Nos dias que antecederam a festa, o escritório fervilhava num ritmo delicioso de fim de ano. Apesar do volume de processos, todos pareciam mais leves, com sorrisos fáceis, em contagem regressiva para o recesso e animados com a festa à fantasia que eu anunciara com tanto carinho.
Melissa... ah, Melissa. Cada vez mais radiante.
Passava pelos corredores com as sobrancelhas impecavelmente feitas, um leve gloss nos lábios e uma aura que se tornava impossível de ignorar. As unhas agora tinham um tom rosado discreto, mas delicado. O perfume suave, os gestos cada vez mais femininos, os sorrisos doces, os cabelos morenos sedosos e alisados — Melissa já não era mais uma promessa: ela era presença.
Alguns colegas vinham discretamente até mim para comentar:
— A Melissa tá se descobrindo, né, doutora Ju? Que linda ela tá ficando...
— Nunca vi alguém florescer tão naturalmente.
Eu sorria. Orgulhosa.
Heitor, o advogado mais novo da equipe, não disfarçava mais o encantamento. O clima entre os dois era evidente — troca de olhares tímidos, risadinhas entre um café e outro, pequenos toques acidentais ao se cruzarem na copa. Melissa, claro, se fingia de desentendida, mas sempre voltava corada à minha sala depois de algum encontro casual com ele.
Naquela quinta-feira, perto do final do expediente, Melissa bateu na porta da minha sala devagar.
— Ju, posso falar com você… a sós?
— Claro, Mel. Entra. Fecha a porta.
Ela se sentou à minha frente, ajeitando a saia com cuidado, meio nervosa. Estava tão linda com aquela blusinha de alcinha por baixo do blazer leve, os saltos médios nos pés e aquele jeitinho de quem estava prestes a soltar uma bomba.
— Eu queria... perguntar uma coisa meio pessoal. — Ela hesitou. — Sobre a festa... e sobre mim.
— Pode perguntar o que quiser, meu bem — sorri.
Ela olhou para baixo, depois para mim, os olhos brilhando, misto de medo e excitação.
— Você acha que... pode rolar alguma coisa na festa? Tipo... mais quente?
— Com o Heitor?
Ela mordeu o lábio, corada. Assentiu.
— A gente tem se olhado muito. E eu percebo que ele tá me vendo... de verdade. Como mulher. Isso me dá um frio na barriga, Ju. Eu fico arrepiada só de pensar. Mas... eu não sei bem o que fazer. Quer dizer, já... já aconteceu uma ou duas vezes comigo, mas eu tava meio travada, não era como sou agora. E eu queria... viver isso sendo quem eu sou.
Suspirei, fui até ela e segurei sua mão.
— Mel, é normal ter esse medo. Esse friozinho. A gente passou tanto tempo se escondendo, que na hora de se mostrar de verdade, o coração dispara. Mas você tá pronta. Você é linda, inteligente, e tá cheia de desejo de viver. Se rolar alguma coisa, deixa rolar do seu jeito. No seu tempo. Se entrega só se tiver vontade.
Ela respirou fundo. Depois, com um pouco de timidez, me lançou um olhar curioso.
— Ju... posso te perguntar uma coisa mais... íntima?
— Claro, pode sim, fala — respondi, sorrindo com leve curiosidade.
Ela se aproximou um pouco, a voz quase num sussurro:
— Como... como são suas... relações com o doutor Leonardo?
Na hora, eu gargalhei.
— Ai, Melissa, você não perde uma, né?
Ela ficou vermelha, rindo e escondendo o rosto com as mãos.
— Ai, desculpa! É que... você fala dele com tanto brilho nos olhos, e eu fico curiosa...
Me inclinei um pouco e sussurrei com um sorriso travesso:
— São intensas, minha linda. Daquelas de fazer a cama ranger, sabe? O Léo é um homem firme, dominante... sabe exatamente como me tocar, como me deixar implorando de prazer. Ele me ama com força, com tesão, com respeito. Me beija como se fosse a última vez... e me pega como se fosse a primeira. E às vezes me chama de "doutora" na hora certa... e isso me desmonta inteira.
Melissa me olhava com os olhos arregalados, a boca entreaberta, visivelmente ruborizada… e, sim, excitada.
