A noite era pesada, silenciosa, quase mágica. A lua estava coberta por nuvens espessas, e as estrelas pareciam ter se escondido também. No alto da montanha, longe de qualquer civilização, eles haviam alugado uma casa simples, sem eletricidade, sem internet, sem distrações. Só havia o vento, o latido distante de um cão selvagem e o som das respirações um do outro.
Ana e Paulo estavam sozinhos. De novo. Sozinhos de verdade. Sem luzes artificiais, sem telas, sem barreiras. Era como se o mundo tivesse desaparecido e só restassem eles dois.
Ela acendeu uma única vela, colocando-a no centro da mesa de madeira rústica. As chamas dançavam fracamente, como se temessem o próprio brilho.
— Vai ficar escuro... — disse Paulo, olhando para a janela.
Ana sorriu, seus olhos refletindo o fogo fraco.
— Eu sei.
Era isso que ela queria. A escuridão. A ausência de visão. Porque nela, tudo se tornava mais intenso. O toque. O sabor. O som. O cheiro.
Ela foi até ele, parando diante de seu corpo largo e quente. Tocou seu rosto com a ponta dos dedos, traçando linhas invisíveis sobre sua pele. Ele fechou os olhos, suspirando.
— Hoje... eu quero que você me sinta — sussurrou ela. — Não me veja. Só me sinta.
Paulo abriu os olhos, confuso.
— Como assim?
Ana sorriu novamente, misteriosa, e pegou um lenço de seda que trouxera consigo. Com cuidado, amarrou-o sobre os olhos dele, tapando completamente sua visão.
— Hoje, você vai me conhecer com as mãos, com a boca, com o coração.
Ele engoliu em seco.
— Ana...
Ela não deixou que ele falasse. Colou seus lábios aos dele com paixão, fazendo-o perder o fôlego. Seus corpos colaram-se devagar, como se cada centímetro soubesse exatamente onde encaixar-se.
Ela usou as mãos para guiá-lo até o quarto. Lá, a cama já estava pronta, os travesseiros macios, os lençóis frescos. Mas nada disso importava. Naquela noite, o único conforto seria o calor deles.
Ana sentou-se na beirada da cama e puxou Paulo pela mão.
— De joelhos — ordenou, baixo, quase como um segredo.
Ele obedeceu, ainda vendado, o coração batendo forte sob o peito musculoso.
Ela levantou a saia do vestido, deixando à mostra suas coxas nuas. Então, guiou as mãos dele até elas.
— Me toca... sem pressa.
Paulo hesitou por um instante, mas logo seus dedos começaram a percorrer a pele dela, subindo lentamente pelas laterais das coxas, até encontrar a borda da calcinha. Ele podia sentir o calor ali, a umidade pulsante. Podia sentir o desejo.
— Você está molhada... — murmurou, a voz rouca.
— Porque você me excita... sempre — respondeu Ana, inclinando-se para frente, beijando seu pescoço.
As mãos dele seguiram adiante, deslizando por dentro da calcinha, encontrando-a já preparada. Ele gemeu ao tocar seus lábios inferiores, sentindo a textura úmida, quente, pulsante.
Ana arquejou, jogando a cabeça para trás.
— Isso... toca-me por inteira.
Ele mergulhou dois dedos nela, devagar, sentindo os músculos contraírem-se levemente ao redor deles. Ana soltou um gemido baixo, quase inaudível, mas carregado de prazer.
Ela agarrou os cabelos dele e virou seu rosto para o seu.
— Agora... me prova com a boca.
Paulo engoliu em seco, mas não precisou ser convidado duas vezes. Ele abaixou-se com cuidado, guiado apenas pelo cheiro, pelo toque e pela memória do corpo dela. Quando alcançou seu sexo, lambeu-a com paixão, saboreando sua umidade, seu perfume único.
Ana gemeu alto, agarrando os lençóis com força.
— Ah, meu Deus... sim... assim...
Sua cabeça rodava. Sem ver, o prazer era multiplicado. Cada lambida parecia mais intensa. Cada sugada era como um raio atravessando seu corpo. Ela não via Paulo, mas o sentia por inteiro — sua língua, seus dedos, sua presença.
— Mais... mais fundo... — pediu, ofegante.
Ele obedeceu, aumentando o ritmo, movendo-se com maestria, como se tivesse nascido para dar-lhe prazer. Ana arqueou o corpo, empurrando os quadris contra a boca dele, buscando mais, exigindo mais.
Quando o orgasmo veio, foi como uma explosão silenciosa. Ela apertou os olhos, mesmo que não houvesse luz para ver. Suas pernas tremiam, seu corpo inteiro contraiu-se em ondas, e um gemido profundo escapou de seus lábios.
Paulo continuou a lamber, suavizando o movimento, prolongando o êxtase.
Quando ela finalmente relaxou, Ana puxou-o para cima, guiando-o até a cama. Ali, ela tirou sua própria roupa, deixando-se totalmente nua, e depois removeu a camisa dele.
— Minha vez — disse, com um sorriso malicioso.
Ela guiou Paulo para deitar-se de costas. E então, começou.
Beijou seu peito, seu abdômen, suas costelas. Lambeu cada cicatriz, cada marca do tempo. Sentia o gosto do suor, do sal, da masculinidade pura.
Seus dedos desceram até o zíper da calça, e ela o abriu com cuidado. Tirou-a, junto com a cueca, revelando seu membro ereto, grosso, latejante.
Ela sorriu contra a pele quente antes de envolvê-lo com os lábios.
Paulo gemeu alto, arqueando o corpo.
— Ana...
Ela o tomou por inteiro, movendo-se com paixão, com controle. Sua língua massageava a base, sua mão apertava a ponta, enquanto seus lábios trabalhavam com precisão cirúrgica.
O cheiro dele era inebriante. O gosto, único. O som de seus gemidos, embriagante.
Ela aumentou o ritmo, alternando entre carícias rápidas e movimentos lentos, fazendo-o delirar. Paulo agarrou os lençóis com força, tentando manter o controle, mas sabia que não duraria muito.
— Ana... por favor... eu vou gozar... — avisou, a voz quase um sussurro agonizante.
Ela não parou. Apenas intensificou.
E então veio o jorro quente, denso, preenchendo sua boca com o gosto dele. Ana engoliu tudo, sem perder o ritmo, mesmo quando ele gritou seu nome como um mantra.
Quando terminou, ela recostou-se ao lado dele, os corpos suados, entrelaçados.
— Nunca imaginei que poderia sentir isso... sem sequer ver você — disse ele, após alguns minutos de silêncio.
Ana sorriu, encostando sua testa na dele.
— Às vezes, é preciso fechar os olhos para ver o que realmente importa.
Ela passou os dedos por seu rosto, sentindo cada linha, cada curva, cada parte dele que agora conhecera com as mãos, com a boca, com o coração.
Lá fora, o vento uivava, e a escuridão continuava reinando. Mas ali, naquela cama, entre os braços um do outro, eles tinham luz suficiente para iluminar mil noites.
Porque o amor não precisa de visão para ser sentido.
E o prazer, às vezes, é mais forte quando tudo o que resta é o toque.