Foram dias de repouso. As dores no corpo estavam mais leves, mas outra dor começava a crescer: a do desejo. Não pela falta de sexo — Ana sempre dava um jeito — mas pela falta de entrega. Eu queria ser tocado, cuidado, tomado por inteiro. E Ana percebeu.
Naquela tarde, ela chegou no quarto sorrindo. Vestia um vestido leve, o cabelo preso de forma improvisada, e um brilho no olhar que eu já conhecia bem.
— Tenho uma surpresa pra você — disse, se aproximando com um beijo doce. — Uma forma de te agradecer por ser o homem que é... e também de te ajudar a se recuperar.
— Uma sopa?
Ela riu.
— Melhor. Uma massagem. Mas não qualquer massagem. Chamei a Paula.
Meu corpo reagiu na hora. Paula. A mesma mulher que Ana me “deu” tempos atrás, quando ousamos juntos pela primeira vez. A mesma que me despiu com o olhar e me devorou com o toque. Ana a tinha reencontrado e... trazido de volta.
— Você fez isso?
— Fiz. E ela topou com um sorriso.
Minutos depois, Paula entrou. Morena clara, cabelos escuros, lisos, com aquele ar de mulher que sabe exatamente o que está fazendo. Usava uma bata branca, solta no corpo, e carregava uma pequena caixa de madeira com óleos essenciais, cristais e tecidos.
— Olá de novo, doutor — disse ela, com a mesma voz envolvente de antes. — Pronto pra se curar por dentro e por fora?
Não respondi. Só sorri.
Ana ajudou a preparar o ambiente. Velas foram acesas. Um incenso de sândalo tomou o ar. A maca foi improvisada na sala de casa, com um colchão ortopédico. Paula orientou:
— Fique apenas de cueca. Mas se quiser, pode tirar tudo.
Tirei tudo.
Ela começou com respiração. Colocou as mãos no meu abdômen, sem pressa, sentindo o ritmo do meu corpo. Depois, deslizou o óleo quente nas costas, evitando a região machucada, mas estimulando pontos de tensão próximos. Ombros, nuca, lombar. Os toques eram circulares, lentos, quase meditativos.
— A massagem tântrica não é sobre o orgasmo — disse. — É sobre acordar sua energia.
Mas meu corpo já estava acordado. O membro endurecia mesmo sem toque direto.
Paula prosseguiu, agora nos glúteos, com pressão firme e carinhosa. Os dedos roçavam perto do períneo, quase como uma promessa.
Ana sentou ao meu lado e passou a me guiar:
— Respira fundo, amor... deixa vir. Não controla nada.
Paula se aproximou da frente. Passou óleo em suas mãos e começou o toque tântrico no lingam. Primeiro, as mãos apenas abraçavam, seguravam, sem movimento. Depois, pequenas pulsações. Pressões alternadas na base, no tronco, nos testículos. Tudo com ritmo, cuidado e intenção.
Minha respiração acelerava. Os olhos fechados. As mãos de Paula me tocavam como se estivessem limpando memórias antigas. O prazer era tão profundo quanto lento.
Ana se aproximou. Sussurrou:
— Você tá lindo assim. Entregue. Recebendo.
E foi ela quem se inclinou primeiro, beijando minha barriga, depois a virilha. Paula continuava com as mãos. Ana entrou com a boca. Um beijo molhado na glande. Depois, mais fundo. Logo, as duas estavam coordenadas.
Uma mão, uma boca, duas intenções. Meu corpo tremia.
— Não para... — eu consegui dizer, entre gemidos abafados.
O orgasmo veio como uma onda. Forte. Longo. Espremido em cada músculo que ainda resistia. E mesmo assim, elas continuaram. Paula me chupava como se fosse a última coisa que faria na vida. Ana segurava meus testículos, lambia onde a outra deixava espaço.
Gozei de novo. Mais forte.
E aí, como um convite do universo, o celular vibrou.
Ana o pegou e sorriu.
— É a Gabriela.
Abri os olhos.
— Lê.
Ela leu em voz alta:
> "Tô precisando de você. Sinto que você é o único que pode me ajudar agora. Quando você volta a atender? Ou... você já pode conversar comigo? Nem que seja fora do consultório."
Ana me olhou com malícia.
— Acho que ela tá sentindo falta de você. De um jeito ou de outro.
Pedi o celular. Respondi ali mesmo, com a respiração ainda irregular:
> "Gabriela, você tem prioridade. Pode vir. A qualquer hora. Aqui em casa ou no consultório. Você sabe que eu cuido de você... de todas as formas possíveis."
Ana leu, riu e disse:
— Pronto. A próxima experiência sexual já está para ser vivenciada. Ela só não sabe ainda.
E Paula, com o rosto ainda entre minhas pernas, completou:
— E quando souber... já vai estar entregue.