Oiêê! Já faz um tempinho que não apareço por aqui, né?
A correria tá grande e o tempo, cada vez mais curto… mal tá dando pra curtir um pouquinho.
Até o Pedro e a Luiza andam reclamando que a gente quase não tem passado tempo junto — disseram que estão com saudades.
Mas é aquilo, né? Como todo mundo, a gente tem que trabalhar pra pagar as contas. 😘😘😘😘
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Já fazia um mês desde aquela noite no escritório. Desde aquele café quente e aquela frase fria da Melissa que ficou martelando na minha cabeça: "Só espero que o seu tudo saiba tudo o que você precisa…"
De lá pra cá, minha vida no trabalho tava fluindo super bem. Peguei o ritmo, ganhei moral com o chefe, e eu e a Melissa viramos quase inseparáveis. A mulher era intensa, divertida, cheia de histórias, e a convivência com ela deixava meus dias mais leves — e, às vezes, mais tensos também. Ela sabia brincar com os limites.
Foi quando, numa tarde qualquer, ela soltou:
— Meu aniversário é sábado, vai rolar uma festinha lá em casa. Nada demais… só amigos, vinho, uns drinks, música boa. Quero você lá. E traz o Jonas, tá? Quero muito conhecer esse homem que você tanto fala.
Topei na hora. E no sábado à noite, a gente se arrumou e foi. Jonas botou aquela camisa preta que eu amo, jeans escuro, barba feita. Tava lindo. Confesso que enquanto a gente subia no elevador, senti aquele orgulho de estar ao lado dele.
A festa era num apê grande, bem decorado, com luz baixa e cheiro de incenso. Não tinha muita gente do trabalho, só uns amigos da Melissa — a maioria descolados, gente que você vê e já sente que vive coisas diferentes. Tinha até uma vibe meio “clube fechado”, se é que você me entende.
Melissa recebeu a gente com um abraço apertado, toda produzida, com um vestido vinho colado no corpo, decote generoso e um sorriso ainda maior quando viu o Jonas.
— Então esse é o famoso? — ela disse, encarando ele dos pés à cabeça com um olhar mais demorado do que eu gostaria. — Prazer, Jonas. Tava louca pra te conhecer.
Jonas, todo educado, retribuiu o sorriso.
— O prazer é meu. Ouvi bastante sobre você também.
Melissa riu, olhou pra mim e soltou:
— Hum, espero que só coisas boas…
Tudo seguiu normal, com vinho rolando solto, música boa e aquele clima gostoso de festa pequena. Em determinado momento, Melissa me puxou pelo braço:
— Vem cá, Lu. Quero te apresentar uns amigos meus.
Fomos até um cantinho da sala onde tinha uma roda de conversa animada. Lá tava o Maurício — sim, o chefe — contando uma daquelas histórias de escritório que só quem vive sabe. O grupo ria alto, e ele tava lá no centro, todo confiante, taça na mão, camisa meio aberta e aquela aura de homem que se garante.
— Gente, essa aqui é a Luana — disse Melissa. — Trabalha comigo e é um encanto.
Cumprimentei o grupo com um sorriso, e quando cheguei no Maurício, ele segurou minha mão firme, se inclinou e deu um beijo… muito perto da boca. Tão perto que senti a respiração dele.
— Que bom te ver fora do ambiente profissional — ele disse, com aquele olhar carregado.
Fiquei ali por alguns minutos, conversando com eles, ouvindo as histórias, rindo discretamente, mas já com o corpo pedindo espaço. O clima tava ficando… denso. Resolvi sair e ir ao banheiro pra respirar.
Quando voltei, foi como levar um mini choque.
Lá na varanda, Melissa estava com Jonas. Os dois de frente um pro outro, ela com a mão no braço dele, sorrindo solta, com o cabelo jogado de lado e aquele olhar dela… você sabe. Jonas ria também, meio tímido, mas envolvido.
Meu radar apitou na hora.
