadora. Quando Jenifer posicionou-se entre suas pernas, Dayane arqueou o corpo, os olhos semicerrados, sentindo cada toque como se estivesse sendo escrita, moldada, pertencida.
O ritmo entre elas foi crescendo, alternando entre beijos profundos e respirações entrecortadas. O prazer se construía com um cuidado quase cerimonial, até que a penetração feita com um acessório que Jenifer tirou discretamente da gaveta ao lado do sofá veio acompanhada de um sussurro quente ao ouvido: "Me deixa entrar por completo, minha menina... você é minha agora."
Dayane gemeu alto, entregue, abraçando Jenifer com as pernas, sentindo-se preenchida não apenas no corpo, mas em algo mais fundo, mais essencial. As estocadas eram lentas, firmes, acompanhadas de carícias e promessas ao pé do ouvido. O clímax veio como uma onda mansa e devastadora, fazendo Dayane gritar baixinho, soluçando de prazer nos braços da mulher que a envolvia como se tivesse nascido para isso.
Naquela noite, não houve gritos ou promessas. Apenas o início de algo que Dayane ainda não sabia nomear. Mas Jenifer sabia. Oh, se sabia.