— Meu Deus... — ela sussurrou. Eu quero isso um dia… Eu quero me sentir assim. Tão... desejada.
Apertei sua mão com carinho e piscando:
— E você vai. Só continue se permitindo. Tá cada vez mais maravilhosa, Mel. Seu momento tá chegando…
A sexta-feira amanheceu com aquele clima de fim de ciclo — uma mistura de orgulho, entusiasmo e ansiedade. No escritório, tudo parecia vibrar em sintonia com a expectativa da festa de encerramento.
Logo pela manhã, convoquei uma reunião geral. Reunimos todos no auditório do escritório, e a energia era deliciosa: risos, comentários sobre fantasias, apostas sobre os trajes mais ousados. Subi ao palco improvisado com um sorriso largo e o coração batendo feliz.
— Quero começar agradecendo, de verdade, a cada um de vocês — falei, com firmeza e emoção. — Este ano foi desafiador, mas nós superamos juntos. E superamos lindamente. Essa festa não é só uma comemoração, é um reconhecimento. Cada resultado positivo, cada cliente satisfeito, cada vitória em tribunal... tudo isso tem o toque de vocês.
Todos aplaudiram, emocionados. E foi nesse momento que Leonardo se levantou, pegando o microfone com aquele charme natural que fazia os olhares se voltarem pra ele.
— E pra começar esse fim de semana com o espírito ainda mais leve, quero aproveitar pra convidar todos os advogados, e advogadas e colegas que se animarem, claro — pra um jogo de futebol amanhã de manhã, às nove. Vai ser na quadra que alugamos perto do escritorio. E quem quiser só assistir e dar risada, estão mais que convidados. Vai ser um esquenta antes da festa — disse ele, arrancando gargalhadas e aplausos.
Eu mesma dei uma gargalhada. Já imaginava o Léo de short, suado, mandando bronca no time. Já era um belo esquenta antes do glamour noturno. Eu completei:
— Se o Léo perder, já sabe que vai ter que lavar a louça do escritório em janeiro! — brinquei, e a galera veio abaixo de tanto rir.
A reunião terminou com risos, brincadeiras e aquele burburinho gostoso de quem já sente o clima de festa tomar conta. O resto do dia no escritório seguiu tranquilo. Melissa desfilava com sua delicadeza crescente — gloss rosado nos lábios, sobrancelhas perfeitas, unhas com francesinha. Ela estava radiante. E claro, recebendo elogios discretos e sorrisos encantados por onde passava. À noite, em casa, depois de um banho quente e demorado, já de camisola e deitada no sofá da sala, eu passava os dedos devagar pelos fios do meu cabelo, ainda úmidos, enquanto Léo aparecia só de cueca, aquele corpo musculoso, e lindo, me deixando hipnotizada.
— Amor, tô ansiosa pra amanhã. Acho que nunca desejei tanto uma festa.
— Ansiosa por causa da festa… ou por causa da fantasia de rainha do Tarot que vai deixar todo mundo babando?
— Mudei tudo. A rainha ficou pra outro momento.
— É mesmo? — ele ergueu uma sobrancelha, curioso. — E qual vai ser, então?
Levantei a cabeça, com aquele sorrisinho de quem está prestes a fazer uma revelação deliciosa.
— Eu vou de Mulher-Gato. Justinha, de vinil preto, com botas de salto agulha e chicote. — sussurrei com malícia. E você, meu amor... vai de Pantera Negra.
Os olhos dele brilharam. Ele abriu um sorrisão e mordeu o lábio inferior.
— Pantera Negra?
— Claro. Tem fantasia mais perfeita pra você? Meu negão forte, lindo, gostoso... Meu rei de Wakanda pessoal, acariciei o peito dele com a ponta dos dedos. A combinação perfeita.
Léo me puxou com força pro colo dele, me fazendo rir, e colou os lábios nos meus, faminto.
— Mulher-Gato e Pantera Negra... A gente vai parar a festa.
— É a intenção, doutor. — pisquei.
Ele me apertou ainda mais forte.
— Só de pensar em você com aquele macacão colado, já fico duro.
— E eu mal posso esperar pra ver você todo poderoso, me protegendo a noite toda... pra no fim da festa me levar pra casa e me mostrar o poder da sua pantera...
