Quando o Desejo Acontece - Parte Dois

Um conto erótico de Faminta
Categoria: Heterossexual
Contém 1632 palavras
Data: 20/05/2025 00:52:38

Para nosso segundo encontro, me preparei como quem espera um acontecimento raro. Escolhi um vestido longo, fácil de ser tirado. Deixei o corpo livre — sem lingerie, sem amarras. Estava pronta.

Remanejei a agenda, suspendi compromissos, esvaziei o tempo. Desta vez, seriam dois dias. E eu queria que fossem dele. Ele chegou no meio da tarde, como havíamos combinado. Me pegou no consultório, com aquele jeito gentil de quem sabe o valor do gesto.

Abriu a porta do carro, me deu um beijo longo, com gosto de intenção. E fomos. Nos hospedamos em um hotel — diferente do primeiro encontro, onde o desejo teve hora marcada. Ali, o tempo se diluía, feito pele em pele.

Já na antessala do quarto, antes de qualquer movimento, me agarrou. A gentileza cedeu espaço ao instinto — ao macho que mora nele. Me despiu com um só gesto. E ao perceber minha ausência de lingerie, soltou um suspiro entre o riso e o delírio: “Dessa vez, essa bunda não me escapa.”

A frase me atravessou. Não como vulgaridade — mas como profecia. Mal sabia ele — ou talvez soubesse — o quanto eu iria gostar do que viria depois.

Transamos como dois animais, alternando entre fúria e afeto. Entre gemidos e palavras abafadas, entre tapas e beijos, entre domínio e rendição.

O quarto virou santuário. Não da religião que prega abstinência, mas de uma fé mais antiga: a do corpo que se reconhece, que pulsa, que goza sem medo.

Os gemidos dele enquanto me possuía ainda ressoam na memória. Havia algo de primal naquele som — como se o homem calculista, contido, simplesmente desaparecesse quando o macho tomava o lugar. E eu, ali, entregue, sua fêmea — sem reservas, sem pudor.

Meu corpo, ainda desacostumado, pediu tempo. Desde o último encontro, eu não havia sido tocada. Estava faminta — mas também sensível.

Ele entrou aos poucos, respeitando meus ritmos, mas sem jamais recuar do seu desejo. A cada centímetro que me preenchia, meus gemidos vinham baixos, roucos, incontroláveis. Eu sentia a excitação crescer, o latejar quente da minha intimidade, que parecia pulsar por ele — só por ele.

Nos movíamos em harmonia instintiva, como se nossos corpos tivessem ensaiado essa dança por vidas inteiras.

Quando ele sentiu que meu corpo finalmente o aceitava por completo, segurou firme meus quadris e começou a me foder com força. Rítmico, intenso — como se cada estocada fosse um chamado. Minha pele ardia, minha respiração falhava, meu sexo o abraçava com fome.

Em algum momento me virou de bruços. Segurou meu cabelo com uma das mãos e a outra deslizava pela minha cintura, como quem afirma posse, mas também cuidado. E disse, entre dentes, com a voz rouca de tesão: “Olha pra mim. Quero ver teu rosto quando gozar.”

Eu gozei ali. Com o rosto virado, os olhos presos nos dele, o corpo inteiro em espasmo, a cama molhada com meus fluídos e a alma como que arrancada da carne por segundos.

Ele ainda não tinha gozado. Me deitou de lado, enroscou seu corpo no meu, me penetrou de novo — mais lento, mais fundo, como se quisesse ficar em mim até esquecer do mundo.

Senti o corpo dele enrijecer por trás, a respiração ficar curta. Então veio. Forte, bruto, inevitável. Enterrado em mim até o fim, como quem encontra abrigo. Aquele urro que ele soltou também habita minha memória.

Ficamos assim por um tempo. Pele na pele, suor misturado, respiração ainda pesada. Não havia palavras. Só o silêncio satisfeito dos corpos que sabem que foram tudo um para o outro.

Ele se levantou devagar, ainda nu, e com aquele sorriso que misturava provocação e cuidado, disse: “Vou encher a banheira. Precisamos relaxar… nos exercitamos demais.”

Assenti com um meio sorriso. Meu corpo ainda pulsava — entre exaustão e desejo. Ouvi a água correr enquanto ele preparava tudo. A luz suave do banheiro, o vapor subindo aos poucos… e ele, de volta, estendendo a mão para me guiar até ali.

Entrei na banheira quente, sentindo a água abraçar minha pele como uma carícia. Ele veio em seguida, se acomodando atrás de mim. Me envolveu com os braços, encostou o rosto na curva do meu pescoço, e ficamos assim por um instante — imóveis, respirando juntos.

Mas o desejo, esse velho conhecido, não sabe esperar.

Seus dedos começaram a deslizar pela minha pele de um jeito diferente. Sem pressa. Como quem conhece o caminho e quer percorre-lo devagar. Sua mão escorregou entre minhas pernas por debaixo d’água, e quando me penetrou de novo, um gemido escapou — quase um suspiro.

Transamos ali. Dentro d’água, entre vapor e murmúrios. Nada urgente. Apenas corpos que se sabiam, que queriam aproveitar cada segundo do depois. Cada curva, cada toque, cada centímetro de entrega.

Ele me olhava como se houvesse poesia no meu prazer. E eu me deixava ir, sem pressa de voltar.

Depois do banho, enfim relaxamos. Deitamos na cama, ainda úmidos, e o silêncio entre nós era conforto, não ausência. Por instantes, dormimos enlaçados — corpos exaustos, almas aquietadas.

