Era tarde da noite quando Ana e Paulo chegaram à pousada rústica, escondida entre dunas e coqueiros. Haviam viajado o dia inteiro, escapando da rotina, mas no fundo, sabiam que não era apenas uma fuga da cidade — era um mergulho mais fundo um no outro.
A suíte era ampla, decorada com tecidos esvoaçantes e velas perfumadas já acesas, como se o quarto os esperasse há séculos. A cama, em posição central, estava rodeada por uma cortina translúcida que balançava com a brisa do mar. Ao fundo, pela varanda aberta, o som das ondas chegava abafado, contínuo, hipnótico.
Ana caminhou até o centro do quarto e virou-se devagar. Usava apenas uma camisa branca dele, longa o suficiente para ser provocante, curta o bastante para deixá-lo em chamas.
Paulo se aproximou em silêncio, tocando-a como se a redescobrisse. As pontas dos dedos correram por seus braços, causando arrepios lentos, meticulosos. O olhar que trocaram dizia tudo: desejo, ternura, fome.
— Hoje... quero que seja devagar — murmurou ela, a voz baixa, embriagada.
Paulo sorriu e a beijou com um cuidado quase cerimonial, como se o toque dos lábios fosse o primeiro e o último. Os beijos desceram para o pescoço, provocando uma corrente elétrica que se espalhou pelo corpo dela. Ana fechou os olhos, entregue, sentindo a pele aquecer onde ele passava.
Ela foi deitada sobre a cama com reverência, como se fosse sagrada. Os lençóis de linho estavam mornos, e o contraste do tecido contra sua pele nua — agora completamente livre da camisa — era quase tão excitante quanto os toques de Paulo. Ele a explorava com calma, como se cada centímetro de seu corpo fosse um território inédito. Seus dedos traçavam caminhos lentos, e sua boca, às vezes úmida, às vezes quente, marcava trilhas sobre a barriga, entre os seios, nas curvas da cintura.
Ana sentia cada toque vibrar entre as pernas antes mesmo de ele tocá-la ali. Seu corpo pulsava como se estivesse ligado a uma frequência invisível, respondendo à presença dele, à respiração dele, ao calor que crescia entre os dois.
Quando ele finalmente a penetrou — devagar, fundo, atento a cada reação dela — foi como se o mundo parasse. Não havia mais vento, não havia mais mar. Só existia o vaivém, o som úmido e abafado da conexão, os gemidos que escapavam aos poucos, como se eles dançassem uma música que só os corpos sabiam.
Ana arqueava-se, envolta pelos lençóis, pelos cabelos dele, pelos próprios suspiros. Sentia-se viva de um jeito cru, intenso. Os olhos se encontravam no meio dos movimentos e diziam mais que mil palavras. Estou aqui. Em você. Com você.
O ritmo crescia como uma maré, sem pressa, mas com uma força inevitável. Ana agarrava os lençóis, depois os ombros dele, depois o próprio corpo, como se estivesse tentando conter uma energia avassaladora.
E quando o clímax veio, não foi um grito ou explosão — foi um arrepio longo, uma lágrima solta, uma entrega plena. O corpo inteiro tremeu, como se tivesse sido desfeito e remontado em prazer.
Paulo tombou ao lado dela, puxando-a para perto. Os corpos ainda quentes, suados, entrelaçados sob o véu da cortina e o perfume de vela de canela que se misturava ao cheiro de pele, de sal e de desejo.
— Você me leva a lugares que nem sabia que existiam — sussurrou ela.
— Você é o meu lugar — respondeu ele, beijando sua testa.
Lá fora, o mar continuava a bater na areia, paciente, profundo. Mas ali, entre lençóis amassados e corações acelerados, Ana e Paulo haviam encontrado o próprio oceano — em ondas de calor, paixão e silêncio.