Ele soltou um gemido baixo e me beijou outra vez, me jogando no sofá, iniciando ali mesmo mais uma rodada de beijos intensos, mãos ousadas e sorrisos cheios de desejo.
A festa prometia. Mas aquela sexta à noite... já tinha começado perfeita.
O sábado amanheceu ensolarado, com aquele calor gostoso que já avisava: o dia ia ser intenso. Na quadra alugada próxima ao escritório, o clima era descontraído. Leonardo estava lá, todo animado organizando os times com os outros advogados. E, surpreendentemente, várias colegas também apareceram — algumas para torcer, outras só para fofocar e se divertir. Eu cheguei de óculos escuros, short jeans e uma regatinha preta, com um copo de café gelado na mão e pronta pra observar a performance do meu noivo em campo.
Até então, eu sempre fui mais contida com as mulheres do escritório. Mantinha um tom cordial, respeitoso, mas nada muito íntimo. Talvez por insegurança, talvez por instinto de autoproteção. Mas naquela manhã, havia algo diferente no ar. Elas se aproximaram de mim com naturalidade, como se quisessem dividir aquele momento.
— E aí, doutora Ju, apostando no time do Léo? — brincou uma das advogadas, com um sorriso travesso.
— Sempre aposto nele — respondi com ar elegante.
Mas foi depois que Leonardo errou uma bola ridiculamente fácil que uma delas se aproximou, com um sorriso malicioso nos lábios.
— Puxa, o Leonardo não joga nada! — sussurrou, me cutucando de leve.
Fiz uma careta defensiva e rebati:
— Imagina, ele joga muito... só não está num dia legal, coitado.
E como se o universo quisesse me desmentir, segundos depois ele errou um lance tão bizonho que até quem estava mexendo no celular parou pra rir. Olhei pra colega, que já me lançava um olhar provocador.
— Tá... você tá certa! — admiti, rindo alto.
Caímos numa gargalhada deliciosa, e logo outras vieram se aproximando, rindo também. Aquele momento descontraído, cercado de gritos de torcida e piadas, foi como uma quebra de gelo entre mim e elas. Pela primeira vez, senti que o carinho delas não era só profissional, havia ali uma tentativa genuína de proximidade. E, confesso, aquilo me fez bem. Talvez fosse o efeito do noivado, da leveza de estar amando, da segurança que o Léo me dava... Mas eu estava aberta. E pronta.
O sol da tarde de sábado entrava suave pela janela do meu quarto, aquecendo o ambiente enquanto Melissa e eu nos preparávamos para a tão esperada festa de encerramento do ano. O clima era de pura empolgação e expectativa. Ela estava nervosa, mas ao mesmo tempo transbordava uma alegria que eu reconhecia bem... aquela mesma que senti quando finalmente pude ser eu mesma.
Melissa já havia tomado banho e agora estava sentada diante da penteadeira, enrolada numa toalha, os olhos brilhando de emoção. Eu estava atrás dela, penteando seus cabelos com cuidado, sentindo o carinho e a confiança crescerem a cada gesto.
— Pronta pra se transformar numa fada, minha linda? — perguntei, piscando pra ela pelo espelho.
Ela sorriu, tímida.
— Acho que sim… ou quase. Tô nervosa, Ju. Mas tô feliz. Muito feliz.
— Confia em mim. Hoje vai ser uma noite inesquecível. E você vai arrasar.
Começamos pela maquiagem. Pele leve e bem preparada, um blush suave, olhos bem marcados com esfumado em tons de roxo e preto, cílios postiços dramáticos e um delineado afiado como uma lâmina. Nos lábios, um gloss vinho profundo que deixava a boca dela irresistível. Cada vez que eu mostrava o espelho, ela sorria mais abertamente, se reconhecendo naquela imagem.
— Você tá linda, Melissa. Uma fada sombria e poderosa.
Ela sorriu, emocionada.
— Obrigada, Ju… por tudo.
