A camisola escorregava suave pelo meu corpo, mais que uma peça de roupa, era um convite silencioso para a vulnerabilidade. Entrei no quarto devagar, tentando controlar o coração que batia forte demais. Ele estava no sofá, lendo algo no celular, distraído, mas quando me viu, o sorriso que surgiu fez meu peito afrouxar um pouco.
Sentei perto dele, sentindo o calor do corpo dele mesmo sem toque. Era como se o simples estar ali já fosse um porto seguro.
— Leo... — comecei, a voz trêmula, hesitante. — Tem uma coisa que eu preciso te contar.
Ele me olhou, com aquele olhar calmo, paciente, que sempre me dava coragem.
— Pode falar, Carol. Eu tô aqui pra ouvir.
Eu queria que fosse fácil, que as palavras saíssem leves. Mas não eram.
— Eu sei que sempre fui diferente, sabe? Desde sempre... — respirei fundo. — Eu sou bissexual.
Ele apenas assentiu, como se já soubesse, como se nunca fosse um problema.
— O que eu tô sentindo agora... é diferente. É como se um desejo que eu nem sabia que tinha estivesse acordando. Um desejo de te ver com outra mulher. — A voz saiu baixa, cheia de medo e expectativa. — De estar junto de vocês dois, de algum jeito. De sentir isso com você.
Ele ficou em silêncio. Um silêncio cheio, denso, que parecia se esticar e criar espaço para tudo que eu precisava dizer.
— Eu sei que parece loucura — continuei —, e eu tô com medo de sentir ciúmes, de me perder, de não saber onde eu me encaixo nessa história. Mas... eu quero tentar. Quero experimentar. Quero que a gente descubra isso juntos, devagar, sem pressa.
Ele me puxou para perto, a mão passando pela minha pele exposta, firme, acolhedora.
— Eu não sei onde isso vai nos levar, Carol. Mas se é isso que você quer, eu quero estar com você nessa.
Meu coração explodiu num misto de alívio, ansiedade e desejo.
— Eu confio em você — disse, sentindo uma lágrima quente descer.
Ele me beijou suavemente, e eu me entreguei àquela sensação de que tudo podia mudar, mas que, naquele momento, só importava o que a gente sentia.
Depois daquele beijo, algo mudou dentro de mim. Não era só o desejo ardendo, era também a confiança que finalmente comecei a sentir. Ficar ali, naquela camisola que parecia tão frágil, tão leve, e ter ele ali, inteiro, me ouvindo, sem julgamento... era diferente de tudo.
— Eu fico pensando — falei, tentando organizar as ideias —, como seria ver você com outra mulher. Não só olhar, mas sentir, estar presente, mesmo que só como espectadora.
Ele ficou quieto por um instante, depois segurou minha mão com força, apertando devagar.
— Eu nunca imaginei que você pudesse querer isso — disse ele, olhando fixo nos meus olhos —, mas te ver assim, tão aberta... é lindo, Carol.
Senti a pele arrepiar. Era estranho, doce, intenso.
— Eu tenho medo de sentir ciúmes — confessei —, medo de não conseguir lidar com o que vou sentir. Mas não quero esconder isso de você. Quero que a gente seja inteiro, com todas as coisas que a gente sente, mesmo as confusas.
Ele sorriu, puxando meu rosto para perto do dele.
— Eu também fico com medo, sabia? Medo de perder você, medo do que pode acontecer. Mas se a gente não tentar, nunca vai saber.
— Exato. — Respirei fundo, sentindo o corpo todo despertar. — Eu quero que a gente descubra isso, Leo. Quero que você me ajude a entender o que esse desejo significa pra mim.
Ele me envolveu em um abraço, e o mundo lá fora ficou menor, menos assustador.
— A gente vai devagar. — Sussurrou no meu ouvido. — Sem pressa, sem cobranças.
Fiquei ali por um tempo, sentindo o calor dele, a respiração dele misturando com a minha, percebendo que, no meio da dúvida e do medo, havia espaço para o desejo, para a entrega, para o novo.
— Posso te pedir uma coisa? — perguntei, com a voz quase sumindo.
Ele me olhou, curioso.
— Quero que a gente fale mais sobre isso. Que a gente crie nossos limites, nossos sinais. Quero me sentir segura.
— Vamos fazer isso. — Ele sorriu, como se dissesse que tudo ia ficar bem.
Eu sorri também. Pela primeira vez, sabia que estava pronta para a aventura que vinha pela frente.
E que essa aventura ia ser só nossa, do nosso jeito.