Pisquei fundo, ajeitei o vestido, e fui até eles com aquele meu sorrisinho que mistura charme com aviso.
Cheguei de mansinho, abracei Jonas por trás, dei um beijo no pescoço dele e disse baixinho:
— E aí, amor… tô te roubando de volta, tá?
Ele riu, virou pra mim e me puxou com carinho. Melissa apenas sorriu, mas aquele brilho nos olhos dela… eu já conhecia.
Depois de umas taças de vinho e umas rodadas de conversa, eu já tava soltinha, rindo alto com a Melissa e uma amiga dela que tinha me apresentado momentos antes. O papo tava leve, descontraído, e o Jonas também parecia à vontade. Ele tava ali do meu lado, tomando uma cerveja artesanal que nem sabia o nome, mas dizendo que era “diferente, forte e boa” — igual àquela noite, que já tinha cara de que ia dar história.
A gente tava bem… até que o clima mudou num estalo.
Do nada, senti uma mão quente deslizar devagar pelas minhas costas. Começou no ombro e desceu até o meio das costas com um toque íntimo demais pra ser de alguém qualquer. Na hora, meu corpo travou. Virei rápido, meio em choque… e dei de cara com ele.
Maurício.
Sorriso no canto da boca, copo na mão, olhar solto como se nada tivesse demais. Mas ali tinha tensão, e muita.
— Boa noite de novo, Luana — ele disse, com aquela voz mais baixa, quase sussurrada.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, percebi que ele olhou direto pro Jonas, como se só agora tivesse percebido que ele tava ali comigo. O olhar dele vacilou por meio segundo. E foi aí que Melissa chegou perto e, sorrindo, fez a ponte:
— Ah, vocês ainda não se conhecem direito, né? Jonas, esse é o Maurício… amigo e meu chefe no escritório. Maurício, esse é o Jonas… marido da Luana.
Jonas esticou a mão pra ele com um sorriso educado, mas o aperto… meu Deus. Foi daqueles de dizer sem palavras: “sei bem o que você tá tentando aqui, parceiro”. Forte, firme, cheio de presença. Maurício tentou manter o sorriso, mas recuou meio disfarçado.
— Prazer — disse ele, com um leve pigarro.
Conversaram um pouco, trocando comentários neutros, aquele papo meio “vamos manter as aparências”. E de repente, Maurício virou pra Melissa, passou o braço nos ombros dela e disse algo no ouvido que só ela escutou. Ela sorriu, segurou na mão dele e os dois sumiram por dentro do corredor, rindo entre si.
Eu segui a noite como se nada tivesse acontecido… mas por dentro, tava fervendo. E nem sei dizer se era mais raiva, ciúme… ou pura excitação.
Um tempo depois, Jonas me puxou de leve:
— Amor, onde é o banheiro mesmo? Tô meio perdido aqui.
— Vem, te mostro — respondi, e saímos andando pelo corredor.
O caminho era meio escuro, com aquelas luzes amareladas de festa e umas portas entreabertas. Quando passamos pelo quarto da Melissa… a porta tava só encostada, com uma frestinha aberta o suficiente pra eu ver.
E o que eu vi fez meu corpo inteiro reagir.
Melissa… ajoelhada.
Outra garota… também.
E Maurício… de pé, com a cabeça pra trás, os olhos fechados, sendo chupado pelas duas. As mãos segurando o cabelo das duas com firmeza, a respiração dele visivelmente pesada, o corpo tenso. E o som. Baixo, abafado, mas inconfundível.
Parecia cena de filme.
Fiquei paralisada por uns segundos, o coração disparado, o calor subindo pelo corpo. Jonas também viu. A gente se olhou, e eu nem sabia o que falar. Só segurei na mão dele com força, meio sem reação.
E o mais louco?
Parte de mim… se excitou.
Não por ele. Mas por tudo. Pela entrega, pela ousadia, pelo fato de Melissa estar ali, tão intensa, tão… solta.