Vesti nela o corpete preto com detalhes em renda roxa, bem justo, que realçava a cinturinha marcada. A saia fluida, feita de camadas de tule preto e roxo, tinha um caimento mágico. As meias arrastão cobriam suas pernas delicadas, e as botas de salto — que ela já dominava depois de tanta prática — deixavam seu andar sedutor e decidido. Finalizei com as asas pequenas e negras, com detalhes cintilantes, e uma tiara com pequenas flores roxas.
Melissa se olhou no espelho de corpo inteiro e se emocionou. Era a imagem da liberdade. Da nova mulher que estava florescendo.
Enquanto ela se encantava consigo mesma, fui até meu closet e comecei a me transformar. Minha fantasia de Mulher Gato estava à espera: um vestido de vinil preto, colado no corpo, com decote profundo e mangas compridas. Era curto na medida, justo na medida… provocante na medida exata pra enlouquecer o meu Pantera Negra.
Vesti o vestido com cuidado, sentindo o vinil deslizar pela minha pele. Em seguida, calcei as botas de salto agulha altíssimas, que moldavam minhas pernas e me faziam caminhar como uma deusa felina. Prendi a máscara preta, que deixava só meus olhos e boca à mostra, e finalizei com o chicote enrolado na cintura. Meus lábios, claro, estavam com aquele batom vermelho intenso que o Léo adorava.
Quando apareci na frente da Melissa já pronta, ela soltou um suspiro:
— Ju... você tá um escândalo!
— E você uma fantasia viva. — disse, sorrindo pra ela. — Hoje ninguém segura a gente, Melissa.
Nos olhamos cúmplices, ali naquele quarto, duas mulheres que sabiam exatamente quem eram. Estávamos prontas pra brilhar. A noite estava só começando — e prometia ser inesquecível.
A festa já fervilhava de energia quando chegamos. O salão estava decorado com luzes coloridas, tecidos translúcidos pendendo do teto, e uma trilha sonora animada embalava a movimentação dos colegas, todos fantasiados, mais leves, sorridentes, celebrando o fim de um ano vitorioso.
Leonardo entrou ao meu lado com a presença de um verdadeiro deus. Sua fantasia de Pantera Negra era de tirar o fôlego. O traje colado ao corpo destacava todos os contornos do seu peitoral, dos braços fortes, da cintura marcada. A máscara realçava o mistério, mas quando ele a tirava e sorria, era impossível não querer agarrá-lo ali mesmo. Um negão lindo, forte, meu rei, meu gato, que caminhava como se fosse o dono do mundo. E pra mim, ele era.
E ao nosso lado, Melissa deslizava com uma elegância recém-descoberta. A fantasia de fada gótica parecia feita para ela: uma saia longa de tule escuro com fendas laterais, espartilho preto com detalhes de renda, asas esvoaçantes em tons de vinho e roxo, maquiagem carregada nos olhos, sobrancelhas perfeitas e o gloss escuro brilhando sob as luzes. Seu andar nos saltos altos era confiante, quase felino. E Heitor não tirava os olhos dela.
Heitor, com sua fantasia de vampiro vitoriano — camisa branca de babados, colete justo, calça de couro, capa vermelha — estava deliciosamente sedutor. Seu olhar era puro desejo quando cruzava com o de Melissa, e ela retribuía com sorrisos tímidos, mas cada vez mais ousados.
Vi quando ele se aproximou, e os dois começaram a conversar próximos à pista. A música os embalava, e seus corpos começaram a se mover em sincronia. Os olhares intensos se tornaram toques sutis — um toque no braço, depois na cintura… até que Heitor, com a respiração entrecortada, segurou delicadamente o rosto de Melissa e encostou os lábios nos dela.
O beijo que se seguiu foi lento e profundo, com Melissa entregando-se ao momento, os olhos semicerrados, os dedos brincando com a gola da camisa dele. Era como se o tempo ao redor tivesse parado.
Pouco depois, ela veio até mim, ainda ofegante, com os olhos brilhando.
— Ju… posso te perguntar uma coisa?
— Claro, amor. Fala.
Ela hesitou, mordeu o lábio inferior com o gloss já um pouco borrado.
— O Heitor… ele disse que gosta de mim. Que sente algo forte, mas que nunca ficou com alguém como eu. E eu… também nunca tive uma experiência assim, nessa minha nova fase, e eu queria saber o que eu faço?
Eu sorri, enternecida, e peguei suas mãos.