Tínhamos uma reserva para o jantar, e quando me levantei para começar a me arrumar, ele me lançou um olhar preguiçoso, quase travesso, e disse: “Só te peço uma coisa: continue sem calcinha.”

Obedeci. Com um sorriso lento, vesti o vestido que havia escolhido para ele — outro que escorregava fácil pelo corpo — e fomos.

O restaurante era elegante, a comida boa, o vinho ainda melhor. Mas nada se comparava ao jogo silencioso que se desenhava sob a mesa. Sua mão encontrou minha coxa como quem reencontra um lugar seguro. Subiu devagar, como quem tem todo o tempo do mundo, e me tocou ali — no meio de todos — com os olhos fixos nos meus, disfarçando sorrisos entre um gole e outro.

Eu me contorcia de prazer contido, enquanto o mundo ao redor seguia alheio ao que acontecia entre nós.

Voltamos ao hotel entre risos, beijos e provocações. E assim que a porta se fechou, ele me pegou e me conduziu para a cama. Me virou de bruços na cama e, com a voz rouca, cumpriu a promessa que havia feito horas antes: “Dessa vez, vou te possuir inteira.”

E foi o que fez. Me penetrou em cada orifício, sem pressa, sem culpa, sem reservas. Com a intensidade de quem deseja e a delicadeza de quem cuida. E a paciência de quem sabe fazer.

Meu corpo gemeu, se abriu, se entregou. Não havia dor, apenas um prazer que se espalhava — quente, úmido, profundo. Uma dança entre dominação e entrega, onde tudo era permitido porque havia ali mais do que carne: havia confiança.

Me virou de bruços com firmeza. Beijou minhas costas, minha nuca, cada vértebra como um caminho sagrado aproveitando para mordiscar minhas costas. Acariciava minha pele com as palmas quentes, e eu já sabia o que viria — não pelo gesto brusco, mas pela forma como ele desacelerava, como se estivesse prestes a atravessar uma fronteira.

Sua voz sussurrou, grave, contra minha orelha: “Quero tudo de você.”

E eu já era dele.

Seus dedos, molhados com meu próprio prazer, começaram a me preparar devagar. O toque era paciente, cuidadoso, quase reverente. Meu corpo, ainda pulsando do jantar e do jogo entre as pernas da mesa, abria-se a cada movimento.

Quando me penetrou ali, o mundo pareceu encolher. Primeiro a pressão, o estranhamento. Depois, o preenchimento completo — quente, profundo, delicioso. Soltei um gemido baixo, grave, entregue.

Ele estava dentro de mim — inteiro. E a cada investida, eu sentia o choque entre a intensidade e o prazer se tornando absoluto. Segurava minha cintura com força, me puxava contra ele com ritmo, com desejo bruto, mas não cruel. Me fazia sentir preenchida por todos os lados, como se não houvesse mais lugar para nada além da presença dele em mim.

Minha mão escorregava entre minhas pernas, enquanto ele me tomava por trás. E quando gozei, o fiz em ondas — longas, incontroláveis, como se estivesse sendo desfeita e refeita ao mesmo tempo. Neste momento meu prazer jorrou.

Ele gozou logo depois, com um gemido rouco, enterrado em mim até o fim, como quem sela um pacto silencioso com o corpo que acabou de habitar.

A noite ainda não havia acabado. Mesmo depois de nos consumirmos, de nos esgotarmos, havia algo que permanecia aceso. Um desejo que não conhecia saciedade.

Ficamos ali, nus, misturados entre lençóis revirados e respiração entrecortada. Ele me olhou com aquele brilho escuro nos olhos — o mesmo de quando me viu pela primeira vez — e disse quase num sussurro: “Você ainda é minha essa noite.”

E eu era. De novo, inteira.

Me puxou para cima dele. Dessa vez, eu por cima. A condução era minha, mas ele guiava com as mãos, com os olhos, com o desejo.

Sentada sobre ele, o penetrei devagar. Movia meus quadris em círculos, lenta, provocante, enquanto nossos olhos não se soltavam. Meus seios tocavam o peito dele, e suas mãos me apertavam as coxas com aquela força que pede mais.

Nos movíamos como se dançássemos. Como se não existisse fora, nem hora, nem mundo. Só o nosso ritmo, nossa fome, nossa entrega.

Gozei mais uma vez, arqueando o corpo sobre ele. Ele veio junto, como se nossos orgasmos tivessem se aprendido, se escutado — se escolhido.

Caí sobre seu peito. Dessa vez, exausta de um jeito doce. Ele passou os dedos pelos meus cabelos, me beijou a testa e disse: “Agora sim, podemos descansar.”

E dormimos. Como dois corpos que se reconheceram. Como quem não sabe se haverá amanhã, mas tem a certeza de que aquela noite — foi inteira, e foi tudo.

O sol da manhã seguinte entrou tímido pelas frestas da cortina. Eu ainda sonolenta, ele de pé, encostado na janela, olhando a cidade com um café na mão e algo no olhar que eu ainda não sabia nomear.

Foi então que ele disse algo que eu não esperava.

Mas isso… é assunto para outra parte.

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Comentários

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Poesia pura... como é bom ler um conto belo, bem escrito e que excita o corpo e a alma!!! Palmas para você e por mais essa obra de arte!!!

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Sua escrita é detalhada na medida certa. Aliás, na medida que provoca e nos instiga a querer mais algum detalhe. Perfeito, lindona! Bjs, visite meus textos...

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