Carla não aceitou meu pedido de casamento, mas não saí daquele almoço de mãos vazias. De alguma forma, conseguimos chegar a um meio-termo, pelo menos, ela terminou com o namorado.
A partir daquele momento, não havia mais segredos. Nós estávamos juntos de verdade. Sem precisar nos esconder. Viramos namorados.
Quando Renato descobriu que eu estava há meses com Carla, achei que ele fosse me agredir, na frente de todo mundo do trabalho. Ele veio quase correndo até minha sala, escancarou a porta, bateu-a com força atrás de si e, sem hesitar, começou a gritar:
— Você é um traidor! Como pôde fazer isso comigo?
Fiquei parado por um momento, tentando processar aquela cena absurda. Renato, o mesmo cara que estava “namorando” pelo menos três meninas do escritório ao mesmo tempo, agora me acusava de traição por estar saindo com alguém que não fazia parte de seu harém particular.
Respirei fundo, mantendo a compostura.
— Você precisa se acalmar antes de fazer uma merda e perder o emprego.
Ele não parecia ouvir. Seus olhos carregados de ódio, o rosto vermelho, os punhos cerrados. Por um instante, achei que ele fosse me atacar. Mas, em vez disso, soltou um riso seco, amargo, balançando a cabeça, como se estivesse decepcionado.
Virou as costas e saiu da minha sala sem dizer mais nada. Enquanto via Renato sair da minha sala sem dizer mais nada, senti que tinha vencido.
E durante anos, eu venci. Casei com Carla. A empresa também seguiu no caminho certo. Crescemos exponencialmente, conquistamos novos mercados, fechamos contratos milionários.
A vida parecia perfeita. O que eu não sabia era que os ratos já estavam dentro do meu navio.
Um dia, depois de muitos anos daquela briga pela Carla, Renato apareceu na minha sala, radiante, de um jeito que eu não via há anos. Havia algo diferente nele. Ele sabia de algo que eu ainda estava prestes a descobrir.
— Vou sair da sociedade. — Ele anunciou com um sorriso, como se estivesse apenas mudando de emprego e não abandonando a empresa que ajudou a construir.
Ele queria vender sua participação por um valor baixo, quase simbólico. Algo me dizia que tinha uma pegadinha ali, mas nossa relação já estava tão desgastada que não perdi tempo pensando nas consequências.
Renato fora da minha vida parecia uma benção naquele momento, e além de tudo, pagaria um preço barato para isso. Sem hesitar, aceitei.
Mas, o que eu não sabia era que ele já tinha um plano. Aquilo não passava de uma armadilha.
Renato conseguiu um novo sócio e, com um investimento monstruoso, abriu uma concorrente. Uma empresa nova, sem dívidas, sem amarras, mas com a expertise e os contatos que ele roubou de mim. Como ele nunca assinou um acordo de não concorrência, por descuido meu, sem a participação na empresa, nada o impedia de se tornar meu maior inimigo.
O desgraçado não saiu de mãos abanando. Levou consigo os melhores funcionários da empresa e todos os segredos da nossa operação.
No início, ignorei. Achei que seria apenas um incômodo temporário. Minha empresa era grande demais para ser ameaçada. Até que decidi investigar mais a fundo a área comercial, que sempre esteve nas mãos de Renato, e descobri o quão fodido realmente estava.
Ele tinha começado a me destruir antes mesmo de sair.
Renato tinha fechado uma série de contratos longos, vendendo nossos serviços a preços absurdamente baixos. A empresa prestaria os serviços, mas perderia dinheiro a cada entrega. Cada contrato era uma sentença de morte.
E o pior? Eu paguei um bônus milionário a ele pelo recorde de vendas que ele conseguiu naquele ano.
Mês após mês, os prejuízos aumentavam. Os balanços começaram a fechar no vermelho. Clientes antigos migraram para a nova empresa de Renato, investidores perderam a confiança e, em poucos meses, a situação saiu completamente do controle.
Recorri à única saída que me restava. Investi o meu dinheiro pessoal para tentar salvar a empresa, convencido de que era apenas uma fase e que bastava um pouco de tempo para estabilizar as coisas.
As dívidas cresceram. O buraco ficou cada vez maior. E logo ficou claro que estava apenas adiando o inevitável.Falido na pessoa jurídica e na física, tive que jogar a toalha. A empresa que construí do zero, não existia mais.
Tudo por uma briga por mulher.
<Continua>
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