— Melissa… você já é quem você precisa ser. Você não tem que se comportar de nenhum jeito específico. Só se permite. Sente, se entrega. Se tiver desejo, vai com ele. Ele também tá se descobrindo com você. E vocês podem aprender juntos.
Ela respirou fundo, com os olhos cheios de emoção.
— Obrigada, Ju… você é luz na minha vida.
— Vai lá, minha fada gótica. Encanta o vampiro.
Ela sorriu e caminhou decidida até Heitor, que a aguardava com os olhos cheios de desejo. Logo os dois se afastaram discretamente, sumindo entre as cortinas do salão.
Minutos depois, Léo veio até mim, colando o corpo quente ao meu.
— A Melissa foi falar contigo? — ele perguntou, curioso, os olhos escuros brilhando sob a luz do salão.
— Foi sim… Queria saber como lidar com o Heitor. Parece que tem faísca ali. Eu disse pra ela se soltar.
Ele sorriu com aquele jeito malandro e apaixonado que me derretia.
— A gente tem que apoiar mesmo… ela tá se transformando numa mulher incrível.
— Já é uma.
Ele segurou minha cintura, o toque firme, quente.
— Você tá irresistível com essa fantasia, sabia?
— E você, meu Pantera… meu negão gostoso… tá um espetáculo.
Nos beijamos com fome. O clima entre nós já ardia, e a música alta parecia empurrar nossos corpos ainda mais juntos.
— Vamos procurar um lugar mais reservado? — ele murmurou no meu ouvido.
Assenti com um sorriso malicioso. Quando começamos a procurar, ouvimos gemidos abafados. Paramos. Léo afastou discretamente a cortina e, por entre a penumbra, vimos Melissa de joelhos diante de Heitor, as asas bagunçadas, os olhos entregues. Heitor estava de cabeça jogada pra trás, as mãos nos cabelos dela, guiando os movimentos com intensidade e carinho.
Logo, ela se levantou, ele a virou de costas, puxou a saia pra cima e inclinou-a sobre um sofá. A penetração foi firme, ritmada, os dois em transe. A cena era quente, excitante, impossível de ignorar.
Léo e eu nos entreolhamos, em puro tesão.
— Ju… — ele sussurrou — …vou te foder tão forte que esse vinil vai derreter no teu corpo.
— Então me pega agora, Pantera. Quero ver do que esse negão é capaz.
E sumimos pelos corredores, já com o corpo em brasa. Saímos da área da festa em silêncio, nossos passos apressados e pesados pela tensão sexual que queimava no ar. Léo me puxava pela mão, firme, decidido, os olhos famintos no meu corpo. Encontramos uma sala mais afastada, trancamos a porta, e ele me encostou na parede com um olhar devorador.
— Olha pra você, mulher… — ele sussurrou rouco, quase num gemido. — Essa fantasia tá me deixando louco. Toda de preto, vinil colado, esse vestido marcando cada curva do teu corpo, e essas botas…
Ajoelhando-se diante de mim, ele começou a acariciar as botas, as mãos grandes deslizando da ponta dos pés até os joelhos. Ele passava os dedos com lentidão, reverência, desejo bruto. Subiu as mãos pelas minhas coxas, roçando por cima do vinil justo. Eu sentia a excitação pulsar em cada canto do meu corpo.
— Você é minha, Mulher-Gato. E hoje seu Panterao vai te devorar…
Ele se levantou e me beijou com fome, as mãos agarrando minha cintura com força. Recuamos até o sofá da sala e, sem dizer uma palavra, eu me ajoelhei na frente dele, com os olhos fixos nos dele.
Abri o zíper da fantasia dele com cuidado, soltando o pau duro, quente, pulsante. Ele já estava pronto, empinado pra mim, e eu sorri com malícia.
— Agora eu vou te mostrar o que é um boquete de verdade, amor.
Comecei lambendo a cabeça com a ponta da língua, saboreando cada centímetro. A boca foi se abrindo, envolvendo ele devagar, com firmeza, e a cada estocada que eu fazia com os lábios, ele gemia mais alto, com os dedos afundando nos meus cabelos, guiando meu ritmo.