Fechei a porta com cuidado e puxei Jonas pelo braço até o banheiro. Mas minha cabeça… já tava longe.
Já passava das onze da noite, e a festa ainda tava animada. O som tinha ficado mais lento, mais dançante, os copos meio vazios e cheios ao mesmo tempo, e aquela brisa noturna batendo na varanda deixava tudo com cara de cena de filme.
Jonas já tava dando sinais de que queria ir embora. Sabe quando o homem começa a olhar pro relógio disfarçado, dar aquela puxadinha no pescoço, estalar os ombros? Pois é. Ele tava assim. Mas eu… eu queria curtir mais.
— Tá cansado, amor? — perguntei, rindo, dando um gole no vinho.
— Um pouco… a semana foi puxada, né? — ele respondeu, tentando ser simpático, mas eu via no olhar que ele já tava pronto pra cama de casa.
Foi aí que, no meio da varanda, Melissa reapareceu. Cabelo molhado, pele cheirosa de quem tinha acabado de sair do banho, vestidinho colado ao corpo e um sorriso cheio de energia. Ela se aproximou da gente como quem já sabia que ia mexer com o ambiente.
— Voltei! Precisava de um banho gelado pra acordar. Tava quente lá dentro — disse, com aquele jeitinho leve e provocante ao mesmo tempo.
Ficou ali com a gente, rindo, comentando da festa, elogiando o look do Jonas de novo — e eu só observando. Até que ela soltou, do nada:
— E aí, Jonas… você não dança?
Dei risada na hora.
— Ele dança sim. Mas só quando o clima ajuda.
Melissa piscou e estendeu a mão pra ele.
— Então vem, vamos ver se esse clima ajuda agora.
Jonas me olhou meio sem jeito, mas eu assenti, rindo. E ele foi. Ficaram dançando na sala, um som mais groove, os corpos perto, mas sem exageros. Ela sabia até onde podia ir — pelo menos ali, na frente de todo mundo.
Fiquei observando da varanda, encostada no parapeito, com a taça de vinho na mão, quando senti a presença atrás de mim.
Maurício.
— Sozinha de novo? — ele perguntou, já se colocando ao meu lado.
— Só esperando minha vez de dançar — brinquei, sem virar pra ele.
— Ou… posso te oferecer outra coisa. Tô com uns ingredientes ali, e sei fazer um drink artesanal que, sinceramente… é melhor que qualquer dança.
Virei de leve, encarei o olhar dele. Tinha aquela intensidade de sempre, mas agora mais focada. Mais direta. E eu… fui.
— Ok. Vamos ver do que se trata.
Seguimos até a cozinha. O ambiente tava vazio, só uma luz suave sobre a bancada, e ele começou a separar umas garrafinhas, folhas, gelo. Tudo muito bonitinho. Conversa vai, conversa vem… e do nada ele veio pra cima.
Se aproximou de repente, a mão encostando na minha cintura com firmeza, os olhos mergulhados nos meus.
— Sabe que você me tira do eixo, né? — ele sussurrou, e antes que eu pudesse reagir, tentou me beijar.
Virei o rosto na hora.
— Não, Maurício.
Falei firme, com um tom que nem eu esperava sair. Ele recuou um passo, constrangido, coçou a nuca e tentou disfarçar.
— Desculpa. Me empolguei.
Dei meia-volta e saí da cozinha sem olhar pra trás.
Voltei pra varanda no exato momento em que Jonas também tava voltando, terminando a dança com a Melissa. Os dois riam, e quando ele me viu, o sorriso deu lugar a um olhar mais atento.
— E aí, amor… vamos nessa?
— Bora. Já deu pra mim — respondi, me aproximando e pegando na mão dele.
Ele me olhou nos olhos, mais sério:
— Aconteceu alguma coisa?
Parei por um segundo… e respondi:
— Não. Só cansei.
Jonas assentiu. Nos despedimos de quem ainda tava por ali, trocamos beijos rápidos nas bochechas, e saímos de mãos dadas. Silenciosos.