— Puta que pariu, Ju… Isso… Isso… você tá me enlouquecendo…
Aumentei a velocidade, engolindo ele inteiro, alternando com movimentos circulares da língua. Ele tremia, rosnava. E quando não aguentou mais, segurou minha cabeça com força e gemeu alto:
— Eu vou gozar… porra… JU!
Senti a explosão quente da gozada dele preencher minha boca, e eu não deixei escapar nada. Engoli tudo, lambendo os últimos resquícios, olhando pra ele com um sorriso vitorioso.
— Melhor boquete da sua vida? — provoquei, me levantando.
— Disparado — ele respondeu, ainda arfando. — Mas agora é a minha vez de te foder como você merece.
Virou-me de costas, e com um puxão firme levantou meu vestido colado, revelando minha bunda redonda, envolta na calcinha preta cavada. Ele a puxou pro lado, roçando o pau ainda duro no meu cuzinho.
— Fica de quatro, minha gostosa.
Eu me apoiei no sofá, arqueando as costas. Ele se ajoelhou atrás de mim e sem cerimônia me penetrou com força, arrancando de mim um gemido agudo. Cada estocada vinha com uma tapa na minha bunda, fazendo o vinil ranger e meu corpo tremer.
— Toma, minha Mulher-Gato… rebola no meu pau… mostra pra mim que você é minha.
— Eu sou sua, Léo… mete mais…
E ele metia. Forte, fundo, com os quadris batendo contra a minha bunda a cada investida. Os tapas vinham intercalados, me deixando ainda mais entregue. Eu gemia alto, suando, perdendo o controle.
A sala ecoava nossos sons, nossos corpos em sincronia animalesca. E eu sabia que, naquela noite, ninguém mais me dominava como ele. Meu Pantera, meu macho, meu amor.
Voltamos para a festa com os cabelos um pouco desalinhados, as bochechas coradas e aquele brilho inconfundível nos olhos de quem acabou de transbordar prazer. As luzes coloridas ainda dançavam no salão, os convidados espalhados em grupos animados, rindo, bebendo, dançando. O clima era leve, alegre, com a música embalando o fim de ano e a fantasia de todos.
Nos acomodamos em um canto mais discreto, sentados lado a lado num pequeno sofá de veludo, ainda recuperando o fôlego. Léo passou o braço ao redor dos meus ombros e me puxou pra perto, me beijando de leve na têmpora.
— Melhor festa do ano. — ele sussurrou no meu ouvido, com aquele sorriso safado.
Fechei os olhos e encostei a cabeça no peito dele. Sim, eu também achava isso. O calor do corpo do meu Pantera Negra me envolvia por completo.
Poucos minutos depois, vi Melissa se aproximando. Ela andava devagar, com passos leves, quase flutuando. O vestido da fada gótica parecia ganhar vida, com o tule escuro balançando suavemente ao redor das pernas, as asinhas cintilando sob as luzes do salão. O batom vinho ainda impecável, o gloss refletindo sutilmente. Mas o que mais brilhava… era o olhar dela.
— Ju… — ela disse, baixinho, quase como se ainda estivesse em transe.
Me levantei com um sorriso carinhoso e a puxei pela mão, levando-a comigo para um canto mais tranquilo do salão.
— Me conta, Mel… como foi?
Ela deu uma risadinha tímida, mordendo o lábio inferior antes de responder:
— Ju… eu nunca senti isso na vida. Ele foi tão respeitoso, tão carinhoso… no começo a gente só se beijou. Mas aí foi acontecendo… e ele me tocava como se eu fosse… sabe… uma mulher. E eu me senti assim. Inteira. Verdadeira. Pela primeira vez… eu me vi como eu sou. E ele me viu também.
Os olhos dela estavam marejados, mas era emoção pura, transbordando. Eu abracei Melissa com força, sentindo o coração dela disparado batendo contra o meu.
— Você é uma mulher, Melissa. E agora todo mundo tá vendo isso. Inclusive você. Eu tô tão orgulhosa de você.
— Eu também tô, Ju. Obrigada por tudo… por me deixar ser quem eu sou. Por acreditar. Por não me deixar desistir. — ela disse, com a voz embargada.
— Você ainda tá só começando, minha linda. Mas hoje foi uma conquista… e você brilhou.
Melissa sorriu, com aquele sorriso de quem se reconhece no espelho pela primeira vez. E naquele instante, entre o barulho da festa e o calor do salão, entre confetes e música, entre o salto e o vinil, entre o suor e o gloss, duas mulheres se abraçaram em silêncio, celebrando a liberdade de serem exatamente quem nasceram para ser.
A música da pista já estava diminuindo o ritmo, os passos começavam a desacelerar, quando as luzes baixaram suavemente e um novo som invadiu o salão — uma melodia lenta, envolvente, romântica, daquelas que tocam fundo no peito. O DJ, com um sorriso cúmplice, anunciou que seria a última dança da noite.
Olhei para o Léo, que estendeu a mão para mim com aquele olhar apaixonado. Eu aceitei de imediato, sentindo o calor da sua palma envolver a minha. Ele me puxou pela cintura, e ali, no meio do salão, entre todos os olhares e luzes suaves, começamos a dançar bem juntinhos.
Do outro lado, vi Melissa e Heitor se entreolharem, meio tímidos, mas logo ele tomou a iniciativa. Ele a puxou delicadamente para perto, suas mãos nas costas dela, e eles começaram a balançar no mesmo ritmo que a gente — lindos, leves, apaixonados.
Outros colegas que nunca tinham se olhado com tanto carinho também se juntaram. Surgiram pares inesperados, risos tímidos, olhares cúmplices. A dança foi se tornando um laço coletivo, uma celebração de tudo o que foi construído naquele ano: amizade, respeito, superação, e amor.
Eu encostei a cabeça no peito do Léo, sentindo o calor dele, o cheiro, o ritmo do coração.
— Eu te amo tanto, meu negão lindo... — sussurrei.
Ele respondeu apenas com um beijo na minha testa e um aperto firme na minha cintura.
Quando a música terminou, houve aplausos espontâneos. Risadas, abraços, e até algumas lágrimas. Um encerramento digno de tudo o que aquela noite representava.
Pouco depois, eu subi até uma pequena plataforma montada para o som e pedi a palavra. A equipe se voltou pra mim com expectativa. Eu segurei a mão do Léo e chamei Melissa para subir comigo.
— Gente... o que foi essa noite? Comecei com um sorriso emocionado. Eu não poderia deixar o ano terminar sem dizer o quanto vocês foram incríveis. Essa festa foi só uma desculpa pra agradecer. A gente trabalhou duro, conquistou muito, superou desafios. E cada um de vocês faz parte dessa história.
Olhei para Melissa, que me retribuiu com um sorriso emocionado.
— E mais do que colegas, somos uma equipe que se apoia, que cresce junto. E hoje, especialmente hoje... vimos isso de forma linda, viva. Obrigada por estarem aqui. Por serem quem são. Por fazerem parte disso tudo.
Ergui minha taça e, com todos acompanhando, bradamos juntos:
— Ao nosso time!
O salão se encheu de aplausos e brindes. Papel picado dourado caiu dos alto-falantes. Todos se abraçavam, alguns se emocionavam. A noite tinha se tornado mágica.
Já mais tarde, com os convidados se despedindo e o salão esvaziando aos poucos, encontrei o Léo e a Melissa sentados em uma poltrona próxima ao bar. Me juntei a eles, tirei os saltos e me recostei, suspirando.
— Que noite, hein? — murmurei.
Melissa estava radiante. Os olhos ainda brilhavam, as bochechas coradas.
— Eu nem consigo explicar... é como se eu tivesse vivido tudo que sonhei e nunca achei que fosse possível, disse, a voz embargada. Obrigada, doutora Ju. Obrigada, Doutor Leonardo. Por tudo.
Léo passou um braço pelos meus ombros, depois pegou a mão dela.
— A gente só fez o que era certo, Mel. Você merece tudo isso. E mais.
Nos três ficamos ali, sentindo o silêncio bom de depois de uma grande noite. O Léo beijou meu rosto com carinho, e eu encostei a cabeça no ombro dele. Melissa sorria como quem viveu um renascimento.
— Agora é só o começo — sussurrei.
E de fato era. Uma nova história se abria. Linda, corajosa, e cada vez mais cheia de amor.